BLOG DE CARLOS CAVALCANTI: CONHEÇA A TERRA DOS VERDES CANAVIAIS

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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

CONHEÇA A TERRA DOS VERDES CANAVIAIS



Ceará-Mirim

Conheça a terra da cultura, história e forte tradição açucareira

por: DAIANA BRANDÃO
O município de Ceará-Mirim possui uma das mais ricas diversidades históricas e culturais do Rio Grande do Norte. Destaca-se entre as principais cidades brasileiras por sua riqueza histórica e pela cultura canavieira vivenciada no período colonial, no auge da produção de açúcar no Brasil. A cidade viveu o apogeu da atividade açucareira, em meados do século XIX, sendo principal produtora no Estado Potiguar. Mais de cem engenhos foram construídos na região. O cultivo da cana-de-açúcar existe de forma remanescente, mas ainda, é presente até os dias de hoje.
Atualmente, as ruínas e casarões coloniais retratam o passado histórico e fazem parte dos atrativos turísticos de Ceará- Mirim. Terra que tem o maior número de engenhos no país. Cidade tropical, de forte cultura, história e tradição, conhecida como “Vale do Ceará-Mirim” e, também, “Terra dos Verdes Canaviais”, composta por paisagens bucólicas, rios, lagoas e pelas lindas praias de Muriú, Jacumã e Porto-Mirim, localizadas no litoral norte da capital do Estado. Suas belezas naturais encantam os visitantes e atraem turistas de todo mundo.
Ceará-Mirim localiza-se a 28 quilômetros da cidade do Natal. É considerado o maior  município  da região metropolitana. Sua extensão territorial abrange 740 Km², com aproximadamente 70 mil habitantes.  A origem do nome da cidade  deve-se ao Rio Ceará-Mirim, que, nos primórdios era chamado de Varge do Seara.
 “(...) Deve nome ao rio, nascendo em Santa Rosa, entre Lages e Angicos, atravessa esses municípios e os de João Câmara, Taipu e Ceará-Mirim, despejando no mar na Barra de Inácio de Góis. Seara, varge do Seara, rio mencionado em doze datas de terra entre 1602 e 1613. No mapa Marcgrave (1643), rio Cearamiri.”, (Câmara Cascudo. Nomes da Terra.)
De acordo com o historiador Manoel Ferreira Nobre, no livro “Breve Notícias sobre a província do Rio Grande do Norte”, o município do Ceará-Mirim pertenceu à cidade do Natal até o dia 6 de junho de 1755.  Em 3 de maio de 1760, o desembargador Bernardo Coelho da Gama Vasco instalou oficialmente a sede do município, que teve a denominação de “Vila de Extremoz”.
Segundo o pesquisador Francisco José Ferreira, com aumento da produção açucareira na região oeste do município, o Deputado Provincial José Seabra de Mello decretou a transferência da sede da Vila de Extremoz, para o povoado de “Boca da Mata”, conforme lei de n° 321, cumprida na data de 18 de agosto de 1855. Posteriormente, o município foi denominado como “Vila do Ceará-Mirim”, através da lei 370, datada em 30 de julho de 1858, aniversário   da cidade.
“Ceará-Mirim tornou-se um dos primeiros municípios da província do Rio Grande do Norte”, Câmara Cascudo.
Na época da emancipação política do município a produção da cana de açúcar já era predominante. A maior parte das terras pertencia aos senhores de engenho, os quais faziam parte da fidalguia mais poderosa do Estado no período imperial, e dominavam a cidade desde os seus primórdios. Juízes, intendentes e autoridades locais eram provenientes do meio dos proprietários de terras do vale, e contribuíram , preponderantemente, com o desenvolvimento da cidade.
“(...) Eram eles que empregavam os trabalhadores no cultivo da cana-de-açúcar ou na moagem, que permitiam o corte de madeira nas matas da sua propriedade e doavam o “chão de casa” para que as pessoas levantassem suas casas. Assim metade da atual cidade está assentada em terras doadas por proprietários de engenhos. Por essa razão que se compreende que a influência dos senhores de engenho tenha sido duradora, deixando um testemunho na própria estrutura da parte antiga da cidade que chegou até os dias atuais...”, afirmação de Raimundo Arrais e Inalda Marinho. (Texto extraído do livro Ceará-Mirim: Tradição, Cultura e Arte – Edição SEBRAE/RN, 2005)
O poder imperial em Ceará-Mirim provinha dos senhores de engenhos, a exemplo disso, o Coronel Manoel Varela do Nascimento, proprietário do Engenho São Francisco, foi o primeiro norteriograndense a receber o título de Barão, concedido pelo Imperador Dom Pedro II, aos 22 de junho 1874.
As reminiscências do passado histórico de Ceará-Mirim são, atualmente representadas pelo guia de turismo da cidade que se caracteriza de Barão, para resgatar a tradição imperial vivida pelos antepassados. O cearamirinense Francisco José Ferreira é o único guia Barão do Brasil.
“O grande diferencial de Ceará-Mirim é o turista ser recepcionado por um guia, caracterizado de barão. Isso não existe em lugar algum do Brasil. Sem dúvida o município possui uma verdadeira gama de atrativos turísticos, somados ao carisma e a hospitalidade do povo”, destacou Mirian Rocha, Consultora do Ministério do Turismo.
A terra dos verdes canaviais é a única cidade potiguar que participa da implantação dos projetos implementados pela ABBOTC – Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos e Culturais, e ACG - Associação de Cultura Gerais, as quais  com o apoio do SEBRAE Nacional e Ministério do Turismo realizam distintamente atividades voltadas para desenvolver o setor turístico local. A primeira desenvolve o projeto “Trem é Turismo” e a segunda o “Produção Associada ao Turismo – Ferramenta Metodológica para Desenvolvimento e Integração de Atividades Turísticas”. 
O município foi escolhido entre as poucas cidades brasileiras contempladas por se destacarem com potenciais turísticos, históricos e sócio-culturais, e se projeta para fomentar o comércio municipal agregado à produção agrícola, culinária e artesanato da região, ao receber turistas, durante os eventos esportivos da Copa do Mundo em 2014.
A cidade possui uma diversidade de atrativos turísticos, conhecido como “As Quatro Estações de Ceará-Mirim – Conhecendo e vivenciando a arte, os engenhos, o saber e os sabores dessa terra lendária”, composta pela visita a “Estação das Artes”, localizada na Estação Cultural, onde acontecem apresentações de artistas da terra; as demais são as estações dos Engenhos (prédios coloniais dos antigos engenhos Guaporé, Imburana, Verde Nasce, Mucuripe, São Leopoldo, Nascença entre outros).
Na “Estação do Saber” o turista faz um city tour pelos principais prédios históricos da cidade, o Solar Antunes, Biblioteca Pública e a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, que é a maior igreja do Estado, com cerca de 40 metros de altura, possui, também, o maior acervo de arte sacra do Rio Grande do Norte.
Já na “Estação do Sabor” que é o mercado público central, conhecido como Mercado do Café, os visitantes podem encontrar uma variedade de pratos típicos da região nordeste e saborear a gastronomia local. Pratos como picado, guisado de carneiro, carne de sol com macaxeira e o tradicional caldo de cana com pão doce, são as principais iguarias, entre outras peculiaridades da culinária cearamirinense.
O artesanato do município é de encher os olhos de quem aprecia. Entre as diversas produções artesanais destacam-se as esculturas de madeira do Mestre Santana, reconhecido nacionalmente pelas suas obras singulares. A “Santa Ceia” é a menor do Brasil, com tamanho de 1 cm,  vista apenas por uma lupa. Há uma verdadeira variedade da produção artesanal na cidade, que vão desde a peças produzidas com palha, barro, gesso, pano, crochê, papel, até bordados e pinturas que retratam a cultura local.
Em meio a centenas de cidades brasileiras, Ceará-Mirim está entre as 12 aprovadas em todo o país, pelos consultores do Ministério do Turismo, que vieram ao município para conhecer e divulgar as atividades turísticas, associadas às manifestações culturais, ao artesanato e produtos agropecuários locais. O município representa o Rio Grande do Norte e também é o único do Brasil que apresenta um roteiro turístico destinado a engenhos, o denominado “Trem dos Engenhos”. No mês de junho acontece anualmente o “Trem Potiguar do Forró” e a cidade recebe turistas de todo país.
Conforme o historiador Gibson Machado, as principais manifestações culturais da cidade são Caboclinhos (de origem indígena, que teve início no município em 1929, e representa as tradições de tribos Janduís que habitavam na região); o Pastoril (que surgiu no final do século XIX e desde 1940 é administrado pela família Américo); Boi de Reis (também com surgimento no século XIX, nos engenhos de açúcar, desde de 1952 está sob a direção do mestre Luiz Francisco)  e o Congo de Guerra de Tabuão de origem africana, que surgiu em Ceará-Mirim no início do século XX. Em  1934,  o Mestre Sebastião Oleiro, conhecido como Tião assume a liderança do grupo e mantém a tradição folclórica até os dias atuais. Tião tem 97 anos e é uma cultura viva do município, considerado patrimônio cultural do Brasil.
Câmara Cascudo, folclorista e historiador potiguar, afirma que Ceará-Mirim é o município brasileiro com o maior número de lendas. Entre elas destacam-se a lenda da baleia, do boi falou, da serpente e a do Túmulo de Emma, todas contadas pelo guia Barão de Ceará-Mirim, que dirige o grupo de “Teatro Barão All”, formado por atores da terra, que recepcionam os turistas, através de encenação teatral para resgatar a cultura ceara-mirinense e manter viva a tradição popular da região, com o apoio da Fundação de Cultura Nilo Pereira.
Todos os anos o município realiza a tradicional festa da Padroeira Nossa Senhora da Conceição. Este ano, entre os dias 27 de novembro até 8 de dezembro a cidade conta com uma extensa programação cultural, religiosa e festiva, impulsionando o turismo local. Venha conhecer Ceará-Mirim e seja guiado pelo Barão!
“Vivenciar Ceará-Mirim é surpreendente. Conhecer a cidade foi além das minhas expectativas, primeiro por ter uma característica única, a de está localizada em um vale, e, segundo pelo conjunto de atrações turísticas, que vão desde a culinária, ao artesanato, as manifestações culturais e belezas naturais”, declarou Marília Falcão, Consultora do Ministério do Turismo.


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