O Colégio Atheneu Norte-Riograndense foi fundado em Natal antes mesmo do Colégio que era modelo para o Império: o Colégio Pedro II, que foi fundado em 2 de dezembro de 1837, no Rio de Janeiro, “na Corte”.
A fundação do Atheneu aconteceu em três de fevereiro de 1834, nesse dia o Padre Antônio Xavier Garcia de Almeida, vice-diretor do Ateneu, abriu o livro de matrículas das aulas no referido Colégio.
Período do Império, o Ateneu Norte-riograndense tornou-se necessário para suprir as necessidades de quadros para a estrutura social vigente, afinal a estrutura econômica estava assentada em formas de trabalho, como a escravatura, e a educação tradicional privilegiava a elite. Assim, era necessário instituir, na sociedade, uma via eficaz para formar uma classe imbuída da moral dominante, destinada a ocupar as funções públicas e liberais que começavam a se expandir.
Na cidade do Natal, em 1834, havia cinco aulas de Humanidades, intituladas Aulas maiores, eram elas: Filosofia, Retórica, Geometria, Francês e Latim. O então Presidente da Província, Basílio Quaresma Torreão (1787-1868) solicitou ao Conselho Geral da Província14, a reunião dessas cinco Aulas Maioresnum Colégio.
Entendemos que é a Basílio Quaresma Torreão que devemos a existência do Atheneu, pois foi ele que teve a iniciativa de reunir as cinco Aulas Maiores num Colégio, ele amava a História, era letrado e amigo de clássicos e a ele se deve a escolha do nome.
O Atheneu funcionou no antigo Quartel Militar (Av. Rio Branco) de 1834 até 1859, pois a chegada de um batalhão desalojou alunos e professores, forçando-os a estudarem em residências. Em 1º de março de 1859, o Atheneu foi instalado no edifício da rua Junqueira Ayres, atual Secretaria Municipal de Finanças e permaneceu lá até 1954.
O prédio do Atheneu era referência na cidade e, muitas vezes, utilizada para outros fins. A Escola Normal funcionou no Atheneu de 13 de maio de 1908 até 31 de dezembro de 1910. A Escola Normal foi criada pelo Governador Alberto Maranhão a fim de preparar gente capacitada fechando algumas escolas primárias, rotineiras, retrógradas e improdutivas que havia no Estado. Quarenta e quatro anos depois, a Escola Normal e o Atheneu voltam a utilizar o mesmo espaço.
O prédio atual, construído tem formato de “X”, foi inaugurado em 11 de março de 1954. No prédio novo, encontravam-se um ginásio para prática de esportes, sessões de cinema e auditório para festas,16 salões de aulas comuns e 8 salões para aulas especializadas.
Durante muitas gerações o Atheneu foi considerado o melhor colégio do Estado, um pólo para transmissão cultural e ao mesmo tempo, um meio de traçar limites entre o secundário e o superior. Foi fundamental na vida da cidade e das pessoas que viveram desde a década de 1830 sempre motivando apreensões discursivas e suas práticas culturais como estratégias de pensar.
O Atheneu sempre atendeu, mesmo que de forma não intencional, a alguns pressupostos que norteiam a pedagogia do contemporâneo. Antes não havia reuniões de pais, mas o ensino correspondia à proposta básica das famílias para a educação dos seus filhos. Assim procuramos ressaltar a importância do Atheneu na vida de nossa cidade..
Extraído da tese de Liliane dos Santos Gutierre
27.1.11
A vida boêmia de Natal - 1939/1940
Por volta de 1939, início da II Guerra Mundial, os cabarés mais famosos de Natal situavam-se na Ribeira. Bastante freqüentados, eram muito populares, fazendo parte integrante da vida boêmia da cidade, que se iniciava depois das 9 horas da noite, quando as famílias já tinham se recolhido.
Na vida noturna provinciana encontravam-se as prostitutas, os cáftens e os gigolôs, que também serviam de inspiração aos poetas e escritores.
Naquela época, a cerveja era vendida ao preço de mil e quinhentos réis, sendo uma das bebidas mais consumidas pelos pândegos da boemia. As mulheres da zona pediam martini aos acompanhantes, que era servido ao preço de cinco mil réis a dose. A popularização do uísque ocorreu somente depois, com a chegada dos americanos a Natal.
Nos cabarés, às vezes, aconteciam pelas madrugadas brigas e pancadarias, entre os freqüentadores, sendo necessária a presença da polícia, para acalmar os mais exaltados.
Normalmente, dentro das pensões alegres existia uma figura andrógina, alegre, com requebros e trejeitos femininos, cabelos oxigenados, muito conhecida pelos freqüentadores. Por aquela época, uma era conhecida por "Afago verde".
Nesse tempo, as parteiras eram responsáveis por grande parte das vidas que surgiam. O parto era feito em casa, com o resguardo de vários dias e muita canja de galinha. Em partos mais difíceis, surgia o médico, com a sua inseparável valise e o estetoscópio.
As pensões alegres eram freqüentadas por pessoas de diferentes níveis sociais. À noite, já com o dólar correndo solto, surgiram os vendedores clandestinos, que vendiam perfumes, isqueiros, sabonetes, whiskys, cigarros, etc.
As músicas mais tocadas nas radiolas de ficha eram os tangos e maxixes, que, aos poucos, foram sendo substituídos por swings, blues e fox trotes, já na década de 1940.
Naqueles anos, apareceu na zona uma novata: morena, de olhos e cabelos negros, que circulou por várias casas noturnas e despertou a paixão de muitos freqüentadores. Os seus pretendentes eram selecionados pela disposição de abrir a carteira. Contam que ela terminou os seus dias abandonada e esquecida no Beco da Quarentena, tomando injeções diárias de "914", aplicadas por um enfermeiro da Saúde Pública aos portadores de sífilis. A profilaxia era uma lavagem à base de permanganato.
As notícias da guerra, via BBC Londrina, transmitidas pela Agência Pernambucana, antes da inauguração da REN - Rádio Educadora de Natal, eram geralmente acompanhadas pela "Canção do Expedicionário", que traduzia a saudade da pátria e a esperança de vitória dos Pracinhas Brasileiros, na Itália. Por ali se tinha notícias dos últimos acontecimentos da II Guerra Mundial na Europa.
No Cine Polytheama, na Praça Augusto Severo, Ingrid Bergman, Diana Durbin, Judy Erland e outros artistas encantavam os telespectadores.
O movimento do Porto, ali perto, era intenso, guarnecido pelos fuzileiros navais que, sob o tema "Adsumus", que significa "aqui estamos", eram admirados e respeitados pela população, em virtude do exemplo de dedicação e profissionalismo em defesa da pátria.
As notícias da noite corriam velozes, de boca em boca, e terminavam no Grande Ponto, ou no Bar Cova da Onça, na Av. Tavares de Lira, onde o garçom "Cara larga" atendia aos clientes, na parte de trás do Estabelecimento. Muitas dessas histórias já modificadas pelo povo.
Assim era a vida noturna da Natal boêmia do início dos anos 40.
Na vida noturna provinciana encontravam-se as prostitutas, os cáftens e os gigolôs, que também serviam de inspiração aos poetas e escritores.
Naquela época, a cerveja era vendida ao preço de mil e quinhentos réis, sendo uma das bebidas mais consumidas pelos pândegos da boemia. As mulheres da zona pediam martini aos acompanhantes, que era servido ao preço de cinco mil réis a dose. A popularização do uísque ocorreu somente depois, com a chegada dos americanos a Natal.
Nos cabarés, às vezes, aconteciam pelas madrugadas brigas e pancadarias, entre os freqüentadores, sendo necessária a presença da polícia, para acalmar os mais exaltados.
Normalmente, dentro das pensões alegres existia uma figura andrógina, alegre, com requebros e trejeitos femininos, cabelos oxigenados, muito conhecida pelos freqüentadores. Por aquela época, uma era conhecida por "Afago verde".
Nesse tempo, as parteiras eram responsáveis por grande parte das vidas que surgiam. O parto era feito em casa, com o resguardo de vários dias e muita canja de galinha. Em partos mais difíceis, surgia o médico, com a sua inseparável valise e o estetoscópio.
As pensões alegres eram freqüentadas por pessoas de diferentes níveis sociais. À noite, já com o dólar correndo solto, surgiram os vendedores clandestinos, que vendiam perfumes, isqueiros, sabonetes, whiskys, cigarros, etc.
As músicas mais tocadas nas radiolas de ficha eram os tangos e maxixes, que, aos poucos, foram sendo substituídos por swings, blues e fox trotes, já na década de 1940.
Naqueles anos, apareceu na zona uma novata: morena, de olhos e cabelos negros, que circulou por várias casas noturnas e despertou a paixão de muitos freqüentadores. Os seus pretendentes eram selecionados pela disposição de abrir a carteira. Contam que ela terminou os seus dias abandonada e esquecida no Beco da Quarentena, tomando injeções diárias de "914", aplicadas por um enfermeiro da Saúde Pública aos portadores de sífilis. A profilaxia era uma lavagem à base de permanganato.
As notícias da guerra, via BBC Londrina, transmitidas pela Agência Pernambucana, antes da inauguração da REN - Rádio Educadora de Natal, eram geralmente acompanhadas pela "Canção do Expedicionário", que traduzia a saudade da pátria e a esperança de vitória dos Pracinhas Brasileiros, na Itália. Por ali se tinha notícias dos últimos acontecimentos da II Guerra Mundial na Europa.
No Cine Polytheama, na Praça Augusto Severo, Ingrid Bergman, Diana Durbin, Judy Erland e outros artistas encantavam os telespectadores.
O movimento do Porto, ali perto, era intenso, guarnecido pelos fuzileiros navais que, sob o tema "Adsumus", que significa "aqui estamos", eram admirados e respeitados pela população, em virtude do exemplo de dedicação e profissionalismo em defesa da pátria.
As notícias da noite corriam velozes, de boca em boca, e terminavam no Grande Ponto, ou no Bar Cova da Onça, na Av. Tavares de Lira, onde o garçom "Cara larga" atendia aos clientes, na parte de trás do Estabelecimento. Muitas dessas histórias já modificadas pelo povo.
Assim era a vida noturna da Natal boêmia do início dos anos 40.
Elísio Augusto de Medeiros e Silva http://almadobeco2.blogspot.com
15.12.10
Anos Dourados III
Nos anos setenta a Praia do Meio possuía dois espaços culturais: a Galeria do Povo e o Artelier. Também abrigando o primeiro restaurante macrobiótico de Natal, onde o pessoal ia se liberar das toxinas consequentes dos excessos noturnos com os pratos do proprietário Véscio Lisboa. Na segunda metade dos anos setenta, surgiu o Festival do Forte, idealizado pelo músico Luiz Lima, o artista plástico Sandoval Fagundes e o escritor Carlos Gurgel.
"O festival acontecia na terceira lua de cada mês e era um momento de muita música, muita poesia e muita loucura, depois disso, nunca houve nada em Natal tão contundente para nossa cultura como o Festival do Forte", recorda hoje Gurgel, com os olhos cheios de nostalgia. Yuno Silva, estudante de Comunicação, era criança nesse período, mas lembra de quando era levado pelos pais junto com o irmão para curtir o festival, "Os moleques ficavam pulando naquela casa de armar no meio do Forte. Era incrível, sendo criança, ver de perto artistas como Raul Seixas, Gil, Jorge Mautner, Jards Macalé...são tempos que não voltam mais."
Durante os anos setenta e oitenta, a Praia dos Artistas era um lugar concorrido durante toda semana. A jornalista Cione Cruz diz que " a partir das quintas feiras, íamos à praia de dia para tomar sol e à noite exibíamos nosso bronzeado nos bares e boates de lá". Havia ainda uma turma que fazia da praia dos artistas a sua casa, gente que chegava de manhã, depois da aula, de mochila nas costas, trocava o calção de banho e ia jogar frescobol nas areias ou surfar naquelas ondas. Um bom exemplo desse tipo de frequentador era o jornalista Flávio Rezende, assíduo jogador de frescobol, "chegava por volta da 11, 12 horas, depois das aulas do curso de Comunicação da UFRN e ficava até às 18 horas". Nos anos oitenta se intensificou também a prática do surf, daí vieram o campeonatos ao bar caravela, transmitidos nos alto falantes. "Sinto saudade do rock muito alto que tocava durante os torneios, dos amigos sem hora pra ir embora, as paqueras na beira da praia e os beijos na boca apaixonadíssimos, que até deixava a gente meio fraco..."
Com a ida dessas décadas, foram-se também a grande maioria dos frequentadores do lugar. A maturidade e as ocupações iam distanciando pouco a pouco os antigos. E a falta de segurança inibia a formação de uma nova geração de praieiros. A reurbanização e construção dos quiosques de cimento, ao invés das barracas, não foram suficiente para assegurar a reestruturação da área.
Natal acontecia agora bem longe dali. As diversões eram outras, as praias também. A burguesia ia de carro até os distantes litorais norte e sul, procurando aquilo que já não se via mais no urbano: segurança, tranquilidade. O desfile de beleza nas praias urbanas, as paqueras no calçadão, davam lugar a um outro tipo de oferta. O "quem me quer" adquiria outra feição com a explosão do turismo e a procura dos estrangeiros pelas mulheres locais.
23.11.10
De Riffault ao Refoles - Os Franceses *
A utópica França Antártica de Villegagnon (1555) não tinha dado certo. Por essa época, todo o litoral brasileiro que não tinha o domínio português foi sistematicamente batido pelos franceses, chamados de “intrusos” pelos lusitanos. Não fundavam povoados, vilas, cidades. Aventureiros, marinheiros corsários da Normandia – em nome do Rei de França - interessava-lhes, apenas, o tráfico da ibirapitanga e dos búzios. Nada impunham aos silvícolas, levando vida mansa, fazendo amizade com os tuxauas, beiço furado, bebendo cauim, banzando nas tipóias, cabeça feita de chá de jurema na companhia dos pajés. Não era raro, nessa quadra, entre os potiguaras, aparecerem cunhãs e corumins de cabelos louros e olhos azuis...
Jacques Riffault aqui deixou fama e temor. O Refoles – antes Nau do Refoles e sítio onde hoje está a Base Naval de Natal, numa curva do “Potengi amado” – lhe recorda o nome e as estripulias entre nós. Destemido, em 1597, partindo desse ancoradouro, comandando uma dúzia ou mais de embarcações piratas, atacou a Fortaleza de Cabedelo, na vizinha Paraíba. Foi um dos idealizadores, ainda nos idos de 1594, da chamada França Equinocial, na “ilha do Maranhão”, que conhecia bem. Chegou, inclusive, a propor a empreitada ao Rei Henrique IV, em parceria com um dos seus tenentes, Charles des Vaux. Desapareceu depois, no tempo e no vento, sem adivinhar que séculos depois, no seu porto da curva do rio, descansariam das formidáveis travessias as grandes asas das “libélulas de aço” de Mermoz.
* Por Laélio Ferreira
20.10.10
O HQ 129 X e a musica fractal dos sapos.
Por José Bezerra Marinho
O primeiro e mais constante, vinha do quarto ao lado ao que eu nasci.
O do receptor HQ129 X do meu pai, radioamador.
Cresci com aquela música, ruídos, encantamento ao saber que dali, daquele seu quartinho ele falava e ouvia o mundo. Minha mãe me lembrava sempre que, no dia que nasci meu choro – que meu pai chamava QRM, código de interferência no jargão de rádio - foi mandado por ele para os seus colegas mundo afora. Quando soube disso fiquei todo besta. Só depois fiquei insuportável.
A chuva que, desavisadamente, desabava nas noites da Afonso Pena, trazia com ela a musica fractal dos sapos, redivivos, no leito de uma avenida que virava lagoa durante a noite entre Açu e Mossoró, não os rios ou municípios, mas as ruas do Tirol.
Como era possível? Na cabeça do menino de minha saudade não havia resposta. Até ontem não havia chuva, não havia lagoa, não havia sapos. De onde eles vinham? Como sabiam que a lagoa se formara?
Seco, alto, enorme aos meus olhos, com vastas mãos, meu pai explicava: “estavam aí”, apontando do terraço da casa para a rua. Estado latente, quietos, esturricados, ainda mais feios, mas vivos!
Independente de chuva e sapos, todos os dias a manhã se anunciava ao som de madeira sendo serrada.
Em frente, exatamente em frente à minha casa, a serraria de Plínio Saraiva. A madeira gemia ao encontrar a serra. Um gemido mais baixo que ia num crescendo até a tora ser vencida. A madeira serrada era posta em pequenas caixas que eram entregues nas casas. É... esconder pra que? Naquele tempo, a maioria dos fogões domésticos era a lenha.
Havia algo de irreal, custei mesmo a acreditar, quando pela primeira vez ouvi Aluízio Menezes narrando um ABC e América, gritar gooooooll, sem que antes tivesse ouvido a explosão da frasqueira da geral do “Estádio – e haja boa vontade – Juvenal Lamartine”.
Sons das tardes de Domingo, ABC e América, noites de quarta feira, Riachuelo e Atlético, sempre havia um coro, ohhhhh, nas bolas perdidas, e explosão apoteótica num gol de Cezimar, ou Saquinho, ou Jorginho, ou Alberí.
Alguém aí já (ou) viu avião “pedindo carro”? Esse era outro som mágico. O avião de João Pinheiro “pedindo carro”.
Chegando a Natal, o aviador e os passageiros do seu táxi aéreo, pousariam em Capim Macio e precisavam de um “carro de praça”.
Meu vizinho, João sobrevoava sua casa e, a baixa altitude, balançava as asas e rraumrraumava o motor, era o sinal. D. Cleide ia pra minha casa e ligava para o 2100 ou 2300, e pedia um “carro em capim macio para João Pinheiro”.
O fim da tarde chegava com Cambraia anunciando o “Jornal de Natal” de Djalma Maranhão.
Cambraia - perfeito biótipo e porte de um príncipe banto - soltava uma cantiga que, muitos anos depois, penso ter reconhecido em Catoca, nas Lundas, no coração de Angola.
Mas aí eu já tinha crescido, os sapos haviam sido expulsos pelo asfalto e havia visto quando meu pai, poucos dias antes de sua morte, desligou para sempre seu HQ 129 X.
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto.
Bairros de Natal III
Continuamos com a origem e significado dos nomes dos bairros da cidade.
REGIÃO ADMINISTRATIVA OESTE
BOM PASTOR – A origem é bíblica. Usado pelas comunidades cristãs para lembrar a figura de Jesus Cristo,
CIDADE DA ESPERANÇA – A Esperança for o slogan da campanha política do ex-governador Aluízio Alves, que teve a iniciativa de construir o primeiro conjunto habitacional da cidade, denominando-o Cidade da Esperança. Este nome foi conservado quando o conjunto passou à condição de bairro.
CIDADE NOVA – Este nome foi adotado para identificar as várias construções que surgiram ao lado do conjunto habitacional Cidade da Esperança, conservando-o quando passou à condição de bairro.
DIX-SEPT ROSADO – Seu primitivo nome era Carrasco. Com a morte do ex-governador Dix-sept Rosado em 1951, o nome do bairro foi mudado em sua homenagem.
FELIPE CAMARÃO – Anteriormente, esta localidade se chamava Peixe-Boi devido à presença deste peixe nos mangues do rio. O nome Felipe Camarão, dado ao bairro, é uma homenagem ao índio Poti, Antônio Felipe Camarão, que se destacou no combate a invasão holandesa.
GUARAPES – Este nome deve-se possivelmente ao prestígio econômico que teve o comerciante Major Fabrício Gomes Pedrosa, pernambucano de Nazaré, dono das terras daquela região que fundou no século XIX, a “Casa dos Guarapes”, gerando assim o nome do bairro.
NORDESTE – Em 1952 a Rádio Nordeste AM, foi a primeira a adquirir alguns lotes no terreno onde se encontra o bairro para instalar os seus transmissores. Determinando assim o nome do local e posteriormente o nome do bairro.
NOSSA SENHORA DE NAZARÉ – O ex-vereador Geraldo Araújo, um dos fundadores do bairro, querendo prestar homenagem a sua terra natal, Nazaré da Mata (PE), deu o nome de Nossa Senhora de Nazaré a este bairro.
PLANALTO – A área de terra do bairro, em sua maioria, fazia parte dos terrenos próprios e terras de marinha, marginais ao Rio Potengi no município de Natal, e, outra parte do terreno, nos municípios de Macaíba e Parnamirim. Ali foi construído o Conjunto Habitacional Planalto, que deu nome ao bairro quando de sua oficialização.QUINTAS – Quintas ou Quinta, segundo Câmara Cascudo, eram casas de campo com terreno de plantio. O mesmo que granja. Antônio da Gama e sua mulher, dona Maria Borges.
Fonte: Manoel Procópio de Moura Jr (Anuário de Natal).
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27.12.08
Bairros de Natal II
REGIÃO ADMINISTRATIVA LESTE
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Continuamos com a origem e significado dos nomes dos bairros da cidade.
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ALECRIM – Conta-se que ali morava uma velha que costumava enfeitar com ramos de alecrim os caixões dos anjinhos enterrados no cemitério da cidade do Natal. Outros afirmam ser pela abundância do Alecrim-de-Campo, naquela região.
AREIA PRETA – Segundo Câmara Cascudo, seu nome provém da cor das falésias ou barreira ali existentes.
BARRO VERMELHO – Este topônimo se perde no tempo, pois na era citado em documentos históricos datados de 1787. Em fins do século XVIII, consta este nome em doações de terras do Senado da Câmara, como era chamado o Governo da ciade. O escritor Itamar de Souza acredita quem provem da cor do terreno ali existentes.
CIDADE ALTA - O sítio da futura Cidade do Natal foi escolhido por ser num chão elevado e firme à direita do Rio Potengi. Com o crescimento da cidade o primeiro bairro, por estar localizado em um chão elevado, ou seja alto, adotou o nome de Cidade Alta.
LAGOA SECA – No início do século passado, no terreno de Lagoa Seca, havia plantas silvestres, vacarias e sítios e era um dos arrabaldes mais visitados pelo natalense. A partir de 1920, foi se formando uma aglomeração em torno da Lagoa Seca que ficava em uma das esquinas formadas pelas atuais avenidas Prudente de Moraes e Alexandrino de Alencar. Seu sangradouro encontrava-se no Riacho do Baldo, que PR sua vez, provinha da Lagoa Manuel Felipe. Este aglomerado Lagoa Seca transformou-se no bairro, cujo nome foi conservado.
MÃE LUIZA – Em um morro, próximo à Praia do Pinto, existia uma parteira que ao se deslocar para prestar, a noite, os seus meritórios serviços de ajudar as parturientes que estavam prestes a “dá a luz”, alumiava os seus caminhos com um lampião. Esta senhora era conhecida por “Mãe Luiza”. Em homenagem a esta parteira, o Morro do Pinto, passou a ser conhecido como morro de “Mãe Luiza” e posteriormente, quando aquela área foi transformada em bairro, conservou-se o mesmo nome.
PETRÓPOLIS – Este topônimo está ligado à cidade homônima fluminense. Antigamente a parte mais alta do bairro era denominada Belo Monte.
PRAIA DO MEIO – Um tipógrafo chamado Manuel Joaquim de Oliveira construiu uma casa em frente ao mar. A casa ficava entre as praias de banho, Ponta do Morcego como era popularmente chamada e a Praia de Areia Preta. O local da casa ficou sendo chamado de Praia do Meio. A praia do meio avançou e ocupou a Ponta do Morcego, ficando como Praia do Meio, dando assim nome ao bairro.
RIBEIRA – A Ribeira foi o segundo bairro de Natal. A cidade começava a crescer na parte baixa da beira rio. Ribeira, segundo o Dicionário Aurélio é “o terreno banhado por um rio”. Câmara Cascudo esclarece que o bairro antigamente era uma campina alagada pelas marés do Rio Potengi, daí o nome Ribeira.
ROCAS – O nome Rocas provém do Atol das Rocas, referência para os pescadores, que ali realizavam suas atividades.
SANTOS REIS – A sua denominação é uma homenagem aos Santos Padroeiros: Gaspar, Belchior e Baltazar, cujas imagens doadas pelo El Rei Dom José I, para a capela da Fortaleza dos Reis Magos.
TIROL – O nome Tirol, afirmava Pedro Velho, foi apenas uma lembrança da Áustria , com era costume na época.
Fonte: Manoel Procópio de Moura Jr (Anuário de Natal)
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24.12.08
Bairros de Natal I
Cada bairro de uma cidade é parte integrante do todo administrativo, como também, é uma parcela indivisível na visão dos seus habitantes, haja vista as grandes contendas acontecidas entre os habitantes dos bairros da Cidade Alta e Ribeira, ou seja, entra Xarias e Canguleiros respectivamente, no início do século passado.
Natal conta com 36 bairros cujos espaços são reconhecidos pela municipalidade que lhe confere denominações oficiais. Entretanto, as origens dos seus nomes e de algumas áreas que já foram consideradas bairros, são desconhecidas por uma parcela da população e, com raríssimas exceções, pelos próprios residentes do bairro.
ZONA NORTE:
IGAPÓ – Antigamente o local se chamava Aldeia Velha. Igapó no idioma tupi significa água que invade, a enchente, o alagável. Como aquela região apresenta estas características e tendo sido uma antiga taba, originou o nome indígena do bairro.
LAGOA AZUL – O bairro surgiu em uma área próxima a várias lagoas, inclusive uma que se chama Lagoa Azul, estando aí a origem do topônimo do bairro.
Natal conta com 36 bairros cujos espaços são reconhecidos pela municipalidade que lhe confere denominações oficiais. Entretanto, as origens dos seus nomes e de algumas áreas que já foram consideradas bairros, são desconhecidas por uma parcela da população e, com raríssimas exceções, pelos próprios residentes do bairro.
ZONA NORTE:
IGAPÓ – Antigamente o local se chamava Aldeia Velha. Igapó no idioma tupi significa água que invade, a enchente, o alagável. Como aquela região apresenta estas características e tendo sido uma antiga taba, originou o nome indígena do bairro.
LAGOA AZUL – O bairro surgiu em uma área próxima a várias lagoas, inclusive uma que se chama Lagoa Azul, estando aí a origem do topônimo do bairro.
NOSSA SENHORA DA APRESENTAÇÃO – O nome do bairro é uma reverencia a padroeira da cidade do Natal que é festejada em data de 21 de novembro.
PAJUÇARA – O nome proveniente de Ipajuçara, que no idioma indígena significa Lagoa da Palmeira Juçara (em tupi juçara significa espinhosa). Em 1987, foram construídos os Conjuntos Pajuçara I e Pajuçara II, iniciando assim a primeira ocupação do bairro que foi oficializado dom o nome dos Conjuntos.
POTENGI – O nome do bairro é referência ao Rio Potengi que banha a cidade do Natal. Antigamente conhecido como Rio Grande.
REDINHA – O pesquisador Olavo Medeiros Filho, diz que uma doação feita a Joana de Freitas da Fonseca, viúva do Capitão Manuel Correia Pestana, com os seguinte dizeres: ”Receberam, por título de compra, da viúva Dona Grácia do Rego o sítio chamado de Redinha, da outra banda do rio desta Cidade”. O nome deve ter neste sítio sua origem.
SALINAS – O engenheiro Roberto Freire pretendia instalar, nas terras em que se encontra o bairro uma salina e com essa finalidade adquiriu as terras que pertenciam à família Toselli. Com o passar do tempo, verificou-se que fatores de ordem natural, como o alto índice de pluviosidade, dificultavam o êxito do empreendimento não justificava investir na atividade naquele local, no entanto o empreendimento determinou o nome do bairro.
Fonte: Manoel Procópio de Moura Jr (Anuário de Natal) - Continuaremos com as demais regiões administrativas..
21.12.08
Dons de um Dom
Dom Nivaldo Monte
“Meu irmão, eis que descobri a minha vocação: semear alegria” (Dom Nivaldo)
O arcebispo Dom Nivaldo Monte foi sempre um vigilante, episkopos, um legítimo sucessor dos apóstolos. A sua missão foi a de estudar, compreender, gerir, santificar.
Nasceu em Natal a 15 de março de 1918 e faleceu a 10 de novembro de 2006.
Em sua vida e formação de novos religiosos, nunca admitiu discriminação ideológica. Tomou corajosamente a defesa de D. Helder Câmara, afirmando que ele nunca fora um líder comunista, mas apenas um líder carismático. Estudou a ciência de Deus e a ciência dos homens. Viveu a ensinar, quer como professor de grego e latim, prelecionando história natural, psicologia, história e filosofia da educação.
Dom Nivaldo foi uma pessoa profundamente realizada e feliz, um artista da palavra e mestre do desenho, uma alma cheia de encantamentos, um apaixonado amante da natureza, de sua terra e de sua gente, um servidor dos homens.
Convencido de que toda palavra é uma semente, pretendia apenas disseminar, propagar os ensinamentos cristãos, interpretá-los na busca de fazer feliz e de melhorar as pessoas.
Sempre cuidou da terá com zelo e carinho, descobrindo a vocação do solo, potencialidades, riquezas de frutos, experimentações. Fez experiências de migração de hormônios vegetais em enxertos para depois fazer árvores jovens multiplicarem-se.
Era um asceta típico: corpo magro, voz de timbre angélico, bem humorado, tratava a todos de poeta. Dirigiu vidas e acalmou tormentas. Naquele pequeno corpo estava um rio de ternura humana. Era um poeta de profundo sentido místico e encantava pelo amor que tinha à natureza. Amava as árvores e as árvores o amavam. Não se perdia na facilidade dos gestos.
Ao renunciar o Governo Episcopal, voltou-se para Emaús, sua granja, onde continuou a desenvolver suas experiências genéticas, buscando, como sempre o melhor aproveitamento de nossas plantas.
Amou a Igreja, a família, seus amigos, sua terra.
Dom Nivaldo foi um homem de ontem e de hoje.
Fontes: "O semeador de alegria"(Diógenes da Cunha Lima) e Tribuna do Norte.
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19.12.08
Guia semanal de cultura, lazer e entretenimento.
Já está circulando a versão impressa do Solto na Cidade, guia cultural de Natal que estreou há aproximadamente um mês na internet com enorme aceitação do público. Já em seu segundo número, o impresso – com circulação semanal – foi recebido também com grande entusiasmo. Com um layout moderno, linguagem acessível e qualidade de impressão, a publicação traz informações sobre as principais atividades culturais que acontecem na cidade durante a semana, nos mais variados segmentos, sendo uma ferramenta essencial na divulgação da cultura local e no estimulo ao turismo.São 10 mil exemplares por semana, distribuídos gratuitamente em mais de 60 pontos estratégicos espalhados pela cidade — Instituições e entidades culturais, cinemas, casas de espetáculo, teatros, museus, bancas de jornal, livrarias, bares, restaurantes, cafés, faculdades, hotéis, shoppings. Com um formato diferenciado, estreito na largura, fácil de manusear e de transportar, o Solto na Cidade pode ser guardado em pequenos espaços, para ser lido em qualquer lugar e a qualquer hora. A versão on line (veja link em Outros Links e Blogs, ao lado à esquerda) traz, além dos eventos que acontecem na cidade, conteúdo extra, como entrevistas com nomes do meio cultural. Atualizado diariamente, o site realiza ainda sorteio de brindes e ingressos para eventos, entre outras promoções e atividades. A idéia do guia foi concebida com base em modelos similares de guias culturais e de entretenimento, comuns por toda Europa e em grandes cidades do Brasil. A direção está a cargo da jornalista Anne Caroline Medeiros e do empresário Federico Rinaldi e o conteúdo editorial é assinado pelos jornalistas Itaércio Porpino, Marcelo Tavares e Cleo Lima, todos com conhecimento e experiência na área cultural.
18.12.08
Natal de muitos ontens.
Prezado Neto, eis-me aqui enxerido invasor do seu blog, para relembrar um pouco Natal de vários ontens. Isto se a memória ajudar. A mais remota recordação do meu Natal de antigamente prende-se a nossa chegada à cidade. Sim, minha família é da Paraíba e eu, o mais velho dos seis filhos de Seu Manoel e de Dona Laura. Aqui apeamos, eu com oito anos de idade, em 1952. Fomos morar na Rua Mossoró esquina com a Rodrigues Alves. Uma casa com um quintal imenso, que mais parecia uma granja, tão grande era o pomar. Fruteira de toda a natureza: goiaba, caju, laranja, manga, carambola, sapoti e, uma fruta que chamávamos azeitona. Até hoje não descobri o nome da dita, cuja característica era arroxear a língua quando saboreada.
A Rua Mossoró, continuação da Ulisses Caldas, não tinha calçamento. A pavimentação morria na junção das duas artérias. Lembro-me bem da trilha deixada na terra solta pelos lotações nos seus percursos circulares - quem imaginaria, meu caro, “desfrutarmos” do trânsito caótico de hoje? Por esse caminho, todos os sábados, eu e minha mãe íamos às compras no Mercado Público da Cidade Alta. Aquele mesmo acometido por um incêndio misterioso. Cesto de vime na mão cumpria minha obrigação como um castigo. Naquele tempo proliferavam os verdureiros. Ah, os verdureiros! Dava-me dó ver o esforço daqueles homens vendendo frutas e verduras, numa engenhoca de cipó trançado, com vários compartimentos para cada tipo de produto oferecido aos clientes. Os ombros protegidos por uma rodilha suportavam pesos exagerados.
Com a proximidade do Natal e do Ano Novo começavam as festividades públicas. Dessas, não me sai do pensamento o pastoril. Um tablado elevado armado na avenida formava o cenário para as apresentações das moçoilas: as pastorinhas. Representavam duas facções: os cordões azul e encarnado. As meninas entravam em cena cantando: “Boa noite meus senhores todos!/Boa noite senhoras também!/Somos pastoras, pastorinhas belas./Alegremente vamos a Belém.” Comandava o espetáculo a Diana reinando absoluta num vestido bicolor. Uma banda vermelha outra azul. Nas minhas fantasias juvenis, perdi as contas das vezes em que me imaginei raptando a Diana, para objeto de meus desejos poluídos. Se eu fosse um mago teria minimizado a Diana e a encarcerado na redoma de uma caixinha de música. Assim, ainda hoje, quando me batesse a melancolia, procuraria um refúgio secreto, daria corda no mecanismo da caixa mágica, apenas para ouvir minha Diana soltar a voz e entoar sua canção-tema: “Sou a Diana não tenho partido,/ o meu partido são os dois cordões./Eu peço palmas, peço riso e flores,/e aos meus senhores peço proteção”. Ah, Natal de tantos ontens!
Uma outra lembrança, meu caro Neto, que guardo carinhosamente no lado esquerdo do peito, bem próximo do coração, é a do nosso Atheneu no começo dos anos 60. O Atheneu de Pecado. Líder estudantil sem conotação política, alienado e bagunceiro, mas, respeitado e ouvido. Lembro-me de Pecado uma figura magra, quase esquelética e exótica. Desengonçado, encurvado ao andar e sempre, sempre com um cigarro pendurado no canto da boca. Pecado ensebou muitos trilhos na Junqueira Alves, para bondes escorregarem na rua aladeirada, diante do desespero de motorneiros, cobradores e passageiros. Como não bastasse o transtorno causado, ele e a molecada, de carona nos estribos aumentavam a carga do bonde, para dificultar a subida.
Alcancei o Atheneu no tempo em que Latim, Inglês, Francês e Espanhol faziam parte do currículo. Tive o prazer de assistir aulas de Esmeraldo Siqueira, Floriano Cavalcanti, Protásio Melo e de Dona Olindina. No intervalo das aulas sentávamos no muro do lado da Potengi e ensaiávamos um coro de assovios, para encabular as alunas do Colégio Imaculada Conceição, retornando das aulas do turno matinal. Ah, Natal de tantos ontens!
Pois é, prezado colega, sou tão saudosista quanto você e aqueles que visitam o seu blog. Sua iniciativa foi uma atitude louvável. Tanto é verdade que a satisfação emana do fundo da alma ao encontrarmos neste espaço eletrônico resíduos da história que desfrutamos. E recordando a vivenciamos novamente, pois recordar é viver.
(José Narcélio Marques Sousa)
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A Rua Mossoró, continuação da Ulisses Caldas, não tinha calçamento. A pavimentação morria na junção das duas artérias. Lembro-me bem da trilha deixada na terra solta pelos lotações nos seus percursos circulares - quem imaginaria, meu caro, “desfrutarmos” do trânsito caótico de hoje? Por esse caminho, todos os sábados, eu e minha mãe íamos às compras no Mercado Público da Cidade Alta. Aquele mesmo acometido por um incêndio misterioso. Cesto de vime na mão cumpria minha obrigação como um castigo. Naquele tempo proliferavam os verdureiros. Ah, os verdureiros! Dava-me dó ver o esforço daqueles homens vendendo frutas e verduras, numa engenhoca de cipó trançado, com vários compartimentos para cada tipo de produto oferecido aos clientes. Os ombros protegidos por uma rodilha suportavam pesos exagerados.
Com a proximidade do Natal e do Ano Novo começavam as festividades públicas. Dessas, não me sai do pensamento o pastoril. Um tablado elevado armado na avenida formava o cenário para as apresentações das moçoilas: as pastorinhas. Representavam duas facções: os cordões azul e encarnado. As meninas entravam em cena cantando: “Boa noite meus senhores todos!/Boa noite senhoras também!/Somos pastoras, pastorinhas belas./Alegremente vamos a Belém.” Comandava o espetáculo a Diana reinando absoluta num vestido bicolor. Uma banda vermelha outra azul. Nas minhas fantasias juvenis, perdi as contas das vezes em que me imaginei raptando a Diana, para objeto de meus desejos poluídos. Se eu fosse um mago teria minimizado a Diana e a encarcerado na redoma de uma caixinha de música. Assim, ainda hoje, quando me batesse a melancolia, procuraria um refúgio secreto, daria corda no mecanismo da caixa mágica, apenas para ouvir minha Diana soltar a voz e entoar sua canção-tema: “Sou a Diana não tenho partido,/ o meu partido são os dois cordões./Eu peço palmas, peço riso e flores,/e aos meus senhores peço proteção”. Ah, Natal de tantos ontens!
Uma outra lembrança, meu caro Neto, que guardo carinhosamente no lado esquerdo do peito, bem próximo do coração, é a do nosso Atheneu no começo dos anos 60. O Atheneu de Pecado. Líder estudantil sem conotação política, alienado e bagunceiro, mas, respeitado e ouvido. Lembro-me de Pecado uma figura magra, quase esquelética e exótica. Desengonçado, encurvado ao andar e sempre, sempre com um cigarro pendurado no canto da boca. Pecado ensebou muitos trilhos na Junqueira Alves, para bondes escorregarem na rua aladeirada, diante do desespero de motorneiros, cobradores e passageiros. Como não bastasse o transtorno causado, ele e a molecada, de carona nos estribos aumentavam a carga do bonde, para dificultar a subida.
Alcancei o Atheneu no tempo em que Latim, Inglês, Francês e Espanhol faziam parte do currículo. Tive o prazer de assistir aulas de Esmeraldo Siqueira, Floriano Cavalcanti, Protásio Melo e de Dona Olindina. No intervalo das aulas sentávamos no muro do lado da Potengi e ensaiávamos um coro de assovios, para encabular as alunas do Colégio Imaculada Conceição, retornando das aulas do turno matinal. Ah, Natal de tantos ontens!
Pois é, prezado colega, sou tão saudosista quanto você e aqueles que visitam o seu blog. Sua iniciativa foi uma atitude louvável. Tanto é verdade que a satisfação emana do fundo da alma ao encontrarmos neste espaço eletrônico resíduos da história que desfrutamos. E recordando a vivenciamos novamente, pois recordar é viver.
(José Narcélio Marques Sousa)
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14.12.08
I Caminhada Histórica do Natal
Ontem, sábado, 13 de dezembro, realizou-se a I CAMINHADA HISTÓRICA DO NATAL, partindo da Praça André de Albuquerque na Cidade Alta até o Largo da Rua Chile na Ribeira. Prestigiando a caminhada dela participaram e prestigiaram centenas de pessoas desde bebês nos braços dos pais ou em carrinhos empurrados por alguns deles até idosos com quase 80 anos de idade. A ausência de pessoas públicas foi notada por muitos, talvez cansados da 'extenuante' campanha eleitoral encerada a pouco mais de dois meses.
A caminhada iniciou às 16 horas e o passeio permitiu reviver e conhecer grande parte da trajetória histórica de nossa cidade, mostrando nossa arquitetura e diversidade. Não houve a pretensão de se prender a detalhes minuciosos, nas paradas estratégicas jovens professores faziam uma narração sucinta e objetiva de cada monumento.
Além de saudável foi uma forma diferente de se conhecer e entender melhor o tempo e o espaço que vivemos.
No trajeto, iniciado na Praça André de Albuquerque, tivemos oportunidade de ouvir detalhes da história da própria Praça, da Igreja de Nossa Senhora da Apresentação, do Instituto Histórico e Geográfico, do Memorial Câmara Cascudo, da Praça Padre João Maria, da Casa Colonial da Rua da Conceição, do Museu Café Filho, da Praça 7 de Setembro, do Palácio Potengi (Palácio da Cultura), do Palácio Felipe Camarão, da Igreja Presbiteriana de Natal, da Sede da OAB, do Solar Bela Vista, da Capitania das Artes, da Casa de Câmara Cascudo, do Jornal “A República”, do Colégio Salesiano São José (antiga morada de Juvino Barreto), da Praça Augusto Severo, do Museu da Cultura Popular, do Teatro Alberto Maranhão, do antigo Grande Hotel, dos prédios da Rua Tavares de Lira e Rua Chile e adjacências e do próprio Largo da Rua Chile, onde nos aguardava um show musical. O evento foi realizado com o apoio de mais de vinte órgãos, entidades e empresas.
Espero que essa idéia não caia no esquecimento e que no futuro seja incentivada a participação de escolas de toda nossa rede de ensino, podendo inclusive fazer parte de um trabalho escolar dos estudantes.
O Blog Natal de Ontem parabeniza os promotores e participantes.Fonte: Roteiro da I Caminhada Histórica do Natal.
A caminhada iniciou às 16 horas e o passeio permitiu reviver e conhecer grande parte da trajetória histórica de nossa cidade, mostrando nossa arquitetura e diversidade. Não houve a pretensão de se prender a detalhes minuciosos, nas paradas estratégicas jovens professores faziam uma narração sucinta e objetiva de cada monumento.
Além de saudável foi uma forma diferente de se conhecer e entender melhor o tempo e o espaço que vivemos.
No trajeto, iniciado na Praça André de Albuquerque, tivemos oportunidade de ouvir detalhes da história da própria Praça, da Igreja de Nossa Senhora da Apresentação, do Instituto Histórico e Geográfico, do Memorial Câmara Cascudo, da Praça Padre João Maria, da Casa Colonial da Rua da Conceição, do Museu Café Filho, da Praça 7 de Setembro, do Palácio Potengi (Palácio da Cultura), do Palácio Felipe Camarão, da Igreja Presbiteriana de Natal, da Sede da OAB, do Solar Bela Vista, da Capitania das Artes, da Casa de Câmara Cascudo, do Jornal “A República”, do Colégio Salesiano São José (antiga morada de Juvino Barreto), da Praça Augusto Severo, do Museu da Cultura Popular, do Teatro Alberto Maranhão, do antigo Grande Hotel, dos prédios da Rua Tavares de Lira e Rua Chile e adjacências e do próprio Largo da Rua Chile, onde nos aguardava um show musical. O evento foi realizado com o apoio de mais de vinte órgãos, entidades e empresas.
Espero que essa idéia não caia no esquecimento e que no futuro seja incentivada a participação de escolas de toda nossa rede de ensino, podendo inclusive fazer parte de um trabalho escolar dos estudantes.
O Blog Natal de Ontem parabeniza os promotores e participantes.Fonte: Roteiro da I Caminhada Histórica do Natal.
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11.12.08
Escola de Engenharia de Natal
11 de Dezembro: Dia do Engenheiro e do Arquiteto.Aproveito para publicar algo sobre a Escola de Engenharia de Natal, que surgiu da preocupação do governador Dinarte de Medeiros Mariz, em face do pequeno número de engenheiros no estado. Esse fato foi importante para a criação de uma escola de engenharia no estado.
A Lei Estadual nº 2045, de 11.09.57 criou a Escola de Engenharia de Natal para funcionamento previsto a partir de 1960, e pela Lei nº 2.452, de 16.11.59, passou a se denominar Escola de Engenharia da Universidade do Rio Grande do Norte. Com a promulgação do Decreto Federal nº 47.438, de 15.12.59 recebeu licença da Diretoria de Ensino Superior do Ministério da Educação e Cultura para funcionar a partir de 1960, depois de cumpridas as exigências formais para a liberação do curso.
Com o currículo definido, o corpo docente selecionado, o pessoal de apoio administrativo escolhido, as monografias dos professores aprovadas, as acomodações preparadas e móveis e equipamentos adquiridos, a Escola estava apta a realizar o exame vestibular e iniciar o primeiro curso de Engenharia Civil do Rio Grande do Norte.
Os primeiros professores nomeados, após apresentação de prova de títulos e defesa de monografia, foram Geraldo de Pinho Pessoa, Ubiratan Pereira Galvão, Célio de Carli, Aurino Borges, Nilson Rocha de Oliveira, Kleber de Carvalho Bezerra, José Henriques Bittencourt, Edilson Medeiros da Fonsêca, Moacir Maia, Clóvis Gonçalves dos Santos, José Nilson de Sá, Juarez Pascoal de Azevedo, Carlos Augusto de Araújo, Renato Gomes Soares, José Mesquita Fontes, Milton Dantas de Medeiros, Wilson de Oliveira Miranda, Rômulo Rubens Freire Pinto, Malef Victório de Carvalho, José Bartolomeu dos Santos, Antônio Ramos Tejo, Adriano Duarte Vidal Silva, José Antomar Ferreira de Souza, Fernando Cysneiros, Hélio Varela de Albuquerque, Gilvan Trigueiro, Marcelo Cabral de Andrade e Dirceu Victor de Hollanda. Em 27.11.59 foram nomeados Fernando Cysneiros e José Bartolomeu dos Santos, diretor e vice-diretor da nova Escola.
A solenidade de instalação da Escola de Engenharia aconteceu em 21 de dezembro de 1959, no anfiteatro da Maternidade Januário Cicco. Estavam presentes, entre outros, o Governador do Estado Dinarte Mariz, o vice-governador José Augusto Varela, o reitor Onofre Lopes, o presidente do Tribunal Eleitoral Carlos Augusto Caldas da Silva, o bispo auxiliar da Arquidiocese de Natal Eugênio de Araújo Sales, o deputado federal Teodorico Bezerra e o corpo docente da escola.
No dia 16 de março de 1960, no pavimento superior da sede da Escola de Engenharia, na Rua Padre João Manoel, o professor Juarez Pascoal de Azevedo proferiu a aula inaugural na sessão solene de instalação do primeiro curso de Engenharia Civil do Rio Grande do Norte.
A primeira turma da escola era composta de Evandro Costa Ferreira, Jário Pereira Pinto, José Ivaldo Borges, Joaquim Elias de Freitas, Liacir dos Santos Lucena, Romeu Gomes Soares e Walter Araújo, os primeiros engenheiros formados pela Escola.
O Centro de Tecnologia da UFRN, sucedeu a Escola de Engenharia e está estruturado em sete departamentos: Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Engenharia de Materiais, Engenharia Mecânica, Engenharia de Produção e Têxtil e Engenharia Química e onze cursos de graduação: Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil, Engenharia de Computação, Engenharia Elétrica, Engenharia de Materiais, Engenharia Mecânica, Engenharia de Produção, Engenharia Química, Engenharia Têxtil, Cooperativismo e Zootecnia .
Dados extraídos do livro História da Escola de Engenharia da UFRN de José Narcélio Marques Sousa. (2003).
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A Lei Estadual nº 2045, de 11.09.57 criou a Escola de Engenharia de Natal para funcionamento previsto a partir de 1960, e pela Lei nº 2.452, de 16.11.59, passou a se denominar Escola de Engenharia da Universidade do Rio Grande do Norte. Com a promulgação do Decreto Federal nº 47.438, de 15.12.59 recebeu licença da Diretoria de Ensino Superior do Ministério da Educação e Cultura para funcionar a partir de 1960, depois de cumpridas as exigências formais para a liberação do curso.
Com o currículo definido, o corpo docente selecionado, o pessoal de apoio administrativo escolhido, as monografias dos professores aprovadas, as acomodações preparadas e móveis e equipamentos adquiridos, a Escola estava apta a realizar o exame vestibular e iniciar o primeiro curso de Engenharia Civil do Rio Grande do Norte.
Os primeiros professores nomeados, após apresentação de prova de títulos e defesa de monografia, foram Geraldo de Pinho Pessoa, Ubiratan Pereira Galvão, Célio de Carli, Aurino Borges, Nilson Rocha de Oliveira, Kleber de Carvalho Bezerra, José Henriques Bittencourt, Edilson Medeiros da Fonsêca, Moacir Maia, Clóvis Gonçalves dos Santos, José Nilson de Sá, Juarez Pascoal de Azevedo, Carlos Augusto de Araújo, Renato Gomes Soares, José Mesquita Fontes, Milton Dantas de Medeiros, Wilson de Oliveira Miranda, Rômulo Rubens Freire Pinto, Malef Victório de Carvalho, José Bartolomeu dos Santos, Antônio Ramos Tejo, Adriano Duarte Vidal Silva, José Antomar Ferreira de Souza, Fernando Cysneiros, Hélio Varela de Albuquerque, Gilvan Trigueiro, Marcelo Cabral de Andrade e Dirceu Victor de Hollanda. Em 27.11.59 foram nomeados Fernando Cysneiros e José Bartolomeu dos Santos, diretor e vice-diretor da nova Escola.
A solenidade de instalação da Escola de Engenharia aconteceu em 21 de dezembro de 1959, no anfiteatro da Maternidade Januário Cicco. Estavam presentes, entre outros, o Governador do Estado Dinarte Mariz, o vice-governador José Augusto Varela, o reitor Onofre Lopes, o presidente do Tribunal Eleitoral Carlos Augusto Caldas da Silva, o bispo auxiliar da Arquidiocese de Natal Eugênio de Araújo Sales, o deputado federal Teodorico Bezerra e o corpo docente da escola.
No dia 16 de março de 1960, no pavimento superior da sede da Escola de Engenharia, na Rua Padre João Manoel, o professor Juarez Pascoal de Azevedo proferiu a aula inaugural na sessão solene de instalação do primeiro curso de Engenharia Civil do Rio Grande do Norte.
A primeira turma da escola era composta de Evandro Costa Ferreira, Jário Pereira Pinto, José Ivaldo Borges, Joaquim Elias de Freitas, Liacir dos Santos Lucena, Romeu Gomes Soares e Walter Araújo, os primeiros engenheiros formados pela Escola.
O Centro de Tecnologia da UFRN, sucedeu a Escola de Engenharia e está estruturado em sete departamentos: Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Engenharia de Materiais, Engenharia Mecânica, Engenharia de Produção e Têxtil e Engenharia Química e onze cursos de graduação: Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil, Engenharia de Computação, Engenharia Elétrica, Engenharia de Materiais, Engenharia Mecânica, Engenharia de Produção, Engenharia Química, Engenharia Têxtil, Cooperativismo e Zootecnia .
Dados extraídos do livro História da Escola de Engenharia da UFRN de José Narcélio Marques Sousa. (2003).
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8.12.08
Tábua das Marés - Porto de Natal
Acrescentamos em Outros Links e Blogs o link da Tábua das Marés para o Porto de Natal. Atualizaremos mensalmente.
720 a 735 Não poderemos esquecer...
735.- Da magia dos mergulhos no Poço do Dentão;
734.- Da viúva Salomé, que frequentava todas as missas;
733.- Das meninas da 25 de Dezembro;
732.- De Luis Rola, o rei das Rocas e de suas brigas;
731.- De Luís Tavares, o gladiador ds esquinas e rei dos bares;
730.- De Luiz Gonzaga cantando na Festa da Mocidade, na Praça Pio X;
729.- De que a 15 de Novembro era o puteiro do dia-a-dia;
728.- De que a Rua José de Alencar se chamava Rua da Estrela;
727.- Das histórias e fábulas de Pedro Bala;
726.- Do Dr. Choque e sua resposta padrão: "É o boga da mãe!";
725.- Do "roubo" de galinhas no Sábado de Aleluia;
724. -Do Refoles, que relembra o corsário Francês Riffault, alí no Alecrim;
723.- Dos comícios de esquerda no Grande Ponto;
722.- Dos mergulhos no Cais da Rua Tavares de Lyra;
721.- Dos pastoris encantados de Miguel Leandro;
Vídeo enviado por Minervino Wanderley e citações extraídas do livro Autobiografia-Poemas do "Mbururicha Ojuara" Nei Leandro de Castro (2008).>
734.- Da viúva Salomé, que frequentava todas as missas;
733.- Das meninas da 25 de Dezembro;
732.- De Luis Rola, o rei das Rocas e de suas brigas;
731.- De Luís Tavares, o gladiador ds esquinas e rei dos bares;
730.- De Luiz Gonzaga cantando na Festa da Mocidade, na Praça Pio X;
729.- De que a 15 de Novembro era o puteiro do dia-a-dia;
728.- De que a Rua José de Alencar se chamava Rua da Estrela;
727.- Das histórias e fábulas de Pedro Bala;
726.- Do Dr. Choque e sua resposta padrão: "É o boga da mãe!";
725.- Do "roubo" de galinhas no Sábado de Aleluia;
724. -Do Refoles, que relembra o corsário Francês Riffault, alí no Alecrim;
723.- Dos comícios de esquerda no Grande Ponto;
722.- Dos mergulhos no Cais da Rua Tavares de Lyra;
721.- Dos pastoris encantados de Miguel Leandro;
Vídeo enviado por Minervino Wanderley e citações extraídas do livro Autobiografia-Poemas do "Mbururicha Ojuara" Nei Leandro de Castro (2008).>
5.12.08
Provérbios populares.
Rua Jundiaí.
Os provérbios são máximas ou sentenças de cunho moral sobre as ações humanas que nasceram da vivência e experiência popular. Expressam de modo conciso essa experiência acumulada pelo povo e ilustram a chamada sabedoria popular. São também conhecidos como adágios, ditados, anexins ou ditos populares.
São transmitidos de boca em boca, de geração em geração. Expressam, em suma, a filosofia popular. Selecionamos alguns provérbios bastante conhecidos e usados por nós:
A mentira tem pernas curtas.
A ocasião faz o ladrão.
A pressa é inimiga da perfeição.
Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.
Amigos, amigos; negócios, à parte.
Amor com amor se paga.
Cada louco com sua mania.
Cão que ladra não morde.
Casa de ferreiro, espeto de pau.
De médico, poeta e louco, todo mundo tem um pouco.
Desgraça pouca é bobagem.
Devagar com o andor, que o santo é de barro.
Dois bicudos não se beijam.
É melhor prevenir que remediar
Em boca fechada não entra mosca.
Filho de peixe, peixinho é.
Macaco velho não mete a mão em cumbuca.
Nem tudo que reluz é ouro.
Nunca digas: desta água não beberei.
Para bom entendedor meia palavra basta
Quando um não quer, dois não brigam.
Quem canta seus males espanta.
Ri melhor quem ri por último.
Um dia é da caça, outro do caçador.
Uma andorinha só não faz verão.
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2.12.08
Expressões populares
Iate Clube do Natal
"... a vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros.
Vinha da boca do povo na língua errada do povo.
Língua certa do povo.
Porque ele é que fala o gostoso português do Brasil..."
A pesquisa, o registro e a reunião de vocábulos e expressões populares, principalmente no Nordeste do Brasil, foi sempre uma preocupação para pesquisadores e folcloristas como Luís da Câmara Cascudo, entre outros.
O povo é que faz a língua, adicionando termos e expressões. É importante salientar que a maioria das expressões populares existentes no português falado no Brasil, tem origem no Norte e Nordeste, onde a língua falada e escrita foi muito enriquecida por causa do processo de colonização.
Por ser um país de proporções geográficas enormes, o Brasil possui muitas expressões lingüísticas regionais: o linguajar gaúcho, com influências das suas fronteiras; a influência portuguesa, no linguajar nortista; o modo do nordestino se expressar; a gíria carioca; expressões típicas usadas pelos mineiros e paulistas. Hoje, com a tecnologia eletrônica e as facilidades na comunicação entre as pessoas, as expressões populares “viajam” pelo território nacional, tornando-se mais conhecidas. Até as novelas de televisão as utilizam.
Algumas expressões populares típicas do Nordeste e de Natal:
a torto e a direito- indiscriminadamente;
abestado – bobo, abestalhado;
aboletar-se – instalar-se;
acocho –aperto, arrocho;
amofinado – aborrecido, infeliz;
aperreado – nervoso, preocupado;
arretado – irritado ou então algo muito bom;
assim ou assado – de uma maneira ou de outra;
assobiar e chupar cana- fazer duas coisas ao mesmo tempo;
atanazar – aborrecer, importunar;
atirar pedra em casa de marimbondo- mexer com quem está quieto e se arriscar;
bagunçar o coreto – anarquizar, cometer desordem;
balela – boato, conversa fiada;
bater o facho – morrer;
berloque – pingente, enfeite;
birinaite – bebida alcoólica;
bisaco – saco, sacola;
botar as barbas de molho – tomar as devidas precauções;
brocoió – medíocre, caipira;
bugigangas – coisas sem valor;
cabreiro – desconfiado;
cachete – comprimidos, pílulas;
cafua – depósito, lugar pequeno;
cafundó – lugar muito longe;
cascavilhar – procurar, investigar;
chamaril – coisa para chamar a atenção;
chinfrim – coisa ordinária;
cutucar o cão com vara curta – mexer com quem está quieto e se arriscar;
deforete – tomar uma brisa, ao ar livre;
degringolar – desordenar, desorganizar, algo que dar errado;
derna – desde
destambocar – tirar pedaço;
destrambelhada – desajustada metal;
empeiticar – importunar;
empiriquitado – enfeitado;
encangado – junto, pregado;
espoletado – danado da vida, com raiva;
estrambólico – extravagante, esquisito;
faniquito – desmaio, chilique;
fiofó – traseiro;
fuleiro – sem muito valor, ordinário;
fulustreco – fulano;
fuzuê – barulho, confusão;
gaitada – risada estridente, gargalhada;
gastura – incômodo, mal-estar;
goga – contar vantagem, vaidade;
guenzo – magro, esquelético;
inhaca – mau cheiro, catinga, fedor;
inté – até logo;
jururu – triste, pensativa;
labrugento ou lambugento – serviço malfeito;
lambança – desordem, barulho;
levar gato por lebre – ser enganado, logrado;
levar desaforo pra casa – acovardar-se, não reagir;
macambúzio – tristonho, pensativo;
malamanhado – desarrumado;
manzanza – preguiça, demora;
mundiça – gente sem educação;
nadica – nada;
nopró – indivíduo difícil;
nos trinques – nos conformes;
oião – curioso, enxerido;
onde o diabo perdeu as botas – lugar ermo, distante;
pantim – exageros, espantos;
peba – coisa ordinária;
peitica – insistência incômoda;
pendenga – assunto por acabar;
penduricalho – enfeite;
pé-rapado – pobretão;
pinicar – beliscar;
pinóia – expressão de aborrecimento;
piripaque – passar mal;
potoca – mentira;
rabiçaca – sacudidela, movimento;
salceiro – barulho, confusão;
samboque – pedaço;
sorumbático – tristonho, pensativo;
sustança – força, vigor;
trepeça – algo que não serve pra nada;
virar defunto – morrer;
virar o copo - ingerir bebida alcóolica;
Foto enviada por Carlos Pachêco
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Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto
A vida boêmia de Natal - 1939/1940
Por volta de 1939, início da II Guerra Mundial, os cabarés mais famosos de Natal situavam-se na Ribeira. Bastante freqüentados, eram muito populares, fazendo parte integrante da vida boêmia da cidade, que se iniciava depois das 9 horas da noite, quando as famílias já tinham se recolhido.
Na vida noturna provinciana encontravam-se as prostitutas, os cáftens e os gigolôs, que também serviam de inspiração aos poetas e escritores.
Naquela época, a cerveja era vendida ao preço de mil e quinhentos réis, sendo uma das bebidas mais consumidas pelos pândegos da boemia. As mulheres da zona pediam martini aos acompanhantes, que era servido ao preço de cinco mil réis a dose. A popularização do uísque ocorreu somente depois, com a chegada dos americanos a Natal.
Nos cabarés, às vezes, aconteciam pelas madrugadas brigas e pancadarias, entre os freqüentadores, sendo necessária a presença da polícia, para acalmar os mais exaltados.
Normalmente, dentro das pensões alegres existia uma figura andrógina, alegre, com requebros e trejeitos femininos, cabelos oxigenados, muito conhecida pelos freqüentadores. Por aquela época, uma era conhecida por "Afago verde".
Nesse tempo, as parteiras eram responsáveis por grande parte das vidas que surgiam. O parto era feito em casa, com o resguardo de vários dias e muita canja de galinha. Em partos mais difíceis, surgia o médico, com a sua inseparável valise e o estetoscópio.
As pensões alegres eram freqüentadas por pessoas de diferentes níveis sociais. À noite, já com o dólar correndo solto, surgiram os vendedores clandestinos, que vendiam perfumes, isqueiros, sabonetes, whiskys, cigarros, etc.
As músicas mais tocadas nas radiolas de ficha eram os tangos e maxixes, que, aos poucos, foram sendo substituídos por swings, blues e fox trotes, já na década de 1940.
Naqueles anos, apareceu na zona uma novata: morena, de olhos e cabelos negros, que circulou por várias casas noturnas e despertou a paixão de muitos freqüentadores. Os seus pretendentes eram selecionados pela disposição de abrir a carteira. Contam que ela terminou os seus dias abandonada e esquecida no Beco da Quarentena, tomando injeções diárias de "914", aplicadas por um enfermeiro da Saúde Pública aos portadores de sífilis. A profilaxia era uma lavagem à base de permanganato.
As notícias da guerra, via BBC Londrina, transmitidas pela Agência Pernambucana, antes da inauguração da REN - Rádio Educadora de Natal, eram geralmente acompanhadas pela "Canção do Expedicionário", que traduzia a saudade da pátria e a esperança de vitória dos Pracinhas Brasileiros, na Itália. Por ali se tinha notícias dos últimos acontecimentos da II Guerra Mundial na Europa.
No Cine Polytheama, na Praça Augusto Severo, Ingrid Bergman, Diana Durbin, Judy Erland e outros artistas encantavam os telespectadores.
O movimento do Porto, ali perto, era intenso, guarnecido pelos fuzileiros navais que, sob o tema "Adsumus", que significa "aqui estamos", eram admirados e respeitados pela população, em virtude do exemplo de dedicação e profissionalismo em defesa da pátria.
As notícias da noite corriam velozes, de boca em boca, e terminavam no Grande Ponto, ou no Bar Cova da Onça, na Av. Tavares de Lira, onde o garçom "Cara larga" atendia aos clientes, na parte de trás do Estabelecimento. Muitas dessas histórias já modificadas pelo povo.
Assim era a vida noturna da Natal boêmia do início dos anos 40.
Na vida noturna provinciana encontravam-se as prostitutas, os cáftens e os gigolôs, que também serviam de inspiração aos poetas e escritores.
Naquela época, a cerveja era vendida ao preço de mil e quinhentos réis, sendo uma das bebidas mais consumidas pelos pândegos da boemia. As mulheres da zona pediam martini aos acompanhantes, que era servido ao preço de cinco mil réis a dose. A popularização do uísque ocorreu somente depois, com a chegada dos americanos a Natal.
Nos cabarés, às vezes, aconteciam pelas madrugadas brigas e pancadarias, entre os freqüentadores, sendo necessária a presença da polícia, para acalmar os mais exaltados.
Normalmente, dentro das pensões alegres existia uma figura andrógina, alegre, com requebros e trejeitos femininos, cabelos oxigenados, muito conhecida pelos freqüentadores. Por aquela época, uma era conhecida por "Afago verde".
Nesse tempo, as parteiras eram responsáveis por grande parte das vidas que surgiam. O parto era feito em casa, com o resguardo de vários dias e muita canja de galinha. Em partos mais difíceis, surgia o médico, com a sua inseparável valise e o estetoscópio.
As pensões alegres eram freqüentadas por pessoas de diferentes níveis sociais. À noite, já com o dólar correndo solto, surgiram os vendedores clandestinos, que vendiam perfumes, isqueiros, sabonetes, whiskys, cigarros, etc.
As músicas mais tocadas nas radiolas de ficha eram os tangos e maxixes, que, aos poucos, foram sendo substituídos por swings, blues e fox trotes, já na década de 1940.
Naqueles anos, apareceu na zona uma novata: morena, de olhos e cabelos negros, que circulou por várias casas noturnas e despertou a paixão de muitos freqüentadores. Os seus pretendentes eram selecionados pela disposição de abrir a carteira. Contam que ela terminou os seus dias abandonada e esquecida no Beco da Quarentena, tomando injeções diárias de "914", aplicadas por um enfermeiro da Saúde Pública aos portadores de sífilis. A profilaxia era uma lavagem à base de permanganato.
As notícias da guerra, via BBC Londrina, transmitidas pela Agência Pernambucana, antes da inauguração da REN - Rádio Educadora de Natal, eram geralmente acompanhadas pela "Canção do Expedicionário", que traduzia a saudade da pátria e a esperança de vitória dos Pracinhas Brasileiros, na Itália. Por ali se tinha notícias dos últimos acontecimentos da II Guerra Mundial na Europa.
No Cine Polytheama, na Praça Augusto Severo, Ingrid Bergman, Diana Durbin, Judy Erland e outros artistas encantavam os telespectadores.
O movimento do Porto, ali perto, era intenso, guarnecido pelos fuzileiros navais que, sob o tema "Adsumus", que significa "aqui estamos", eram admirados e respeitados pela população, em virtude do exemplo de dedicação e profissionalismo em defesa da pátria.
As notícias da noite corriam velozes, de boca em boca, e terminavam no Grande Ponto, ou no Bar Cova da Onça, na Av. Tavares de Lira, onde o garçom "Cara larga" atendia aos clientes, na parte de trás do Estabelecimento. Muitas dessas histórias já modificadas pelo povo.
Assim era a vida noturna da Natal boêmia do início dos anos 40.
Elísio Augusto de Medeiros e Silva http://almadobeco2.blogspot.com
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto.
A vida boêmia de Natal - 1939/1940
Por volta de 1939, início da II Guerra Mundial, os cabarés mais famosos de Natal situavam-se na Ribeira. Bastante freqüentados, eram muito populares, fazendo parte integrante da vida boêmia da cidade, que se iniciava depois das 9 horas da noite, quando as famílias já tinham se recolhido.
Na vida noturna provinciana encontravam-se as prostitutas, os cáftens e os gigolôs, que também serviam de inspiração aos poetas e escritores.
Naquela época, a cerveja era vendida ao preço de mil e quinhentos réis, sendo uma das bebidas mais consumidas pelos pândegos da boemia. As mulheres da zona pediam martini aos acompanhantes, que era servido ao preço de cinco mil réis a dose. A popularização do uísque ocorreu somente depois, com a chegada dos americanos a Natal.
Nos cabarés, às vezes, aconteciam pelas madrugadas brigas e pancadarias, entre os freqüentadores, sendo necessária a presença da polícia, para acalmar os mais exaltados.
Normalmente, dentro das pensões alegres existia uma figura andrógina, alegre, com requebros e trejeitos femininos, cabelos oxigenados, muito conhecida pelos freqüentadores. Por aquela época, uma era conhecida por "Afago verde".
Nesse tempo, as parteiras eram responsáveis por grande parte das vidas que surgiam. O parto era feito em casa, com o resguardo de vários dias e muita canja de galinha. Em partos mais difíceis, surgia o médico, com a sua inseparável valise e o estetoscópio.
As pensões alegres eram freqüentadas por pessoas de diferentes níveis sociais. À noite, já com o dólar correndo solto, surgiram os vendedores clandestinos, que vendiam perfumes, isqueiros, sabonetes, whiskys, cigarros, etc.
As músicas mais tocadas nas radiolas de ficha eram os tangos e maxixes, que, aos poucos, foram sendo substituídos por swings, blues e fox trotes, já na década de 1940.
Naqueles anos, apareceu na zona uma novata: morena, de olhos e cabelos negros, que circulou por várias casas noturnas e despertou a paixão de muitos freqüentadores. Os seus pretendentes eram selecionados pela disposição de abrir a carteira. Contam que ela terminou os seus dias abandonada e esquecida no Beco da Quarentena, tomando injeções diárias de "914", aplicadas por um enfermeiro da Saúde Pública aos portadores de sífilis. A profilaxia era uma lavagem à base de permanganato.
As notícias da guerra, via BBC Londrina, transmitidas pela Agência Pernambucana, antes da inauguração da REN - Rádio Educadora de Natal, eram geralmente acompanhadas pela "Canção do Expedicionário", que traduzia a saudade da pátria e a esperança de vitória dos Pracinhas Brasileiros, na Itália. Por ali se tinha notícias dos últimos acontecimentos da II Guerra Mundial na Europa.
No Cine Polytheama, na Praça Augusto Severo, Ingrid Bergman, Diana Durbin, Judy Erland e outros artistas encantavam os telespectadores.
O movimento do Porto, ali perto, era intenso, guarnecido pelos fuzileiros navais que, sob o tema "Adsumus", que significa "aqui estamos", eram admirados e respeitados pela população, em virtude do exemplo de dedicação e profissionalismo em defesa da pátria.
As notícias da noite corriam velozes, de boca em boca, e terminavam no Grande Ponto, ou no Bar Cova da Onça, na Av. Tavares de Lira, onde o garçom "Cara larga" atendia aos clientes, na parte de trás do Estabelecimento. Muitas dessas histórias já modificadas pelo povo.
Assim era a vida noturna da Natal boêmia do início dos anos 40.
Na vida noturna provinciana encontravam-se as prostitutas, os cáftens e os gigolôs, que também serviam de inspiração aos poetas e escritores.
Naquela época, a cerveja era vendida ao preço de mil e quinhentos réis, sendo uma das bebidas mais consumidas pelos pândegos da boemia. As mulheres da zona pediam martini aos acompanhantes, que era servido ao preço de cinco mil réis a dose. A popularização do uísque ocorreu somente depois, com a chegada dos americanos a Natal.
Nos cabarés, às vezes, aconteciam pelas madrugadas brigas e pancadarias, entre os freqüentadores, sendo necessária a presença da polícia, para acalmar os mais exaltados.
Normalmente, dentro das pensões alegres existia uma figura andrógina, alegre, com requebros e trejeitos femininos, cabelos oxigenados, muito conhecida pelos freqüentadores. Por aquela época, uma era conhecida por "Afago verde".
Nesse tempo, as parteiras eram responsáveis por grande parte das vidas que surgiam. O parto era feito em casa, com o resguardo de vários dias e muita canja de galinha. Em partos mais difíceis, surgia o médico, com a sua inseparável valise e o estetoscópio.
As pensões alegres eram freqüentadas por pessoas de diferentes níveis sociais. À noite, já com o dólar correndo solto, surgiram os vendedores clandestinos, que vendiam perfumes, isqueiros, sabonetes, whiskys, cigarros, etc.
As músicas mais tocadas nas radiolas de ficha eram os tangos e maxixes, que, aos poucos, foram sendo substituídos por swings, blues e fox trotes, já na década de 1940.
Naqueles anos, apareceu na zona uma novata: morena, de olhos e cabelos negros, que circulou por várias casas noturnas e despertou a paixão de muitos freqüentadores. Os seus pretendentes eram selecionados pela disposição de abrir a carteira. Contam que ela terminou os seus dias abandonada e esquecida no Beco da Quarentena, tomando injeções diárias de "914", aplicadas por um enfermeiro da Saúde Pública aos portadores de sífilis. A profilaxia era uma lavagem à base de permanganato.
As notícias da guerra, via BBC Londrina, transmitidas pela Agência Pernambucana, antes da inauguração da REN - Rádio Educadora de Natal, eram geralmente acompanhadas pela "Canção do Expedicionário", que traduzia a saudade da pátria e a esperança de vitória dos Pracinhas Brasileiros, na Itália. Por ali se tinha notícias dos últimos acontecimentos da II Guerra Mundial na Europa.
No Cine Polytheama, na Praça Augusto Severo, Ingrid Bergman, Diana Durbin, Judy Erland e outros artistas encantavam os telespectadores.
O movimento do Porto, ali perto, era intenso, guarnecido pelos fuzileiros navais que, sob o tema "Adsumus", que significa "aqui estamos", eram admirados e respeitados pela população, em virtude do exemplo de dedicação e profissionalismo em defesa da pátria.
As notícias da noite corriam velozes, de boca em boca, e terminavam no Grande Ponto, ou no Bar Cova da Onça, na Av. Tavares de Lira, onde o garçom "Cara larga" atendia aos clientes, na parte de trás do Estabelecimento. Muitas dessas histórias já modificadas pelo povo.
Assim era a vida noturna da Natal boêmia do início dos anos 40.
Elísio Augusto de Medeiros e Silva http://almadobeco2.blogspot.com
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto.
Anos Dourados III
Nos anos setenta a Praia do Meio possuía dois espaços culturais: a Galeria do Povo e o Artelier. Também abrigando o primeiro restaurante macrobiótico de Natal, onde o pessoal ia se liberar das toxinas consequentes dos excessos noturnos com os pratos do proprietário Véscio Lisboa. Na segunda metade dos anos setenta, surgiu o Festival do Forte, idealizado pelo músico Luiz Lima, o artista plástico Sandoval Fagundes e o escritor Carlos Gurgel.
"O festival acontecia na terceira lua de cada mês e era um momento de muita música, muita poesia e muita loucura, depois disso, nunca houve nada em Natal tão contundente para nossa cultura como o Festival do Forte", recorda hoje Gurgel, com os olhos cheios de nostalgia. Yuno Silva, estudante de Comunicação, era criança nesse período, mas lembra de quando era levado pelos pais junto com o irmão para curtir o festival, "Os moleques ficavam pulando naquela casa de armar no meio do Forte. Era incrível, sendo criança, ver de perto artistas como Raul Seixas, Gil, Jorge Mautner, Jards Macalé...são tempos que não voltam mais."
Durante os anos setenta e oitenta, a Praia dos Artistas era um lugar concorrido durante toda semana. A jornalista Cione Cruz diz que " a partir das quintas feiras, íamos à praia de dia para tomar sol e à noite exibíamos nosso bronzeado nos bares e boates de lá". Havia ainda uma turma que fazia da praia dos artistas a sua casa, gente que chegava de manhã, depois da aula, de mochila nas costas, trocava o calção de banho e ia jogar frescobol nas areias ou surfar naquelas ondas. Um bom exemplo desse tipo de frequentador era o jornalista Flávio Rezende, assíduo jogador de frescobol, "chegava por volta da 11, 12 horas, depois das aulas do curso de Comunicação da UFRN e ficava até às 18 horas". Nos anos oitenta se intensificou também a prática do surf, daí vieram o campeonatos ao bar caravela, transmitidos nos alto falantes. "Sinto saudade do rock muito alto que tocava durante os torneios, dos amigos sem hora pra ir embora, as paqueras na beira da praia e os beijos na boca apaixonadíssimos, que até deixava a gente meio fraco..."
Com a ida dessas décadas, foram-se também a grande maioria dos frequentadores do lugar. A maturidade e as ocupações iam distanciando pouco a pouco os antigos. E a falta de segurança inibia a formação de uma nova geração de praieiros. A reurbanização e construção dos quiosques de cimento, ao invés das barracas, não foram suficiente para assegurar a reestruturação da área.
Natal acontecia agora bem longe dali. As diversões eram outras, as praias também. A burguesia ia de carro até os distantes litorais norte e sul, procurando aquilo que já não se via mais no urbano: segurança, tranquilidade. O desfile de beleza nas praias urbanas, as paqueras no calçadão, davam lugar a um outro tipo de oferta. O "quem me quer" adquiria outra feição com a explosão do turismo e a procura dos estrangeiros pelas mulheres locais.
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto.
De Riffault ao Refoles - Os Franceses *
A utópica França Antártica de Villegagnon (1555) não tinha dado certo. Por essa época, todo o litoral brasileiro que não tinha o domínio português foi sistematicamente batido pelos franceses, chamados de “intrusos” pelos lusitanos. Não fundavam povoados, vilas, cidades. Aventureiros, marinheiros corsários da Normandia – em nome do Rei de França - interessava-lhes, apenas, o tráfico da ibirapitanga e dos búzios. Nada impunham aos silvícolas, levando vida mansa, fazendo amizade com os tuxauas, beiço furado, bebendo cauim, banzando nas tipóias, cabeça feita de chá de jurema na companhia dos pajés. Não era raro, nessa quadra, entre os potiguaras, aparecerem cunhãs e corumins de cabelos louros e olhos azuis...
Jacques Riffault aqui deixou fama e temor. O Refoles – antes Nau do Refoles e sítio onde hoje está a Base Naval de Natal, numa curva do “Potengi amado” – lhe recorda o nome e as estripulias entre nós. Destemido, em 1597, partindo desse ancoradouro, comandando uma dúzia ou mais de embarcações piratas, atacou a Fortaleza de Cabedelo, na vizinha Paraíba. Foi um dos idealizadores, ainda nos idos de 1594, da chamada França Equinocial, na “ilha do Maranhão”, que conhecia bem. Chegou, inclusive, a propor a empreitada ao Rei Henrique IV, em parceria com um dos seus tenentes, Charles des Vaux. Desapareceu depois, no tempo e no vento, sem adivinhar que séculos depois, no seu porto da curva do rio, descansariam das formidáveis travessias as grandes asas das “libélulas de aço” de Mermoz.
* Por Laélio Ferreira
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto
O HQ 129 X e a musica fractal dos sapos.
Por José Bezerra Marinho
O primeiro e mais constante, vinha do quarto ao lado ao que eu nasci.
O do receptor HQ129 X do meu pai, radioamador.
Cresci com aquela música, ruídos, encantamento ao saber que dali, daquele seu quartinho ele falava e ouvia o mundo. Minha mãe me lembrava sempre que, no dia que nasci meu choro – que meu pai chamava QRM, código de interferência no jargão de rádio - foi mandado por ele para os seus colegas mundo afora. Quando soube disso fiquei todo besta. Só depois fiquei insuportável.
A chuva que, desavisadamente, desabava nas noites da Afonso Pena, trazia com ela a musica fractal dos sapos, redivivos, no leito de uma avenida que virava lagoa durante a noite entre Açu e Mossoró, não os rios ou municípios, mas as ruas do Tirol.
Como era possível? Na cabeça do menino de minha saudade não havia resposta. Até ontem não havia chuva, não havia lagoa, não havia sapos. De onde eles vinham? Como sabiam que a lagoa se formara?
Seco, alto, enorme aos meus olhos, com vastas mãos, meu pai explicava: “estavam aí”, apontando do terraço da casa para a rua. Estado latente, quietos, esturricados, ainda mais feios, mas vivos!
Independente de chuva e sapos, todos os dias a manhã se anunciava ao som de madeira sendo serrada.
Em frente, exatamente em frente à minha casa, a serraria de Plínio Saraiva. A madeira gemia ao encontrar a serra. Um gemido mais baixo que ia num crescendo até a tora ser vencida. A madeira serrada era posta em pequenas caixas que eram entregues nas casas. É... esconder pra que? Naquele tempo, a maioria dos fogões domésticos era a lenha.
Havia algo de irreal, custei mesmo a acreditar, quando pela primeira vez ouvi Aluízio Menezes narrando um ABC e América, gritar gooooooll, sem que antes tivesse ouvido a explosão da frasqueira da geral do “Estádio – e haja boa vontade – Juvenal Lamartine”.
Sons das tardes de Domingo, ABC e América, noites de quarta feira, Riachuelo e Atlético, sempre havia um coro, ohhhhh, nas bolas perdidas, e explosão apoteótica num gol de Cezimar, ou Saquinho, ou Jorginho, ou Alberí.
Alguém aí já (ou) viu avião “pedindo carro”? Esse era outro som mágico. O avião de João Pinheiro “pedindo carro”.
Chegando a Natal, o aviador e os passageiros do seu táxi aéreo, pousariam em Capim Macio e precisavam de um “carro de praça”.
Meu vizinho, João sobrevoava sua casa e, a baixa altitude, balançava as asas e rraumrraumava o motor, era o sinal. D. Cleide ia pra minha casa e ligava para o 2100 ou 2300, e pedia um “carro em capim macio para João Pinheiro”.
O fim da tarde chegava com Cambraia anunciando o “Jornal de Natal” de Djalma Maranhão.
Cambraia - perfeito biótipo e porte de um príncipe banto - soltava uma cantiga que, muitos anos depois, penso ter reconhecido em Catoca, nas Lundas, no coração de Angola.
Mas aí eu já tinha crescido, os sapos haviam sido expulsos pelo asfalto e havia visto quando meu pai, poucos dias antes de sua morte, desligou para sempre seu HQ 129 X.
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto
A Rua Nova (Avenida Rio Branco)
A atual Avenida Rio Branco era conhecida no século XIX, como a Rua Nova. A referida avenida corta todo bairro da Cidade Alta, no trecho compreendido entre o Baldo e a Ribeira.
O topônimo Rua Nova apareceu pela primeira vez, em 12 de novembro de 1822, em um registro de concessão de terras, pelo Senado da Câmara do Natal, ao comerciante Johan Christian Voigt. O beneficiário requereu terreno "para duas casas, na Rua da Palha ... no fundo destas, na rua Nova; outras duas para o armazém ':
Ao longo da década de vinte do século XIX, apareceram outros dez registros de concessões de terras naquele antigo logradouro público. Em 28 de outubro de 1826, Antônio José de Souza Caldas requeria terras "na Rua Nova, junto ao curral do açougue', o que indicava a existência de um local de comercialização o de carnes.
O último registro existente de concessão de terras na antiga Rua Nova data de 8 de março de 1828, cujo beneficiário foi Antônio José de Matos.
Até 1845, a antiga Rua Nova servia de limite leste da Cidade, com suas casas ocupando apenas o lado voltado para o nascente. A partir dali existia um espesso matagal. Naquela rua existiu a Praça do Peixe, local onde posteriormente foi construído o Mercado Público da Cidade Alta. No século XIX, erguia-se naquele local, hoje ocupado pela agência Centro do Banco Brasil, a forca destinada à aplicação da pena de morte.
O decreto municipal, de 13 de fevereiro de 1888, substituiu o antigo topônimo para Visconde do Rio Branco, homenageando o eminente estadista José Maria da Silva Paranhos, Visconde do Rio Branco.
José da Silva Paranhos nasceu na cidade de Salvador BA, em 1819. Ingressou na Academia Real de Marinha do Rio de Janeiro, em 1835. Após concluir o curso, foi nomeado Guarda-Marinha, aos 22 anos.
Em 1843, passou ao posto de 2º Tenente, depois de cursar a Escola Militar do Rio de Janeiro por um período de dois anos. Foi professor da Escola de Marinha, catedrático de várias disciplinas na Escola Militar, diretor da Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Promulgou reformas no ensino primário.
José Maria da Silva Paranhos foi jornalista, atuando como redator do jornal "Novo Tempo". Político e militar foi membro da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, secretário do Marquês do Paraná em missões diplomáticas, no Uruguai. Foi também Ministro da Marinha, do Estrangeiro e da Fazenda. Também promulgou a Reforma Judiciária, ampliou a concessão de habeas-corpus, apresentou a Lei do Ventre Livre e organizou o primeiro recenseamento do Império.
O Visconde do Rio Branco foi também Grão-Mestre da Maçonaria. Faleceu em 1880, na cidade do Rio de Janeiro.
O povoamento da Avenida Rio Branco foi efetivamente iniciado a partir de 1845, quando o presidente Casimiro José de Morais Sarmento mandou construir a Casa d'Aula e destruir o matagal que impedia a edificação de casas do lado oriental da referida rua.
Na 2ª metade do século XIX, sob influência da Missão Cultural Francesa e da Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro, a casa urbana adquiriu um novo tipo de implantação. Passou a ser construída com um recuo em relação aos limites da rua, e afastada das casas vizinhas. Exibia jardins frontal e laterais.
A Avenida Rio Branco possuiu um belo exemplar de arquitetura daquele tempo: era o palacete de João Freire, localizado na esquina com a Rua João Pessoa, que resistiu até a bem pouco tempo, apesar de já se apresentar muito descaracterizado o belo casarão, construído com um porão alto, tinha o seu acesso valorizado por Uma escadaria. Ficava o mesmo isolado do exterior, por um vistoso gradil de ferro rendilhado.
O Curral do Açougue, a Praça do Peixe e as quitandas espalhadas pela antiga rua Nova, indicavam a vocação comercial daquele logradouro público.
Em 1860, na gestão do presidente José Bento da Cunha Figueiredo Júnior, foi iniciada a construção do Mercado Público da Cidade Alta, localizado na atual Avenida Rio Branco, no mesmo local anteriormente ocupado pela Praça do Peixe. Devido à escassez de recursos, o prédio demorou 32 anos para ser erguido. Foi concluído e inaugurado, no dia 7 de fevereiro de 1892, durante o regime republicano. O local onde funcionou o referido mercado, cor responde ao mesmo hoje ocupado pela agência Centro do Banco do Brasil.
Nas proximidades da Praça do Mercado existia uma grande gameleira, conhecida como uma das tradicionais árvores da Cidade. No dia 9 de julho de 1899, ela amanheceu serrada pelo tronco, não tendo sido possível apurar o nome do autor do ato de vandalismo.
Antes da inauguração do Mercado Público, a Câmara alugava casas nos bairros da Ribeira e da Cidade Alta, para servirem de quitandas. Na esquina das atuais Rua João Pessoa e Avenida Rio Branco existia uma quitanda muito freqüentada.
O prédio do mercado teve uma existência efêmera, pois apenas 9 anos depois de sua inauguração, ele já estava em ruínas... sofreu então uma restauração, sendo reinaugurado, em 24 de novembro de 1901.
Na gestão do prefeito Gentil Ferreira de Souza, o velho mercado foi demolido, sendo construído outro prédio, mais amplo, no mesmo local. A população de Natal, que ainda não contava com os modernos recursos da "era da máquina", no campo da conservação de alimentos, era conduzida a adquirir diariamente os gêneros alimentícios.
O Mercado Público tornou-se então um ponto de encontro, um local onde eram divulgados os acontecimentos da Cidade, em primeira mão. Ali comentavam se os assuntos mais diversos, políticos, sociais e, até mesmo, "os ridículos enredos provincianos’.
O mercado da Cidade Alta foi destruído por um incêndio, e nunca mais ali foi construído um novo mercado. Todavia, aquela área da Avenida Rio Branco nunca perdeu a sua vocação primitiva. Até hoje os vendedores ambulantes insistem em expor à venda gêneros alimentícios e artigos dos mais diversos, em suas calçadas.
A antiga Rua Nova era também cenário das apresentações teatrais de grupos amadores. Em 6 de maio de 1900, a Sociedade Dramática Segundo Wanderley encenou ali, ao ar livre, o drama "Gaspar, o Serralheiro".
Existe ainda naquela avenida um significativo prédio, de inspiração neoclássica, construído nos primeiros anos do século XX. O referido prédio já serviu de quartel, depois funcionando o Liceu Industrial durante mais de 50 anos, de 1914 à 1967. Já com a denominação de Escola Industrial, o estabelecimento escolar passou a ocupar um novo prédio, na Avenida Salgado Filho.
O prédio do antigo Liceu Industrial foi posteriormente incorporado ao patrimônio da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Atualmente algumas dependências do velho prédio da Avenida Rio Branco.
Em 22 de julho de 1906, ocorreu a inauguração de um novo prédio na avenida Rio Branco. No local da antiga Casa d'Aula, surgia o Natal Clube, a mais importante sociedade recreativa da época.
Tratava-se de um lindo chalezinho, de concepção romântica, cuja cobertura era feita em duas águas, arrematada por vistoso lambrequim de madeira. No seu lugar foi posteriormente construído o Banco Nacional, prédio hoje ocupado por uma loja de confecções. A primeira árvore de natal da Cidade foi instalada no Natal Clube em 1909. Ali também ocorreu o primeiro baile à fantasia, em 1911.
O prolongamento da Avenida Rio Branco, no trecho entre a Rua Apodi e o Baldo, foi iniciativa do Presidente da Intendência, Romualdo Galvão, cuja inauguração ocorreu em 20 de março de 1916.
Aos 9 de fevereiro de 1935, o prefeito Miguel Bilro cumprindo um plano antigo, prolongou a Avenida Rio Branco até a Ribeira, através dos terrenos da Vila Barreto propriedade do industrial Juvino Barreto. Surgia assim a segunda via de acesso entre a Cidade Alta e a Ribeira facilitando o tráfego entre aqueles dois importantes bairros de Natal.
Texto de Jeanne Nesi enviado por José Tarcísio de Medeiros.
8.5.10
Anos Dourados II - Praias Urbanas
O tempo passava e o mar se tornava cada vez mais próximo, mais presente. Nos anos trinta a quarenta, ele era pouso obrigatório das famílias de classe alta, que durante o verão migravam para a areia, mudando-se completamente para as suas residências praieiras. Eles levavam mobília, pertences, empregados e, por até três meses, fixavam-se ali. Não havia visitas esporádicas à cidade. O reabastecimento dos mantimentos ficava por conta de algum criado, que ia e voltava da cidade à pé, trazendo os pacotes nos braços.
Muitas de nossas praias urbanas encontravam-se ainda selvagens, seu grande atrativo era a tranquilidade, o repouso. Natal já possuia muitos dos traços urbanos da época e as pessoas buscavam modos alternativos de vida durante as férias, fugindo da cidade. Os veraneios de antes eram bem semelhantes aos de hoje, as diferenças ficavam por conta da relação entre as pessoas, todos ali eram amigos, parentes, conhecidos ou filhos de conhecidos. Havia segurança e confiança nos nativos do lugar. Os pescadores da área ajudavam a vigiar as casas e tinham livre acesso às suas portas. Claro, o mar era um prazer para um público seleto. Contavam-se poucas casas de veraneio, mas estas congregavam bastante gente, grandes famílias com muitos filhos, primos e sobrinhos.
Os novos exploradores do mar tinham liberdade para conhecer a área e descobrir os brinquedos do litoral. O território do Forte dos Reis Magos era aberto, sem vigilância, o que o tornava cenário favorito dos piqueniques organizados na época, uma diversão que durava um dia inteiro. A rotina dos dias resumia-se a passeios, brincadeiras na areia e banhos de mar, este último, o mais apreciado. As noites ficavam por conta dos violões dos seresteiros, que reuniam toda a gente das vizinhanças nos alpendres, embalando flertes e conversas com suas canções, que fluiam ao sabor da maresia.
O médico Jahyr Navarro, antigo veranista da praia de Areia Preta, - a primeira a abrigar esse tipo de casas - acompanhou o desenrolar de três décadas naquelas areias. Ele recorda que quando menino seu passatempo favorito era escorregar nas dunas sentado numa prancha de madeira, lubrificada com um pouco de cera de vela. Isso, em 1935, muito antes de alguém associar essa prática ao esporte de neve e apelidá-la de "skibunda". Navarro lembra de detalhes do cotidiano nas praias, como o ônibus amarelo da Força e Luz, única alternativa de transporte além do bonde. "Era um ônibus amarelo da companhia de luz elétrica, que quando chovia era obrigado a ultrapassar o barro acumulado na ladeira do sol de marcha ré, as crianças o usavam como meio de chegar até a escola".
Saudoso daquele tempo, Jahyr recorda ainda a atmosfera das praias na década de cinquenta, quando se reunia com seus companheiros no bar "É Nosso", para ensaiar as marchinhas de carnaval que seriam cantadas nos bailes do Aero Clube - sucessor do Natal Clube na preferência do high society. Vem dessa época também, o surgimento da Praia dos Artistas, mais reservada que as demais. A origem do apelido deve-se a fama de ter hospedado os grandes artistas do rádio, como Cauby Peixoto, Francisco Alves e Maria Creuza, que a escolhiam por estar mais distante da concentração de pessoas. Lá eles podiam tomar banho isolados na prainha. Algum tempo depois a fama de esconder artistas começou a atrair mais gente para a praia, afastando os frequentadores ilustres, mas, deixando o rótulo.
Começava a se espalhar a moda da paquera na areia, "Conhecíamos o ‘ponto’ onde cada moça tomava sol. Elas sempre escolhiam o mesmo lugar, para facilitar o acesso dos pretendentes", afirma o médico. Claro, todo o envolvimento transcorria com muita discrição, não se sonhava ainda com as ousadias de hoje em dia.
Na década de cinquenta, as praias de Natal tiveram a exibição do que seria um traje de banho moderno. A primeira mulher a pisar vestida de maiô numa praia de Natal foi uma aeromoça espanhola, trazida por um rapaz chamado Faruk. A visão das suas curvas ajustadas na peça, que se estendia até os joelhos, desencadeou um tumulto imprevisto nos rapazes, que ameaçaram reduzir bem mais o tamanho do traje, arrancado-o aos pedaços. Felizmente, a moça foi protegida e seu maiô escapou ileso. Era a modernidade começando a arranhar nosso provincianismo.
Do texto de Clotilde Tavares
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto.
Anos Dourados - Praia do Meio e Dos Artistas
Os anos dourados da Praia dos Artistas começam na década de 70, quando a grande frequencia da galera que fazia teatro, artes plásticas e música começou a frequentar aquele pequeno trecho de areia. Por causa exatamente desses frequentadores é que o local terminou conhecido como Praia dos Artistas. A partir das onze horas da manhã, o pedaço começava a se encher de gente.
No barzinho que ficava embaixo do Salva-Vidas, o Caravela, ficavam os surfistas e os campeonatos de surfe também eram famosos, apresentados ao microfone com muita gíria e loucura.
À noite, nos dividíamos entre o Castanhola e o Asfarn, bares onde comíamos isca de peixe com molho rosé e sempre havia confusão na hora de pagar a conta. No Asfarn, havia uma cadelinha chamada Nuvem, adotada como mascote pela turma.
Na eleição de 1976 – se não me engano – nos juntamos todos num mutirão para eleger Sérgio Dieb nosso vereador, o que fizemos, e era uma graça ver Serginho usando paletó e gravata, dizendo "Vossa Excelência podes crer..."
Eram dias e noites de muita criação. Poesia, literatura, teatro, música, cada um naquilo que sabia fazer. Tudo isso ao som de Belchior ("Eu sou apenas um rapaz..."), Fagner ("Ave noturna"), Ellis Regina ("Como nossos pais"), João Bosco ("Transversal do tempo"), Gonzaguinha ("Doidivanas"), Milton Nascimento ("Paula e Bebeto") e Chico Buarque ("Meus caros amigos"). Bebíamos qualquer coisa que contivesse álcool e os nossos vestidos eram bordados de lantejoulas. Os rapazes (com exceção dos que faziam política) usavam camisas floridas e cabelos enormes e passávamos a noite de bar em bar. Às vezes, a violência da ditadura descia o seu punho selvagem sobre nós, e os tiras entravam nos bares, ameaçavam todo mundo, derramavam no chão o conteúdo de nossas bolsas. Mas na maioria das noites tudo era curtição na República Independente da Praia dos Artistas onde amanhecíamos o dia e muitas vezes subíamos direto para a Faculdade, onde tentávamos assistir às aulas, mortinhos de sono.
Daquele núcleo de gente maluca surgiu a Banda Gália, que revolucionou o Carnaval de rua na cidade e que também fez história, em época posterior.
Mas o movimento da vida é esse mesmo, e como diz João Bosco na música memorável não podemos ficar "parados dentro dum táxi, numa transversal do tempo". Mudamos, evoluímos, crescemos, ficamos mais velhos e hoje somos empresários, profissionais liberais, políticos e, é claro, artistas. Alguns já se foram: Sergio Dieb, Chico Miséria, André de Mello Lima, Malu Aguiar...
Não podemos mais viver aquela época, que pertence ao passado. O que dá tristeza é ver aquele belo pedaço de praia, que foi palco de um momento de intensa efervescência cultural para a cidade entregue ao abandono e ao descaso. No nome da praia – Artistas – está a sua vocação e seu destino. Talvez com um centro de Artes e um pequeno espaço para shows e espetáculos de teatro – um teatro de bolso, com uns 100 lugares – a Praia dos Artistas poderia ser conduzida de volta ao seu clima original. Fica o recado para os donos do poder e do dinheiro que, quando querem, podem e pagam.
Extraído do texto de Clotilde Tavares
25.4.10
Atheneu - Algumas reflexões
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O Colégio Atheneu Norte-Riograndense foi fundado em Natal antes mesmo do Colégio que era modelo para o Império: o Colégio Pedro II, que foi fundado em 2 de dezembro de 1837, no Rio de Janeiro, “na Corte”.
A fundação do Atheneu aconteceu em três de fevereiro de 1834, nesse dia o Padre Antônio Xavier Garcia de Almeida, vice-diretor do Ateneu, abriu o livro de matrículas das aulas no referido Colégio.
Período do Império, o Ateneu Norte-riograndense tornou-se necessário para suprir as necessidades de quadros para a estrutura social vigente, afinal a estrutura econômica estava assentada em formas de trabalho, como a escravatura, e a educação tradicional privilegiava a elite. Assim, era necessário instituir, na sociedade, uma via eficaz para formar uma classe imbuída da moral dominante, destinada a ocupar as funções públicas e liberais que começavam a se expandir.
Na cidade do Natal, em 1834, havia cinco aulas de Humanidades, intituladas Aulas maiores, eram elas: Filosofia, Retórica, Geometria, Francês e Latim. O então Presidente da Província, Basílio Quaresma Torreão (1787-1868) solicitou ao Conselho Geral da Província14, a reunião dessas cinco Aulas Maioresnum Colégio.
Entendemos que é a Basílio Quaresma Torreão que devemos a existência do Atheneu, pois foi ele que teve a iniciativa de reunir as cinco Aulas Maiores num Colégio, ele amava a História, era letrado e amigo de clássicos e a ele se deve a escolha do nome.
O Atheneu funcionou no antigo Quartel Militar (Av. Rio Branco) de 1834 até 1859, pois a chegada de um batalhão desalojou alunos e professores, forçando-os a estudarem em residências. Em 1º de março de1859, o Atheneu foi instalado no edifício da rua Junqueira Ayres, atual Secretaria Municipal de Finanças e permaneceu lá até 1954.
O prédio do Atheneu era referência na cidade e, muitas vezes, utilizada para outros fins. A Escola Normal funcionou no Atheneu de 13 de maio de 1908 até 31 de dezembro de 1910. A Escola Normal foi criada pelo Governador Alberto Maranhão a fim de preparar gente capacitada fechando algumas escolas primárias, rotineiras, retrógradas e improdutivas que havia no Estado. Quarenta e quatro anos depois, a Escola Normal e o Atheneu voltam a utilizar o mesmo espaço.
O prédio atual, construído tem formato de “X”, foi inaugurado em 11 de março de 1954. No prédio novo, encontravam-se um ginásio para prática de esportes, sessões de cinema e auditório para festas, 16 salões de aulas comuns e 8 salões para aulas especializadas.
Durante muitas gerações o Atheneu foi considerado o melhor colégio do Estado, um pólo para transmissão cultural e ao mesmo tempo, um meio de traçar limites entre o secundário e o superior. Foi fundamental na vida da cidade e das pessoas que viveram desde a década de 1830 sempre motivando apreensões discursivas e suas práticas culturais como estratégias de pensar.
O Atheneu sempre atendeu, mesmo que de forma não intencional, a alguns pressupostos que norteiam a pedagogia do contemporâneo. Antes não havia reuniões de pais, mas o ensino correspondia à proposta básica das famílias para a educação dos seus filhos. Assim procuramos ressaltar a importância do Atheneu na vida de nossa cidade..
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Extraído da tese de Liliane dos Santos Gutierre
17.4.10
Praça José da Penha - Ribeira
A atual praça José da Penha, em frente à Igreja do Bom Jesus das Dores, data, provavelmente do século XVIII.
A igreja denominou o logradouro até 1902. A Resolução Municipal n.º 74, de 05 de dezembro daquele ano, denominou praça Leão XIII, considerado um papa adaptado ao seu tempo.
Até a primeira década atual, a praça não passava de um descampado. Em 1919, o major Fortunato Aranha, intendente municipal construiu uma pracinha no local, incentivado pelo padre Pedro de Paulo Barbosa, vigário da Igreja do Bom Jesus e diretor espiritual do Seminário São Pedro, também jornalista, filólogo e filósofo.
A praça Leão XIII foi inaugurada em 12 de outubro de 1919, com a presença do governador Ferreira Chaves. Passou, então, a ostentar belos canteiros floridos e um coreto de alvenaria. Durante algum tempo, foi o ponto de encontro da alta sociedade da cidade, na época e onde circulava a juventude. A denominação Leão XIII foi decidida após serem divulgadas as realizações do pontífice: antes tinha-se cogitado outro nome para o lugar.
Finalmente, a 11 de outubro de 1930, a praça teve seu nome mudado para José da Penha, homenagem ao militar nascido em Angicos, que atingiu o posto de alferes a 03 de novembro de 1894. O capitão José da Penha tinha grande espírito de justiça e pregou a justiça social e a probidade administrativa. Foi defensor dos jovens, dos trabalhadores e o primeiro militar norte-rio-grandense a apelar diretamente em favor do nosso povo. Distinguiu-se pela oratória.
Em homenagem ao ilustre potiguar, Natal deu seu nome à praça da Ribeira, em frente ao Fórum Municipal do Natal (antigo Grande Hotel), local onde existiu o casarão onde morou o capitão José da Penha.
Da praça inaugurada em 1919, muito já se modificou. Teve sua área reduzida, cortada para que se fizesse o prolongamento da avenida Tavares de Lira.
Texto extraido da publicação "Circuito Histórico, Turístico e Cultural de Natal" - Semurb
11.4.10
50.000 visitas.
Hoje ultrapassamos a marca de 50.000 visitas.
Obrigado a todos que prestigiam nosso blog.
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10.4.10
Modernismo na Província
Em 1960, assumiu a Prefeitura da cidade de Natal o primeiro natalense eleito diretamente pelo povo – Djalma Maranhão, que obteve 66% dos votos. Na verdade este foi o seu segundo mandato, pois havia sido “designado” para o cargo em 1956, quando implantou um programa de ensino através de escolinhas de alfabetização e do Ginásio Municipal de Natal. Djalma Maranhão não foi apenas um político, atuou como jornalista – fundou o "Monitor Comercial", o "Diário de Natal", a "Folha da Tarde" e foi diretor e proprietário do "Jornal de Natal" – e como escritor – publicou "O Brasil e a Luta Anti-Imperialista", "Cascudo, Mestre do Folclore Brasileiro" (lançado em 1963) e "Carta de um Exilado", sua obra póstuma. Nacionalista, acreditava na vitória do socialismo, convicto de que "somente a dialéticamarxista-leninista libertará as massas da opressão e da fome através da socialização dos meios de produção e da entrega da terra aos camponeses" [...] Militante comunista, quando era cabo do exército participou da Movimento Comunista de 1935, sendo preso. É o próprio Djalma Maranhão que diz: "Andei pelos presídios políticos e pelos campos de concentração,martirizado pelos esbirros de Felinto Müller e de Getúlio Vargas". Em 1946, foi expulso do partido comunista, porque denunciou os diretores do partido como desonestos [...] Para ele, governar era realizar. Nas suas administrações como prefeito de Natal, procurou deixar uma marca de dinamismo [...] Com o golpe militar de 1964, Djalma Maranhão foi preso. Libertado [...] conseguiu se asilar na Embaixada do Uruguai, partindo para o exílio naquele país, onde veio a falecer, no dia 30 de julho de 1971 Em sua segunda administração, Djalma Maranhão lançou a Campanha “De Pé no Chão Também se Aprende a Ler", coordenada pelo Professor Moacyr de Góes e cujo objetivo era a erradicação do analfabetismo na Cidade de Natal. Para Freire esta intenção imortalizou o seu governo, Na campanha trabalhavam católicos, protestantes, espíritas e marxistas por essa razão o movimento era chamado de "frente". O prefeito também elegeu as intervenções urbanas como marca de sua administração: além de melhorias no Sistema de Saneamento, construiu a Galeria de Arte Popular, o Palácio dos Esportes e a Estação Rodoviária.
Do texto “Modernismo na Província” de Paulo José Lisboa Nobre e Marizo Vitor Pereira
6.4.10
Rua Dr. Barata
A Rua Dr. Barata guarda muito da história da Ribeira. Seu nome é uma homenagem ao Dr. Cipriano José Barata de Almeida, cirurgião baiano, formado pela Universidade de Coimbra, que trabalhou em Natal nos anos de l837 e l838. O Dr. Barata era militante político, orador brilhante e veio para Natal a convite de amigos. Lecionou francês no Atheneu e exerceu a clínica médica na Cidade Alta e na Ribeira, nua rua que leva o seu nome e onde morreu a primeiro de junho de 1838, dando um VIVA à pátria. Foi sepultado na soleira da igreja do Bom Jesus das Dores. Nas décadas de 30 até 50, esta rua tinha grande atividade comercial. Destacava-se pelo comércio de produtos de melhor padrão e recebia pessoas de todas as partes da cidade. Nessa época, lembra D. Lair Tinoco que “Para ir à rua Dr. Barata, mesmo residindo na Ribeira, era de bom tom usar chapéu e luvas. Nas tardes de Sábado, o comércio abria e, então, na rua Br. Barata era um verdadeiro desfile de elegância”.
A localização de algumas das principais lojas da rua foi levantada pelo Sr. Júlio César Andrade, que identificou uma gama variada de exemplos: na intercessão da Dr. Barata com a Quintino Bocaiúva funcionou o comércio de modas de Natal; no comércio de ferragens destacava-se a empresa Galvão & Cia., da família de Clemente Galvão. No número l65, havia o Café Globo, de Luiz de Barros; no l67, a livraria e papelaria do Sr. João Argílio, uma das principais da cidade e a mais procurada. Esta foi transferida para Ismael Pereira, que depois passou a seu filho Walter Pereira, que a instalou na Avenida Rio Branco e manteve a loja da Ribeira como filial. A Alfaiataria Brasil, no número l69, era considerada a mais “chic” e requintada de Natal, especializada em fardamento militar, mas que também atendia civis, vestindo as principais figuras da vida natalense; a firma José Farache & Filhos funcionou no 233. Era uma grande loja de calçados e chapéus. Lá também esteve em atividade o Sr. Carlos Lamas, vendendo artigos esportivos, instrumentos musicais e representações e, por fim, a Mercantil Valparaíso, de Salvador Lamas.
Outros empreendimentos tiveram lugar na Rua Dr. Barata. A Caixa Rural e Operária de Natal, administrada pelo Sr. Ulisses de Gois, que emprestava recursos para construção da casa própria; o Sindicato das Empresas de Passageiros de Natal, que posteriormente se transferiu para o Alecrim; o Centro de Imprensa e o Jornal A Ordem; a Casa LUX, no número 200, vendia material elétrico, a Casa Gondim, o Armazém Ganha Pouco, a agência do Loyd Brasileiro, a Livraria Henrique Santana e muitas outras casas comercias ao longo do tempo.
Durante a II Guerra Mundial, na década de 40, ocorreu a fase áurea da atividade comercial da rua Dr. Barata. Na memória de Dinarte Bezerra de Andrade, ex-proprietário da Gráfica Santo Antônio, a Livraria Cosmopolita, instalada no número l84, onde também funcionou o Banco de Natal, que atraía figuras da elite local. Lá se reunia figuras da sociedade e políticos como o governador Rafael Fernandes, no final das tardes, quando crescia a movimentação de pessoas por aquela artéria do bairro da Ribeira.
Terminada a guerra, muitas casas comerciais fecharam, outras foram transferidas para a Cidade Alta ou para o Alecrim. Na Dr. Barata ficaram algumas poucas lojas, escritórios e firmas de representações.
Texto extraído de “Circuito Histórico, Turístico e Cultural de Natal” – Semurb 2003, pag. 67
2.4.10
Homenagem a Chico Xavier
Hoje, 2 de abril de 2010, está se comemorando o Centenário do nascimento do Médium Chico Xavier.Transcrevemos algumas de suas frases:
"Não exijas dos outros qualidades que ainda não possuem"
"Plante amor e paz e a vida lhe trará colheita de paz e amor".
"Quem fala menos, ouve melhor. E quem ouve melhor, aprende mais”.
"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim"
“Hoje auxiliamos, amanhã seremos os necessitados de auxilio”
.
1.4.10
O porto do Passo da Pátria
O local que veio a ser conhecido como Passo da Pátria já no período colonial servia como importante porto de integração da cidade com o rio. Um dos primeiros registros de reformas desse logradouro aparece em um documento escrito pelo Senado da Câmara em 29 de maio de 1805, onde o Capitão Mór Lopo Joaquim era julgado em razão dos maus tratos e de sua maneira despótica de governar a capitania. Um dos argumentos da defesa eram os melhoramentos empreendidos por ele durante sua administração. Uma dessas obras empreendidas pelo acusado demonstra claramente que já antes de 1805 havia uma clara preocupação da administração colonial em colocar a cidade do Natal em conexão fácil e plena com o Rio Salgado.
Em 1847, a ladeira e o Porto do Passo da Pátria, então chamados de “Caminho Novo do Dr. Sarmento”, aparece no Plano Hydro-topográfico do Rio Potengi. Sua demarcação no Plano é bastante específica e denota sua importância como ponto de desembarque de mercadorias desde datas remotas. Segundo Cascudo, em 1856 o Presidente da Província Bernardo de Passos auxilia com recursos um morador das cercanias, Manoel Bofe, para melhorar a ladeira. O morador alargou e rebaixou a ladeira, “desbastando o matagal, batendo a rampa que era áspera e quase a pique”. Já nesse período, Macaíba e São Gonçalo despontavam como importantes praças comerciais, enviando seus gêneros pelos Rios Jundiaí e Potengi até o Porto do Passo da Pátria, conhecido então como Porto da Cidade. A intensa movimentação nesse local determinaria a fixação de casas nos arredores da ladeira e do porto, além de uma feira muito concorrida responsável pelo abastecimento interno da Cidade Alta.
Em 1866, o Presidente da Província José Meira resolve calçar o Caminho Novo do
Dr. Sarmento, antiga Ladeira da Cadeia, visto a extrema importância desta para a integração
da cidade com o rio. Só que decide investir em outra ladeira, que passava ao lado do Hospital de Caridade, 15 segundo o Presidente um local mais próximo e com maiores vantagens.
O local foi rebatizado como Passo da Pátria. O contratado, Roberto Francisco da Silva Barros devia encarregar-se de calçar a ladeira para que melhorasse o trânsito da cidade alta para o rio. Segundo o presidente, essa obra não era apenas um simples embelezamento, era uma importante obra de integração da cidade com o rio.
Em 1867, o Presidente pede recursos ao Governo Imperial para a construção de um cais no Passo da Pátria, já que a obra era um complemento indispensável para a ladeira.
Em 1870 o cais do Passo da Pátria e o da Praça da Alfândega estão bastante deteriorados, o que faz com que o Presidente autorize orçamento para as despesas necessárias para o conserto dos dois. O cais da Alfândega desempenhava também um importante papel de integração - no caso do abastecimento interno - da cidade com o rio. Tanto que é proposto em 1873 o prolongamento deste até o Passo da Pátria, obra que não foi realizada pela falta de recursos da Província.
Ainda em 1873, são feitos os seguintes melhoramentos: construção de um telheiro para abrigo das mercadorias, construção de sarjetas para desviar as águas das chuvas e conserto dos degraus que ligavam o telheiro ao rio.
Em 1878, o Passo da Pátria foi palco de uma contenda que demonstrou a rivalidade entre o bairro baixo e o bairro alto da Capital. Na verdade, esses locais funcionavam praticamente como duas cidades, com funções e valores bem distintos. A cidade alta, núcleo original da cidade e centro do poder administrativo e religioso da Capital, reivindica para o Passo da Pátria o novo local da “Passagem do Salgado”, já que o antigo Aterro do Salgado estava bastante deteriorado e estava sendo construído um novo aterro, também na margem esquerda do rio, mas dessa vez “á partir do rio de fora até a Cambóa do Achado, confronte ao Passo da Pátria”.
A passagem, que partia do lado esquerdo do rio em direção ao Cais da Tavares de
Lyra trazia movimento para o bairro baixo e, conseqüentemente, lucros consideráveis para os comerciantes ali residentes. Os principais comerciantes da Ribeira logo manifestaram seu descontentamento com a mudança, enviando um abaixo-assinado para o presidente Manuel Januário Bezerra. Na falta de um engenheiro o presidente pediu um parecer da Câmara Municipal do Natal, que foi categórica em dar razão à cidade alta.
Os argumentos da Câmara a favor da transferência da passagem para o Passo da Pátria são convincentes. Segundo o parecer do documento, os comerciantes do interior que vêm vender os seus produtos (gêneros de abastecimento interno) na capital não encontram um local fixo e com as devidas acomodações para expor seus produtos na Ribeira. Sabendo-se que já havia um mercado público na cidade alta e um telheiro com uma feira já estabelecida no Passo da Pátria, e na impossibilidade financeira da província construir outro mercado na Ribeira era mais viável transferir a passagem para o local com estrutura mais adequada.
Enviada por Jarbas de Oliveira Cavalcanti
Fonte: Dos Caminhos de Água aos Caminhos de Ferro(Wagner do Nascimento Rodrigues)
Foto: Feira do Passo da Pátria, início do SéculoXX (Acervo de Giovana Paiva) - Croqui mostrando como era Natal em 1847
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto.
Royal Cinema
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A abertura dos primeiros cinemas na capital marca uma nova fase no seu desenvolvimento. Os natalenses passam a ter contato com novas formas de culturas através dos filmes, além de fornecer uma nova forma de diversão e entretenimento constante a população.
Esses cinemas representaram uma mudança nos hábitos da sociedade de então, pois ofereciam à cidade um ponto de encontro onde as pessoas poderiam se encontrar não apenas para assistir filmes mas para desfrutar dos outros serviços que os cinemas ofereciam. Por muito tempo o cinema dominou a vida alegre da cidade.
Com o sucesso do Polyteama (1911), em 1913 inauguram-se mais dois cinemas: o Phaté e o Royal, que por muitos anos monopolizariam a exibição de filmes na cidade. Este último “dominou por muitos anos a vida alegre da cidade (...) como único cinema da Cidade Alta, era muito freqüentado. Aos domingos o canalhismo era tremendo (...) ‘o porteiro comia fogo nas mãos dos insubordinados’.” Durante aproximadamente duas décadas esses cinemas controlaram a exibição dos melhores filmes vindos das distribuidoras norte-americanas. Quando um cinema passava um filme o outro só começava suas exibições quando o anterior terminava. Sendo uma grande mistura de gêneros, as exibições cinematográficas agradavam a todos os gostos, e de maneira sutil e definitiva foram substituindo as antigas diversões do natalenses. A cidade representava um mercado consumidor ávido pelas novidades cinematográficas.
(Cristiane Monteiro Aragão e Rosangela Monteiro Aragão)
"O Royal Cinema foi morrendo como um canário ao qual não dão mais água e milho alpiste.
Foi sofrendo de mal triste, de esvaziamento e assim se acabou.
Desfiguraram o prédio que ele ocupava na esquina da Rua Vigário Bartolomeu com a Rua Ulisses Caldas. Era um prédio romântico, meio “art-nouveau’, de muitos cochichos e conversas sentimentais. Até a saudade de pedra e cal desapareceu permanecendo, no entanto, imponderável, que aumenta quando a gente folheia velhos álbuns ou escuta a Valsa Royal Cinema do carnaubense Tonheca Dantas”.
(Augusto Severo Neto)
Nota: Hoje funciona procuradoria Geral do Município e a fachada do prédio poderia ser recuperada.
Foto: Autor Desconhecido, acervo da Semurb.
22.3.10
Zeppelim
"O Zeppelim flutuava de faróis acesos, diante do Forte dos Reis Magos.Primeiro, lançou de pára-quedas, na Praia da Limpa, a mala postal e depois na Ribeira, uma coroa de flores na estátua de Augusto Severo, aeronauta norte-riograndense, morto no desastre do seu dirigível 1902. Natalenses nas ruas apreciavam o espetáculo, deslumbrados. Já conheciam o Graf Zeppelim e Hindemburg da viagem anterior".
Nota do Blog: A observação na foto se refere na realidade à Estátua e não ao túmulo. A foto foi tirada na Praça Augusto Severo.
Texto de Raul Fernandes.
19.3.10
Ponte Metálica Ferroviária de Igapó
Ponte de Igapó
“Ao entrar pela Ponte Metálica de Igapó, mal percebia o cansaço e as dores de tão longa e ansiosa viagem. Sentíamos medo ao ouvir o barulho das chapas de ferro colocadas no tabuleiro da ponte e como um sonho surgia a Cidade do Natal. Era realmente Linda”.
Texto de Auricéia A. Lima - Fonte Consulta Semurb e arquivo do blog.
14.3.10
O Polytheama
“As moças e senhoras de Natal se vestiam de melindrosas, usavam fitas de veludo no cabelo e um “pendentif’ no pescoço. Os rapazes e senhores usavam calças de flanela, palitó listrado com lenço no bolso e sapato de duas cores.
Estavam sempre nas ‘matinées’ e ‘soirées’ do Polytheama. Tomavam refrescos e sorvetes nos intervalos do filme, no salão sorveteria que ficava no edifício.
Foi lá que o picolé se transformou em ‘poly’, por causa do nome do cinema.
Depois se transformou em história e sumiu no tempo".
(Augusto Severo Neto) – Fonte Semurb
Estavam sempre nas ‘matinées’ e ‘soirées’ do Polytheama. Tomavam refrescos e sorvetes nos intervalos do filme, no salão sorveteria que ficava no edifício.
Foi lá que o picolé se transformou em ‘poly’, por causa do nome do cinema.
Depois se transformou em história e sumiu no tempo".
(Augusto Severo Neto) – Fonte Semurb
9.3.10
Natal - Cidade Memória
A SEMURB - Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, lançou nesta terça feira o Projeto Natal - Cidade Memória.
A finalidade é preservar a memória das comunidades de Natal através de um acervo fotográfico referente à evolução urbana da cidade.
O Projeto propõe ainda contribuir com a preservação da nossa história e sensibilizar o cidadão sobre a importância de refletir, quanto a viver em comunidade, resgatando também a memória de vários recantos da cidade.
Visite a exposição, com cerca de 300 fotografias, comparando nossa Natal de Ontem com a Natal de Hoje, na Assembléia Legislativa, na Praça 7 de Setembro, até o dia 12 de Março, sexta-feira. A mostra será itinerante em escolas, clubes, associações, etc. Oportunamente publicaremos a programação e agenda.
A finalidade é preservar a memória das comunidades de Natal através de um acervo fotográfico referente à evolução urbana da cidade.
O Projeto propõe ainda contribuir com a preservação da nossa história e sensibilizar o cidadão sobre a importância de refletir, quanto a viver em comunidade, resgatando também a memória de vários recantos da cidade.
Visite a exposição, com cerca de 300 fotografias, comparando nossa Natal de Ontem com a Natal de Hoje, na Assembléia Legislativa, na Praça 7 de Setembro, até o dia 12 de Março, sexta-feira. A mostra será itinerante em escolas, clubes, associações, etc. Oportunamente publicaremos a programação e agenda.
6.3.10
Seminário São Pedro - Parte I
Segundo informações do livro de crônicas do ano de 1979, o primeiro bispo de Natal, Dom Joaquim de Almeida já iniciara uma experiência de Seminário no ano de 1912, que deixou de funcionar nos anos de 1916-1918 quando a Diocese encontrava-se vacante.
Um importante artigo publicado pelo historiador Itamar de Souza (ex-aluno do Seminário) no Jornal "A República" em 16 de dezembro de 1984, fruto de minunciosa pesquisa, esclarece dados dessa época. Segundo ele dessa tentativa formou-se uma comunidade de seminaristas denominada: Seminário Diocesano, cujo primeiro Reitor foi o Mons. Alfredo Pegado, coadjuvado pelos padres da Sagrada Família. O fechamento ocorreu quando Dom Joaquim de Almeida renunciou à Diocese por motivos de doença.
A criação do Seminário de São Pedro se deu oficialmente em 15 de fevereiro de 1919 com o 2º bispo de Natal, Dom Antônio dos Santos Cabral. Sua primeira turma contava com 12 alunos no Colégio Santo Antônio, ao lado da Igreja, no pavimento superior que dava para a hoje rua Expedicionário Rodoval Cabral. Na reitoria encontrava-se o então Vigário Geral Mons. Alfredo Pegado. Essa turma teve entre seus alunos o Pe. Luís Gonzaga do Monte e Dom José de Medeiros Leite, bispo de Oliveira em Minas Gerais, já falecidos. A formação inicial do Seminário já constava do ginasial e dos cursos filosófico-teológicos.
É sabido que, mesmo antes da fundação do Seminário, alguns rapazes que estudavam no Colégio Santo Antônio e se interessavam pelo sacerdócio, eram enviados para realizar seus estudos em outros Seminários como: o da Paraíba (João Pessoa), Olinda, Fortaleza.
Por volta do dia 06 de novembro de 1924, "os seminaristas foram residir na casa grande de um sítio, onde hoje ergue-se o Cine Rio Grande, na Av. Deodoro da Fonseca".
"Pretendendo dotar o Seminário de instalações definitivas, D. Antônio dos Santos Cabral, comprou dois terrenos no Tirol. O primeiro pertencente ao Sr. José Getúlio Teixeira de Moura e sua esposa, Dona Ana Moura, foi comprado em setembro de 1919, compreendendo uma área de 7.620 metros quadrados. Havia nele uma casa de telha e tijolo, na Av. Campos Sales, onde os seminaristas residiram durante um certo tempo. A parte norte deste terreno que dá para a Rua Apodí, está ocupada pelo Posto São Pedro e o Zás-Trás, e pelo prédio da ex-Faculdade de Ciências Econômicas, Contábeis e Atuariais. O outro terreno foi comprado em dezembro daquele ano ao Sr. José Olegário Dantas e sua esposa, Dona Joana Gualherta Fernandes. Conforme a escritura lavrada no segundo Cartório Judiciário, os limites eram os seguintes: possuidores de um cercado com uma casa de morada e diversas fruteiras, encravado na Av. Campos Sales, na Cidade Nova (nome primitivo do Tirol) , desta Capital, em terreno foreiro do patrimônio municipal com uma superfície quadrada de cento e dez metros e dez centímetros (110.10) limitado ao norte por propriedade de José Getúlio com cento e vinte (120,00) metros, a Leste pela Av. Campos Sales com setenta e sete metros, ao Sul pela rua Maxaranguape com cento e vinte (120,00) e a Oeste pela Av. Prudente de Morais com cento e seis metros (106,00)... Este imóvel foi adquirido pela Diocese por dois contos de reis". Até o ano 1930, nada foi construído nesse terreno.
Mesmo com todo esforço, segundo o livro de crônicas de 1925, o Seminário é fechado no final deste ano por motivos financeiros e falta de meios adequados para a formação intelectual dos seminaristas. Foi reaberto no início de 1926, mas em 21 de março, após a missa dominical é novamente fechado, conforme telegrama recebido pelo Reitor no dia 7 de março. O telegrama dizia: "Agradeço querido amigo sua dedicação pt Ouça Cônego Dantas a quem telegrafei fechando provisoriamente Seminário. Bispo de Natal" (Dom José Pereira Alves, encontrava-se no Rio de Janeiro). No mesmo dia o Côn. Estevão Dantas –encarregado do Bispado na ausência do Bispo – recebeu o seguinte telegrama: "Feche provisoriamente Seminário pt Escreva Arcebispo e Reitor Paraíba pedindo aceitar seminaristas..." Tendo obtido resposta positiva do Arcebispo da Paraíba, todos os alunos foram transferidos para o Seminário de João Pessoa, outros para o Seminário da Prainha em Fortaleza, São Paulo e Belo Horizonte.
No ano seguinte, em 1927, foi reaberto com o retorno dos seminaristas para Natal. Os seminaristas foram para as dependências do Colégio Diocesano Santo Antonio. Mas, por falta de melhores condições de funcionamento nesse lugar, foi transferido para a residência episcopal situada à rua Cel. Bonifácio (atual Santo Antônio) ficando no Colégio apenas o dormitório dos seminaristas. Naquele mesmo ano Dom José Pereira Alves, vendo que o Seminário encontrava-se em precárias condições, conseguiu com o Governador José Augusto que os seminaristas fossem residir num prédio do Estado, onde hoje funciona o Aero-Clube na Av. Hermes da Fonseca. Como Natal não era ainda Arquidiocese o Seminário ficou apenas com o ginasial, o Seminário Maior foi fechado, por determinação da Santa Sé, como aconteceu com outros seminários sediados em pequenas Dioceses. Só as Arquidioceses naquela época poderiam ter Seminário Maior. A partir desse fato, penas o Menor continuaria a funcionar até a reabertura do Seminário Maior que aconteceria 50 anos depois.
Continua....
Fonte: Página da Internet do Seminário: http://www.seminariosaopedro.org.br/index.htm
Um importante artigo publicado pelo historiador Itamar de Souza (ex-aluno do Seminário) no Jornal "A República" em 16 de dezembro de 1984, fruto de minunciosa pesquisa, esclarece dados dessa época. Segundo ele dessa tentativa formou-se uma comunidade de seminaristas denominada: Seminário Diocesano, cujo primeiro Reitor foi o Mons. Alfredo Pegado, coadjuvado pelos padres da Sagrada Família. O fechamento ocorreu quando Dom Joaquim de Almeida renunciou à Diocese por motivos de doença.
A criação do Seminário de São Pedro se deu oficialmente em 15 de fevereiro de 1919 com o 2º bispo de Natal, Dom Antônio dos Santos Cabral. Sua primeira turma contava com 12 alunos no Colégio Santo Antônio, ao lado da Igreja, no pavimento superior que dava para a hoje rua Expedicionário Rodoval Cabral. Na reitoria encontrava-se o então Vigário Geral Mons. Alfredo Pegado. Essa turma teve entre seus alunos o Pe. Luís Gonzaga do Monte e Dom José de Medeiros Leite, bispo de Oliveira em Minas Gerais, já falecidos. A formação inicial do Seminário já constava do ginasial e dos cursos filosófico-teológicos.
É sabido que, mesmo antes da fundação do Seminário, alguns rapazes que estudavam no Colégio Santo Antônio e se interessavam pelo sacerdócio, eram enviados para realizar seus estudos em outros Seminários como: o da Paraíba (João Pessoa), Olinda, Fortaleza.
Por volta do dia 06 de novembro de 1924, "os seminaristas foram residir na casa grande de um sítio, onde hoje ergue-se o Cine Rio Grande, na Av. Deodoro da Fonseca".
"Pretendendo dotar o Seminário de instalações definitivas, D. Antônio dos Santos Cabral, comprou dois terrenos no Tirol. O primeiro pertencente ao Sr. José Getúlio Teixeira de Moura e sua esposa, Dona Ana Moura, foi comprado em setembro de 1919, compreendendo uma área de 7.620 metros quadrados. Havia nele uma casa de telha e tijolo, na Av. Campos Sales, onde os seminaristas residiram durante um certo tempo. A parte norte deste terreno que dá para a Rua Apodí, está ocupada pelo Posto São Pedro e o Zás-Trás, e pelo prédio da ex-Faculdade de Ciências Econômicas, Contábeis e Atuariais. O outro terreno foi comprado em dezembro daquele ano ao Sr. José Olegário Dantas e sua esposa, Dona Joana Gualherta Fernandes. Conforme a escritura lavrada no segundo Cartório Judiciário, os limites eram os seguintes: possuidores de um cercado com uma casa de morada e diversas fruteiras, encravado na Av. Campos Sales, na Cidade Nova (nome primitivo do Tirol) , desta Capital, em terreno foreiro do patrimônio municipal com uma superfície quadrada de cento e dez metros e dez centímetros (110.10) limitado ao norte por propriedade de José Getúlio com cento e vinte (120,00) metros, a Leste pela Av. Campos Sales com setenta e sete metros, ao Sul pela rua Maxaranguape com cento e vinte (120,00) e a Oeste pela Av. Prudente de Morais com cento e seis metros (106,00)... Este imóvel foi adquirido pela Diocese por dois contos de reis". Até o ano 1930, nada foi construído nesse terreno.
Mesmo com todo esforço, segundo o livro de crônicas de 1925, o Seminário é fechado no final deste ano por motivos financeiros e falta de meios adequados para a formação intelectual dos seminaristas. Foi reaberto no início de 1926, mas em 21 de março, após a missa dominical é novamente fechado, conforme telegrama recebido pelo Reitor no dia 7 de março. O telegrama dizia: "Agradeço querido amigo sua dedicação pt Ouça Cônego Dantas a quem telegrafei fechando provisoriamente Seminário. Bispo de Natal" (Dom José Pereira Alves, encontrava-se no Rio de Janeiro). No mesmo dia o Côn. Estevão Dantas –encarregado do Bispado na ausência do Bispo – recebeu o seguinte telegrama: "Feche provisoriamente Seminário pt Escreva Arcebispo e Reitor Paraíba pedindo aceitar seminaristas..." Tendo obtido resposta positiva do Arcebispo da Paraíba, todos os alunos foram transferidos para o Seminário de João Pessoa, outros para o Seminário da Prainha em Fortaleza, São Paulo e Belo Horizonte.
No ano seguinte, em 1927, foi reaberto com o retorno dos seminaristas para Natal. Os seminaristas foram para as dependências do Colégio Diocesano Santo Antonio. Mas, por falta de melhores condições de funcionamento nesse lugar, foi transferido para a residência episcopal situada à rua Cel. Bonifácio (atual Santo Antônio) ficando no Colégio apenas o dormitório dos seminaristas. Naquele mesmo ano Dom José Pereira Alves, vendo que o Seminário encontrava-se em precárias condições, conseguiu com o Governador José Augusto que os seminaristas fossem residir num prédio do Estado, onde hoje funciona o Aero-Clube na Av. Hermes da Fonseca. Como Natal não era ainda Arquidiocese o Seminário ficou apenas com o ginasial, o Seminário Maior foi fechado, por determinação da Santa Sé, como aconteceu com outros seminários sediados em pequenas Dioceses. Só as Arquidioceses naquela época poderiam ter Seminário Maior. A partir desse fato, penas o Menor continuaria a funcionar até a reabertura do Seminário Maior que aconteceria 50 anos depois.
Continua....
Fonte: Página da Internet do Seminário: http://www.seminariosaopedro.org.br/index.htm
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto.
Praça Pio X
Anos 50 - Jaeci
Fins dos anos 40
Esta fotos são da antiga Praça Pio X, hoje tem ali a Catedral Metropolitana de Natal.
Com relação à Praça Pio X. a história é bem diferente.
No início do século XX, alí era um matagal com o padre João Maria, pároco de Natal, Rn., querendo edificar uma nova catedral. A antiga, ficava na mesma rua - veja a foto - no início de tudo, onde Natal foi descoberta em 1599. O tempo passou lento até que o Padre João Maria achou de construir a nova Catedral. Pelos ídos do século XIX, por volta de 1895, homens, mulheres, meninos e jovens saiam da Igreja Matriz, caminhando por um terreno cheio de vegetação, até chegar à praia da Ponta do Morcego (Praia do Meio) e depois, na praia de Areia Preta.
Os peregrinos íam buscar pedras para a construção do novo templo. Esse caminhar foi até 1905, quando o Padre João Maria Cavalcante de Brito faleceu. Dai por diante, a nova Catedral que já estava com a sua construção bem avançada, foi esquecida.
Então, muitos anos após, a Prefeitura tomou o terreno e construiu no local a Praça Pio X. De qualquer jeito, a praça era pertencente à Catedral. Por isso teve o nome de Pio X. Nessa praça, quente até demais, pois não tinha árvores por perto, aconteceram fatos misteriosos, como por exemplo o assassinato de um garçon, morto à bala. no meio da praça, em um restaurante ou peixaria que funcionava no local. A peixada era localizada numa especie de "avião", como se chamava o restaurante locado, com dois lados para subir e descer para o alto e mais dois espaços que eram como as asas de um avião.Tudo isso ficava na parte alta do tal chamado "avião". Moças, rapazes e meninos costumavam passear por entre as asas do fabuloso restaurando. Descendo dalí, as mocinhas, rapazes e meninos tomavam um calor que nem te conto. Para amenizar essa tempertura, os que passeavam no restaurante tomavam sorvetes. Era um meio de se livrar do mormaço. À noite, não era do mesmo jeito. Não havia por lá as crianças. Essas já estavam dormindo. Do lado direito da praça, um grande, monumental predio abrigava o Cinema Rio Grande. Um majestoso cinema com os seus elegantes homens e mulheres que recebiam os bilhetes adquiridos no lado de dentro ou do fora, vestindo um traje de cor vermelha bem escura. Botões de metal completavam a idumentária. Cidadãos que frequentavam a casa de espetáculo só tinha acesso ao cinema de fossem trajados de paletó e gravata.. As damas, com mais suntuosos vestidos.
Os vendedores de pipocas, amendoins e de sorvetes, confeitos, balas e outros mais, ficavam à espera na calçada da praça Pio X. Ali, ainda não havia estacionamento de carro-de-praça - os chamados taxis de hoje. Luminárias eram feitas de forma exuberante e bela, com très lâmpadas em cada poste, todos eles feitos de ferro pintados de branco. Ao redor da praça havia quatro bancos onde se plantavam árvores de média estatura. Bondes e ônibus passavam em frente à praça, pela Avenida Deodoro, naquele tempo já calçada com pedras como até hoje se faz em ruas perífericas da cidade. Era um tempo ameno a capital, com o pessoal sem precaução a assaltos por elementos marginais. Quando muito, ouvia-se falar dos famosos ladrões de galinhas que invadiam os quintais tarde da noite. Então, era um alvoroço de "pedra ladrão" e se chamava os guardas-noturnos para prender o larápio, Hoje, não tem mais esses guardas e a policia já está dormindo. Antigamente, era um guarda-noturno a cada cem metros por toda a cidade.
A Praça Pio X era um esmero, principalmente durante à noite, pois à tarde era aquele calor. Vivia-se em um clima de esmerado bom tempo, com as pessoas passeando pela cidade à procura de um local de vendas mais aclimatado. Com o decorrer do tempo, a Nova Catedral foi construida no mesmo local onde, tempos passados, já havia sido escolhido pelo Padre João Maria. A praça, foi apenas lembrança de um espaço que não volta mais.
Do texto de Alderico Leandro, publicado no seu blog Asa Morena
Então, muitos anos após, a Prefeitura tomou o terreno e construiu no local a Praça Pio X. De qualquer jeito, a praça era pertencente à Catedral. Por isso teve o nome de Pio X. Nessa praça, quente até demais, pois não tinha árvores por perto, aconteceram fatos misteriosos, como por exemplo o assassinato de um garçon, morto à bala. no meio da praça, em um restaurante ou peixaria que funcionava no local. A peixada era localizada numa especie de "avião", como se chamava o restaurante locado, com dois lados para subir e descer para o alto e mais dois espaços que eram como as asas de um avião.Tudo isso ficava na parte alta do tal chamado "avião". Moças, rapazes e meninos costumavam passear por entre as asas do fabuloso restaurando. Descendo dalí, as mocinhas, rapazes e meninos tomavam um calor que nem te conto. Para amenizar essa tempertura, os que passeavam no restaurante tomavam sorvetes. Era um meio de se livrar do mormaço. À noite, não era do mesmo jeito. Não havia por lá as crianças. Essas já estavam dormindo. Do lado direito da praça, um grande, monumental predio abrigava o Cinema Rio Grande. Um majestoso cinema com os seus elegantes homens e mulheres que recebiam os bilhetes adquiridos no lado de dentro ou do fora, vestindo um traje de cor vermelha bem escura. Botões de metal completavam a idumentária. Cidadãos que frequentavam a casa de espetáculo só tinha acesso ao cinema de fossem trajados de paletó e gravata.. As damas, com mais suntuosos vestidos.
Os vendedores de pipocas, amendoins e de sorvetes, confeitos, balas e outros mais, ficavam à espera na calçada da praça Pio X. Ali, ainda não havia estacionamento de carro-de-praça - os chamados taxis de hoje. Luminárias eram feitas de forma exuberante e bela, com très lâmpadas em cada poste, todos eles feitos de ferro pintados de branco. Ao redor da praça havia quatro bancos onde se plantavam árvores de média estatura. Bondes e ônibus passavam em frente à praça, pela Avenida Deodoro, naquele tempo já calçada com pedras como até hoje se faz em ruas perífericas da cidade. Era um tempo ameno a capital, com o pessoal sem precaução a assaltos por elementos marginais. Quando muito, ouvia-se falar dos famosos ladrões de galinhas que invadiam os quintais tarde da noite. Então, era um alvoroço de "pedra ladrão" e se chamava os guardas-noturnos para prender o larápio, Hoje, não tem mais esses guardas e a policia já está dormindo. Antigamente, era um guarda-noturno a cada cem metros por toda a cidade.
A Praça Pio X era um esmero, principalmente durante à noite, pois à tarde era aquele calor. Vivia-se em um clima de esmerado bom tempo, com as pessoas passeando pela cidade à procura de um local de vendas mais aclimatado. Com o decorrer do tempo, a Nova Catedral foi construida no mesmo local onde, tempos passados, já havia sido escolhido pelo Padre João Maria. A praça, foi apenas lembrança de um espaço que não volta mais.
Do texto de Alderico Leandro, publicado no seu blog Asa Morena
16.2.10
Árvores Geneológicas
Recebi a mensagem abaixo:
"Meu nome é Silvio Ricardo Branco e trabalho para My Heritage (http://www.myheritage.com.br/ ).
Nosso site oferece uma plataforma gratuita para a construção de árvores genealógicas online e hoje contamos com mais de 400 milhões de perfis e 30 milhões de árvores genealógicas. Além disso, temos um sistema de buscas genealógicas (gratuito) que permite ao usuário pesquisar em mais 1400 arquivos simultaneamente.
Eu gostaria saber se você teria interesse em escrever um post sobre o My Heritage. Apreciamos muito a participação de blogueiros e internautas, e um post, anúncio ou revisão de nosso produto é muito bem-vindo".
Vale a visita!15.2.10
Carnaval de 1958
14.2.10
O Encantador dos Potiguares
Os transeuntes das calçadas do centro de Natal irão perceber - ou não - dentro de algum tempo, a ausência da figura de um homem simplório e de um olhar dispersivo, empunhando um instrumento musical denominado de rabeca - confundido muitas vezes com um violino - não fazendo mais parte do cenário urbanístico do bairro conhecido como Cidade Alta. Irão procurar ouvir o som dos acordes de uma “rabeca” tocado por um artista popular, por um artista do povo, por uma figura, agora, folclórica e irão se deparar somente com uma lembrança. A lembrança de um rabequeiro solitário e que vivia em busca de alguns trocados como reconhecimento ao seu talento e à sua subsistência. Quantos iniciantes da arte da fotografia - em aulas de campo - não o enquadraram na “regra dos terços” em seus primeiros ensaios? Lembro, sim, de o ter incluído em meus primeiros clic's. Lembro de nunca ter perguntado se o poderia fotografar - algo que nunca o chegou a importunar. Lembro, também, de nunca ter parado para perguntar o seu nome. "ANDRÉ" - esse era o seu nome - "ANDRÉ”. Descubro o seu nome em uma nota de falecimento em um blog de um amigo repórter-fotográfico. Só descubro porque há, entre tantos já capturados por inúmeros caçadores de imagens, um registro fotográfico. Um registro de um rabequeiro - sempre solitário. Obrigado ao André por ter feito parte do nosso cotidiano, da nossa história. Desculpe-me, André. Desculpe-me por nunca ter perguntado o seu nome…somente agora o sei. Que o seu instrumento de trabalho - A Rabeca - seja resguardada pelo poder público municipal e tenha um endereço certo em um de nossos museus populares. Como sempre…a real valorização do artista chega tardiamente. O som da RABECA do Encantador de Potiguares silenciou...para sempre.
Ah, André, o meu nome: José. Prazer ter te conhecido!
Enviado por JOrge Lira
8.2.10
Capitania das Artes
O Prédio da antiga Capitania dos Portos de Natal está localizado à Av. Luís da Câmara Cascudo, antes Rua da Cruz e também Av. Junqueira Aires, uma das mais antigas ruas da cidade, em pleno Corredor Cultural. O edifício foi construído no final do século passado, no mesmo local onde existia um outro prédio que, de 1830 a 1862, serviu de sede ao governo provincial.
Construída no final do século passado, em alvenaria de tijolo, que serviu de sede ao Governo do Estado, é possível terem sido aproveitadas, no novo prédio, algumas de suas paredes, denunciadas pela existência de alvenaria de pedra preta ou de maré, muito comum nas construções mais antigas do litoral nordestino. É uma edificação em estilo neoclássico, tendo como elemento mais forte a fachada, que se caracteriza pela simetria, ritmo dos cheios e vazios e pelos frontões que a compõem.
No dia 12 de agosto de 1873, foi instalada a Companhia de Aprendizes de Marinheiros, em prédio próprio na margem direita do Potengi. Ao que tudo indica, foi ampliado o velho palácio presidencial. No local, a Companhia funcionou de 1873 a 1885 e, novamente, de 1890 a 1898.
Demolido o velho casarão, no mesmo local foi edificado um novo prédio que serviu de sede à Capitania dos Portos até o ano de 1972. O prédio abandonado ficou fadado à destruição, pela ação do tempo e do abandono. Somente em 1972, a sede foi transferida para a Rua Chile, 232, Ribeira, onde funciona até hoje. A transferência ocorreu devido à necessidade do ao acesso ao mar, coisa que não existia na antiga sede. O Rio Grande do Norte recebeu a segunda Capitania dos Portos do País no dia 03 de outubro de 1847.
O prédio, que foi tombado em âmbito estadual em 11 de agosto de 1988, foi revitalizado pela Prefeitura do Natal, através do projeto de restauração elaborado pelo arquiteto João Maurício de Miranda, que recuperou os elementos que compõem a fachada principal do edifício.
A Fachada do prédio foi a única peça que permaneceu de pé, resistindo e desafiando o tempo. Vazada por muitas janelas, a fachada principal do prédio apresenta ainda dois frontões triangulares nas extremidades da parede e encontra-se emoldurada por cornijas e pilastras que marcam de forma bastante severa a edificação.
Por trás daquela parede, foi construído o prédio que serve de Espaço Cultural da Cidade. O antigo prédio, que já viveu o seu período de esplendor, depois de conhecer a decadência e a ruína, ressurgiu, desenvolvendo uma das mais nobres funções, que é a de servir à cultura.
Construída no final do século passado, em alvenaria de tijolo, que serviu de sede ao Governo do Estado, é possível terem sido aproveitadas, no novo prédio, algumas de suas paredes, denunciadas pela existência de alvenaria de pedra preta ou de maré, muito comum nas construções mais antigas do litoral nordestino. É uma edificação em estilo neoclássico, tendo como elemento mais forte a fachada, que se caracteriza pela simetria, ritmo dos cheios e vazios e pelos frontões que a compõem.
No dia 12 de agosto de 1873, foi instalada a Companhia de Aprendizes de Marinheiros, em prédio próprio na margem direita do Potengi. Ao que tudo indica, foi ampliado o velho palácio presidencial. No local, a Companhia funcionou de 1873 a 1885 e, novamente, de 1890 a 1898.
Demolido o velho casarão, no mesmo local foi edificado um novo prédio que serviu de sede à Capitania dos Portos até o ano de 1972. O prédio abandonado ficou fadado à destruição, pela ação do tempo e do abandono. Somente em 1972, a sede foi transferida para a Rua Chile, 232, Ribeira, onde funciona até hoje. A transferência ocorreu devido à necessidade do ao acesso ao mar, coisa que não existia na antiga sede. O Rio Grande do Norte recebeu a segunda Capitania dos Portos do País no dia 03 de outubro de 1847.
O prédio, que foi tombado em âmbito estadual em 11 de agosto de 1988, foi revitalizado pela Prefeitura do Natal, através do projeto de restauração elaborado pelo arquiteto João Maurício de Miranda, que recuperou os elementos que compõem a fachada principal do edifício.
A Fachada do prédio foi a única peça que permaneceu de pé, resistindo e desafiando o tempo. Vazada por muitas janelas, a fachada principal do prédio apresenta ainda dois frontões triangulares nas extremidades da parede e encontra-se emoldurada por cornijas e pilastras que marcam de forma bastante severa a edificação.
Por trás daquela parede, foi construído o prédio que serve de Espaço Cultural da Cidade. O antigo prédio, que já viveu o seu período de esplendor, depois de conhecer a decadência e a ruína, ressurgiu, desenvolvendo uma das mais nobres funções, que é a de servir à cultura.
Fonte: Funarte - Prefeitura do Natal
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto.
Praça Pio X
Anos 50 - Jaeci
Fins dos anos 40
Esta fotos são da antiga Praça Pio X, hoje tem ali a Catedral Metropolitana de Natal.
Com relação à Praça Pio X. a história é bem diferente.
No início do século XX, alí era um matagal com o padre João Maria, pároco de Natal, Rn., querendo edificar uma nova catedral. A antiga, ficava na mesma rua - veja a foto - no início de tudo, onde Natal foi descoberta em 1599. O tempo passou lento até que o Padre João Maria achou de construir a nova Catedral. Pelos ídos do século XIX, por volta de 1895, homens, mulheres, meninos e jovens saiam da Igreja Matriz, caminhando por um terreno cheio de vegetação, até chegar à praia da Ponta do Morcego (Praia do Meio) e depois, na praia de Areia Preta.
Os peregrinos íam buscar pedras para a construção do novo templo. Esse caminhar foi até 1905, quando o Padre João Maria Cavalcante de Brito faleceu. Dai por diante, a nova Catedral que já estava com a sua construção bem avançada, foi esquecida.
Então, muitos anos após, a Prefeitura tomou o terreno e construiu no local a Praça Pio X. De qualquer jeito, a praça era pertencente à Catedral. Por isso teve o nome de Pio X. Nessa praça, quente até demais, pois não tinha árvores por perto, aconteceram fatos misteriosos, como por exemplo o assassinato de um garçon, morto à bala. no meio da praça, em um restaurante ou peixaria que funcionava no local. A peixada era localizada numa especie de "avião", como se chamava o restaurante locado, com dois lados para subir e descer para o alto e mais dois espaços que eram como as asas de um avião.Tudo isso ficava na parte alta do tal chamado "avião". Moças, rapazes e meninos costumavam passear por entre as asas do fabuloso restaurando. Descendo dalí, as mocinhas, rapazes e meninos tomavam um calor que nem te conto. Para amenizar essa tempertura, os que passeavam no restaurante tomavam sorvetes. Era um meio de se livrar do mormaço. À noite, não era do mesmo jeito. Não havia por lá as crianças. Essas já estavam dormindo. Do lado direito da praça, um grande, monumental predio abrigava o Cinema Rio Grande. Um majestoso cinema com os seus elegantes homens e mulheres que recebiam os bilhetes adquiridos no lado de dentro ou do fora, vestindo um traje de cor vermelha bem escura. Botões de metal completavam a idumentária. Cidadãos que frequentavam a casa de espetáculo só tinha acesso ao cinema de fossem trajados de paletó e gravata.. As damas, com mais suntuosos vestidos.
Os vendedores de pipocas, amendoins e de sorvetes, confeitos, balas e outros mais, ficavam à espera na calçada da praça Pio X. Ali, ainda não havia estacionamento de carro-de-praça - os chamados taxis de hoje. Luminárias eram feitas de forma exuberante e bela, com très lâmpadas em cada poste, todos eles feitos de ferro pintados de branco. Ao redor da praça havia quatro bancos onde se plantavam árvores de média estatura. Bondes e ônibus passavam em frente à praça, pela Avenida Deodoro, naquele tempo já calçada com pedras como até hoje se faz em ruas perífericas da cidade. Era um tempo ameno a capital, com o pessoal sem precaução a assaltos por elementos marginais. Quando muito, ouvia-se falar dos famosos ladrões de galinhas que invadiam os quintais tarde da noite. Então, era um alvoroço de "pedra ladrão" e se chamava os guardas-noturnos para prender o larápio, Hoje, não tem mais esses guardas e a policia já está dormindo. Antigamente, era um guarda-noturno a cada cem metros por toda a cidade.
A Praça Pio X era um esmero, principalmente durante à noite, pois à tarde era aquele calor. Vivia-se em um clima de esmerado bom tempo, com as pessoas passeando pela cidade à procura de um local de vendas mais aclimatado. Com o decorrer do tempo, a Nova Catedral foi construida no mesmo local onde, tempos passados, já havia sido escolhido pelo Padre João Maria. A praça, foi apenas lembrança de um espaço que não volta mais.
Do texto de Alderico Leandro, publicado no seu blog Asa Morena
Então, muitos anos após, a Prefeitura tomou o terreno e construiu no local a Praça Pio X. De qualquer jeito, a praça era pertencente à Catedral. Por isso teve o nome de Pio X. Nessa praça, quente até demais, pois não tinha árvores por perto, aconteceram fatos misteriosos, como por exemplo o assassinato de um garçon, morto à bala. no meio da praça, em um restaurante ou peixaria que funcionava no local. A peixada era localizada numa especie de "avião", como se chamava o restaurante locado, com dois lados para subir e descer para o alto e mais dois espaços que eram como as asas de um avião.Tudo isso ficava na parte alta do tal chamado "avião". Moças, rapazes e meninos costumavam passear por entre as asas do fabuloso restaurando. Descendo dalí, as mocinhas, rapazes e meninos tomavam um calor que nem te conto. Para amenizar essa tempertura, os que passeavam no restaurante tomavam sorvetes. Era um meio de se livrar do mormaço. À noite, não era do mesmo jeito. Não havia por lá as crianças. Essas já estavam dormindo. Do lado direito da praça, um grande, monumental predio abrigava o Cinema Rio Grande. Um majestoso cinema com os seus elegantes homens e mulheres que recebiam os bilhetes adquiridos no lado de dentro ou do fora, vestindo um traje de cor vermelha bem escura. Botões de metal completavam a idumentária. Cidadãos que frequentavam a casa de espetáculo só tinha acesso ao cinema de fossem trajados de paletó e gravata.. As damas, com mais suntuosos vestidos.
Os vendedores de pipocas, amendoins e de sorvetes, confeitos, balas e outros mais, ficavam à espera na calçada da praça Pio X. Ali, ainda não havia estacionamento de carro-de-praça - os chamados taxis de hoje. Luminárias eram feitas de forma exuberante e bela, com très lâmpadas em cada poste, todos eles feitos de ferro pintados de branco. Ao redor da praça havia quatro bancos onde se plantavam árvores de média estatura. Bondes e ônibus passavam em frente à praça, pela Avenida Deodoro, naquele tempo já calçada com pedras como até hoje se faz em ruas perífericas da cidade. Era um tempo ameno a capital, com o pessoal sem precaução a assaltos por elementos marginais. Quando muito, ouvia-se falar dos famosos ladrões de galinhas que invadiam os quintais tarde da noite. Então, era um alvoroço de "pedra ladrão" e se chamava os guardas-noturnos para prender o larápio, Hoje, não tem mais esses guardas e a policia já está dormindo. Antigamente, era um guarda-noturno a cada cem metros por toda a cidade.
A Praça Pio X era um esmero, principalmente durante à noite, pois à tarde era aquele calor. Vivia-se em um clima de esmerado bom tempo, com as pessoas passeando pela cidade à procura de um local de vendas mais aclimatado. Com o decorrer do tempo, a Nova Catedral foi construida no mesmo local onde, tempos passados, já havia sido escolhido pelo Padre João Maria. A praça, foi apenas lembrança de um espaço que não volta mais.
Do texto de Alderico Leandro, publicado no seu blog Asa Morena
16.2.10
Árvores Geneológicas
Recebi a mensagem abaixo:
"Meu nome é Silvio Ricardo Branco e trabalho para My Heritage (http://www.myheritage.com.br/ ).
Nosso site oferece uma plataforma gratuita para a construção de árvores genealógicas online e hoje contamos com mais de 400 milhões de perfis e 30 milhões de árvores genealógicas. Além disso, temos um sistema de buscas genealógicas (gratuito) que permite ao usuário pesquisar em mais 1400 arquivos simultaneamente.
Eu gostaria saber se você teria interesse em escrever um post sobre o My Heritage. Apreciamos muito a participação de blogueiros e internautas, e um post, anúncio ou revisão de nosso produto é muito bem-vindo".
Vale a visita!15.2.10
Carnaval de 1958
14.2.10
O Encantador dos Potiguares
Os transeuntes das calçadas do centro de Natal irão perceber - ou não - dentro de algum tempo, a ausência da figura de um homem simplório e de um olhar dispersivo, empunhando um instrumento musical denominado de rabeca - confundido muitas vezes com um violino - não fazendo mais parte do cenário urbanístico do bairro conhecido como Cidade Alta. Irão procurar ouvir o som dos acordes de uma “rabeca” tocado por um artista popular, por um artista do povo, por uma figura, agora, folclórica e irão se deparar somente com uma lembrança. A lembrança de um rabequeiro solitário e que vivia em busca de alguns trocados como reconhecimento ao seu talento e à sua subsistência. Quantos iniciantes da arte da fotografia - em aulas de campo - não o enquadraram na “regra dos terços” em seus primeiros ensaios? Lembro, sim, de o ter incluído em meus primeiros clic's. Lembro de nunca ter perguntado se o poderia fotografar - algo que nunca o chegou a importunar. Lembro, também, de nunca ter parado para perguntar o seu nome. "ANDRÉ" - esse era o seu nome - "ANDRÉ”. Descubro o seu nome em uma nota de falecimento em um blog de um amigo repórter-fotográfico. Só descubro porque há, entre tantos já capturados por inúmeros caçadores de imagens, um registro fotográfico. Um registro de um rabequeiro - sempre solitário. Obrigado ao André por ter feito parte do nosso cotidiano, da nossa história. Desculpe-me, André. Desculpe-me por nunca ter perguntado o seu nome…somente agora o sei. Que o seu instrumento de trabalho - A Rabeca - seja resguardada pelo poder público municipal e tenha um endereço certo em um de nossos museus populares. Como sempre…a real valorização do artista chega tardiamente. O som da RABECA do Encantador de Potiguares silenciou...para sempre.
Ah, André, o meu nome: José. Prazer ter te conhecido!
Enviado por JOrge Lira
8.2.10
Capitania das Artes
O Prédio da antiga Capitania dos Portos de Natal está localizado à Av. Luís da Câmara Cascudo, antes Rua da Cruz e também Av. Junqueira Aires, uma das mais antigas ruas da cidade, em pleno Corredor Cultural. O edifício foi construído no final do século passado, no mesmo local onde existia um outro prédio que, de 1830 a 1862, serviu de sede ao governo provincial.
Construída no final do século passado, em alvenaria de tijolo, que serviu de sede ao Governo do Estado, é possível terem sido aproveitadas, no novo prédio, algumas de suas paredes, denunciadas pela existência de alvenaria de pedra preta ou de maré, muito comum nas construções mais antigas do litoral nordestino. É uma edificação em estilo neoclássico, tendo como elemento mais forte a fachada, que se caracteriza pela simetria, ritmo dos cheios e vazios e pelos frontões que a compõem.
No dia 12 de agosto de 1873, foi instalada a Companhia de Aprendizes de Marinheiros, em prédio próprio na margem direita do Potengi. Ao que tudo indica, foi ampliado o velho palácio presidencial. No local, a Companhia funcionou de 1873 a 1885 e, novamente, de 1890 a 1898.
Demolido o velho casarão, no mesmo local foi edificado um novo prédio que serviu de sede à Capitania dos Portos até o ano de 1972. O prédio abandonado ficou fadado à destruição, pela ação do tempo e do abandono. Somente em 1972, a sede foi transferida para a Rua Chile, 232, Ribeira, onde funciona até hoje. A transferência ocorreu devido à necessidade do ao acesso ao mar, coisa que não existia na antiga sede. O Rio Grande do Norte recebeu a segunda Capitania dos Portos do País no dia 03 de outubro de 1847.
O prédio, que foi tombado em âmbito estadual em 11 de agosto de 1988, foi revitalizado pela Prefeitura do Natal, através do projeto de restauração elaborado pelo arquiteto João Maurício de Miranda, que recuperou os elementos que compõem a fachada principal do edifício.
A Fachada do prédio foi a única peça que permaneceu de pé, resistindo e desafiando o tempo. Vazada por muitas janelas, a fachada principal do prédio apresenta ainda dois frontões triangulares nas extremidades da parede e encontra-se emoldurada por cornijas e pilastras que marcam de forma bastante severa a edificação.
Por trás daquela parede, foi construído o prédio que serve de Espaço Cultural da Cidade. O antigo prédio, que já viveu o seu período de esplendor, depois de conhecer a decadência e a ruína, ressurgiu, desenvolvendo uma das mais nobres funções, que é a de servir à cultura.
Construída no final do século passado, em alvenaria de tijolo, que serviu de sede ao Governo do Estado, é possível terem sido aproveitadas, no novo prédio, algumas de suas paredes, denunciadas pela existência de alvenaria de pedra preta ou de maré, muito comum nas construções mais antigas do litoral nordestino. É uma edificação em estilo neoclássico, tendo como elemento mais forte a fachada, que se caracteriza pela simetria, ritmo dos cheios e vazios e pelos frontões que a compõem.
No dia 12 de agosto de 1873, foi instalada a Companhia de Aprendizes de Marinheiros, em prédio próprio na margem direita do Potengi. Ao que tudo indica, foi ampliado o velho palácio presidencial. No local, a Companhia funcionou de 1873 a 1885 e, novamente, de 1890 a 1898.
Demolido o velho casarão, no mesmo local foi edificado um novo prédio que serviu de sede à Capitania dos Portos até o ano de 1972. O prédio abandonado ficou fadado à destruição, pela ação do tempo e do abandono. Somente em 1972, a sede foi transferida para a Rua Chile, 232, Ribeira, onde funciona até hoje. A transferência ocorreu devido à necessidade do ao acesso ao mar, coisa que não existia na antiga sede. O Rio Grande do Norte recebeu a segunda Capitania dos Portos do País no dia 03 de outubro de 1847.
O prédio, que foi tombado em âmbito estadual em 11 de agosto de 1988, foi revitalizado pela Prefeitura do Natal, através do projeto de restauração elaborado pelo arquiteto João Maurício de Miranda, que recuperou os elementos que compõem a fachada principal do edifício.
A Fachada do prédio foi a única peça que permaneceu de pé, resistindo e desafiando o tempo. Vazada por muitas janelas, a fachada principal do prédio apresenta ainda dois frontões triangulares nas extremidades da parede e encontra-se emoldurada por cornijas e pilastras que marcam de forma bastante severa a edificação.
Por trás daquela parede, foi construído o prédio que serve de Espaço Cultural da Cidade. O antigo prédio, que já viveu o seu período de esplendor, depois de conhecer a decadência e a ruína, ressurgiu, desenvolvendo uma das mais nobres funções, que é a de servir à cultura.
Fonte: Funarte - Prefeitura do Natal
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto.
Praça Pio X
Anos 50 - Jaeci
Fins dos anos 40
Esta fotos são da antiga Praça Pio X, hoje tem ali a Catedral Metropolitana de Natal.
Com relação à Praça Pio X. a história é bem diferente.
No início do século XX, alí era um matagal com o padre João Maria, pároco de Natal, Rn., querendo edificar uma nova catedral. A antiga, ficava na mesma rua - veja a foto - no início de tudo, onde Natal foi descoberta em 1599. O tempo passou lento até que o Padre João Maria achou de construir a nova Catedral. Pelos ídos do século XIX, por volta de 1895, homens, mulheres, meninos e jovens saiam da Igreja Matriz, caminhando por um terreno cheio de vegetação, até chegar à praia da Ponta do Morcego (Praia do Meio) e depois, na praia de Areia Preta.
Os peregrinos íam buscar pedras para a construção do novo templo. Esse caminhar foi até 1905, quando o Padre João Maria Cavalcante de Brito faleceu. Dai por diante, a nova Catedral que já estava com a sua construção bem avançada, foi esquecida.
Então, muitos anos após, a Prefeitura tomou o terreno e construiu no local a Praça Pio X. De qualquer jeito, a praça era pertencente à Catedral. Por isso teve o nome de Pio X. Nessa praça, quente até demais, pois não tinha árvores por perto, aconteceram fatos misteriosos, como por exemplo o assassinato de um garçon, morto à bala. no meio da praça, em um restaurante ou peixaria que funcionava no local. A peixada era localizada numa especie de "avião", como se chamava o restaurante locado, com dois lados para subir e descer para o alto e mais dois espaços que eram como as asas de um avião.Tudo isso ficava na parte alta do tal chamado "avião". Moças, rapazes e meninos costumavam passear por entre as asas do fabuloso restaurando. Descendo dalí, as mocinhas, rapazes e meninos tomavam um calor que nem te conto. Para amenizar essa tempertura, os que passeavam no restaurante tomavam sorvetes. Era um meio de se livrar do mormaço. À noite, não era do mesmo jeito. Não havia por lá as crianças. Essas já estavam dormindo. Do lado direito da praça, um grande, monumental predio abrigava o Cinema Rio Grande. Um majestoso cinema com os seus elegantes homens e mulheres que recebiam os bilhetes adquiridos no lado de dentro ou do fora, vestindo um traje de cor vermelha bem escura. Botões de metal completavam a idumentária. Cidadãos que frequentavam a casa de espetáculo só tinha acesso ao cinema de fossem trajados de paletó e gravata.. As damas, com mais suntuosos vestidos.
Os vendedores de pipocas, amendoins e de sorvetes, confeitos, balas e outros mais, ficavam à espera na calçada da praça Pio X. Ali, ainda não havia estacionamento de carro-de-praça - os chamados taxis de hoje. Luminárias eram feitas de forma exuberante e bela, com très lâmpadas em cada poste, todos eles feitos de ferro pintados de branco. Ao redor da praça havia quatro bancos onde se plantavam árvores de média estatura. Bondes e ônibus passavam em frente à praça, pela Avenida Deodoro, naquele tempo já calçada com pedras como até hoje se faz em ruas perífericas da cidade. Era um tempo ameno a capital, com o pessoal sem precaução a assaltos por elementos marginais. Quando muito, ouvia-se falar dos famosos ladrões de galinhas que invadiam os quintais tarde da noite. Então, era um alvoroço de "pedra ladrão" e se chamava os guardas-noturnos para prender o larápio, Hoje, não tem mais esses guardas e a policia já está dormindo. Antigamente, era um guarda-noturno a cada cem metros por toda a cidade.
A Praça Pio X era um esmero, principalmente durante à noite, pois à tarde era aquele calor. Vivia-se em um clima de esmerado bom tempo, com as pessoas passeando pela cidade à procura de um local de vendas mais aclimatado. Com o decorrer do tempo, a Nova Catedral foi construida no mesmo local onde, tempos passados, já havia sido escolhido pelo Padre João Maria. A praça, foi apenas lembrança de um espaço que não volta mais.
Do texto de Alderico Leandro, publicado no seu blog Asa Morena
Então, muitos anos após, a Prefeitura tomou o terreno e construiu no local a Praça Pio X. De qualquer jeito, a praça era pertencente à Catedral. Por isso teve o nome de Pio X. Nessa praça, quente até demais, pois não tinha árvores por perto, aconteceram fatos misteriosos, como por exemplo o assassinato de um garçon, morto à bala. no meio da praça, em um restaurante ou peixaria que funcionava no local. A peixada era localizada numa especie de "avião", como se chamava o restaurante locado, com dois lados para subir e descer para o alto e mais dois espaços que eram como as asas de um avião.Tudo isso ficava na parte alta do tal chamado "avião". Moças, rapazes e meninos costumavam passear por entre as asas do fabuloso restaurando. Descendo dalí, as mocinhas, rapazes e meninos tomavam um calor que nem te conto. Para amenizar essa tempertura, os que passeavam no restaurante tomavam sorvetes. Era um meio de se livrar do mormaço. À noite, não era do mesmo jeito. Não havia por lá as crianças. Essas já estavam dormindo. Do lado direito da praça, um grande, monumental predio abrigava o Cinema Rio Grande. Um majestoso cinema com os seus elegantes homens e mulheres que recebiam os bilhetes adquiridos no lado de dentro ou do fora, vestindo um traje de cor vermelha bem escura. Botões de metal completavam a idumentária. Cidadãos que frequentavam a casa de espetáculo só tinha acesso ao cinema de fossem trajados de paletó e gravata.. As damas, com mais suntuosos vestidos.
Os vendedores de pipocas, amendoins e de sorvetes, confeitos, balas e outros mais, ficavam à espera na calçada da praça Pio X. Ali, ainda não havia estacionamento de carro-de-praça - os chamados taxis de hoje. Luminárias eram feitas de forma exuberante e bela, com très lâmpadas em cada poste, todos eles feitos de ferro pintados de branco. Ao redor da praça havia quatro bancos onde se plantavam árvores de média estatura. Bondes e ônibus passavam em frente à praça, pela Avenida Deodoro, naquele tempo já calçada com pedras como até hoje se faz em ruas perífericas da cidade. Era um tempo ameno a capital, com o pessoal sem precaução a assaltos por elementos marginais. Quando muito, ouvia-se falar dos famosos ladrões de galinhas que invadiam os quintais tarde da noite. Então, era um alvoroço de "pedra ladrão" e se chamava os guardas-noturnos para prender o larápio, Hoje, não tem mais esses guardas e a policia já está dormindo. Antigamente, era um guarda-noturno a cada cem metros por toda a cidade.
A Praça Pio X era um esmero, principalmente durante à noite, pois à tarde era aquele calor. Vivia-se em um clima de esmerado bom tempo, com as pessoas passeando pela cidade à procura de um local de vendas mais aclimatado. Com o decorrer do tempo, a Nova Catedral foi construida no mesmo local onde, tempos passados, já havia sido escolhido pelo Padre João Maria. A praça, foi apenas lembrança de um espaço que não volta mais.
Do texto de Alderico Leandro, publicado no seu blog Asa Morena
16.2.10
Árvores Geneológicas
Recebi a mensagem abaixo:
"Meu nome é Silvio Ricardo Branco e trabalho para My Heritage (http://www.myheritage.com.br/ ).
Nosso site oferece uma plataforma gratuita para a construção de árvores genealógicas online e hoje contamos com mais de 400 milhões de perfis e 30 milhões de árvores genealógicas. Além disso, temos um sistema de buscas genealógicas (gratuito) que permite ao usuário pesquisar em mais 1400 arquivos simultaneamente.
Eu gostaria saber se você teria interesse em escrever um post sobre o My Heritage. Apreciamos muito a participação de blogueiros e internautas, e um post, anúncio ou revisão de nosso produto é muito bem-vindo".
Vale a visita!15.2.10
Carnaval de 1958
14.2.10
O Encantador dos Potiguares
Os transeuntes das calçadas do centro de Natal irão perceber - ou não - dentro de algum tempo, a ausência da figura de um homem simplório e de um olhar dispersivo, empunhando um instrumento musical denominado de rabeca - confundido muitas vezes com um violino - não fazendo mais parte do cenário urbanístico do bairro conhecido como Cidade Alta. Irão procurar ouvir o som dos acordes de uma “rabeca” tocado por um artista popular, por um artista do povo, por uma figura, agora, folclórica e irão se deparar somente com uma lembrança. A lembrança de um rabequeiro solitário e que vivia em busca de alguns trocados como reconhecimento ao seu talento e à sua subsistência. Quantos iniciantes da arte da fotografia - em aulas de campo - não o enquadraram na “regra dos terços” em seus primeiros ensaios? Lembro, sim, de o ter incluído em meus primeiros clic's. Lembro de nunca ter perguntado se o poderia fotografar - algo que nunca o chegou a importunar. Lembro, também, de nunca ter parado para perguntar o seu nome. "ANDRÉ" - esse era o seu nome - "ANDRÉ”. Descubro o seu nome em uma nota de falecimento em um blog de um amigo repórter-fotográfico. Só descubro porque há, entre tantos já capturados por inúmeros caçadores de imagens, um registro fotográfico. Um registro de um rabequeiro - sempre solitário. Obrigado ao André por ter feito parte do nosso cotidiano, da nossa história. Desculpe-me, André. Desculpe-me por nunca ter perguntado o seu nome…somente agora o sei. Que o seu instrumento de trabalho - A Rabeca - seja resguardada pelo poder público municipal e tenha um endereço certo em um de nossos museus populares. Como sempre…a real valorização do artista chega tardiamente. O som da RABECA do Encantador de Potiguares silenciou...para sempre.
Ah, André, o meu nome: José. Prazer ter te conhecido!
Enviado por JOrge Lira
8.2.10
Capitania das Artes
O Prédio da antiga Capitania dos Portos de Natal está localizado à Av. Luís da Câmara Cascudo, antes Rua da Cruz e também Av. Junqueira Aires, uma das mais antigas ruas da cidade, em pleno Corredor Cultural. O edifício foi construído no final do século passado, no mesmo local onde existia um outro prédio que, de 1830 a 1862, serviu de sede ao governo provincial.
Construída no final do século passado, em alvenaria de tijolo, que serviu de sede ao Governo do Estado, é possível terem sido aproveitadas, no novo prédio, algumas de suas paredes, denunciadas pela existência de alvenaria de pedra preta ou de maré, muito comum nas construções mais antigas do litoral nordestino. É uma edificação em estilo neoclássico, tendo como elemento mais forte a fachada, que se caracteriza pela simetria, ritmo dos cheios e vazios e pelos frontões que a compõem.
No dia 12 de agosto de 1873, foi instalada a Companhia de Aprendizes de Marinheiros, em prédio próprio na margem direita do Potengi. Ao que tudo indica, foi ampliado o velho palácio presidencial. No local, a Companhia funcionou de 1873 a 1885 e, novamente, de 1890 a 1898.
Demolido o velho casarão, no mesmo local foi edificado um novo prédio que serviu de sede à Capitania dos Portos até o ano de 1972. O prédio abandonado ficou fadado à destruição, pela ação do tempo e do abandono. Somente em 1972, a sede foi transferida para a Rua Chile, 232, Ribeira, onde funciona até hoje. A transferência ocorreu devido à necessidade do ao acesso ao mar, coisa que não existia na antiga sede. O Rio Grande do Norte recebeu a segunda Capitania dos Portos do País no dia 03 de outubro de 1847.
O prédio, que foi tombado em âmbito estadual em 11 de agosto de 1988, foi revitalizado pela Prefeitura do Natal, através do projeto de restauração elaborado pelo arquiteto João Maurício de Miranda, que recuperou os elementos que compõem a fachada principal do edifício.
A Fachada do prédio foi a única peça que permaneceu de pé, resistindo e desafiando o tempo. Vazada por muitas janelas, a fachada principal do prédio apresenta ainda dois frontões triangulares nas extremidades da parede e encontra-se emoldurada por cornijas e pilastras que marcam de forma bastante severa a edificação.
Por trás daquela parede, foi construído o prédio que serve de Espaço Cultural da Cidade. O antigo prédio, que já viveu o seu período de esplendor, depois de conhecer a decadência e a ruína, ressurgiu, desenvolvendo uma das mais nobres funções, que é a de servir à cultura.
Construída no final do século passado, em alvenaria de tijolo, que serviu de sede ao Governo do Estado, é possível terem sido aproveitadas, no novo prédio, algumas de suas paredes, denunciadas pela existência de alvenaria de pedra preta ou de maré, muito comum nas construções mais antigas do litoral nordestino. É uma edificação em estilo neoclássico, tendo como elemento mais forte a fachada, que se caracteriza pela simetria, ritmo dos cheios e vazios e pelos frontões que a compõem.
No dia 12 de agosto de 1873, foi instalada a Companhia de Aprendizes de Marinheiros, em prédio próprio na margem direita do Potengi. Ao que tudo indica, foi ampliado o velho palácio presidencial. No local, a Companhia funcionou de 1873 a 1885 e, novamente, de 1890 a 1898.
Demolido o velho casarão, no mesmo local foi edificado um novo prédio que serviu de sede à Capitania dos Portos até o ano de 1972. O prédio abandonado ficou fadado à destruição, pela ação do tempo e do abandono. Somente em 1972, a sede foi transferida para a Rua Chile, 232, Ribeira, onde funciona até hoje. A transferência ocorreu devido à necessidade do ao acesso ao mar, coisa que não existia na antiga sede. O Rio Grande do Norte recebeu a segunda Capitania dos Portos do País no dia 03 de outubro de 1847.
O prédio, que foi tombado em âmbito estadual em 11 de agosto de 1988, foi revitalizado pela Prefeitura do Natal, através do projeto de restauração elaborado pelo arquiteto João Maurício de Miranda, que recuperou os elementos que compõem a fachada principal do edifício.
A Fachada do prédio foi a única peça que permaneceu de pé, resistindo e desafiando o tempo. Vazada por muitas janelas, a fachada principal do prédio apresenta ainda dois frontões triangulares nas extremidades da parede e encontra-se emoldurada por cornijas e pilastras que marcam de forma bastante severa a edificação.
Por trás daquela parede, foi construído o prédio que serve de Espaço Cultural da Cidade. O antigo prédio, que já viveu o seu período de esplendor, depois de conhecer a decadência e a ruína, ressurgiu, desenvolvendo uma das mais nobres funções, que é a de servir à cultura.
Fonte: Funarte - Prefeitura do Natal
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto.
Vocabulário "caba-da-peste"!!!
Detesto quando as pessoas imitam (= arremedam) o nosso sotaque e os termos que usamos, mas não posso negar que o nosso vocabulário, realmente, é muito divertido. Aqui vão exemplos de algumas expressões:
Botão... é pitôco
Se é miúdo... é pixototinho
Se é pequeno... é cotôco
Tudo que é bom... é massa
Tudo que não tem qualidade... é peba
Rir dos outros... é mangar
Se é franzino... é xôxo
O bobo... se chama leso
E o medroso... chama frouxo
Tá estranho... tá tronxo
Vai sair diz... vou chegar
Mendigo... é esmolé
Cara (=caba) sem dinheiro... é liso
Pernilongo... é muriçoca (foto*)Chicote... se chama açoite
Quem entra sem licença... emburaca
Sinal de espanto... é vôte!
Se tá folgado... tá folote
Se a calça tá curta... tá pegando-marreco
Botar banca, fazer confusão ou bagunça... é botar boneco
Uma pessoa bem magrinha... é um cibite baliado
Ficar furioso... é pegar ar
Desistir, se humilhar... é pedir leite, pedir arrego
Detonar, difamar, esculachar... é botar pra lascar
Quem tem sorte... é cagado
Quem dá furo... é fulero
Sujeira de olho... é remela
Gente insistente... é pegajosa
Agonia... é aperreio
Meleca se chama... catota
Gases se chama... bufa
Catinga de suor... é inhaca
Palhaçada... é munganga
Desarrumado... é malamanhado
Bainha... é abanhado
Pessoa triste... é borocoxô
É mesmo!... é Iapôis!
Correr atrás de alguém... é dar uma carrera
Cabide... é ombrêra
Passear... é bater perna
Fofoca... é babado, resenha
Estouro... se chama pipôco
Confusão... é rolo
Bater no carro... é dar uma barruada
Jogar fora... é rebolar no mato
Ficar puto, irado... é ficar grosso!
Qualquer coisa... é “negócio”
Dar uma surra, bater... é dar uma "pisa"
Fazer a volta... é arrudiar
Colocar a camisa por dentro da calça... é ensacar
Se não souber do verbo diz... coisar!!!
Enviado por Ivan Pípolo - * Foto: "Muriçoca" de Sônia Furtado
Botão... é pitôco
Se é miúdo... é pixototinho
Se é pequeno... é cotôco
Tudo que é bom... é massa
Tudo que não tem qualidade... é peba
Rir dos outros... é mangar
Se é franzino... é xôxo
O bobo... se chama leso
E o medroso... chama frouxo
Tá estranho... tá tronxo
Vai sair diz... vou chegar
Mendigo... é esmolé
Cara (=caba) sem dinheiro... é liso
Pernilongo... é muriçoca (foto*)Chicote... se chama açoite
Quem entra sem licença... emburaca
Sinal de espanto... é vôte!
Se tá folgado... tá folote
Se a calça tá curta... tá pegando-marreco
Botar banca, fazer confusão ou bagunça... é botar boneco
Uma pessoa bem magrinha... é um cibite baliado
Ficar furioso... é pegar ar
Desistir, se humilhar... é pedir leite, pedir arrego
Detonar, difamar, esculachar... é botar pra lascar
Quem tem sorte... é cagado
Quem dá furo... é fulero
Sujeira de olho... é remela
Gente insistente... é pegajosa
Agonia... é aperreio
Meleca se chama... catota
Gases se chama... bufa
Catinga de suor... é inhaca
Palhaçada... é munganga
Desarrumado... é malamanhado
Bainha... é abanhado
Pessoa triste... é borocoxô
É mesmo!... é Iapôis!
Correr atrás de alguém... é dar uma carrera
Cabide... é ombrêra
Passear... é bater perna
Fofoca... é babado, resenha
Estouro... se chama pipôco
Confusão... é rolo
Bater no carro... é dar uma barruada
Jogar fora... é rebolar no mato
Ficar puto, irado... é ficar grosso!
Qualquer coisa... é “negócio”
Dar uma surra, bater... é dar uma "pisa"
Fazer a volta... é arrudiar
Colocar a camisa por dentro da calça... é ensacar
Se não souber do verbo diz... coisar!!!
Enviado por Ivan Pípolo - * Foto: "Muriçoca" de Sônia Furtado
29.1.10
Vale a pena visitar.
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Novo site do Solto na Cidade. Acesse!
Guia Cultural, Crônicas, Entrevistas, Espaço Gourmet, ... e muito mais.
http://www.soltonacidade.com.br/solto
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25.1.10
Danças Folclóricas e Autos Populares
O Folclore do Rio Grande do Norte é bastante rico em Autos e Danças Populares. Manifestações como o Côco, o Bumba-meu-Boi, a Embolada, os Presépios e os Fandangos são alguns dos formadores da identidade cultural do Estado.Muito comuns por todos os municípios nos séculos XIX e XX, atualmente estas formas de expressão estão cada vez mais difíceis de se encontrar, reservando-se a espetáculos folclóricos e eventos comemorativos. Muito dessa extinção deve-se ao “progresso” e ao advento das grandes cidades. A televisão e o cinema têm ocupado cada vez mais espaço na formação cultural da população, e as danças típicas perdem espaço para as mais modernas.
As danças populares podem ser classificadas em dois tipos: o mais importante é o dos Autos Populares, uma espécie de ópera, onde há uma dramatização específica para cada um dos Autos; e também as Danças Populares puras, sem qualquer dramatização envolvida, onde o que as diferencia é o ritmo envolvido.Os maiores exemplos de Autos encontrados no Rio Grande do Norte são os Fandangos, Cheganças, e Bois. Nos dois primeiros, o Auto tem inspiração marítima e é encenado com os participantes vestidos de marinheiros, sendo que no fandango são celebradas as conquistas marítimas, e na Chegança há a encenação de uma luta entre cristãos e mouros. Já o Boi (há vários tipos de Boi: Bumba-meu-boi, Boi-de-Reis, Boi-calemba) é uma das principais e mais famosas festas folclóricas populares do Brasil, sendo o foco da dramatização a história da morte e ressurreição de um boi, o personagem principal da trama.
As danças populares podem ser classificadas em dois tipos: o mais importante é o dos Autos Populares, uma espécie de ópera, onde há uma dramatização específica para cada um dos Autos; e também as Danças Populares puras, sem qualquer dramatização envolvida, onde o que as diferencia é o ritmo envolvido.Os maiores exemplos de Autos encontrados no Rio Grande do Norte são os Fandangos, Cheganças, e Bois. Nos dois primeiros, o Auto tem inspiração marítima e é encenado com os participantes vestidos de marinheiros, sendo que no fandango são celebradas as conquistas marítimas, e na Chegança há a encenação de uma luta entre cristãos e mouros. Já o Boi (há vários tipos de Boi: Bumba-meu-boi, Boi-de-Reis, Boi-calemba) é uma das principais e mais famosas festas folclóricas populares do Brasil, sendo o foco da dramatização a história da morte e ressurreição de um boi, o personagem principal da trama.
Já as Danças Folclóricas mais famosas no Estado são os Cocos, Bambelôs, Emboladas, Bandeirinhas e Capelinhas-de-melão. Estas duas últimas são características das Festividades Juninas. Os Cocos e Bambelôs são danças típicas de roda.
A grande diferença dos Autos é que não há caracterização e todos podem participar. Hoje ainda há apresentações de artistas folclóricos em festivais e eventos culturais em Natal e em cidades do interior do Estado.
Impossível falar do Folclore no Rio Grande do Norte sem falar de Câmara Cascudo, o maior folclorista do Brasil. O escritor potiguar, nascido em 30 de Dezembro de 1898 registrou a história das Danças Populares no RN desde a primeira apresentação oficial de uma dança folclórica em Natal, em 1812. Dentre suas obras, está o famoso Dicionário do Folclore Brasileiro, a maior obra sobre os personagens do imaginário popular brasileiro.
Em Natal, a Capitania das Artes conta com uma programação cultural sempre atualizada.
Texto por Lilian Canen e Mosaico das fotos por Esdras Nobre.
Texto por Lilian Canen e Mosaico das fotos por Esdras Nobre.
16.1.10
Padre João Maria
João Maria Cavalcanti de Brito, conhecido como Padre João Maria, nasceu em 23/06/1848 e faleceu em 16/10/1905 ).
Nascido na antiga Fazenda Logradouro do Barro, hoje Fazenda Três Riachos, em Jardim de Piranhas no Rio Grande do Norte, era filho de Amaro Cavalcanti e Ana de Barros. Entrou no Seminário de Fortaleza com 13 anos e foi ordenado sacerdote em 30/11/1871. Realizou a primeira missa quando tinha apenas 23 anos e assumiu a paróquia de Nossa Senhora da Apresentação, antiga catedral de Natal, em 07/08/1881.
“O passado está sempre a refletir no presente seus exemplos e suas virtudes. Nós do presente temos o dever precípuo de fixar para o futuro as coisas de outrora. Adentremos, pois, a poeira do tempo e de lá tiremos as coisas silentes e sacrossantas” disse Boanerges Soares, iniciando discurso em louvor à memória do Pe. João Maria.
Nascido na antiga Fazenda Logradouro do Barro, hoje Fazenda Três Riachos, em Jardim de Piranhas no Rio Grande do Norte, era filho de Amaro Cavalcanti e Ana de Barros. Entrou no Seminário de Fortaleza com 13 anos e foi ordenado sacerdote em 30/11/1871. Realizou a primeira missa quando tinha apenas 23 anos e assumiu a paróquia de Nossa Senhora da Apresentação, antiga catedral de Natal, em 07/08/1881.
“O passado está sempre a refletir no presente seus exemplos e suas virtudes. Nós do presente temos o dever precípuo de fixar para o futuro as coisas de outrora. Adentremos, pois, a poeira do tempo e de lá tiremos as coisas silentes e sacrossantas” disse Boanerges Soares, iniciando discurso em louvor à memória do Pe. João Maria.
Natal à época, último quartel do século XIX, era literalmente “um vale branco entre coqueiros”, como cantava Ferreira Itajubá, onde abundavam poetas e boêmios a serenatearem por ruas de sugestivos nomes, tais como: da Estrela, dos Tocos, da Palha, do Camboim, do Sebo, da Laranjeira, dos Preguiçosos e outras mais. Era comum deparar-se com a figura do canequeiro, popular que ganhava a vida vendendo água em canecos.
Integrou o Movimento Abolicionista fundando a Sociedade Libertadora Norteriograndense e a imprensa católica de Natal dirigindo o periódico Oito de Setembro.
Integrou o Movimento Abolicionista fundando a Sociedade Libertadora Norteriograndense e a imprensa católica de Natal dirigindo o periódico Oito de Setembro.
Foi nessa época que ele passou a ser conhecido pela sua extrema solidariedade, Padre João Maria marcou sua vida com uma meta bem definida: ajudar aos mais pobres. A determinação em estar ao lado dos que precisam, foi confirmada quando o Rio Grande do Norte foi atingido por uma epidemia de varíola, no final do século XIX, seguida de uma grande seca. Padre João Maria também distribua alimentos as pessoas mais pobres da cidade.
Desde então, é considerado como o Santo de Natal, aonde foi construída, por trás da Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação, uma praça em sua homenagem, lá existe um busto seu, onde fieis costumam fazer promessas se benzem com água benta e agradecem ao "santo" com pequenos objetos que fazem alusão às graças obtidas, a ele são atribuídas inúmeras graças, principalmente as que amenizam o sofrimento dos fiéis.
Devido ao grande esforço despendido nas suas atividades, contraiu varíola e por ordem médica afastou-se da paróquia e foi para casa de amigos no Alto do Juruá em Belo Monte (hoje Petrópolis) onde veio a falecer.
Desde então, é considerado como o Santo de Natal, aonde foi construída, por trás da Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação, uma praça em sua homenagem, lá existe um busto seu, onde fieis costumam fazer promessas se benzem com água benta e agradecem ao "santo" com pequenos objetos que fazem alusão às graças obtidas, a ele são atribuídas inúmeras graças, principalmente as que amenizam o sofrimento dos fiéis.
Devido ao grande esforço despendido nas suas atividades, contraiu varíola e por ordem médica afastou-se da paróquia e foi para casa de amigos no Alto do Juruá em Belo Monte (hoje Petrópolis) onde veio a falecer.
O lado mais autêntico dos fatos, contudo, verifica-se na espontaneidade popular, em devoção diária e constante, seja ante o seu busto na praça pública, na Cidade Alta, atrás da Igreja de Nossa Senhora da Apresentação, antiga Catedral, em frente a seu túmulo, no cemitério do Alecrim, na igreja do alto do Juruá, que as pessoas insistem em atribuí-la ao padre João Maria, ou mesmo no recolhimento dos lares. Os milagres, fez ainda em vida, no enfrentamento de tanta dificuldade. Hoje continua a fazê-los, através da fé que inspira, da esperança que consola os que lhe recorrem e da memória imorredoura de seu inesgotável amor, cuja chama se mantém, acesa no coração do povo potiguar.
Fontes: Ubiratan Queiroz e Wikipédia - Foto Sônia Furtado
10.1.10
Invasão Holandesa e o Brasão Holandês do Rio Grande do Norte.
primeiras moedas Brasileiras
A invasão.
A invasão do Rio Grande deu-se muito mais pela sua localização geográfica, servindo assim de ponto estratégico para o fortalecimento do domínio holandês no Brasil, e pela sua potencialidade no tocante ao fornecimento de provisão, sobretudo carne bovina aos moradores de Pernambuco, que pela sua produção açucareira ou até mesmo potencialidade nesta atividade econômica ou em outras atividades como a aurífera que também as interessava.
A estratégia usada para a invasão consistiu em, primeiro, obter informações sobre o poder de força lusa na capitania e, segundo, fazer o reconhecimento do litoral potiguar e buscar articulações com a indiaria. Isso se deu inicialmente em outubro de 1631, com o envio de uma grande expedição ao Rio Grande, que terminou por não lograr êxito no tocante à invasão em si, em razão da brava reação do então capitão-mor Cipriano Pita Porto Carreiro.
A 5 de dezembro de 1633, zarpava de Recife uma esquadra comandada pelo Almirante Jean Cornelissen Liichthord, com o objectivo de conquistar o Forte dos Reis Magos. Esta esquadra era composta de 4 navios e 7 iates. Neles embarcavam 808 homens.
Forte dos Reis Magos
O tenente-coronel Baltasar Bima, comandava as operações militares. Também fazia parte desta expedição, o conselheiro Carpentier e Matais Vau Keulen, um dos diretores da Companhia das Índias Ocidentais.
No dia 8 de dezembro, dá-se o desembarque em uma praia estreita, cercada de altas barreiras (até hoje não se sabe ao certo se era Ponta Negra). Daí separam-se as tropas, seguindo uma pelo mar, outra por terra, atravessando as dunas até chegar em Natal.
Os Holandeses construíram seus acampamentos nas proximidades do Forte, de forma que ficariam protegidos do ataque dos que lá estavam por uma duna quase tão alta quanto o Forte.
Diante da recusa do Comandante do Forte, Pero Mendes Gouveia, em ceder ao pedido dos holandeses, que queriam tomar o Forte, o combate se inicia em 8 de dezembro. No dia 10, o comandante do Forte é gravemente ferido. No dia 12, surge uma bandeira branca sobre as muralhas da Fortaleza, pedindo paz, a luta era de total incompatibilidade, 808 flamengos contra 85 portugueses. Ao ver a bandeira branca, o tenente-coronel Baltasar envia uma mensagem ao comandante do Forte, pedindo que ele se rendesse imediatamente; este, no entanto, negou-se e afirmou não ter sido dele a idéia de pedir paz.
Dentro do Forte havia pessoas estranhas e estes haviam colocado a bandeira pedindo a paz, entre as pessoas estavam um foragido, um condenado à morte e outro que havia vindo na expedição. O coronel Baltasar recebe uma carta de rendição e a recusa por não ter a assinatura do comandante, mas o Sargento Sebastião Pinheiro Coelho, que era o foragido que estava refugiado no Forte, afirma ter assumido o comando, uma vez que Pero Mendes encontrava-se enfermo e incapaz de tomar alguma decisão.
As negociações são feitas, os holandeses atendem a algumas reivindicações dos derrotados e ,no forte, é hasteada a bandeira dos flamengos, substituindo a bandeira portuguesa.
Isso aconteceu em 12 de dezembro de 1633, iniciando-se assim o domínio holandês no Rio Grande do Norte, seguindo-se até 1654.
Após tomarem o Forte, os holandeses se mostraram solidários com os derrotados, prestaram socorro ao comandante Pero Mendes e o enviaram para Recife.
Há historiadores que consideram a tomada do Forte como sendo possibilitada por uma traição, visto as negociações terem sido feitas com um preso e outro condenado à morte. Outros consideram realmente rendição.
Em homenagem ao diretor da Companhia das Índias Ocidentais, os holandeses trocaram o nome de Fortaleza dos Reis Magos por Castelo de Keulen.
Durante o domínio holandês o nosso Estado foi governado por 3 capitães: Joris Garstman Bijles, Johans Blaenbeeck, Jan Denniger e um major: Bayert, todos eles flamengos.
A atuação do domínio holandês limitou-se às regiões do litoral e do agreste.
A estratégia usada para a invasão consistiu em, primeiro, obter informações sobre o poder de força lusa na capitania e, segundo, fazer o reconhecimento do litoral potiguar e buscar articulações com a indiaria. Isso se deu inicialmente em outubro de 1631, com o envio de uma grande expedição ao Rio Grande, que terminou por não lograr êxito no tocante à invasão em si, em razão da brava reação do então capitão-mor Cipriano Pita Porto Carreiro.
A 5 de dezembro de 1633, zarpava de Recife uma esquadra comandada pelo Almirante Jean Cornelissen Liichthord, com o objectivo de conquistar o Forte dos Reis Magos. Esta esquadra era composta de 4 navios e 7 iates. Neles embarcavam 808 homens.
Forte dos Reis Magos
O tenente-coronel Baltasar Bima, comandava as operações militares. Também fazia parte desta expedição, o conselheiro Carpentier e Matais Vau Keulen, um dos diretores da Companhia das Índias Ocidentais.
No dia 8 de dezembro, dá-se o desembarque em uma praia estreita, cercada de altas barreiras (até hoje não se sabe ao certo se era Ponta Negra). Daí separam-se as tropas, seguindo uma pelo mar, outra por terra, atravessando as dunas até chegar em Natal.
Os Holandeses construíram seus acampamentos nas proximidades do Forte, de forma que ficariam protegidos do ataque dos que lá estavam por uma duna quase tão alta quanto o Forte.
Diante da recusa do Comandante do Forte, Pero Mendes Gouveia, em ceder ao pedido dos holandeses, que queriam tomar o Forte, o combate se inicia em 8 de dezembro. No dia 10, o comandante do Forte é gravemente ferido. No dia 12, surge uma bandeira branca sobre as muralhas da Fortaleza, pedindo paz, a luta era de total incompatibilidade, 808 flamengos contra 85 portugueses. Ao ver a bandeira branca, o tenente-coronel Baltasar envia uma mensagem ao comandante do Forte, pedindo que ele se rendesse imediatamente; este, no entanto, negou-se e afirmou não ter sido dele a idéia de pedir paz.
Dentro do Forte havia pessoas estranhas e estes haviam colocado a bandeira pedindo a paz, entre as pessoas estavam um foragido, um condenado à morte e outro que havia vindo na expedição. O coronel Baltasar recebe uma carta de rendição e a recusa por não ter a assinatura do comandante, mas o Sargento Sebastião Pinheiro Coelho, que era o foragido que estava refugiado no Forte, afirma ter assumido o comando, uma vez que Pero Mendes encontrava-se enfermo e incapaz de tomar alguma decisão.
As negociações são feitas, os holandeses atendem a algumas reivindicações dos derrotados e ,no forte, é hasteada a bandeira dos flamengos, substituindo a bandeira portuguesa.
Isso aconteceu em 12 de dezembro de 1633, iniciando-se assim o domínio holandês no Rio Grande do Norte, seguindo-se até 1654.
Após tomarem o Forte, os holandeses se mostraram solidários com os derrotados, prestaram socorro ao comandante Pero Mendes e o enviaram para Recife.
Há historiadores que consideram a tomada do Forte como sendo possibilitada por uma traição, visto as negociações terem sido feitas com um preso e outro condenado à morte. Outros consideram realmente rendição.
Em homenagem ao diretor da Companhia das Índias Ocidentais, os holandeses trocaram o nome de Fortaleza dos Reis Magos por Castelo de Keulen.
Durante o domínio holandês o nosso Estado foi governado por 3 capitães: Joris Garstman Bijles, Johans Blaenbeeck, Jan Denniger e um major: Bayert, todos eles flamengos.
A atuação do domínio holandês limitou-se às regiões do litoral e do agreste.
O Brasão.
O conde Maurício de Nassau, e, 1639, deu a cada capitania o seu brasão. O do Rio Grande foi descrito por Barléu desta maneira: "A província Rio Grande tinha por armas um rio, em cujas margens pisava ave. Havia, ainda, uma estrela de prata, na parte superior e o mote: velociter".
Para alguns autores, a ema foi escolhida para ilustrar o brasão, porque essa ave existia em grande número na referida região. Câmara Cascudo, contudo, discorda e afirma: "a ema nunca foi em tempo algum característica da fauna norte-rio-grandenses e especialmente no domínio holandês ". Mais um argumento apresentado por Câmara Cascudo" "caso Nassau desejasse colocar algo característico da capitania, teria, naturalmente, escolhido o gado, uma das razões para a conquista da região". E aponta outro motivo para a escolha da ema: uma homenagem de Nassau a um grande chefe cariri, Janduí, amigo dos holandeses, desenvolvendo uma argumentação convincente: "Janduí é o chefe das tropas fiéis, prontas, irresistíveis (...) Janduí é nome tupi, corrução de NHANDU, uma pequena e por autonomia, o corredor, o que corre muito. Daí o lema, VELOCITER", num estudo publicado na regista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.
Câmara Cascudo chegou a dizer o seguinte: "sem Janduí a companhia não sustinha o Rio Grande duas semanas. Natural, portanto, que Nassau prestasse uma homenagem ao fiel amigo. E, ainda, os janduís eram notáveis pela rapidez com que se deslocavam. Justificando, assim, o mote "VELOCITER". Razão, portanto, tem Câmara Cascudo quando concluiu que "Janduí é a ema do brasão holandês no Rio Grande do Norte".
Fonte: Jornal O Rebate e Tribuna do Norte - Imagens: Pesquisa na Internet
Para alguns autores, a ema foi escolhida para ilustrar o brasão, porque essa ave existia em grande número na referida região. Câmara Cascudo, contudo, discorda e afirma: "a ema nunca foi em tempo algum característica da fauna norte-rio-grandenses e especialmente no domínio holandês ". Mais um argumento apresentado por Câmara Cascudo" "caso Nassau desejasse colocar algo característico da capitania, teria, naturalmente, escolhido o gado, uma das razões para a conquista da região". E aponta outro motivo para a escolha da ema: uma homenagem de Nassau a um grande chefe cariri, Janduí, amigo dos holandeses, desenvolvendo uma argumentação convincente: "Janduí é o chefe das tropas fiéis, prontas, irresistíveis (...) Janduí é nome tupi, corrução de NHANDU, uma pequena e por autonomia, o corredor, o que corre muito. Daí o lema, VELOCITER", num estudo publicado na regista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.
Câmara Cascudo chegou a dizer o seguinte: "sem Janduí a companhia não sustinha o Rio Grande duas semanas. Natural, portanto, que Nassau prestasse uma homenagem ao fiel amigo. E, ainda, os janduís eram notáveis pela rapidez com que se deslocavam. Justificando, assim, o mote "VELOCITER". Razão, portanto, tem Câmara Cascudo quando concluiu que "Janduí é a ema do brasão holandês no Rio Grande do Norte".
Fonte: Jornal O Rebate e Tribuna do Norte - Imagens: Pesquisa na Internet
8.1.10
Palácio do Governo e Boate Plaza.
Este aqui foi o Palácio do Governo e findou sendo a Wunder-bar, onde funcionava um cabaré denominado Plaza*, de gente mais ou menos rica. O Palácio do Governo funcionou nesse prédio em junho de 1869. O prédio pertencia a Domingos Henrique de Oliveira, comerciante rico de Natal. O Governador era Pedro Barros Cavalcanti de Albuquerque. A rua não era a Chile, mas a Rua do Comércio, visto que alí se concentrava a grande parte dos comerciantes da época. O prédio era um sobrado e o Governador morava na parte de cima. Pelo que se tem visto na História do Rio Grande do Norte, aquele era o sobrado mais caro, mais imponente e mais alto que existia em Natal. Foi uma época intensa na vida da política do Estado.
Com o passar do tempo, o Palácio virou em uma casa de comércio, na parte de baixo, com um vasto sortimento de secos e molhados pertencente a um verdadeiro homem de visão, Aurino Suassuna que deu emprego a uma ou duas dezenas de operários. Os consumidores que frequentavam o armazém eram recebidos e tidos como alguém de alta classe, pelos atendentes que sempre estavam a esperade mais um consumidor As pessoas mais ricas de Natal sempre se dirigiam àquele Armazém para fazer as suas compras de mercado. Isso, no ano de 1950, antes e depois. O sobrado tinha dois andares e as pessoas que alí frequentavam sentiam-se orgulhosas de estar fazendo as suas compras naquela casa de comércio, a mais ilustre da capital. No prédio em que ficava a casa de negócios, quem fosse ali, passava por montes de sacos e de bebidas finas que existiam na época na capital. Na verdade, era um assombro se ouvir dizer que se fez as compras naquela casa.
O tempo foi passando e o lugar foi alugado pelo dono de uma boate chamada Plaza*. No local, tinham vitrolas, bailes, bebidas, comidas e muitas mulheres semi-vestidas fazendo o afago a seus namorados por um instante. Para se chegar até o palácio das ilusões fortuitas, entrava-se por uma porta nos fundos do edifício que dava para o rio Potengi. Todas as noites eram de prazer e de muito amor. As damas da noite, sorridentes, convidavam o seu amante para beber e lhe pagar também, um drinque e um cigarro americano. Homens já velhos, charutos na boca, se agasalhavam entre os seios da mulher amada e dava a ordem que ela podia pedir o que quisesse. Sorrisos em desalinhos, uma pintura de uma deusa em um lugar da parede, salão grenat e todo o recinto era tomado de perfumes de mulheres em seu investigativo olhar para o seu amante da noite. Fervorosos gritos suaves acompanhavam o parceiro na dança em meio a roda que se formava entre os dois. Com um pouco, três e mais além, todos os homens que ainda se aguentavam de pé.
O tempo, inexorável, foi passando e de cabaré só a lembrança dos homens mais velhos. No vetusto edifício, a água escorria como um ébrio que balança em uma imaginária corda bamba. Era o tempo da chuva. Chuva torrencial que levava aos trambolhões tudo o que aplicava em seu caminho. Na rua, caminhos de todos, outros noturnos ébrios se agasalhavam com o que podia da uma cobertura. O céu era plúmbeo dando a impressão que aquela noite não mais teria fim. Do cais ao lado, as buzinas dos barcos anunciando a chegada ou partida. O tempo rugia, frenético, por entre as paredes do Casarão. Em um momento nunca esperado, ouviu-se um estrondo. Algo que ruía por completo. Alguém olhou um tanto ébrio e pensou que era o tempo de dormir. Do casarão, uma parte enorme do edifício se espatifou no chão calçado. Era o fim, com certeza, daquele que foi um dia o Palácio do Governo, do Armazém de Cereais, da boate.
Texto original de Alderico Leandro. - *Com observações de Moacy Cirne. Foto: Frank Correia.
Com o passar do tempo, o Palácio virou em uma casa de comércio, na parte de baixo, com um vasto sortimento de secos e molhados pertencente a um verdadeiro homem de visão, Aurino Suassuna que deu emprego a uma ou duas dezenas de operários. Os consumidores que frequentavam o armazém eram recebidos e tidos como alguém de alta classe, pelos atendentes que sempre estavam a esperade mais um consumidor As pessoas mais ricas de Natal sempre se dirigiam àquele Armazém para fazer as suas compras de mercado. Isso, no ano de 1950, antes e depois. O sobrado tinha dois andares e as pessoas que alí frequentavam sentiam-se orgulhosas de estar fazendo as suas compras naquela casa de comércio, a mais ilustre da capital. No prédio em que ficava a casa de negócios, quem fosse ali, passava por montes de sacos e de bebidas finas que existiam na época na capital. Na verdade, era um assombro se ouvir dizer que se fez as compras naquela casa.
O tempo foi passando e o lugar foi alugado pelo dono de uma boate chamada Plaza*. No local, tinham vitrolas, bailes, bebidas, comidas e muitas mulheres semi-vestidas fazendo o afago a seus namorados por um instante. Para se chegar até o palácio das ilusões fortuitas, entrava-se por uma porta nos fundos do edifício que dava para o rio Potengi. Todas as noites eram de prazer e de muito amor. As damas da noite, sorridentes, convidavam o seu amante para beber e lhe pagar também, um drinque e um cigarro americano. Homens já velhos, charutos na boca, se agasalhavam entre os seios da mulher amada e dava a ordem que ela podia pedir o que quisesse. Sorrisos em desalinhos, uma pintura de uma deusa em um lugar da parede, salão grenat e todo o recinto era tomado de perfumes de mulheres em seu investigativo olhar para o seu amante da noite. Fervorosos gritos suaves acompanhavam o parceiro na dança em meio a roda que se formava entre os dois. Com um pouco, três e mais além, todos os homens que ainda se aguentavam de pé.
O tempo, inexorável, foi passando e de cabaré só a lembrança dos homens mais velhos. No vetusto edifício, a água escorria como um ébrio que balança em uma imaginária corda bamba. Era o tempo da chuva. Chuva torrencial que levava aos trambolhões tudo o que aplicava em seu caminho. Na rua, caminhos de todos, outros noturnos ébrios se agasalhavam com o que podia da uma cobertura. O céu era plúmbeo dando a impressão que aquela noite não mais teria fim. Do cais ao lado, as buzinas dos barcos anunciando a chegada ou partida. O tempo rugia, frenético, por entre as paredes do Casarão. Em um momento nunca esperado, ouviu-se um estrondo. Algo que ruía por completo. Alguém olhou um tanto ébrio e pensou que era o tempo de dormir. Do casarão, uma parte enorme do edifício se espatifou no chão calçado. Era o fim, com certeza, daquele que foi um dia o Palácio do Governo, do Armazém de Cereais, da boate.
Texto original de Alderico Leandro. - *Com observações de Moacy Cirne. Foto: Frank Correia.
2.1.10
A Bunda Que Vale Tudo (soneto)
Pedroliveira, meu pai, e Nilson Patriota foram amigos desde a adolescência. Na juventude e durante muito tempo gostavam de se reunir para declamarem poesias, de própria autoria ou de terceiros. Nilson, que se tornou grande poeta quando jovem usava o pseudônimo de La Tequere.
Ao longo do tempo um soneto desta época, feito por Nilson ficou apenas na memória de meu pai. Por diversas vezes, após sua morte ao encontrar-me com Nilson eu repetia o primeiro verso porque não sabia os restantes e ele nunca deixava de cobrar o soneto e nunca o fiz por displicência.
Fiquei devendo isto a Nilson.
Ambos confirmaram a história do soneto: Certo comerciante do Alecrim tinha uma filha muito gostosa, mas do tipo “feia de cara, mas boa de bunda” e nos seus papos, ainda nos anos 40, sempre a viam passar pela Rua Amaro Barreto, e Nilson não perdeu a oportunidade e o soneto ficou.
A Bunda Que Vale Tudo
Quando ela passa, todo mundo espia.
Não para a cara que não é formosa
E sim para a bunda, e que bunda mimosa.
Em bunda eu nunca vi tanta magia.
Treme, requebra, anseia, rodopia,
Dentro de uma expressão maravilhosa
É uma bunda de carne cor de rosa
Da cor do Sol quando é dia.
E ela sabe que essa bunda é boa
Vai rebolando pelo mundo à toa
Deixando a multidão maravilhada.
Eu a contemplo em silêncio mudo
Não pela cara que não vale nada
E sim pela bunda que vale tudo.
(La Tequere)
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto.
Aruá
"Conheci Aruá trabalhando como motorista na Praça Hillman. Era um cara formidável e por seu intermédio conheci Chaguinha, seu colega de profissão que trabalhava na Praça da Ribeira. Eram dois motoristas natos, cada vez que se encontravam surgia sempre uma piada diferente. Nunca vi tanto senso de humor e a, além disso, os dois moravam em Lagoa Seca e eram vizinhos.
-x-
Um dia Aruá acordou mais cedo e sentou-se na calçada.
Chaguinha viu aquilo e sentou-se ao seu lado e começaram a conversar.
Lá pras tantas Chaguinha diz:
“Minha mulher passou a noite arriada”.
Aruá pergunta:
“Por quem?”.
Passaram-se muitos dias e a cena se repetiu. Chaguinha sentado na calçada e chega Aruá e começam a conversar. Lá pras tantas Aruá diz:
“A minha mulher está grávida”.
Responde Chaguinha:
“Você já desconfia de alguém?”.
-x-
Aruá chega em casa, e sua mãe o estava esperando e foi logo dizendo: “Está faltando tudo nesta casa, falta café, açúcar, pão, feijão, carne, farinha, água, luz,... afinal de contas não tem nada”.
Responde Aruá:
“Então vamos nos mudar”.
Aruá trabalhou algum tempo comigo sendo demitido depois de algum tempo. Porque embora fosse uma excelente pessoa como funcionário me trazia alguns problemas. Depois de demitido, e transcorridos alguns meses me encontrei com ele e disse:
- Aruá, quanto tempo que não lhe via!
- Pedro, se você quisesse me ver, não teria me demitido, respondeu".
Por Pedro de Oliveira Cavalcanti - Pedro de Nezinho, meu pai.
Fotos: Automóveis Hillman 1948 e 1949.
27.12.09
Feliz Ano Novo!
Estamos nos aproximando do Ano Novo.
Poucos dias para o término do ano velho que passou com dificuldades para muitos enquanto outros tranqüilamente o atravessaram.
Riquezas, não só materiais, ganhas, riquezas perdidas, entre elas pessoas queridas e importantes na nossa vida.
Teremos no próximo ano a repetição orquestrada de várias coisas.
Teremos Copa do Mundo.
Teremos campanhas políticas com promessas vãs abundantes de mentiras e falsidades.
Teremos Papos-cabeça sobre aquecimento global e recuperação da economia.
Teremos de ouvir declarações e promessas de dirigentes que entrarão no anedotário universal, mas que refletirão nos costados dos humildes.
Teremos os impostos aumentados de uma forma ou de outra,
Que seja um ano, mesmo assim, com sol para deleite dos urbanos e litorâneos, mas com chuva suficiente para os trinta por cento dos brasileiros que produzem para esses.
Que a educação e saúde cheguem um pouco mais, nunca um pouco menos, para os jovens, adultos e idosos.
Que os ateus e agnósticos sejam iluminados com um pouco de religiosidade.
Que os poderosos caminhem em direção ao fim das guerras.
Que a ganância e a inveja sejam pelo menos atenuadas nos corações de cada um.
Que seja possível aprender com os solidários a ser como eles.
Que não deixemos de cumprir nossas juras e promessas ditas nos momentos de confraternização.
Que seja realmente um Ano Novo com muito amor em nossos corações.
FELIZ ANO NOVO PARA TODOS!
25.12.09
É Natal!
O Aniversário do Sagrado Menino Jesus
Autoria de Jania Souza - http://janiasouzaspvarncultural.blogspot.com/
Sorrisos fartos, abraços solidários
Brilho de luzes multicores
No túnel que são as ruas da vida.
As fachadas dos prédios, das casas, dos bares
Sussurram cantigas em baladas de sinos.
Olhos brilham na sinfonia universal
São anjos sempre invisíveis
Ou disfarçados de homens, mulheres, crianças
Inspirados na emoção maior da fraternidade.
O ar com seu jeito mágico de Natal
Flui o nome maior da cristandade
E revela que há possibilidade na terra
Para o amor e a paz.
Portas abrem-se à luz!
Em seu humilde berço
O sagrado Menino
Estende seus braços
E colhe as dores debulhadas nas estradas.
Transforma com seu toque terno
As lágrimas de mágoas
Em sementes de esperança
Abençoadas com as pétalas do amanhã.
O parabéns repete-se constante, firme
Na voz de anjos de qualquer origem
Com a certeza da durabilidade
Do amor extraído do Ser precioso
Que é o Sagrado Menino.
Poema de Natal
Vinicius de Moraes
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
Autoria de Jania Souza - http://janiasouzaspvarncultural.blogspot.com/
Sorrisos fartos, abraços solidários
Brilho de luzes multicores
No túnel que são as ruas da vida.
As fachadas dos prédios, das casas, dos bares
Sussurram cantigas em baladas de sinos.
Olhos brilham na sinfonia universal
São anjos sempre invisíveis
Ou disfarçados de homens, mulheres, crianças
Inspirados na emoção maior da fraternidade.
O ar com seu jeito mágico de Natal
Flui o nome maior da cristandade
E revela que há possibilidade na terra
Para o amor e a paz.
Portas abrem-se à luz!
Em seu humilde berço
O sagrado Menino
Estende seus braços
E colhe as dores debulhadas nas estradas.
Transforma com seu toque terno
As lágrimas de mágoas
Em sementes de esperança
Abençoadas com as pétalas do amanhã.
O parabéns repete-se constante, firme
Na voz de anjos de qualquer origem
Com a certeza da durabilidade
Do amor extraído do Ser precioso
Que é o Sagrado Menino.
Poema de Natal
Vinicius de Moraes
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
Fotos de Canindé Soares e Tribuna do Norte do Auto do Natal de Natal 2009: Jesus, Maria e José.
23.12.09
Programação do Natal em Natal - 2009
DESFILE ESTRELA DO NATAL
A alegria natalina em forma de cor, luz e movimento. Diversos personagens do natal tomam conta da avenida,, enchendo os olhos de crianças e todas as idades. Dias: 25, 26, 27, 29/12 e 02, 03, 05 e 06/01/2010 na Praça Cívica.
A alegria natalina em forma de cor, luz e movimento. Diversos personagens do natal tomam conta da avenida,, enchendo os olhos de crianças e todas as idades. Dias: 25, 26, 27, 29/12 e 02, 03, 05 e 06/01/2010 na Praça Cívica.
AUTO DO NATAL – MÚSICAS NATALINAS
Um espetáculo que retrata o nascimento do Menino Jesus com grande produção e elenco. Em seguinda, apresentações musicais animam a noite de milhares de pessoas. 23/12 A partir das 19 horas no Anfiteatro da UFRN.
Um espetáculo que retrata o nascimento do Menino Jesus com grande produção e elenco. Em seguinda, apresentações musicais animam a noite de milhares de pessoas. 23/12 A partir das 19 horas no Anfiteatro da UFRN.
ILUMINAÇÃO E DECORAÇÃO NATALINA
Natal se enche de luz e uma ornamentação especial é preparada para aumentar ainda mais o encaonto da festa. Postes, fachadas, árvores e prédios iluminam todos os cantos da cidade com a beleza e a magia do Natal.
CANTOS E ENCANTOS DE NATAL
A música é uma das principais características natalinas. E no Natal em Natal, ela é cantada e celebrada por corais da cidade em um grande festival aberto ao público. Dia 28/12 a partir das 18:30 na Praça do Natal em Mirassol.
Natal se enche de luz e uma ornamentação especial é preparada para aumentar ainda mais o encaonto da festa. Postes, fachadas, árvores e prédios iluminam todos os cantos da cidade com a beleza e a magia do Natal.
CANTOS E ENCANTOS DE NATAL
A música é uma das principais características natalinas. E no Natal em Natal, ela é cantada e celebrada por corais da cidade em um grande festival aberto ao público. Dia 28/12 a partir das 18:30 na Praça do Natal em Mirassol.
FEIRA DE ARTESANATO NATALENSE E ATRAÇÕES LOCAIS
Até 06/01/2001 na Praça do Natal em Mirassol das 16 às 22 horas.
RÉVEILLON
A virada do ano em Natal é comemorada em quatro caminhos. O caminho das Dunas, na praia da Redinha; o Caminho da Praia na Praia do Forte e na Praia dos Artistas; o Caminho do Morro, na praia de Ponta Negra; e o Caminho da Cidade, com programação de eventos nas ruas do centro histórico. Shows pirotécnicos e artistas locais garantem a emoção na despedida do ano velho. A partir das 18:30 horas no dia 31/12 com shows pirotécnicos na virada do ano
Até 06/01/2001 na Praça do Natal em Mirassol das 16 às 22 horas.
RÉVEILLON
A virada do ano em Natal é comemorada em quatro caminhos. O caminho das Dunas, na praia da Redinha; o Caminho da Praia na Praia do Forte e na Praia dos Artistas; o Caminho do Morro, na praia de Ponta Negra; e o Caminho da Cidade, com programação de eventos nas ruas do centro histórico. Shows pirotécnicos e artistas locais garantem a emoção na despedida do ano velho. A partir das 18:30 horas no dia 31/12 com shows pirotécnicos na virada do ano
FESTA DE SANTOS REIS
Missas, novenas, procissão, apresentações de grupos folclóricos, barracas, comidas típicas e shows são alguns dos igredientes desta grande festa de fé e alegria comemoranda sempre no início do ano. De 28/12 a 06/01/2010 na Praça de Santos Reis..
ANIVERSÁRIO DE NATAL
18 horas: Missa e 21 horas Show de Padre Fábio no Machadão.
Missas, novenas, procissão, apresentações de grupos folclóricos, barracas, comidas típicas e shows são alguns dos igredientes desta grande festa de fé e alegria comemoranda sempre no início do ano. De 28/12 a 06/01/2010 na Praça de Santos Reis..
ANIVERSÁRIO DE NATAL
18 horas: Missa e 21 horas Show de Padre Fábio no Machadão.
22.12.09
Clarice Palma
Clarice da Silva Pereira Palma, norte-rio-grandense de Natal. Filha do ator teatral e poeta, Francisco Palma e de Júlia Teixeira da Silva Palma.
Orgulhava-se por ter herdado do seu genitor todo o temperamento artístico. Como atriz-poetisa, dedicou a maior parte de sua vida à Arte Cênica, o que lhe valeu, o maior aplauso e forte entusiasmo da platéia natalense, na interpretação de “Dona Xepa”, personagem-título da peça de Pedro Bloch. Em julho de 1981, recebeu, de seus fãs e amigos, a grande homenagem representada pela aposição de uma placa de bronze, alusiva ao seu trabalho, numa das paredes do principal teatro de sua terra, o Alberto Maranhão.
Delegada, no Rio Grande do Norte, do Movimento Poético Nacional, entidade cultural que tem sede em São Paulo e cuja presidência a proclamou como “Embaixatriz do Nordeste Poético”, tendo sido o respectivo diploma entregue pessoalmente, por uma comissão do M.P.N, na própria cidade de Natal, para onde se deslocou, especialmente para essa solenidade.
Ganhadora de diversos troféus pertenceu a diversas Academias de Cultura do Brasil e fora dele.
Com uma bagagem literária de oito livros de poesias e três peças teatrais. Radialista, jogou ao ar programas de grande aceitação e merecedores dos maiores elogios. Como jornalista escreveu, com assiduidade, nos jornais e revistas de sua terra natal. Nasceu a 12 de abril de 1911, desafiava a mocidade por seu temperamento jovial, sua energia, sua espantosa memória e seu físico! Dedicando-se também a música, tocou piano, bandolim e violão e seu maior gosto; viajar, conheceu o Brasil quase todo e uma pequena parte do Exterior. Faleceu em 11 de agosto de 1996.
EU, EM RIMAS
PARA O MEU AMOR
Tudo o que sou, em rimas vou jogando
pela folhagem verde do meu chão;
por esta estrada em que vou caminhando,
coberta, sempre, pela inspiração!
E a caminhar, assim, feliz, sonhando,
numa só rima eu me transformo, então;
rima que rima com o seu nome brando...
rima ditada pelo coração!
Rima que é doce, como o nosso anseio;
que se aninhou, de manso, no meu seio
e que, comigo, dorme no meu leito!
E essa rima, pura e tão rimada,
é o meu segredo, que me traz calada,
sem comentários, pelo preconceito!
Fonte: Jornal da Poesia. Foto: Por do Sol no Potengi.
15.12.09
Redinha
REDERREDINHA
Vai um peixe frito com tapioca?
Um cheiro de dendê de mercado?
De cachaça chegada ao copo?
De caju cortado ao prato?
Uma cavala branca no Pé do Gavião?
Um cheiro de dendê de mercado?
De cachaça chegada ao copo?
De caju cortado ao prato?
Uma cavala branca no Pé do Gavião?
Serigoela, mangaba, cajá
Cheiro de quê?
De amor?
Cheiro de mar?
Cheiro de quê?
De amor?
Cheiro de mar?
Redinha do Gajeiro
Da folia do carnaval
Dos paquetes chegando
Praieiras
Da folia do carnaval
Dos paquetes chegando
Praieiras
Quantos amores
Quantos encantos
e cantos
a Redinha cantou?
Quantos encantos
e cantos
a Redinha cantou?
Sonho de casamento na capelinha branca
alto da duna
Benção
da Mãezinha dos Navegantes!
alto da duna
Benção
da Mãezinha dos Navegantes!
Redinha de ginga
palhas de coqueirais
velas, cabelos ao vento
Brisa
palhas de coqueirais
velas, cabelos ao vento
Brisa
Ranger de areia fina
no passodescalço
de pastorinhas em fandangos
e bumbas-meu-boi.
no passodescalço
de pastorinhas em fandangos
e bumbas-meu-boi.
Sonopreguiça
Rederredinha
Natal !
Rederredinha
Natal !
Poesia de Eduardo Alexandre.
11.12.09
Nomes Populares de algumas doenças
- ANTÓJO - ISPINHELA CAÍDA - DOR NOS QUARTOS - PÉ DISMINTIDO - MOLEIRA MOLE - QUEBRANTO - TOSSE DE CACHORRO – FARNIZIM - PASSAMENTO - CACHINGAR – FRIEIRA - COBREIRO DE PÉ - PEREBA – CURUBA - REMELA NO ZÓI
- DORDÓI – GASTURA - MARIA PRETA - DOR NO PÉ DA BARRIGA - DOR DE VIADO - BODE - BOI – IMPINGE – PILÔRA - PANO BRANCO
- XANHA – ESTALICIDO – BICHEIRA - FININHA - ALÔJO – ÍNGUA - BICHO DE PÉ - EMPACHADO - FASTIO - DOR NO ESPINHAÇO - BUCHO QUEBRADO - DENTIQUÊRO - CALO SECO - UNHA FOFA - PÉ INCHADO – PAPOQUINHA - CORPO REIMOSO - MUCUIM – BERRUGA - OLHO DE PEIXE - SETE COUROS - CORPO MUÍDO - LANDRA INCHADA - BARRIGA FAROSA – DIFRUÇO - GÔTO INFLAMADO - MÔCO - PÁ QUEBRADA - CADUQUICE - VISTA CANSADA - OS QUARTOS ARRIADO
- ESPINHA CARNAL – PAPÊRA - DOENÇA DOS NERVOS - OMBRO DISMINTIDO - QUEIMA NO ESTOMBO - JUÍZO INCRIZIADO - FERVIÃO NO CORPO - CAMPANHIA CAÍDA - ESMORECIMENTO NO CORPO - DESENCHAVIDO - PITO FROUXO - ISCURICIMENTO DE VISTA – PIRA - TISGA - INFRAQUICIDA - VENTO CAÍDO - FRACO DOS NERVOS - ESPORÃO DE GALO - BICO DE PAPAGAIO - DOR NAS COSTAS QUE RESPONDE NA PERNA - DOR NAS CRUZ - DOR NOS BRUGUMI - MAL JEITO NO ESPINHAÇO – INTALO - INTANGUIDA
- DIFULUÇO - DOR NAS CADEIRAS - SAPIRANGA NOS ÓI - RUÇARA - DOR NA JUNTA - MONDRONGO - INQUIZILA - PÉ DURMENTE - ESQUENTAMENTO - VERMÊIA – CESÃO - CARNE TRIADA - NERVO TORTO - DOR NO MUCUMBÚ - SOLITÁRIA - ASTROSE E ASTRITE – SAPINHO - ENTOJO - PAPEIRA – TIRISSA - LUNDU - NÓ NAS TRIPAS – ALGUEIRO - ESTOPOR - GÔGO – UNHEIRO - BOQUEIRA - CALOMBO - DORMÊNCIA NUMA BANDA DO CORPO - ZÔVO GÔRO – MURRINHA - ZÔVO VIRADO
- CANSAÇO NO CORAÇÃO - JUÊI DISMANTELADO - ZÓIO NUVIADO – VAZAMENTO - ÁGUA NAS JUNTAS - RESGUARDO – INTUPIDO - MUFUMBA - FÍGADO OFENDIDO - VÊIA QUEBRADA - CHABOQUE DO JOELHO ARRANCADOEnviadas por Carlos Linhares - Fotos: Flickr.com com montagem do blog
- DORDÓI – GASTURA - MARIA PRETA - DOR NO PÉ DA BARRIGA - DOR DE VIADO - BODE - BOI – IMPINGE – PILÔRA - PANO BRANCO
- XANHA – ESTALICIDO – BICHEIRA - FININHA - ALÔJO – ÍNGUA - BICHO DE PÉ - EMPACHADO - FASTIO - DOR NO ESPINHAÇO - BUCHO QUEBRADO - DENTIQUÊRO - CALO SECO - UNHA FOFA - PÉ INCHADO – PAPOQUINHA - CORPO REIMOSO - MUCUIM – BERRUGA - OLHO DE PEIXE - SETE COUROS - CORPO MUÍDO - LANDRA INCHADA - BARRIGA FAROSA – DIFRUÇO - GÔTO INFLAMADO - MÔCO - PÁ QUEBRADA - CADUQUICE - VISTA CANSADA - OS QUARTOS ARRIADO
- ESPINHA CARNAL – PAPÊRA - DOENÇA DOS NERVOS - OMBRO DISMINTIDO - QUEIMA NO ESTOMBO - JUÍZO INCRIZIADO - FERVIÃO NO CORPO - CAMPANHIA CAÍDA - ESMORECIMENTO NO CORPO - DESENCHAVIDO - PITO FROUXO - ISCURICIMENTO DE VISTA – PIRA - TISGA - INFRAQUICIDA - VENTO CAÍDO - FRACO DOS NERVOS - ESPORÃO DE GALO - BICO DE PAPAGAIO - DOR NAS COSTAS QUE RESPONDE NA PERNA - DOR NAS CRUZ - DOR NOS BRUGUMI - MAL JEITO NO ESPINHAÇO – INTALO - INTANGUIDA
- DIFULUÇO - DOR NAS CADEIRAS - SAPIRANGA NOS ÓI - RUÇARA - DOR NA JUNTA - MONDRONGO - INQUIZILA - PÉ DURMENTE - ESQUENTAMENTO - VERMÊIA – CESÃO - CARNE TRIADA - NERVO TORTO - DOR NO MUCUMBÚ - SOLITÁRIA - ASTROSE E ASTRITE – SAPINHO - ENTOJO - PAPEIRA – TIRISSA - LUNDU - NÓ NAS TRIPAS – ALGUEIRO - ESTOPOR - GÔGO – UNHEIRO - BOQUEIRA - CALOMBO - DORMÊNCIA NUMA BANDA DO CORPO - ZÔVO GÔRO – MURRINHA - ZÔVO VIRADO
- CANSAÇO NO CORAÇÃO - JUÊI DISMANTELADO - ZÓIO NUVIADO – VAZAMENTO - ÁGUA NAS JUNTAS - RESGUARDO – INTUPIDO - MUFUMBA - FÍGADO OFENDIDO - VÊIA QUEBRADA - CHABOQUE DO JOELHO ARRANCADOEnviadas por Carlos Linhares - Fotos: Flickr.com com montagem do blog
6.12.09
Cadê Teresa?
Teresa de Azevedo Dantas (nome de solteira) nasceu em 15 de outubro de 1923. Fez o curso de Guarda-Livros (hoje Contabilidade), no Colégio Nossa Senhora das Neves. Uma inovação tratando-se de uma mulher, praquela época. Falava inglês, francês, freqüentava as melhores festas, esbanjava beleza e charme e foi aluna da Escola Doméstica de Natal, onde aprendeu a preparar banquetes... Na escola era chamada por Teresão e em casa, carinhosamente, por Teca e pelos demais Teca de Zé Paulino.
Aos 27 anos, Teresa foi rendida pelo charme e os olhos azuis de um agricultor simples, sem pedigree, Luiz Pereira de Araújo. E os dois planejaram voar pra longe, em busca de um paraíso onde pudessem viver um amor eterno. No primeiro passo Teresa definiu a vida dela e de quem mais chegasse. Uma fotografia com a seguinte dedicatória foi o pivô de tudo: "Luiz, você concretiza o meu ideal na vida. Meu amor por você será eterno. E o resto você compreenderá no silêncio eloqüente desta fotografia e na expressão sincera do meu olhar."
Num navio, Teresa e Luiz partiram às escondidas da cidade de Natal, rumo ao porto de Santos, com um enxoval completo, todo bordado à mão, feito com carinho, pra guardar por toda a vida. Em Santos, o cunhado (irmão de Luiz) aguardava os pombinhos. Já tinha reservado igreja, contratado padre, alugado vestido, sapato, dama de honra, fotógrafo (uma foto vale mais do que mil palavras). Tudo que um casamento de verdade merece. Até o cartório estava de plantão. Enquanto isso, Teresa e Luiz foram morar num acampamento, em plena mata virgem, no Paraná – maior exportador de café do mundo. Um estado que precisava abrir estradas pra escoar sua riqueza e por isso eles foram pra lá. Essa simbiose de amor começou a dar galhos. Desses galhos nasceram frutos e não pára mais de dar flores.
Mas, cadê Teresa? Teresa está em Jaraguá (GO), guardada por dois de seus filhos, que não arredam o pé de perto dela. Feito uma rainha, só sendo paparicada, dando ordens pra todo mundo. O diploma de Guarda-Livros está na parede, assim como fotografias que registram os momentos bons. A máquina de datilografia manual está guardada debaixo de sete chaves assim como alguns de seus cadernos de receitas.
Aos 27 anos, Teresa foi rendida pelo charme e os olhos azuis de um agricultor simples, sem pedigree, Luiz Pereira de Araújo. E os dois planejaram voar pra longe, em busca de um paraíso onde pudessem viver um amor eterno. No primeiro passo Teresa definiu a vida dela e de quem mais chegasse. Uma fotografia com a seguinte dedicatória foi o pivô de tudo: "Luiz, você concretiza o meu ideal na vida. Meu amor por você será eterno. E o resto você compreenderá no silêncio eloqüente desta fotografia e na expressão sincera do meu olhar."
Num navio, Teresa e Luiz partiram às escondidas da cidade de Natal, rumo ao porto de Santos, com um enxoval completo, todo bordado à mão, feito com carinho, pra guardar por toda a vida. Em Santos, o cunhado (irmão de Luiz) aguardava os pombinhos. Já tinha reservado igreja, contratado padre, alugado vestido, sapato, dama de honra, fotógrafo (uma foto vale mais do que mil palavras). Tudo que um casamento de verdade merece. Até o cartório estava de plantão. Enquanto isso, Teresa e Luiz foram morar num acampamento, em plena mata virgem, no Paraná – maior exportador de café do mundo. Um estado que precisava abrir estradas pra escoar sua riqueza e por isso eles foram pra lá. Essa simbiose de amor começou a dar galhos. Desses galhos nasceram frutos e não pára mais de dar flores.
Mas, cadê Teresa? Teresa está em Jaraguá (GO), guardada por dois de seus filhos, que não arredam o pé de perto dela. Feito uma rainha, só sendo paparicada, dando ordens pra todo mundo. O diploma de Guarda-Livros está na parede, assim como fotografias que registram os momentos bons. A máquina de datilografia manual está guardada debaixo de sete chaves assim como alguns de seus cadernos de receitas.
Clique na imagem para ver a receita do Curso de Cozinha Artística de Arte Culinária da Escola Doméstica de Natal ministrado por D. Noilde Ramalho em 1944. Se não conseguir ler na tela envie uma mensagem para: nataldeontem@gmail.com
Texto e fotos enviados por Iracema Dantas de Araújo, filha de D. Teresa
4.12.09
Beco da Lama
Quem passa pelo saudoso Beco da Lama, uma rua estreita no centro da cidade - Natal Rn - nem se lembra que alí se dorme no chão bruto, se vende flores e produtos aromáticos para festejar o seu santo preferido, de São Jorge a Yemanjá, come-se à bessa, nos restaurantes que alí existem, toma-se uma caninha "braba", daquelas que inveterado cospo e faz cara feia, joga-se no bicho, pois em Natal não é proibido jogar (no bicho - cobra, macaco ou avestruz) e tem tanta coisa que se falar aqui, não vai dar tempo. Antigamente, um rapaz, numa bodega da esquina, próximo a feira das frutas, tinha o seu ponto predileto onde fazia para vender a tradicional "meladinha" que era cachaça com mel. Ele só abria o ponto às 10h da manhã. Fechava às 2h da tarde para abrir outra vez, às 4h. Alí, bebiam em um reservado, os secretários de estado, escritores, advogados, jornalistas e até mesmo boêmio para não se dizer outra palavra não menos cabida. Eu não sei se, depois da morte do homem, o bar continuou funcionando. Sei, apenas que, aos sábados, por volta das 10h, outra vez o Beco da Lama se enche de gente. São jornalistas, poétas, escritores, advogados ou mesmo quem ainda não é conhecido. O Beco, num pedacinho de nada, se enche de gente, cada um com a sua conversa e todos falando a um tempo só. É, na verdade, um ponto de encontro dos "velhos" e inveterados amigos - e até inimigos - que se juntam para comemorar, com as suas falas o que tem de se comemorar: Nada!!!. Tão logo passe o dia, o Beco se esvazia. Em tempos remotos, tinha ali um "cabaré", pois era assim que se chamava uma casa de alguns quartos para alugar a homens que tomavam uma "dama" para ter um relacionamento conjugal. Essas moças - quase sempre de 20 anos ou pouco mais - viviam alí à espera do seu "homem" que por meia hora era o seu "dono". Depois desse tempo, era lavar e enxugar. Outro "homem" talvez estivesse impaciente para poder entrar e cumprir a mesma missão. O Beco da Lama é antigo. Vem dos primórdios do tempo em que a cidade acabava alí. Lama era porque pelo beco escorria lam ou de chuva ou de lavagem de roupa e de banho. A lama descia pelo local até chegar a um terreno próximo do Mercado da Cidade e alí ficava. Natal era uma cidade - naquela época - de poucas casas e naquele beco existiam mocambos de palha fincados na areia. Um cachorro magro era a arma de cada um. Quando o cão sarnento latia era sinal que vinha gente para um dos casebres, sempre para falar da vida dos outros. Um certo dia, a Câmara Municipal proibiu da gente contunuar morrando em suas palhoças. Tinha que se fazer casebres de taipa. A cidade foi tomando pé do progresso, mas o Beco continuou a ser chamado "da Lama", apesar de existir uma placa dizendo que alí é a rua Dr. Francisco Ivo, um homem que morou na Av. Rio Branco, quase na esquina com a rua Cel. Cascudo onde tem a Feira das Frutas. A placa está na bodega de Nazzi, homem que já morreu e que, em vida, fazia a tradicional "meladinha". Hoje, a rua é calçada e as casas são todas de comércio, salvo o quiosque que existe no local onde as "damas" costumam fazer o seu "ponto". O Beco da Lama é pequeno, indo da rua Ulisses Caldas até a rua João Pessoa. Depois desse ponto, o beco leva outro nome. Hoje, um grupo de blogueiros e não blogueiros fazem dali um ponto de encontro, um reduto, para se dizer melhor, principalmente aos sábados, mas sem deixar os outros dias passar em branco. Poucos sabem a história do Beco. Outros, sabem até demais. Alguns teimam em chamar o beco de apenas Beco. Notívago, o Beco da Lama, sem nada para encher as agruras do tempo, ele é um beco como outros existentes em toda a parte do mundo.
Por Alderico Leandro (Blog Asa Morena - link ao lado)
2.12.09
Natal Ontem e Hoje
“Lembro o alvissareiro da torre da Matriz. Antes de 1862 estava o mastro fincado no pátio do Quartel Militar. Feita a torre da Matriz, chantaram o pau dos sinais no topo e perto do alvissareiro, João Irineu de Vasconcelos, ganhando 200$000 por ano. Ficava ele olhando a cidade, morros, praias, rio e mar. Todo o horizonte era uma moldura circular para sua curiosidade. Devia erguer uma bandeira sempre que avistasse navio. Do lado do norte o mastro se fosse barco vindo desta zona. Do sul, lá despontasse. (Luís da Câmara Cascudo)
“[...} temos a informar que o último edifício da Câmara e Cadeia de Natal foi demolido no ano de 1911, quando ocorreu a inauguração de uma nova cadeia construída no bairro de Petrópolis. O vetusto edifício foi derrubado com a finalidade de alarga-se a via de acesso, entre a Praça André de Albuquerque e o Rio Potengi, hoje representada pela Rua João da Mata”. (Olavo de Medeiros Filho)
“Depois do Royal Cinema foi morrendo como um canário ao qual não se dão mais água nem milho alpiste. Foi sofrendo de mal triste. De esvaziamento. E acabou-se. Derrubaram o prédio que ele ocupava, que ia da esquina da Rua Vigário Bartolomeu até a parede da Prefeitura. Era um prédio romântico, meio “art-nouveau”, de muitos cochichos e conversas sentimentais. Até a saudade de pedra e cal desapareceu. Resta uma outra saudade, imponderável, que aumenta quando a gente folheia velhos álbuns e escuta Royal Cinema de Tonheca Dantas”. (Augusto Severo Neto)
“[...} temos a informar que o último edifício da Câmara e Cadeia de Natal foi demolido no ano de 1911, quando ocorreu a inauguração de uma nova cadeia construída no bairro de Petrópolis. O vetusto edifício foi derrubado com a finalidade de alarga-se a via de acesso, entre a Praça André de Albuquerque e o Rio Potengi, hoje representada pela Rua João da Mata”. (Olavo de Medeiros Filho)
“Depois do Royal Cinema foi morrendo como um canário ao qual não se dão mais água nem milho alpiste. Foi sofrendo de mal triste. De esvaziamento. E acabou-se. Derrubaram o prédio que ele ocupava, que ia da esquina da Rua Vigário Bartolomeu até a parede da Prefeitura. Era um prédio romântico, meio “art-nouveau”, de muitos cochichos e conversas sentimentais. Até a saudade de pedra e cal desapareceu. Resta uma outra saudade, imponderável, que aumenta quando a gente folheia velhos álbuns e escuta Royal Cinema de Tonheca Dantas”. (Augusto Severo Neto)
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Fotos Superiores: Praça André de Albuquerque, Igreja N. S. do Rosário dos Pretos e ao fundo o Rio Potengi.
Fotos do Meio: Casa da Câmara e Cadeia.
Fotos Inferiores: Antigo Royal Cinema, Atual Procuradoria Municipal - Cidade Alta -
Para ampliar clique nas fotos.
Fonte: Semurb
28.11.09
Manifestações Literárias II
Usar a língua espanhola era comum entre os escritores portugueses do século XVI. Mas é singular a produção poética no idioma dos índios Tupi, grupo lingüístico que ocupava quase todo o litoral brasileiro no século XVI. Os jesuítas submeteram esse idioma à disciplina gramatical e ele se tornou, com a designação expressiva da “língua geral”, o principal veículo de comunicação entre colonizadores e indígenas; depois, entre os descendentes dos colonizadores, muitos deles mestiços. A obra de Anchieta e a prática extensiva da língua geral indicam que poderia ter-se desenvolvido no Brasil uma cultura paralela e um bilingüismo equivalente ao que ainda existe no Paraguai (devido também à catequese jesuítica). Essa concorrência alarmou as autoridades metropolitanas, interessadas em usar o seu próprio idioma como instrumento de domínio e homogeneização cultural, a ponto de, no século XVIII, proibirem o uso da língua geral nas regiões onde ela predominava.
Isto é dito para destacar uma das funções da literatura culta no Brasil Colonial; impor a língua portuguesa e registrá-la em escritos que ficassem como marcos, ressaltando a sua dignidade de idioma dos senhores,
ao qual todos deveriam submeter-se, como afinal acabou acontecendo.
A não ser o caso das tribos indígenas sobreviventes, e de alguma persistência da língua geral na Amazônia, os idiomas indígenas foram proscritos, assim como os africanos, que vieram com a importação de escravos. Trata-se de um verdadeiro processo de dominação lingüística, aspecto da dominação política, no qual a literatura culta, repito, desempenhou papel importante. Foi pena que a grande percepção de Anchieta não tivesse seguidores, pois ele combinava a tradição clássica, redefinida pelo humanismo do Renascimento, com certos veios mais populares da tradição ibérica, visíveis nos autos teatrais e na escolha das formas métricas de sua lírica. Além disso, acolheu e procurou dar dignidade à própria expressão lingüística do indígena, mostrando que seria possível uma cultura menos senhorial, mais aberta aos grupos dominados.
Portanto, o que aqui predominou e deu a tônica foi uma literatura de senhores, que transpôs o requinte da literatura metropolitana e nem sempre foi capaz de sentir a complexidade da sociedade nova. Mas é preciso não encará-la com espírito de compêndio ou manual, isto é, como se as listas de nomes, obras e temas, postos em sucessão no espaço da página, significassem a existência de uma verdadeira vida literária, que só ocorrerá a partir do século XVIII, quando se esboça uma “República das Letras”. Nos séculos XVI e XVII o que havia eram autores ocasionais, ou circunscritos à sua região, produzindo obras que na maioria absoluta não foram impressas, inclusive porque o Brasil só teve licença para possuir tipografias depois de 1808. Algumas dessas produções foram editadas em Portugal, mas outras de grande importância conheceram apenas a difusão oral ou manuscrita, atingindo círculos restritos e só no século XIX chegaram ao livro.
Isolados, separados por centenas e milhares de quilômetros uns dos outros, esses escritores dispersos pelos raros núcleos de povoamento podem ser comparados a vaga-lumes numa noite densa. Podia haver lugares, como a Bahia, onde se reuniam homens cultos, sobretudo clérigos e legistas. Podia haver sermões brilhantes que encantavam o auditório, ou poetas de mérito recitando e passando cópias de seus poemas.
No conjunto, eram manifestações literárias que ainda não correspondiam a uma etapa plenamente configurada da literatura, pois os pontos de referência eram externos, estavam na Metrópole, onde os homens de letras faziam os seus estudos superiores e de onde recebiam prontos os instrumentos de trabalho mental.
Isto é dito para destacar uma das funções da literatura culta no Brasil Colonial; impor a língua portuguesa e registrá-la em escritos que ficassem como marcos, ressaltando a sua dignidade de idioma dos senhores,
ao qual todos deveriam submeter-se, como afinal acabou acontecendo.
A não ser o caso das tribos indígenas sobreviventes, e de alguma persistência da língua geral na Amazônia, os idiomas indígenas foram proscritos, assim como os africanos, que vieram com a importação de escravos. Trata-se de um verdadeiro processo de dominação lingüística, aspecto da dominação política, no qual a literatura culta, repito, desempenhou papel importante. Foi pena que a grande percepção de Anchieta não tivesse seguidores, pois ele combinava a tradição clássica, redefinida pelo humanismo do Renascimento, com certos veios mais populares da tradição ibérica, visíveis nos autos teatrais e na escolha das formas métricas de sua lírica. Além disso, acolheu e procurou dar dignidade à própria expressão lingüística do indígena, mostrando que seria possível uma cultura menos senhorial, mais aberta aos grupos dominados.
Portanto, o que aqui predominou e deu a tônica foi uma literatura de senhores, que transpôs o requinte da literatura metropolitana e nem sempre foi capaz de sentir a complexidade da sociedade nova. Mas é preciso não encará-la com espírito de compêndio ou manual, isto é, como se as listas de nomes, obras e temas, postos em sucessão no espaço da página, significassem a existência de uma verdadeira vida literária, que só ocorrerá a partir do século XVIII, quando se esboça uma “República das Letras”. Nos séculos XVI e XVII o que havia eram autores ocasionais, ou circunscritos à sua região, produzindo obras que na maioria absoluta não foram impressas, inclusive porque o Brasil só teve licença para possuir tipografias depois de 1808. Algumas dessas produções foram editadas em Portugal, mas outras de grande importância conheceram apenas a difusão oral ou manuscrita, atingindo círculos restritos e só no século XIX chegaram ao livro.
Isolados, separados por centenas e milhares de quilômetros uns dos outros, esses escritores dispersos pelos raros núcleos de povoamento podem ser comparados a vaga-lumes numa noite densa. Podia haver lugares, como a Bahia, onde se reuniam homens cultos, sobretudo clérigos e legistas. Podia haver sermões brilhantes que encantavam o auditório, ou poetas de mérito recitando e passando cópias de seus poemas.
No conjunto, eram manifestações literárias que ainda não correspondiam a uma etapa plenamente configurada da literatura, pois os pontos de referência eram externos, estavam na Metrópole, onde os homens de letras faziam os seus estudos superiores e de onde recebiam prontos os instrumentos de trabalho mental.
Texto de Antonio Cândido
27.11.09
"Almas Nuas" no Solar Bela Vista 26.11.2009
Uma bela noite no lançamento do livro de poemas "Almas Nuas"!
Zedelfino irradiando alegria e felicidade cercado dos seus anjos e demônios, todos com suas almas nuas despidas de todas suas vaidades e arrogâncias.
Os que o amam, admiram e respeitam, felizes em reencontrar aqueles que fecham os laços dessa imensa teia de relacionamentos, sem se incomodarem com a gritante ausência dos invejosos que não sabem cultuar o êxito e sucesso de alguém, porque realmente não podem deixar de ser o centro do universo, verdadeiros reis-sol, ou melhor, na realidade reis-solitários.
Alguns lá chegaram silenciosos e discretos, mas na face externando sua alegria em ali estar, brincando, soltando galhofas, mas, sobretudo se confraternizando com tiradas elogiosas ao poeta.
Zedelfino irradiando alegria e felicidade cercado dos seus anjos e demônios, todos com suas almas nuas despidas de todas suas vaidades e arrogâncias.
Os que o amam, admiram e respeitam, felizes em reencontrar aqueles que fecham os laços dessa imensa teia de relacionamentos, sem se incomodarem com a gritante ausência dos invejosos que não sabem cultuar o êxito e sucesso de alguém, porque realmente não podem deixar de ser o centro do universo, verdadeiros reis-sol, ou melhor, na realidade reis-solitários.
Alguns lá chegaram silenciosos e discretos, mas na face externando sua alegria em ali estar, brincando, soltando galhofas, mas, sobretudo se confraternizando com tiradas elogiosas ao poeta.
25.11.09
Natal Ontem e Hoje
“Os meus olhos ainda não viram nada mais encantador que o nosso Potengi, descendo para o mar, nas horas de vazante, sereno e calmo, conduzindo nas águas mansas uma porção de barcos leves, que vão e vem, que aparecem e desaparecem nas curvas dos rios, dando a perspectiva, uns tons suaves de mágica, de tela polycroma...” (Henrique Castriciano)
As ruas de Natal foram se consolidando de forma constituir uma trama viária típica de cidade colonial, com ruas estreitas, casas pequenas construídas sobre alinhamentos frontais e laterais dos lotes, sem qualquer separação entre o espaço privado e o público, e as calçadas como espaço das atividades de convivência e confraternização de vizinhança.” (Giovana Paiva de Oliveira)
“A construção da Praça Sete de Setembro, em 1914, desfigurou-a para sempre, derribando uma metade da rua. O parque do Palácio demoliu outro trecho. Hoje a Rua da Conceição possui apenas uma fila de edifícios, e está reduzida a um pequenino número, contados da esquina do Palácio do Governo até a Praça João Maria, antiga Praça da Alegria. A Rua da Conceição, entretanto, teve história sugestiva e colorida”. (Luís da Câmara Cascudo)
Fotos Superiores: Atual Pça. André de Albuquerque, Pça. João Tibúcio e vista do Potengi;
Fotos do Meio: Rua da Conceilção e Esquina da antiga Pça. da Alegria atual Pçc. Pe. João Maria
Fotos Iinferiores: Rua da Conceição e Palacio Potengi.
Fonte:Semurb
Fonte:Semurb
21.11.09
Dos Bondes ao Hippie Drive In
Os primeiros telefones em Natal surgiram, conforme Câmara Cascudo, entre 1908 e 1911. Em 1918 a prestação do serviço era feita pela empresa paulista Tração Força e Luz (energia elétrica, bondes e telefonia). O gerente era João batista Vasquez que residia em São Paulo e por aqui aparecia periodicamente. As ligações eram feitas através de um pool de telefonistas que trabalhavam na sede da Empresa que fiava na Avenida Tavares de Lyra na Ribeira.
Luis da Câmara Cascudo em 1979, destacava que os natalenses mais ricos faziam o gesto de combinar uma ligação telefônica simulando o giro de uma manivela, típica dos primeiros telefones da cidade. Esse gesto foi posteriormente transformado na simulação da “discagem” nos anos que antecederam os aparelhos com teclas. Os serviços públicos, de uma maneira geral, eram extremamente ineficientes e se encaminhavam para um colapso total e as reclamações foram se acumulando. Natal chegou a ficar três dias sem o serviço de bondes. Em 1921 o governador Antônio José de Melo e Souza visando atender o interesse público criou a Repartição de Serviços Urbanos com a missão de gerir a prestação dos serviços de bonde, de coleta de lixo, de produção, conservação e venda de gelo, geração e distribuição de energia elétrica e telefonia. Dessa forma os serviços públicos foram estatizados em Natal. O seu primeiro diretor-gerente foi o escriturário do Tesouro João Sizenando Pinheiro. A repartição funcionava na Avenida Tavares de Lyra.
Ao longo dos anos seguintes ocorreu melhora nos serviços, mas em 1929 o governador Juvenal Lamartine de Faria, com aprovação da Assembléia Legislativa deu o passo inverso e autorizou a privatização de parte dos serviços e foi autorizado a contratar empresa privada para voltar a prestar serviços de eletricidade e telefonia.
As ligações telefônicas públicas automáticas só aconteceram em 1942, no início da II Guerra.
Em meados dos anos 50 a Radional, Radio Internacional do Brasil, americana, foi encarregada de prestar o serviço de ligações telefônicas interurbanas em Natal. O sistema funcionava com apenas um canal e operava em baixa freqüência de rádio, normalmente muito ruidoso. Efetuar ligações interurbanas era um privilégio restrito praticamente às autoridades estaduais, e como era difícil completar uma ligação! A estação ficava na “Corrente” onde hoje é o Conjunto Potilândia em Lagoa Nova, e a conexão era essencialmente para o Rio de Janeiro (capital federal) e demorava horas para se conseguir uma condição apenas razoável de comunicação. Os usuários mais freqüentes eram o Governador Dinarte Mariz e o Deputado Djalma Marinho. Quando a ligação local não era possível era necessário se deslocar para a Radional que funcionava próxima a Estação Ferroviária, para se comunicar com o rio de Janeiro. A Telern, Companhia Telefônica do Rio grande do Norte só foi criada em 1963, no Governo Aluísio Alves, e possibilitou os primeiros passos para a integração interestadual pelas telecomunicações através da repetidora de Serra de Santana com a possível execução de ligações interurbanas entre natal, Macaíba, Ceará Mirim, Mossoró, Angicos, Lajes, Caicó, Pau dos Feros e Currais Novos.Fonte:
Dos Bondes ao Hippie Drive-In de Carlos de Fred Sizenando R. Pinheiro
17.11.09
De Natal a Manhattan - holandeses e judeus
Pero Mendes de Gouveia, Capitão-mor (espanhol, segundo alguns), ferido nos combates, muito macho, não entregou a Fortaleza. A rendição (1633) se deu por obra e graça da covardia dos subalternos. Começara mal, assim, a dominação holandesa no Rio Grande. A galegada flamenga de Olinda e Recife, cinco anos depois da conquista de Pernambuco, estava de olho no gado, no açúcar e na mandioca da terra. A Fortaleza dos Reis Magos virou Castelo Keulen, a incipiente vila de poucas palhoças, na Cidade Alta (ou nos Guarapes?), foi rebatizada: Nova Amsterdã. Começou a inhanha: a exploração, a violência, os massacres - um deles, o de Uruaçu, poucos dias depois da vitória.
Jacó Rabi (rabbi em hebraico, significando "mestre"), Conselheiro da Companhia das Índias, judeu alemão, pintou e bordou em Cunhaú (1645), matando muita gente. Esse camarada arranjou amizade com os tapuias Janduís, comandando uma uma tropa de choque, violenta longa manu dos interesses batavos. Era tão ruim que os próprios judeus, portugueses e protestantes, prejudicados com suas façanhas, forçaram o seu assassinato, a mandado do coronel holandês Gartsman, casado com uma brasileira.
Significativa, intensa até, foi a presença israelita no Nordeste durante a ocupação flamenga. Tangidos de Portugal e Espanha, acusados de heresias - vivendo outros na própria Holanda mas originários da Península, - os sefardins, ricos, chegavam aos nossos portos, atraídos pelo comércio, ganhando dinheiro, prosperando.
No Recife, fundaram a primeira sinagoga das Américas. Gilberto Freire afirmava que, desde Cabral, de dez portugueses que vinham para cá, oito eram judeus marranos (cristãos-novos).
No Rio Grande, hoje, pouca gente se dá conta da sua origem hebraica. Vencidos os holandeses nos Guararapes, liberada a Capitania, sua fortaleza e sua vila primeira (Natal), a maioria dos judeus afortunados da região - marranos ou não - se escafedeu para o Caribe e para uma outra "Nova Amsterdã", um entreposto flamengo, na ilha de Manhattan - que depois, sob o guante da espada inglesa, viria a ser chamada de Nova Iorque. Esse grupo ajudaria a fundar o império capitalista americano. Os outros, os menos bafejados pela sorte, obrigados novamente a se cristianizarem, foram palmilhar os caminhos do sertão, misturando-se às populações indígenas. Ficaram, todavia, os sobrenomes reveladores: Carvalho, Moreira, Nogueira, Oliveira, Pinheiro, Lopes, Dias, Nunes, Souza, Medeiros, Costa, Cardoso, Fonseca e tantos outros. Dos costumes e manias - afirmam, por aí -, deixaram-nos a carne de sol, o comércio à prestação, de porta em porta, a pintura das casas no final do ano, a sangria dos animais para a alimentação, o sepultamento dos defuntos envolvidos em mortalhas.
Os holandeses, por sua vez, parece (ainda bem, ainda bem!), só nos deixaram os Wanderley do Assu - salvas algumas poucas exceções, gente de brio, de prumo, de engenho e de muita arte, até nossos dias...
(Laélio Ferreira, Poeta e pesquisador - Foto: Av. Circular e Rua do Motor.
Jacó Rabi (rabbi em hebraico, significando "mestre"), Conselheiro da Companhia das Índias, judeu alemão, pintou e bordou em Cunhaú (1645), matando muita gente. Esse camarada arranjou amizade com os tapuias Janduís, comandando uma uma tropa de choque, violenta longa manu dos interesses batavos. Era tão ruim que os próprios judeus, portugueses e protestantes, prejudicados com suas façanhas, forçaram o seu assassinato, a mandado do coronel holandês Gartsman, casado com uma brasileira.
Significativa, intensa até, foi a presença israelita no Nordeste durante a ocupação flamenga. Tangidos de Portugal e Espanha, acusados de heresias - vivendo outros na própria Holanda mas originários da Península, - os sefardins, ricos, chegavam aos nossos portos, atraídos pelo comércio, ganhando dinheiro, prosperando.
No Recife, fundaram a primeira sinagoga das Américas. Gilberto Freire afirmava que, desde Cabral, de dez portugueses que vinham para cá, oito eram judeus marranos (cristãos-novos).
No Rio Grande, hoje, pouca gente se dá conta da sua origem hebraica. Vencidos os holandeses nos Guararapes, liberada a Capitania, sua fortaleza e sua vila primeira (Natal), a maioria dos judeus afortunados da região - marranos ou não - se escafedeu para o Caribe e para uma outra "Nova Amsterdã", um entreposto flamengo, na ilha de Manhattan - que depois, sob o guante da espada inglesa, viria a ser chamada de Nova Iorque. Esse grupo ajudaria a fundar o império capitalista americano. Os outros, os menos bafejados pela sorte, obrigados novamente a se cristianizarem, foram palmilhar os caminhos do sertão, misturando-se às populações indígenas. Ficaram, todavia, os sobrenomes reveladores: Carvalho, Moreira, Nogueira, Oliveira, Pinheiro, Lopes, Dias, Nunes, Souza, Medeiros, Costa, Cardoso, Fonseca e tantos outros. Dos costumes e manias - afirmam, por aí -, deixaram-nos a carne de sol, o comércio à prestação, de porta em porta, a pintura das casas no final do ano, a sangria dos animais para a alimentação, o sepultamento dos defuntos envolvidos em mortalhas.
Os holandeses, por sua vez, parece (ainda bem, ainda bem!), só nos deixaram os Wanderley do Assu - salvas algumas poucas exceções, gente de brio, de prumo, de engenho e de muita arte, até nossos dias...
(Laélio Ferreira, Poeta e pesquisador - Foto: Av. Circular e Rua do Motor.
14.11.09
Os índios somos nós?
Alguns historiadores relatam que em 1497, Vasco da Gama aportou no litoral potiguar. Outros descrevem que Colombo esteve também por aqui nessa época acompanhado do navegador português Duarte Pacheco Pereira. Todavia, somente em 1501 foi fixada o primeiro Marco de Posse colonial da terra brasileira por Portugal, atualmente conhecido como o Marco de Touros.
Praticamente havia duas ramificações indígenas nas terras do RN: os índios Potiguara descendentes dos Tupis que habitavam o litoral e os Tarairiu oriundo dos Tapuias então habitantes do sertão. Atraídos pelas riquezas do Novo Mundo, chegaram ao nosso litoral os primeiros corsários franceses em busca do pau-brasil, árvore do qual se retirava corante, muito utilizado em tecidos na Europa. Os franceses tinham uma relação comercial com os potiguaras denominada escambo, os indígenas levavam a madeira para a praia na forma de tronco e em troca recebiam quinquilharias.
Preocupados com a permanência dos franceses no litoral, a Coroa portuguesa resolve dividir suas terras em 15 capitanias hereditárias, estando elas limitadas pela linha fictícia do Tratado de Tordesilhas, através do qual Portugal e Espanha haviam dividido os territórios da América. A Capitania do Rio Grande foi doada a Ayres da Cunha e seu sócio João de Barros que, em 1635 organizaram uma expedição com 10 embarcações fortemente armadas para expulsar os franceses que naquele momento tinham como aliados os índios potiguaras e juntos defenderam-se dos ataques portugueses conseguindo rechaçar a expedição. Após passarem quase 100 anos de domínio francês em nosso litoral, é que a conquista portuguesa obteve êxito, dando início à construção de um forte nas margens do Rio Grande, hoje Potengi. Em 25 de dezembro de 1599 foi fundada as margens do Rio Grande a “Povoação dos Reis” que só veio a se chamar “Cidade do Natal” em 1614.
Os Holandeses foram obrigados a fugir da Bahia em 1625, não desistiram e conquistaram Pernambuco em 1631, ocupando o Rio Grande em 1633. O forte foi denominado de Castelo de Ceulen e Natal de Nova Amsterdã. Fizeram alianças com os tapuias e conquistaram o engenho de Cunhaú, porém, em 1654 depois de 24 anos de domínio foram definitivamente banidos do Brasil.
Em meados de 1961 a população da “Cidade do Natal” chegava a 150 mil habitantes depois de 340 anos de existência, praticamente todos esses moradores, essas pessoas, tinham um vínculo familiar, um parentesco, mas a população cresceu e nos dias de hoje, alcançamos 800 mil habitantes de desconhecidos. A migração e imigração tornaram a cidade lotada de pessoas de todas as origens e credos, muito deles endinheirados comprando extensões de praias ao longo do nosso litoral a fim de construir hotéis e resort para diversão de turistas estrangeiros.
O escambo é pela moeda, os índios agora somos nós, entregamos nossas areias brancas onduladas pelo vento, as nossas dunas reluzentes banhadas por praias praticamente virgens, habitadas por pescadores e veranistas com o intuito de favorecer o desenvolvimento sustentado, aumentando a pretensa arrecadação e divisas para o nosso Estado.
A bela praia de Ponta Negra é um exemplo típico, a calvície do morro do careca expandiu a ponto de ser proibido a sua subida, ao seu arredor empreendimentos vão à justiça para edificar prédios altos, bem altos, competindo com a altura do morro, podendo modificar a paisagem, simplesmente para habitar moradores que façam escambo. A Ponta Negra de hoje jamais voltará a ser da época que conheci, com suas redes pescando cardumes de tainha e pescarias de xaréu em Alagamar. Ponta Negra não pertence mais aos moradores antigos de Natal, a vila dos pescadores não pertence mais aos antigos pescadores, a bela praia de Ponta Negra pertence aos donos de Hotéis e Pousadas que lotam de turistas estrangeiros muitos deles a fim de realizar escambo para sua própria diversão, Ponta Negra atualmente è, uma terra de ninguém.
José Eduardo Vilar Cunha - Jornalista e professor UFRN
Praticamente havia duas ramificações indígenas nas terras do RN: os índios Potiguara descendentes dos Tupis que habitavam o litoral e os Tarairiu oriundo dos Tapuias então habitantes do sertão. Atraídos pelas riquezas do Novo Mundo, chegaram ao nosso litoral os primeiros corsários franceses em busca do pau-brasil, árvore do qual se retirava corante, muito utilizado em tecidos na Europa. Os franceses tinham uma relação comercial com os potiguaras denominada escambo, os indígenas levavam a madeira para a praia na forma de tronco e em troca recebiam quinquilharias.
Preocupados com a permanência dos franceses no litoral, a Coroa portuguesa resolve dividir suas terras em 15 capitanias hereditárias, estando elas limitadas pela linha fictícia do Tratado de Tordesilhas, através do qual Portugal e Espanha haviam dividido os territórios da América. A Capitania do Rio Grande foi doada a Ayres da Cunha e seu sócio João de Barros que, em 1635 organizaram uma expedição com 10 embarcações fortemente armadas para expulsar os franceses que naquele momento tinham como aliados os índios potiguaras e juntos defenderam-se dos ataques portugueses conseguindo rechaçar a expedição. Após passarem quase 100 anos de domínio francês em nosso litoral, é que a conquista portuguesa obteve êxito, dando início à construção de um forte nas margens do Rio Grande, hoje Potengi. Em 25 de dezembro de 1599 foi fundada as margens do Rio Grande a “Povoação dos Reis” que só veio a se chamar “Cidade do Natal” em 1614.
Os Holandeses foram obrigados a fugir da Bahia em 1625, não desistiram e conquistaram Pernambuco em 1631, ocupando o Rio Grande em 1633. O forte foi denominado de Castelo de Ceulen e Natal de Nova Amsterdã. Fizeram alianças com os tapuias e conquistaram o engenho de Cunhaú, porém, em 1654 depois de 24 anos de domínio foram definitivamente banidos do Brasil.
Em meados de 1961 a população da “Cidade do Natal” chegava a 150 mil habitantes depois de 340 anos de existência, praticamente todos esses moradores, essas pessoas, tinham um vínculo familiar, um parentesco, mas a população cresceu e nos dias de hoje, alcançamos 800 mil habitantes de desconhecidos. A migração e imigração tornaram a cidade lotada de pessoas de todas as origens e credos, muito deles endinheirados comprando extensões de praias ao longo do nosso litoral a fim de construir hotéis e resort para diversão de turistas estrangeiros.
O escambo é pela moeda, os índios agora somos nós, entregamos nossas areias brancas onduladas pelo vento, as nossas dunas reluzentes banhadas por praias praticamente virgens, habitadas por pescadores e veranistas com o intuito de favorecer o desenvolvimento sustentado, aumentando a pretensa arrecadação e divisas para o nosso Estado.
A bela praia de Ponta Negra é um exemplo típico, a calvície do morro do careca expandiu a ponto de ser proibido a sua subida, ao seu arredor empreendimentos vão à justiça para edificar prédios altos, bem altos, competindo com a altura do morro, podendo modificar a paisagem, simplesmente para habitar moradores que façam escambo. A Ponta Negra de hoje jamais voltará a ser da época que conheci, com suas redes pescando cardumes de tainha e pescarias de xaréu em Alagamar. Ponta Negra não pertence mais aos moradores antigos de Natal, a vila dos pescadores não pertence mais aos antigos pescadores, a bela praia de Ponta Negra pertence aos donos de Hotéis e Pousadas que lotam de turistas estrangeiros muitos deles a fim de realizar escambo para sua própria diversão, Ponta Negra atualmente è, uma terra de ninguém.
José Eduardo Vilar Cunha - Jornalista e professor UFRN
11.11.09
Dos bondes ao Hipie Drive-in
"Dos Bondes ao Hippie Drive-in", fragmentos cotidianos da cidade do Natal, de Carlos e Fred Sizenando Rossiter Pinheiro, lançado no dia 12 de novembro de 2009, às 19 horas, no Clube de Engenharia na Av. Rodrigues Alves, nº 1004, Tirol, ao lado da Cidade da Criança. Só para despertar a curiosidade, parte da introdução do livro:
"Dentre tantas fotografias interessantes, tivemos o delicioso trabalho de selecionar as imagens mais representativas, que contribuíssem para transformar a leitura num agradável mergulho no túnel do tempo, que nos transporta de forma lúdica a uma Natal que evolui entre 26 mil e 300 mil habitantes, que dava seus primeiros passos para a modernidade. Voltamos também aos anos 60, tempo das tanajuras espetadas pelo rabo, dos “lacerdinhas” nos pés de fícus que nos atazanavam os olhos, das séries do Cinema Rex, de Elvis Presley no Rio Grande. Tempo dos “aluizistas”, dos “dinartistas”, do Programa “De pé no chão também se aprende a ler” e dos nossos maiores temores infantis: a viúva Machado e Maria “Mulamanca”.
Em relação aos inesquecíveis anos 1960`s e 1970`s, destaque especial foi dado ao surgimento e evolução do Rock em Natal, com detalhamento das primeiras Bandas surgidas sob inspiração da Beatlemania e da Jovem-Guarda, dos Festivais Musicais do Palácio dos Esportes, da contra-cultura, dos Poemas-processos.
Aqueles nossos amigos e amigas que conheceram Jerônimo o Herói do Sertão, o Cinema Poti, as tartarugas da Praça Pedro Velho, o Sebo de Cazuza, os bailes no ABC , as “Anastomoses” no América, o “Seu Talão vale um Milhão”, a loja de discos de Helisom, o Juvenal Lamartine, a Rita Loura*, o Hippie Drive In, certamente não deixarão de se emocionar. E irão relembrar não apenas os fatos aqui narrados, como também inúmeros outros momentos que de tão significantes em suas vidas, facilmente se acenderão em suas mentes como um simples duplo clique para acessar algum arquivo de computador".
* Dona Rita Barroso de Carvalho, uma doce senhora - nota do blog -
Foto: Avenida Rio Branco em 1931.
8.11.09
Século XVI - Manifestações Literárias
É preciso imaginar o que era o Brasil no século XVI.
Uma vasta extensão de terras quase totalmente desconhecidas, cujas fronteiras com os domínios espanhóis eram indefinidas, habitada por indígenas que pareciam ao conquistador seres de uma espécie diferente, talvez não inteiramente humano. Uma natureza selvática e exuberante, cheia de animais e vegetais insólitos, formando um espaço que ao mesmo tempo aterrorizava e deslumbrava o europeu. Quanto ao deslumbramento, nada mais eloquente do que um dos documentos iniciais sobre a nova terra, publicado em 1504 e atribuído a um dos seus primeiros e mais capazes conhecedores, Amerigo Vespucci, onde se lê; “se no mundo existe algum paraíso terrestre, com certeza não deve estar longe deste lugar”.
Ao pequeno Reino de Portugal cabia a tarefa sobre humana de ocupar, defender, povoar e explorar essa terra incógnita, uma das muitas que faziam parte de sua prodigiosa expansão. Essa tarefa se desdobrava em vários aspectos: administrativo, econômico, militar, religioso.
Os homens que vieram para o Brasil de maneira regular e com mente fundadora, a partir de 1530, tiveram inicialmente necessidade de descrever e compreender a terra e os seus habitantes, com um intuito pragmático necessário para melhor dominar e tirar proveito. Ao mesmo tempo, precisaram criar os veículos de comunicação e impor o seu equipamento ideológico, tendo como base a religião católica. Tais homens eram administradores e magistrados, soldados e agricultores, mercadores e sacerdotes, aos quais devemos os primeiros escritos feitos aqui. Esses escritos são descrições do país e seus naturais, relatórios administrativos ou poemas de fundo religioso, destinados ao trabalho de pregação e conversão dos índios. Dessa massa de escritos destacam-se os dos jesuítas, que vieram a partir de 1549 e, sobretudo os de um natural das Ilhas Canárias, parente de Santo Inácio de Loiola, que veio muito jovem e poderia ser considerado um dos patriarcas da nossa literatura: José de Anchieta (1534-1597). Homem de boa formação clássica, profundamente identificado com o país e os índios, deve-se a ele não apenas relatórios penetrantes sobre a atuação da sua Ordem, iluminando a vida social da Colônia, mas obras especificamente literárias, em quatro línguas, algumas vezes misturadas: português, espanhol, latim e tupi.
A sua principal obra latina é um poema épico sobre os feitos militares do Governador Geral Mem de Sá. Só recentemente verificou-se que havia sido impresso em Lisboa no ano de 1563, o que lhe dá a posição de primeiro livro produzido no Brasil. Seu tradutor para o português, o Padre Armando Cardoso (1958), assinala a influência de Virgílio e a pureza clássica do latim de Anchieta, registrando a importância de uma epopéia feita no calor dos acontecimentos narrados e baseada no testemunho de protagonistas, além da própria experiência do autor, que colaborou com Mem de Sá. Hoje, impressionam a capacidade narrativa e o estranho gosto pela descrição da crueldade. Além dessa obra de maior vulto, Anchieta escreveu poesias e atos teatrais de cunho religioso, sempre com o intuito de tornar a fé católica acessível ao povo, em geral, e aos índios catequizados, em particular.
Uma vasta extensão de terras quase totalmente desconhecidas, cujas fronteiras com os domínios espanhóis eram indefinidas, habitada por indígenas que pareciam ao conquistador seres de uma espécie diferente, talvez não inteiramente humano. Uma natureza selvática e exuberante, cheia de animais e vegetais insólitos, formando um espaço que ao mesmo tempo aterrorizava e deslumbrava o europeu. Quanto ao deslumbramento, nada mais eloquente do que um dos documentos iniciais sobre a nova terra, publicado em 1504 e atribuído a um dos seus primeiros e mais capazes conhecedores, Amerigo Vespucci, onde se lê; “se no mundo existe algum paraíso terrestre, com certeza não deve estar longe deste lugar”.
Ao pequeno Reino de Portugal cabia a tarefa sobre humana de ocupar, defender, povoar e explorar essa terra incógnita, uma das muitas que faziam parte de sua prodigiosa expansão. Essa tarefa se desdobrava em vários aspectos: administrativo, econômico, militar, religioso.
Os homens que vieram para o Brasil de maneira regular e com mente fundadora, a partir de 1530, tiveram inicialmente necessidade de descrever e compreender a terra e os seus habitantes, com um intuito pragmático necessário para melhor dominar e tirar proveito. Ao mesmo tempo, precisaram criar os veículos de comunicação e impor o seu equipamento ideológico, tendo como base a religião católica. Tais homens eram administradores e magistrados, soldados e agricultores, mercadores e sacerdotes, aos quais devemos os primeiros escritos feitos aqui. Esses escritos são descrições do país e seus naturais, relatórios administrativos ou poemas de fundo religioso, destinados ao trabalho de pregação e conversão dos índios. Dessa massa de escritos destacam-se os dos jesuítas, que vieram a partir de 1549 e, sobretudo os de um natural das Ilhas Canárias, parente de Santo Inácio de Loiola, que veio muito jovem e poderia ser considerado um dos patriarcas da nossa literatura: José de Anchieta (1534-1597). Homem de boa formação clássica, profundamente identificado com o país e os índios, deve-se a ele não apenas relatórios penetrantes sobre a atuação da sua Ordem, iluminando a vida social da Colônia, mas obras especificamente literárias, em quatro línguas, algumas vezes misturadas: português, espanhol, latim e tupi.
A sua principal obra latina é um poema épico sobre os feitos militares do Governador Geral Mem de Sá. Só recentemente verificou-se que havia sido impresso em Lisboa no ano de 1563, o que lhe dá a posição de primeiro livro produzido no Brasil. Seu tradutor para o português, o Padre Armando Cardoso (1958), assinala a influência de Virgílio e a pureza clássica do latim de Anchieta, registrando a importância de uma epopéia feita no calor dos acontecimentos narrados e baseada no testemunho de protagonistas, além da própria experiência do autor, que colaborou com Mem de Sá. Hoje, impressionam a capacidade narrativa e o estranho gosto pela descrição da crueldade. Além dessa obra de maior vulto, Anchieta escreveu poesias e atos teatrais de cunho religioso, sempre com o intuito de tornar a fé católica acessível ao povo, em geral, e aos índios catequizados, em particular.
* Antônio Cândido
5.11.09
Marco de Touros
O dia 7 de agosto foi escolhido como a data do aniversário do Rio Grande do Norte, porque nesta mesma data, no ano de 1501, aconteceu, em terras potiguares, um dos mais importantes fatos históricos do país: a fixação do primeiro Marco de Posse colonial da terra brasileira por Portugal, fato que para muitos historiadores, representa o registro de nascimento do Brasil. e para muitos o mais antigo, existente, da toda colonização portuguesa, e sua fincagem foi o primeiro acontecimento histórico no território potiguar e também o evento oficial de posse do país. Outros Marcos foram deixados no litoral brasileiro, um no litoral baiano e outro na praia da Cananéia, São Paulo, sendo o de Touros o mais antigo.
A esquadra que realizara esta travessia era formada por três caravelas e tinha no comando o capitão André Gonçalves e Américo Vespúcio como cosmógrafo, após longo percurso, saindo de Lisboa.
Quando os portugueses, na sua política expansionista, chegavam às terras descobertas, deixavam o marco, oficializando a tomada de posse de territórios que descobriam como sendo exclusivamente de Portugal. Eram colunas de pedra, de altura variável, encimadas por uma cruz com inscrições em português, latim e árabe, que os portugueses passaram a usar como prova de suas descobertas e símbolos de sua fé.
O Marco de Touros é uma pedra calcária de granulação fina, provavelmente de mármore português ou lioz, medindo 1,20m de altura; 0,20m de espessura, 0,30m de largura; 1,05m de contorno.
Na parte superior, contém a cruz da Ordem de Cristo (a famosa Cruz de Malta) em relevo e, abaixo, as armas do rei de Portugal e cinco escudetes em aspas com cinco quinas, sem as bordaduras dos castelos.
O Marco de Touros é também cultuado pela comunidade de Cauã, como se fosse santo, e o chamam até de “Santo Cruzeiro”. O culto ao Marco surgiu em decorrência da falta de conhecimento das características da pedra e das inscrições nela contidas, como, por exemplo, a cruz que representa o símbolo da Ordem de Cristo. Esses fatores levaram a comunidade a crer que o Marco era realmente divino, vindo diretamente de Deus para eles. Os habitantes dessa comunidade acreditavam que tirar algumas lascas de pedra do Marco de Touros para fazer chás não se constituía como uma agressão e sim como uma cura para suas doenças.
A comunidade, mesmo na sua ignorância e pela sua obsessão religiosa, contribuiu para que o avanço do mar não viesse a destruir o precioso acervo – que foi o primeiro monumento histórico do Brasil português – pois, a cada avanço do mar, o Marco era deslocado do alvo das ondas.
Desde 1976, encontra-se nas dependências da Fortaleza dos Reis Magos, quando ele foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural. Na praia do Marco, em Touros, existe uma réplica do Marco, que mantém a tradição, os mitos, a crença do povo e reforça a idéia de que a ação religiosa dos habitantes preservou um patrimônio que, de outra forma, teria sido destruído.
* Extraído do texto de Paulo Roberto R. Teixeira e pesquisa do blog.
A esquadra que realizara esta travessia era formada por três caravelas e tinha no comando o capitão André Gonçalves e Américo Vespúcio como cosmógrafo, após longo percurso, saindo de Lisboa.
Quando os portugueses, na sua política expansionista, chegavam às terras descobertas, deixavam o marco, oficializando a tomada de posse de territórios que descobriam como sendo exclusivamente de Portugal. Eram colunas de pedra, de altura variável, encimadas por uma cruz com inscrições em português, latim e árabe, que os portugueses passaram a usar como prova de suas descobertas e símbolos de sua fé.
O Marco de Touros é uma pedra calcária de granulação fina, provavelmente de mármore português ou lioz, medindo 1,20m de altura; 0,20m de espessura, 0,30m de largura; 1,05m de contorno.
Na parte superior, contém a cruz da Ordem de Cristo (a famosa Cruz de Malta) em relevo e, abaixo, as armas do rei de Portugal e cinco escudetes em aspas com cinco quinas, sem as bordaduras dos castelos.
O Marco de Touros é também cultuado pela comunidade de Cauã, como se fosse santo, e o chamam até de “Santo Cruzeiro”. O culto ao Marco surgiu em decorrência da falta de conhecimento das características da pedra e das inscrições nela contidas, como, por exemplo, a cruz que representa o símbolo da Ordem de Cristo. Esses fatores levaram a comunidade a crer que o Marco era realmente divino, vindo diretamente de Deus para eles. Os habitantes dessa comunidade acreditavam que tirar algumas lascas de pedra do Marco de Touros para fazer chás não se constituía como uma agressão e sim como uma cura para suas doenças.
A comunidade, mesmo na sua ignorância e pela sua obsessão religiosa, contribuiu para que o avanço do mar não viesse a destruir o precioso acervo – que foi o primeiro monumento histórico do Brasil português – pois, a cada avanço do mar, o Marco era deslocado do alvo das ondas.
Desde 1976, encontra-se nas dependências da Fortaleza dos Reis Magos, quando ele foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural. Na praia do Marco, em Touros, existe uma réplica do Marco, que mantém a tradição, os mitos, a crença do povo e reforça a idéia de que a ação religiosa dos habitantes preservou um patrimônio que, de outra forma, teria sido destruído.
* Extraído do texto de Paulo Roberto R. Teixeira e pesquisa do blog.
1.11.09
Coluna Capitolina
No dia 5 de julho de 1928 o avião Savoia-Marchetti S-64 pilotado pelos aviadores italianos Carlo Del Prete e Arturo Ferrarin alcançou a cidade de Touros, no Rio Grande do Norte, procedendo de Roma na Itália, após um vôo de 49 horas e 19 minutos, sem escalas, vencendo uma distância de 7163 quilômetros.Em reconhecimento à fidalguia, acolhimento e carinho com que o povo de Natal proporcionou aos dois famosos aviadores, Benito Mussolini, “Il Duce”, como 1º Ministro da Itália, resolveu doar à cidade uma “Coluna Romana”, mais conhecida como “Coluna Capitolina”, porque é originária do Monte Capitólio, em Roma. Evoca “na forma e na estrutura o templo de Júpiter”A instalação da referida coluna em Natal serviria ainda para eternizar a memória desse grande reide aéreo. A coluna Capitolina foi inaugurada em 8 de janeiro de 1931; foi trazida a bordo do navio”Lanzeroto Mlocello”, que participou do apoio à primeira travessia aérea do Atlântico Sul feita por um esquadrão, sob o comando do General Italo Balbo. Ás 07:30 horas do dia 8 de janeiro, foi rezada uma missa campal pelo Bispo Dom Marcolino Dantas, na esplanada do Cais do Porto, com as presenças das tripulações de todos os aviões e do navio de apoio. Depois da celebração, houve a inauguração do monumento. Dom Marcolino abençoou a coluna e o general Italo balbo pronunciou rápido discurso fazendo a doação do monumento à cidade. Ao final, o prefeito Pedro Dias Guimarães agradeceu o oferecimento de tão valioso e histórico marco. A Coluna Capitolina tem 5,80 metros de altura, apoiada numa base com cerca de 3 metros quadrados. É de mármore cinza e continha duas placas de bronze com os seguintes dizeres (traduzidos para o português): “trazida de um só lance sobre asas velozes além de toda distância tentada por Carlo Del Prete e Arturo Ferrarin, a Itália aqui chegou a 5 de julho de 1928. O Oceano não mais divide e sim une as gentes latinas de Itália e Brasil”. Na outra face do pedestal havia outra placa, também com inscrição em língua italiana, cujo significado no idioma português significa:”Italo Balbo aqui junto com o Esquadrão aéreo transatlântico na rota percorrida por Carlo Del Prete e Arturo Ferrarin a eles recordarão para sempre nesta Coluna Capitolina doada por Benito Mussolini à cidade de Natal consagrada. Em janeiro de 1931″. No dia 5 de julho de 1978, o ministério da Aeronáutica do Brasil inaugurou, em solenidade, com a presença de autoridades e de expressivo número de pessoas da colônia italiana, uma placa de bronze com as inscrições abaixo: Cinqüentenário da primeira travessia aérea Roma – Natal. Aos aviadores italianos Ferrarin e Del Prete homenagem da Força Aérea Brasileira. Observação: Primeiramente foi erguida na Esplanada do Cais do Porto, na Ribeira, no dia 8 de janeiro de 1931. Quatro anos depois, o movimento comunista de Natal derrubou a Coluna alegando que se tratava de um monumento erguido por um governo fascista. Permaneceu em lugar ignorado durante muitos anos até ser reencontrada e novamente erguida, dessa vez na praça João Tibúrcio e depois para a Praça Carlos Gomes no Baldo. Por fim foi transferida para o largo do Instituto Hitórico e Geográfico na Praça André de Albuquerque *, onde se encontra até hoje.
* Agradeço a observação do poeta e escritor Lívio Oliveira quanto ao local onde se encontra a Coluna Capitolina. Vale a visita, à Coluna e ao Instituto.
31.10.09
Saudades do Grande Ponto (*)
Foto: Grande Ponto - Anos 30
O Grande Ponto é um ponto tradicional de Natal, onde acontecem coisas do arco da velha, há muitos e muitos anos. José Guilherme não menciona com exatidão quando aconteceram os episódios por ele narrados - nem precisa. Mas devem se situar entre 1940 e 1960, por aí.
Quando chegamos a Natal, em fins de 1948, meu pai estranhava que os pedestres ficassem conversando, em pé, em grupelhos, no meio do Grande Ponto. E o pessoal não se afastava quando se buzinava, pedindo passagem. Afinal , não sabíamos porque os grupos ficavam estáticos "no meio da rua". Custamos a entender que aquilo era um costume local, e, portanto, uma questão cultural.
Da nossa época, José Guilherme citou Jaecy "O Fotógrafo Poeta", os cinemas Rex e Pax, a Sorveteria Cruzeiro, de Antônio China, a Casa Vesúvio, de Rômulo Maiorana, que foi morar em Belém, onde construiu um império constituído de jornal, rádio e televisão, o Botijinha, de Jardelino, o Estádio Juvenal Lamartine, onde jogamos algumas vezes pelo Guarany Esporte Clube, fundado por Levi Caminha e meu irmão Carlos Aloysio, enfrentando o infanto-juvenil do ABC de Ezequiel Ferreira de Souza, Paulo Eduardo Firmo de Moura e Fabiano Veras, o América, de Kléber de Carvalho Bezerra e Etevaldo Miranda, o famigerado Teté, também conhecido como "Vírgula" pelas suas pernas arqueadas, as Lojas Seta, onde muitos anos depois acompanhei, constrangido, a diligência de um oficial de Justiça na penhora de bens de uma ação executiva movida contra ela por Confecções Torre S.A., do Recife, da qual eu era advogado.
José Guilherme escalou um alegre time de "veados e outros animais honestos que formavam a ecologia daquela Passárgada: o mitológico Rei Momo Luizinho Doblechen, Pinóquio, Detefon, Madame Sônia, a Cartomante, e "seu" Martins, professor de Clodovil." Esqueceu Velocidade e Biguá, cujo apelido teve origem na sua semelhança física com o lendário paraense que formou a célebre linha-média tricampeã do Flamengo (1942, 1943 e 1944): Biguá, Bria e Jayme de Almeida.
José Guilherme falou famoso Coronel Guerreiro, pai de uma morena linda. Os irmãos da morena, cujo nome eu esqueço, mandavam que ela caminhasse na frente deles para dar porrada em quem a cantasse. Relembrou Ivanildo "Deus" advogado, que encontro, de vez em quando, na Rua da Imperatriz. Em Desenho, o maior presepeiro natalense. Nos desfiles de Maria Boa, em pleno Grande Ponto "que aos domingos, cinco da tarde, hora em que a nata da sociedade natalense se concentrava ali, passava devagarzinho, acintosamente, no seu "conversível", com motorista e tudo, abarrotado com as meninas mais respeitáveis e mais bonitas da cidade, a maioria importada, cuja porta-estandarte era Eurídice, gaúchona de 50 talheres". Além de Maria Boa, tínhamos Francisquinha, Belinha e Vanda, festejadas donas de pensão, devidamente protegidas pelos mais altos e circunspectos membros dos poderes executivo, legislativo e judiciário federais, estaduais e municipais.
(*) Arthur Carvalho, advogado e jornalista transcrevendo texto de José Maria Guilherme – Jornal do Comércio, Recife 28/10/2009 e enviado por Jardna Cavalcanti Jucá.
28.10.09
1935 - Ação Comunista e o Domínio de Natal
Quartel da Policia Militar 1935 - Atual Casa do Estudante
As raízes do movimento comunista de 1935 no Rio Grande do Norte possuíram, sem dúvida alguma, causas locais e que podem ser apontadas como resquícios da campanha eleitoral de 1934, quando predominou um clima de violência.
Mário Leopoldo Pereira da Câmara, apesar do mérito de algumas realizações efetuadas durante sua administração, foi responsável pela implantação de um clima favorável ao aparecimento de movimentos armados.
O substituto de Mário Câmara, Rafael Fernandes Gurjão, continuou perseguindo seus adversários políticos, a exemplo de seu antecessor. Rafael Gurjão contribuiu com o aumento do número dos descontentes, engrossando o grupo dos revoltosos. Chegou, inclusive, a extinguir a Guarda Civil, um órgão completamente descomprometido com a política, só porque havia sido criada por Café Filho, inimigo político do novo governante... Dentro desse contexto, as divergências arrastaram para o movimento pessoas que desconheciam a ideologia comunista, mas viam na ação armada uma maneira de derrubar o governo...
A mobilização comunista foi iniciada na noite de 23 de novembro de 1935, ocasião em que no Teatro Carlos Gomes - hoje Alberto Maranhão - estava acontecendo uma solenidade de colação de grau do Colégio Marista. O governador Rafael Fernandes Gurjão e o secretário geral do Estado, Aldo Fernandes, abrigaram-se na residência de Xavier Miranda, nas proximidades do teatro, e depois foram para o Consulado da Itália, sob os cuidados do cônsul Guilherme Lettieri. O prefeito Gentil Ferreira, também presente à solenidade, foi para o Consulado do Chile, sob a proteção do cônsul Carlos Lamas.
Coube ao major Luís Júlio, da Polícia Militar e ao coronel Pinto Soares, do 21º BC, a organização da resistência. Os combates estenderam-se por várias horas, até acabar a munição, quando as forças legais se renderam. As comunicações telefônicas foram cortadas, resistindo apenas a estação telegráfica de Macaíba, através da qual os legalistas pediram socorro à capital federal.
Durante os combates, o quartel da polícia militar resistiu, lutando contra um inimigo "muitas vezes superior em número", relata João Medeiros Filho. A resistência durou várias horas, terminando quando os policiais gastaram a última bala. Os legalistas fugiram pelo Rio Potengi.
Os rebeldes dominaram Natal e, no dia 25 de novembro de 1935, organizaram um Comitê popular Revolucionário, composto por Lauro Cortês, ex-diretor da Casa de Detenção, como ministro de Abastecimento e Quintino de Barros, 3º sargento, músico do 21º BC, como ministro da Defesa. O comitê se instalou na Vila Cinanto, até então residência oficial do governador.
Durante a vigência do governo revolucionário, a população da Cidade do Natal atravessou momento de grandes dificuldades, principalmente para a aquisição de gêneros alimentícios, uma vez que foram saqueados muitos armazéns e lojas que abasteciam a cidade. Entre os estabelecimentos saqueados figuram os seguintes: M. Martins & Cia.m Viana & Cia., M. Alves Afonso etc. O comércio de diversas cidades do interior também não escapou. Por onde os rebeldes passavam, implantavam o pânico.
No tempo em que os comunistas estiveram no poder, circulou um jornal intitulado "Liberdade", que publicou as seguintes palavras, transcritas por João Medeiros Filho: "Enfim, pelo esforço invencível do povo, legitimamente representado por Soldados, Marinheiros, Operários e Camponeses, inaugura-se no Brasil a era da Liberdade, sonhada por tantos mártires, centralizados e corporificados na figura legendária de Luís Carlos Prestes, o "Cavaleiro da Esperança".
Observação enviada por Laélio Ferreira de Melo: "O texto citado do jornal "A Liberdade" foi da lavra do Jornalista e Poeta Othoniel Menezes, meu pai. O autor não era e nunca foi comunista. Era, sim, um socialista-cristão e, na época, correligionário e amigo pessoal de Café Filho. Pelo que escreveu (quase todo o jornal) foi perseguido e punido com quase três anos de cadeia.
* Tribuna do Norte: História do Rio Grande do Norte
24.10.09
Relato sobre a Ribeira (*)
Grupo Escolar Augusto Severo e Escola Doméstica de Natal na Ribeira.
Em meados da década de 1960 a Ribeira abrigava os principais centros viários de Natal: a estação rodoviária, a estação da Rede Ferroviária e o movimento portuário. Podiam-se observas casas residenciais e conjuntos habitacionais em torno da Ribeira-Rocas, onde moradores, em sua maioria, eram funcionários da Rede Ferroviária Federal e outros estabelecimentos comerciais localizados na Ribeira.
Naquela época, o êxodo rural já era uma realidade. Muitos saíram do interior do estado a convite de parentes para trabalhar e estudar na Capital ou se aventuravam em busca de uma vida melhor, e, geralmente, iam trabalhar na Ribeira, pois lá era um centro comercial importante, onde se localizava o comércio “em grosso”, o da construção civil, as oficinas e os serviços mais ligados a economia e a infra-estrutura econômica de Natal.
A rodoviária movimentava um grande comércio ao seu redor com a venda dos mais diversos produtos. Perto dela ficava a estação ferroviária. O trem não se limitava a levar pessoas, transportava, também, mercadorias e cargas, de Natal para cidades do interior do Estado. Do mesmo modo vinham no trem, do interior, produtos para a Capital. Além disso, fazia o transporte interestadual indo para os Estados de Alagoas, Pernambuco e Paraíba.
Desde meados da década de 1950, o Porto de Natal é até hoje um local de embarque e desembarque para embarcações oriundas de outros Estados brasileiros e do Exterior, porém não comporta grandes embarcações por motivos estruturais. Muitos investimentos foram feitos para retirar a “Pedra da Bicuda” na boca da barra do Rio Potengi. Os principais produtos que movimentam o Porto são frutas e camarão. Hoje ainda se encontram algumas lojas de artigos para barcos e pesca na Ribeira.
O comércio da Ribeira iniciou-se com a venda de cereais e depois se diversificou. O horário de funcionamento era de 7 às 11:30 e de 13 às 17:30 entre 1950 e a década de 1980, que foi um período muito auspicioso para o bairro.
Havia um sério problema de alagamento nas proximidades da rodoviária e do Teatro Alberto maranhão, causando sérios transtornos aos moradores e ao comércio. O entorno da Praça Augusto Severo era área úmida e para os moradores e freqüentadores, na época de chuvas, principalmente, tornava-se necessário tirar os sapatos e levantar as bainhas das calças ou as saias, para poder caminhar sem molhar suas vestes.
Apesar de provinciano, o bairro, um dos principais da cidade, não poderia de deixar de acompanhar sua evolução estrutural, com os principais comércios e órgãos públicos. Por ser um bairro predominantemente comercial, a Associação Comercial não poderia ter surgido noutro local, assim como o Clube de Diretores Lojistas. A Junta Comercial também estava localizada na Rua Dr. Barata.
O Teatro era um espaço reservado à “elite”, e por longo tempo era impeditivos aos mais humildes que não faziam parte da “cultura da elite” e era através da música e da religião que eles davam sua rica contribuição para a cultura da Ribeira através de diferentes manifestações artísticas e culturais.
O prédio do Grupo Escolar Augusto Severo, antiga escola Modelo, foi transformado posteriormente na Faculdade de Direito. Diante da mesma Praça está localizado o prédio da antiga Escola Doméstica de Natal.
Nos primórdios, a área da praça e seu entorno eram ocupados por uma tribo Potiguara e ao lado passava um riacho que foi aterrado e como lembrança restou uma pequena ponte, hoje descaracterizada.
O atual prédio do Colégio Salesiano foi a residência de Juvino Barreto, sendo doada após sua morte a Ordem dos Salesianos com o intuito de se implantar um projeto social para a comunidade. Em frente, onde hoje é uma agência da Caixa Econômica funcionava a fábrica de tecidos de Juvino Barreto.
(*) Extraído do trabalho: Ribeira por Marcelo B. M. Tinoco, Maria Dulce P. Bentes Sobrinha e Edja B. F. Trigueiro.
20.10.09
O GALO da Torre da Igreja de Santo Antônio e seu doador (*)
No alto da torre, em volta do poleiro de azulejos, roda e vento doce do galo de bronze secular. Pertence a fisionomia do bairro e possui sua história, relembrada pelos velhos moradores da rua Santo Antonio, ainda em recordação nas palestras sereneiras, noite de lua cheia.
Lourival Açucena dedicou-lhe versos. Creio que não são únicos. Datam de mais de sessenta anos. Vamos ressussitar os versos, que dedicavam os nossos natalenses de outrora.
Caetano da Silva Sanches,
Governador português,
Foi quem aqui colocou-me,
Há mais de um século talvez
Cocorocó! Vou cantando
A minha bela toada,
Louvando com outros galos
A serena madrugada!...
Por todos os quatro ventos
Me vereis sempre emproado. . .
Não tenho “Gogo” e meu canto
Solto bem atenoado!
Cá do alto lobrigado,
Traquinadas do demônio
Vos mandarei telegrama
Da torre de Santo Antonio!...
Esse versinho devem ser posteriores a 4 de agosto de 1878, dia em que se inaugurou em Natal o “telégrafo-elétrico”.
É esse Caetano da Silva Sanches? O “governador português” era natural de Cascais, em Portugal, filho do capitão Francisco da Silva Sanches e de D. Maria Joaquina Sanches. Fez vida militar e era sargento-mór, reformado do Regimento do Recife, ao ser nomeado Governador da Capitania do Rio Grande do Norte, em 12 de agosto de 1791. Efetivado no posto a 27 de março de 1797, ratificada a posse a 7 de fevereiro de 1798, tornou-se muito estimado em Natal.
Casara em Recife com D. Maria Francisca do Rosário Lages, filha do sargento-mór Francisco Gonçalves Lages. Teve dois filhos: Pedro morto ainda criança e Micaéla Joaquina Sanches que se casou com o capitão-mós Manoel Teixeira de Moura.
Quando Caetano da Silva Sanches chegou a Natal já a igreja de Santo Antonio existia. Em julho de 1763 menciona-se, em documentos, em documentos, a rua da Igreja de Santo Antonio. Na fachada principal, por cima da porta, há, muito apagada, a data de agosto de 1766.
O Capitão-mór era devoto de Santo Antonio, santo nacional português. Ajudou por todas as formas, a construção da Torre. Esta ficou terminada em janeiro de 1798.
Em 23 de agosto de 1799, Caetano da Silva Costa Sanches fez testamento. Era um homem robusto e ainda moço. Dele partira a idéia de mandar buscar um galo de bronze e presentear a Igreja, colocando no cimo da torre, nova e bonita. É um costume europeu e rara é a igreja portuguesa, especialmente do interior, que não tenha o Galo, símbolo de vigilância e de fé, arauto da claridade, Gallo canente spesredit. . .
Havia uma lenda de que o capitão-mór falecera no dia da primeira missa na Igreja de Santo Antonio. Não é possível crer-se. A igreja estava entregue ao culto sagrado, vinte e oito anos antes de Caetano da Silva Sanches chegar a Natal.
No dia 14 de março de 1800 o Capitão-mór falecera de ataque apoplético, estrupor, como se dizia.
Sepultou-se na Matriz, vestindo o hábito de Santo que era o orago da Igreja onde doara o galo de bronze.
Em 1864, nasceram uns arbustos na cúpula da Torre. O Galo ficou cercado de vegetação. Parecia viver e abrir o bico, para o apelo metálico aos seus distantes companheiros de capoeira.
O tempo foi rolando sem maiores sucessos. Na noite de 6 de março de 1897, às oito e trinta e cinco minutos, uma faísca, com trovão atordoador, caiu sobre a Torre de Santo Antonio. O galo ferido pelo choque, ficou dependurado, até a madrugada de 21 de junho, quando despencou e bateu na calçada do templo.
Depois, desapareceu, esquecido, nos desvãos escusos e escuros da igreja. Em janeiro de 1917, um “constante leitor” da A REPÚBLICA lembrou-lhe o exílio e sugeriu descobrimento. Monsenhor Alfredo Pegado, então Governador Geral do Bispado, explicou ter encontrado o Galo, danificado e feio, e o mandou consertar.
E, aos quatro ventos do Setentrião do Brasil, voltou o Galo de bronze, cinco anos depois, desta vez, imóvel e grave, assistindo, do alto da Torre, a ronda melancólica dos anos. . .
(*) Luis da Câmara Cascudo - República, 15 de outubro de 1939.
Lourival Açucena dedicou-lhe versos. Creio que não são únicos. Datam de mais de sessenta anos. Vamos ressussitar os versos, que dedicavam os nossos natalenses de outrora.
Caetano da Silva Sanches,
Governador português,
Foi quem aqui colocou-me,
Há mais de um século talvez
Cocorocó! Vou cantando
A minha bela toada,
Louvando com outros galos
A serena madrugada!...
Por todos os quatro ventos
Me vereis sempre emproado. . .
Não tenho “Gogo” e meu canto
Solto bem atenoado!
Cá do alto lobrigado,
Traquinadas do demônio
Vos mandarei telegrama
Da torre de Santo Antonio!...
Esse versinho devem ser posteriores a 4 de agosto de 1878, dia em que se inaugurou em Natal o “telégrafo-elétrico”.
É esse Caetano da Silva Sanches? O “governador português” era natural de Cascais, em Portugal, filho do capitão Francisco da Silva Sanches e de D. Maria Joaquina Sanches. Fez vida militar e era sargento-mór, reformado do Regimento do Recife, ao ser nomeado Governador da Capitania do Rio Grande do Norte, em 12 de agosto de 1791. Efetivado no posto a 27 de março de 1797, ratificada a posse a 7 de fevereiro de 1798, tornou-se muito estimado em Natal.
Casara em Recife com D. Maria Francisca do Rosário Lages, filha do sargento-mór Francisco Gonçalves Lages. Teve dois filhos: Pedro morto ainda criança e Micaéla Joaquina Sanches que se casou com o capitão-mós Manoel Teixeira de Moura.
Quando Caetano da Silva Sanches chegou a Natal já a igreja de Santo Antonio existia. Em julho de 1763 menciona-se, em documentos, em documentos, a rua da Igreja de Santo Antonio. Na fachada principal, por cima da porta, há, muito apagada, a data de agosto de 1766.
O Capitão-mór era devoto de Santo Antonio, santo nacional português. Ajudou por todas as formas, a construção da Torre. Esta ficou terminada em janeiro de 1798.
Em 23 de agosto de 1799, Caetano da Silva Costa Sanches fez testamento. Era um homem robusto e ainda moço. Dele partira a idéia de mandar buscar um galo de bronze e presentear a Igreja, colocando no cimo da torre, nova e bonita. É um costume europeu e rara é a igreja portuguesa, especialmente do interior, que não tenha o Galo, símbolo de vigilância e de fé, arauto da claridade, Gallo canente spesredit. . .
Havia uma lenda de que o capitão-mór falecera no dia da primeira missa na Igreja de Santo Antonio. Não é possível crer-se. A igreja estava entregue ao culto sagrado, vinte e oito anos antes de Caetano da Silva Sanches chegar a Natal.
No dia 14 de março de 1800 o Capitão-mór falecera de ataque apoplético, estrupor, como se dizia.
Sepultou-se na Matriz, vestindo o hábito de Santo que era o orago da Igreja onde doara o galo de bronze.
Em 1864, nasceram uns arbustos na cúpula da Torre. O Galo ficou cercado de vegetação. Parecia viver e abrir o bico, para o apelo metálico aos seus distantes companheiros de capoeira.
O tempo foi rolando sem maiores sucessos. Na noite de 6 de março de 1897, às oito e trinta e cinco minutos, uma faísca, com trovão atordoador, caiu sobre a Torre de Santo Antonio. O galo ferido pelo choque, ficou dependurado, até a madrugada de 21 de junho, quando despencou e bateu na calçada do templo.
Depois, desapareceu, esquecido, nos desvãos escusos e escuros da igreja. Em janeiro de 1917, um “constante leitor” da A REPÚBLICA lembrou-lhe o exílio e sugeriu descobrimento. Monsenhor Alfredo Pegado, então Governador Geral do Bispado, explicou ter encontrado o Galo, danificado e feio, e o mandou consertar.
E, aos quatro ventos do Setentrião do Brasil, voltou o Galo de bronze, cinco anos depois, desta vez, imóvel e grave, assistindo, do alto da Torre, a ronda melancólica dos anos. . .
(*) Luis da Câmara Cascudo - República, 15 de outubro de 1939.
17.10.09
Natal - Geração 70 (*)
Existiram gerações que pareciam fervilhar de ideias, em favor de um futuro melhor. A geração 1970, ou simplesmente "geração 70", foi uma dessas, que marcaram época. Novos costumes foram sendo incorporados à cidade, que começava a perder sua função provinciana. Natal era, na boca de todos, uma Rio de Janeiro pequena, com todas as modas e trejeitos de cidade pequena, metida à grande, não tenhamos a menor dúvida. Então, como dizia Jair Rodrigues em Disparada: "prepare o seu coração para as coisas que eu vou contar..."
Foi o início dos hot-dog\'s, então vendidos na Kyxou, em primeira mão. Lembro-me das portas dos clubes, com as carrocinhas de Big-Dog, Ki-Dog, Xis-Dog. Cachorro-quente de carne que se prezava era o de "Pelé", que ficava, durante a semana, na Quinze, em Lagoa Seca, perto do Feijão Verde e do Bar do Tetéu, onde hoje existe o Midway.
Saboreávamos os refrigerantes: Coca-Cola, Crush, Grapette e Guaraná Rocha ou Champagne. No Galo Vermelho, os rapazes da época compravam frango assado, para tira-gosto das bebidas, como: Rum Montilla, cerveja, whisky, Drink Dreher, etc. Nos restaurantes, os abstêmios bebiam água mineral Santos Reis, em garrafinhas de vidro, com ou sem gás. Nas ruas podia-se tomar um sorvete Maguary ou Big Milk. O resto era din-din!
As rodinhas eram formadas, no fim da tarde, na Kyxou, para tomar sundae/ milk-shake ou um hot-dog. Lá se reuniam as moças e os rapazes da sociedade que assistiam, indiferentes, aos desfiles de moda e dos carrões equipados (Fuscão, Maverick, Opala, Karmann-ghia) e rebaixados, ao som de toca-fitas Rodstar ou Clarion de última geração. Natal sem tatuagens, drogas ou violência urbana, problemas tão comuns, hoje em dia. Aquele sim era tempo bom! Natal do Xique-xique... lá no Posto São Luiz da Av. Salgado Filho.
Já existiam os pegas que, na maioria das vezes, eram feitos no "barródromo", em Capim Macio. Não cito nomes para não fazer injustiças. Ainda sofria-se certa influência de James Dean, no filme Juventude Transviada. Hoje, felizmente, essa perigosa moda entre os jovens acabou. Depois dos "pegas" nos reuníamos no Teco-Teco, o bar de Geraldo em Capim Macio. Gasolina azul! Ingrediente ativo no tanque dos carangos dos boys da época estava à venda no Posto Pitombeira/ Tamarineira/ Miguel Barra, pelo que me lembro.Ouvia-se bossa nova com a mesma frequência do rock. As radiolas Hi-Fi, Telefunker e Phillips tocavam freneticamente LP\'s e compactos de Roberto Carlos, Jerry Adriani, Ronnie Von, Wanderley Cardoso, Wanderléa, Martinha, Celi Campelo, Nelson Gonçalves, Beatles, The Fevers, Renato e seus Blue Caps, Credence e Santana. Também escutávamos no rádio, às 18 h, Jerônimo, o Herói do Sertão, o eterno noivo de Aninha, que, ajudado pelo fiel moleque Saci, fazia qualquer valente tremer.
Nos sábados a tarde, quem ficava em casa assistia os programas de auditório do Chacrinha. Quem quer bacalhau? À noite, as meninas assistiam na televisão a novela "O Bem Amado" de Dias Gomes, na Rede Globo.
No dia 29 de outubro de 1970 era inaugurada a "Casa de Hóspedes de Ponta Negra", com apenas 14 apartamentos. Um mês depois foi inaugurado o Balneário do Sesc, Ponta Negra, que logo se tornou o local preferido para o banho de mar de vários grupos de rapazes e moças.
A partir dos anos 70 começou a expansão urbana de Ponta Negra, com a construção dos primeiros conjuntos residenciais. Os compositores eram responsáveis pelas partituras das músicas que os maestros conduziam e os músicos executavam. A geração 70 reunira tudo isso harmonicamente, num só lugar: no Festival de Woodstock (1969).
A profusão de conjuntos de rock em Natal era crescente, lembro-me do The Jetsons, Impacto Cinco, Os Terríveis e Apaches. Estava aumentando o número de hippies, darks e punks, que, antes dispersos, passam a agrupar-se na Praça Padre João Maria ou na Praia do Meio, em frente ao Salva-Vidas da Praia dos Artistas.
Liam-se muitos gibis: Bolinha, Luluzinha, Capitão Marvel, Tarzan, Jim das Selvas, Pato Donald, Batman, Zorro e outros. As revistas mais lidas eram: O Cruzeiro, Manchete, A Cigarra.
Alguns autores que se destacavam: Graciliano Ramos, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade. Na Livraria Universitária, da Av. Rio Branco - Centro, batia ponto a fina flor dos escritores potiguares, recebidos cordialmente pelo Sr. Walter Pereira. No Rio, o colunista Ibrahim Sued; em Natal, Jota Epifânio e Adalberto Rodrigues apresentavam, em suas colunas, o jet set da "capital espacial" do Brasil.
Assistíamos na TV programas como: A Praça da Alegria, J. Silvestre, Família Trapo, etc.
Nos cinemas Rex, São Luiz e São Pedro, domingo pela manhã, era onde se assistia os seriados de Zorro, Rin-tin-tim, Roy-Rogers e degustava-se o irmão mais velho do Baton: o Leite e Mel, ao lado dos torrones, das balas gasosas e dos Drops Dulcora, de cevada, anis e coca, sem esquecer dos Toffees Déa, muito populares na época. Tivemos o privilégio de assistir bons filmes em Tecnicolor, como: Mobby Dick, Os que Sabem Morrer, Love Story e outros, no Rio Grande, Rex ou Nordeste, pois não mais existia o cine Poty em Petrópolis, nem o Polytheama na Ribeira.
Nos domingos à noite, a partir das 19:30h, íamos para o ABC, animado ao som do Impacto Cinco. Os garçons eram Perneta e Bem-Te-Vi, entre outros, e as bebidas pedidas eram cuba libre e hi-fi, mais consumidas do que as cervejas, estas em casco escuro ou claro. A cerveja em casco escuro já era mais apreciada do que a de casco claro.
Alguns preferiam ir ao Hippie Drive-in, na estrada de Ponta Negra, com luz negra e outros babados. Outra pedida também era uma esticadinha à Tenda do Cigano, Peixada Potengi ou, quando sem dinheiro, a opção era o cachorro-quente do Souza, no beco da Casa Rio.
As noites eram tocadas pelo Hippie Drive-in, Piri-Piri e Girassol. Existia o bar Barreirinha, outro ponto de encontro da mocidade. O acesso a Ponta Negra era pela antiga estrada, construída pelos americanos, até a altura do velho Posto Planalto. Daí, prosseguia-se pelo calçamento, chegando à orla marítima e seguindo adiante, até Pirangi, onde tínhamos o caranguejo do Pinoca.
Em Petrópolis, frequentava-se a Confeitaria Atheneu, o Gramil e o Kazarão.
Na Praia do Meio, O Jangadeiro, depois da boate do Hotel Reis Magos, para uma noite de serestas com o inesquecível Expedito. Também éramos clientes assíduos do Aeroclube e do América, onde se comiam as refeições mais sofisticadas, com a mesma naturalidade que se tomava um caldo de feijão na Tenda do Cigano.
No Tirol, o Stop era frequentado por uma porção de jovens, vindos do bairro e adjacências, que nos dias em que na AABB ou no América tinha baile (não show) fazia a alegria dos garçons. Quem atendia eram os garçons: Bem-Te-Vi e Perneta. Depois da festa ou arrastão (época de São João), lanchava-se lá pelas 3 da madrugada no Dia-e-Noite, lanchonete com bastante movimento, localizada no Centro. Posteriormente, veio o Passaporte Lanches, de Peninha, na Praça Pedro Velho.
Dos carnavais inesquecíveis lembramos os do América, Aero, AABB, ABC, Iate Clube e Assen, valendo a pena lembrar que os carnavais do América eram sempre tocados pela orquestra de Waldemar Ernesto.
Em Natal, tudo era charmoso, na década de 70, quase sem violência urbana.
(*) Elísio Augusto de M. e Silva, empresário, escritor - Transcrito de O Jornal de Hoje
13.10.09
12.10.09
Dos Bondes ao Hippie Drive-In (*)
Recebi de Fred Sizenando alguns tópicos sobre o livro: Dos Bondes ao Hippie Drive-In a ser lançado no próximo mês de novembro, no Clube de Engenharia. (Manoel Neto)
A idéia surgiu do desejo de registrar e compartilhar as histórias e fatos pitorescos envolvendo o cotidiano de pessoas da cidade do Natal, narradas oralmente pelo nosso pai, João Sizenando Pinheiro Filho, funcionário público, ex-remador do Centro Náutico Potengí, e que viveu quase um século na nossa capital, convivendo com figuras humanas que caracterizaram a alma da nossa província.
Naturalmente evoluímos na concepção do livro e passamos a pesquisar e escrever abrangendo os períodos em que nós mesmos vivenciamos ou participamos da história.
A nossa infância e adolescência nos anos 1960 e 1970 em Natal, os vizinhos, o ambiente estudantil, as peladas de rua, a turma da praia, as matinês do ABC, o Hippie Drive In, a SCBEU, as paqueras. Como na música de Oswaldo Montenegro, fizemos um esforço de memória para relacionar uma lista nossos amigos mais próximos desde a infância até o período inicial na Universidade. A partir desta lista, passamos a recapitular os detalhes da nossa vida em diferentes fases. Para garantir uma maior amplitude nos conteúdos dos relatos, nós procuramos ao longo de oito anos, localizar e conversar com esses velhos amigos, alguns deles não tínhamos contato desde 1959. Pesquisamos nos jornais, livros e revistas da primeira metade do século XX e localizamos pessoas que viveram em Natal antes e até a II Guerra Mundial.
O resultado disso tudo é a concretização do livro “Dos Bondes ao Hippie Drive In”, a ser lançado no próximo mês, onde abordamos de forma leve e curiosa a evolução do cotidiano da nossa cidade cobrindo o período desde 1915 até 1975. As mais de 350 fotografias inseridas - com contribuição de diversos colaboradores - consolidam o diferencial da publicação.
“Dos Bondes ao Hippie Drive In” contém uma série de crônicas que descrevem episódios curiosos, figuras humanas marcantes, hábitos e costumes, tendo como pano de fundo os principais fatos históricos ocorridos na cidade. São sete capítulos, cada um contendo uma média de 10 textos distintos. Os capítulos são: “Natal dos Bondes”, “Natal dos voos transatlânticos e dos primeiros cinemas”, “Natal dos comunistas e dos americanos”, “Natal dos nossos pais”, “Natal da nossa infância”, “Natal dos gibis e do cinema Rex” e “Natal Pop”.
Na parte inicial é abordada a cidade no início do Século XX quando os bondes puxados a burros começavam a ser substituídos pelos bondes elétricos. Os hábitos da população, curiosidades, as formas simples de lazer e diversão. Vale à pena conferir também uma síntese apresentada das edições do ano de 1916 do pasquim “apimentado” denominado “O Parafuso” com editoriais, fofocas, enquetes, anúncios de filmes e notícias que ilustram bem o cenário cultural e político da época.
Figuras populares que caracterizavam o dia a dia dos anos 1920 e 1930 são descritas com apresentação de causos. Figuras como Gonçalo Pé de Pato, um mulato feio, cheio de bichos de pé, que era metido a bonito e namorador. Outra pessoa resgatada no livro é Sinfronio Barreto, considerado a figura mais popular e caridosa de Natal depois do padre João Maria. As aventuras na juventude de Paulo Lira (1903 -1979) - o mais famoso pianista da cidade - e sua turma no início do século XX são lembradas. As inaugurações do Estádio Juvenal Lamartine, do Cais do Porto e do primeiro sinal de trânsito na cidade são descritas e documentadas com fotografias.
Um capítulo especial com muitas informações cobre a história do cinema em Natal, desde a primeira exibição em um Depósito de Açúcar na Ribeira no final do século XIX passando pelas exibições do Polytheama e Royal Cinema.
Na sequência uma cobertura interessante sobre os voos transatlânticos dos hidroaviões provenientes da Europa e Estados Unidos. A recepção e detalhes curiosos dos aviadores pioneiros. Também são relatados: o incrível “raid” Natal-Rio numa pequena iole; os antigos carnavais; o surgimento da telefonia e as primeiras obras de saneamento da cidade.
O episódio do Levante Comunista de 1935 nós ilustramos a partir da apresentação de fatos pitorescos envolvendo pessoas comuns. Segue ainda um passeio sobre a vida em Natal durante a II Guerra Mundial e resumo de alguns arquivos secretos da Base Aérea de Natal.
Chegando ao período pós-guerra, o livro alcança o prefeito Djalma Maranhão, o programa “De pé no Chão também se aprende a ler”, a participação da “Aliança para o Progresso” no governo Aluísio Alves, a revolução de 64, com destaque para as agitações dos estudantes do Atheneu.
Quem era garoto ou adolescente nos anos 1950 e 1960 em Natal vai se deliciar com as crônicas envolvendo nossas recordações sobre a infância na Cidade Alta, Praça Pedro Velho, Jardim de Infância Modelo, escolinha da professora Janoca e “Jerônimo o Herói do Sertão”. Destaque especial para os jovens “cientistas” da Rua Felipe Camarão que montavam pequenos foguetes para serem lançados na Praia do Forte e em Mãe Luísa. Mais interessante ainda recordar os tempos dos seriados no cinema Rex, a curtição dos gibis e das peladas de rua.
O capítulo denominado “Natal Pop” cobrimos principalmente a Natal da geração “paz e amor”, o primeiro biquíni na cidade, a Sociedade Cultural Brasil - Estados Unidos (SCBEU), os primeiros surfistas, os festivais de música Popular. Destaque maior para a história do Rock em Natal, com muitas curiosidades - como o Irmão Marista que financiou a primeira banda da cidade - e detalhamento dos principais conjuntos que fizeram a trilha musical de toda uma geração.
Aqueles que conheceram Jerônimo o Herói do Sertão, o Cinema Poti, as tartarugas da Praça Pedro Velho, o Sebo de Cazuza, as matinês no ABC, as “Anastomoses” no América, o “Seu Talão vale um Milhão”, a loja de discos de Helisom, e o “Hippie Drive In”, certamente não deixarão de se emocionar. E irão relembrar não apenas os fatos narrados, como também inúmeros outros momentos que facilmente se acenderão em suas mentes como um simples duplo clique para acessar algum arquivo de computador.
(*) Carlos e Fred Sizenando, biólogo e engenheiro, respectivamente. Foto: Cidade da Criança - Lagoa Manoel Felipe atualmente completamente abandonada cerceando neste 12 de Outubro as crianças de lá comemorarem o seu dia.
Naturalmente evoluímos na concepção do livro e passamos a pesquisar e escrever abrangendo os períodos em que nós mesmos vivenciamos ou participamos da história.
A nossa infância e adolescência nos anos 1960 e 1970 em Natal, os vizinhos, o ambiente estudantil, as peladas de rua, a turma da praia, as matinês do ABC, o Hippie Drive In, a SCBEU, as paqueras. Como na música de Oswaldo Montenegro, fizemos um esforço de memória para relacionar uma lista nossos amigos mais próximos desde a infância até o período inicial na Universidade. A partir desta lista, passamos a recapitular os detalhes da nossa vida em diferentes fases. Para garantir uma maior amplitude nos conteúdos dos relatos, nós procuramos ao longo de oito anos, localizar e conversar com esses velhos amigos, alguns deles não tínhamos contato desde 1959. Pesquisamos nos jornais, livros e revistas da primeira metade do século XX e localizamos pessoas que viveram em Natal antes e até a II Guerra Mundial.
O resultado disso tudo é a concretização do livro “Dos Bondes ao Hippie Drive In”, a ser lançado no próximo mês, onde abordamos de forma leve e curiosa a evolução do cotidiano da nossa cidade cobrindo o período desde 1915 até 1975. As mais de 350 fotografias inseridas - com contribuição de diversos colaboradores - consolidam o diferencial da publicação.
“Dos Bondes ao Hippie Drive In” contém uma série de crônicas que descrevem episódios curiosos, figuras humanas marcantes, hábitos e costumes, tendo como pano de fundo os principais fatos históricos ocorridos na cidade. São sete capítulos, cada um contendo uma média de 10 textos distintos. Os capítulos são: “Natal dos Bondes”, “Natal dos voos transatlânticos e dos primeiros cinemas”, “Natal dos comunistas e dos americanos”, “Natal dos nossos pais”, “Natal da nossa infância”, “Natal dos gibis e do cinema Rex” e “Natal Pop”.
Na parte inicial é abordada a cidade no início do Século XX quando os bondes puxados a burros começavam a ser substituídos pelos bondes elétricos. Os hábitos da população, curiosidades, as formas simples de lazer e diversão. Vale à pena conferir também uma síntese apresentada das edições do ano de 1916 do pasquim “apimentado” denominado “O Parafuso” com editoriais, fofocas, enquetes, anúncios de filmes e notícias que ilustram bem o cenário cultural e político da época.
Figuras populares que caracterizavam o dia a dia dos anos 1920 e 1930 são descritas com apresentação de causos. Figuras como Gonçalo Pé de Pato, um mulato feio, cheio de bichos de pé, que era metido a bonito e namorador. Outra pessoa resgatada no livro é Sinfronio Barreto, considerado a figura mais popular e caridosa de Natal depois do padre João Maria. As aventuras na juventude de Paulo Lira (1903 -1979) - o mais famoso pianista da cidade - e sua turma no início do século XX são lembradas. As inaugurações do Estádio Juvenal Lamartine, do Cais do Porto e do primeiro sinal de trânsito na cidade são descritas e documentadas com fotografias.
Um capítulo especial com muitas informações cobre a história do cinema em Natal, desde a primeira exibição em um Depósito de Açúcar na Ribeira no final do século XIX passando pelas exibições do Polytheama e Royal Cinema.
Na sequência uma cobertura interessante sobre os voos transatlânticos dos hidroaviões provenientes da Europa e Estados Unidos. A recepção e detalhes curiosos dos aviadores pioneiros. Também são relatados: o incrível “raid” Natal-Rio numa pequena iole; os antigos carnavais; o surgimento da telefonia e as primeiras obras de saneamento da cidade.
O episódio do Levante Comunista de 1935 nós ilustramos a partir da apresentação de fatos pitorescos envolvendo pessoas comuns. Segue ainda um passeio sobre a vida em Natal durante a II Guerra Mundial e resumo de alguns arquivos secretos da Base Aérea de Natal.
Chegando ao período pós-guerra, o livro alcança o prefeito Djalma Maranhão, o programa “De pé no Chão também se aprende a ler”, a participação da “Aliança para o Progresso” no governo Aluísio Alves, a revolução de 64, com destaque para as agitações dos estudantes do Atheneu.
Quem era garoto ou adolescente nos anos 1950 e 1960 em Natal vai se deliciar com as crônicas envolvendo nossas recordações sobre a infância na Cidade Alta, Praça Pedro Velho, Jardim de Infância Modelo, escolinha da professora Janoca e “Jerônimo o Herói do Sertão”. Destaque especial para os jovens “cientistas” da Rua Felipe Camarão que montavam pequenos foguetes para serem lançados na Praia do Forte e em Mãe Luísa. Mais interessante ainda recordar os tempos dos seriados no cinema Rex, a curtição dos gibis e das peladas de rua.
O capítulo denominado “Natal Pop” cobrimos principalmente a Natal da geração “paz e amor”, o primeiro biquíni na cidade, a Sociedade Cultural Brasil - Estados Unidos (SCBEU), os primeiros surfistas, os festivais de música Popular. Destaque maior para a história do Rock em Natal, com muitas curiosidades - como o Irmão Marista que financiou a primeira banda da cidade - e detalhamento dos principais conjuntos que fizeram a trilha musical de toda uma geração.
Aqueles que conheceram Jerônimo o Herói do Sertão, o Cinema Poti, as tartarugas da Praça Pedro Velho, o Sebo de Cazuza, as matinês no ABC, as “Anastomoses” no América, o “Seu Talão vale um Milhão”, a loja de discos de Helisom, e o “Hippie Drive In”, certamente não deixarão de se emocionar. E irão relembrar não apenas os fatos narrados, como também inúmeros outros momentos que facilmente se acenderão em suas mentes como um simples duplo clique para acessar algum arquivo de computador.
(*) Carlos e Fred Sizenando, biólogo e engenheiro, respectivamente. Foto: Cidade da Criança - Lagoa Manoel Felipe atualmente completamente abandonada cerceando neste 12 de Outubro as crianças de lá comemorarem o seu dia.
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto.
Aruá
"Conheci Aruá trabalhando como motorista na Praça Hillman. Era um cara formidável e por seu intermédio conheci Chaguinha, seu colega de profissão que trabalhava na Praça da Ribeira. Eram dois motoristas natos, cada vez que se encontravam surgia sempre uma piada diferente. Nunca vi tanto senso de humor e a, além disso, os dois moravam em Lagoa Seca e eram vizinhos.
-x-
Um dia Aruá acordou mais cedo e sentou-se na calçada.
Chaguinha viu aquilo e sentou-se ao seu lado e começaram a conversar.
Lá pras tantas Chaguinha diz:
“Minha mulher passou a noite arriada”.
Aruá pergunta:
“Por quem?”.
Passaram-se muitos dias e a cena se repetiu. Chaguinha sentado na calçada e chega Aruá e começam a conversar. Lá pras tantas Aruá diz:
“A minha mulher está grávida”.
Responde Chaguinha:
“Você já desconfia de alguém?”.
-x-
Aruá chega em casa, e sua mãe o estava esperando e foi logo dizendo: “Está faltando tudo nesta casa, falta café, açúcar, pão, feijão, carne, farinha, água, luz,... afinal de contas não tem nada”.
Responde Aruá:
“Então vamos nos mudar”.
Aruá trabalhou algum tempo comigo sendo demitido depois de algum tempo. Porque embora fosse uma excelente pessoa como funcionário me trazia alguns problemas. Depois de demitido, e transcorridos alguns meses me encontrei com ele e disse:
- Aruá, quanto tempo que não lhe via!
- Pedro, se você quisesse me ver, não teria me demitido, respondeu".
Por Pedro de Oliveira Cavalcanti - Pedro de Nezinho, meu pai.
Fotos: Automóveis Hillman 1948 e 1949.
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto
Manifestações Literárias II
Usar a língua espanhola era comum entre os escritores portugueses do século XVI. Mas é singular a produção poética no idioma dos índios Tupi, grupo lingüístico que ocupava quase todo o litoral brasileiro no século XVI. Os jesuítas submeteram esse idioma à disciplina gramatical e ele se tornou, com a designação expressiva da “língua geral”, o principal veículo de comunicação entre colonizadores e indígenas; depois, entre os descendentes dos colonizadores, muitos deles mestiços. A obra de Anchieta e a prática extensiva da língua geral indicam que poderia ter-se desenvolvido no Brasil uma cultura paralela e um bilingüismo equivalente ao que ainda existe no Paraguai (devido também à catequese jesuítica). Essa concorrência alarmou as autoridades metropolitanas, interessadas em usar o seu próprio idioma como instrumento de domínio e homogeneização cultural, a ponto de, no século XVIII, proibirem o uso da língua geral nas regiões onde ela predominava.
Isto é dito para destacar uma das funções da literatura culta no Brasil Colonial; impor a língua portuguesa e registrá-la em escritos que ficassem como marcos, ressaltando a sua dignidade de idioma dos senhores,
ao qual todos deveriam submeter-se, como afinal acabou acontecendo.
A não ser o caso das tribos indígenas sobreviventes, e de alguma persistência da língua geral na Amazônia, os idiomas indígenas foram proscritos, assim como os africanos, que vieram com a importação de escravos. Trata-se de um verdadeiro processo de dominação lingüística, aspecto da dominação política, no qual a literatura culta, repito, desempenhou papel importante. Foi pena que a grande percepção de Anchieta não tivesse seguidores, pois ele combinava a tradição clássica, redefinida pelo humanismo do Renascimento, com certos veios mais populares da tradição ibérica, visíveis nos autos teatrais e na escolha das formas métricas de sua lírica. Além disso, acolheu e procurou dar dignidade à própria expressão lingüística do indígena, mostrando que seria possível uma cultura menos senhorial, mais aberta aos grupos dominados.
Portanto, o que aqui predominou e deu a tônica foi uma literatura de senhores, que transpôs o requinte da literatura metropolitana e nem sempre foi capaz de sentir a complexidade da sociedade nova. Mas é preciso não encará-la com espírito de compêndio ou manual, isto é, como se as listas de nomes, obras e temas, postos em sucessão no espaço da página, significassem a existência de uma verdadeira vida literária, que só ocorrerá a partir do século XVIII, quando se esboça uma “República das Letras”. Nos séculos XVI e XVII o que havia eram autores ocasionais, ou circunscritos à sua região, produzindo obras que na maioria absoluta não foram impressas, inclusive porque o Brasil só teve licença para possuir tipografias depois de 1808. Algumas dessas produções foram editadas em Portugal, mas outras de grande importância conheceram apenas a difusão oral ou manuscrita, atingindo círculos restritos e só no século XIX chegaram ao livro.
Isolados, separados por centenas e milhares de quilômetros uns dos outros, esses escritores dispersos pelos raros núcleos de povoamento podem ser comparados a vaga-lumes numa noite densa. Podia haver lugares, como a Bahia, onde se reuniam homens cultos, sobretudo clérigos e legistas. Podia haver sermões brilhantes que encantavam o auditório, ou poetas de mérito recitando e passando cópias de seus poemas.
No conjunto, eram manifestações literárias que ainda não correspondiam a uma etapa plenamente configurada da literatura, pois os pontos de referência eram externos, estavam na Metrópole, onde os homens de letras faziam os seus estudos superiores e de onde recebiam prontos os instrumentos de trabalho mental.
Isto é dito para destacar uma das funções da literatura culta no Brasil Colonial; impor a língua portuguesa e registrá-la em escritos que ficassem como marcos, ressaltando a sua dignidade de idioma dos senhores,
ao qual todos deveriam submeter-se, como afinal acabou acontecendo.
A não ser o caso das tribos indígenas sobreviventes, e de alguma persistência da língua geral na Amazônia, os idiomas indígenas foram proscritos, assim como os africanos, que vieram com a importação de escravos. Trata-se de um verdadeiro processo de dominação lingüística, aspecto da dominação política, no qual a literatura culta, repito, desempenhou papel importante. Foi pena que a grande percepção de Anchieta não tivesse seguidores, pois ele combinava a tradição clássica, redefinida pelo humanismo do Renascimento, com certos veios mais populares da tradição ibérica, visíveis nos autos teatrais e na escolha das formas métricas de sua lírica. Além disso, acolheu e procurou dar dignidade à própria expressão lingüística do indígena, mostrando que seria possível uma cultura menos senhorial, mais aberta aos grupos dominados.
Portanto, o que aqui predominou e deu a tônica foi uma literatura de senhores, que transpôs o requinte da literatura metropolitana e nem sempre foi capaz de sentir a complexidade da sociedade nova. Mas é preciso não encará-la com espírito de compêndio ou manual, isto é, como se as listas de nomes, obras e temas, postos em sucessão no espaço da página, significassem a existência de uma verdadeira vida literária, que só ocorrerá a partir do século XVIII, quando se esboça uma “República das Letras”. Nos séculos XVI e XVII o que havia eram autores ocasionais, ou circunscritos à sua região, produzindo obras que na maioria absoluta não foram impressas, inclusive porque o Brasil só teve licença para possuir tipografias depois de 1808. Algumas dessas produções foram editadas em Portugal, mas outras de grande importância conheceram apenas a difusão oral ou manuscrita, atingindo círculos restritos e só no século XIX chegaram ao livro.
Isolados, separados por centenas e milhares de quilômetros uns dos outros, esses escritores dispersos pelos raros núcleos de povoamento podem ser comparados a vaga-lumes numa noite densa. Podia haver lugares, como a Bahia, onde se reuniam homens cultos, sobretudo clérigos e legistas. Podia haver sermões brilhantes que encantavam o auditório, ou poetas de mérito recitando e passando cópias de seus poemas.
No conjunto, eram manifestações literárias que ainda não correspondiam a uma etapa plenamente configurada da literatura, pois os pontos de referência eram externos, estavam na Metrópole, onde os homens de letras faziam os seus estudos superiores e de onde recebiam prontos os instrumentos de trabalho mental.
Texto de Antonio Cândido
27.11.09
"Almas Nuas" no Solar Bela Vista 26.11.2009
Uma bela noite no lançamento do livro de poemas "Almas Nuas"!
Zedelfino irradiando alegria e felicidade cercado dos seus anjos e demônios, todos com suas almas nuas despidas de todas suas vaidades e arrogâncias.
Os que o amam, admiram e respeitam, felizes em reencontrar aqueles que fecham os laços dessa imensa teia de relacionamentos, sem se incomodarem com a gritante ausência dos invejosos que não sabem cultuar o êxito e sucesso de alguém, porque realmente não podem deixar de ser o centro do universo, verdadeiros reis-sol, ou melhor, na realidade reis-solitários.
Alguns lá chegaram silenciosos e discretos, mas na face externando sua alegria em ali estar, brincando, soltando galhofas, mas, sobretudo se confraternizando com tiradas elogiosas ao poeta.
Zedelfino irradiando alegria e felicidade cercado dos seus anjos e demônios, todos com suas almas nuas despidas de todas suas vaidades e arrogâncias.
Os que o amam, admiram e respeitam, felizes em reencontrar aqueles que fecham os laços dessa imensa teia de relacionamentos, sem se incomodarem com a gritante ausência dos invejosos que não sabem cultuar o êxito e sucesso de alguém, porque realmente não podem deixar de ser o centro do universo, verdadeiros reis-sol, ou melhor, na realidade reis-solitários.
Alguns lá chegaram silenciosos e discretos, mas na face externando sua alegria em ali estar, brincando, soltando galhofas, mas, sobretudo se confraternizando com tiradas elogiosas ao poeta.
25.11.09
Natal Ontem e Hoje
“Os meus olhos ainda não viram nada mais encantador que o nosso Potengi, descendo para o mar, nas horas de vazante, sereno e calmo, conduzindo nas águas mansas uma porção de barcos leves, que vão e vem, que aparecem e desaparecem nas curvas dos rios, dando a perspectiva, uns tons suaves de mágica, de tela polycroma...” (Henrique Castriciano)
As ruas de Natal foram se consolidando de forma constituir uma trama viária típica de cidade colonial, com ruas estreitas, casas pequenas construídas sobre alinhamentos frontais e laterais dos lotes, sem qualquer separação entre o espaço privado e o público, e as calçadas como espaço das atividades de convivência e confraternização de vizinhança.” (Giovana Paiva de Oliveira)
“A construção da Praça Sete de Setembro, em 1914, desfigurou-a para sempre, derribando uma metade da rua. O parque do Palácio demoliu outro trecho. Hoje a Rua da Conceição possui apenas uma fila de edifícios, e está reduzida a um pequenino número, contados da esquina do Palácio do Governo até a Praça João Maria, antiga Praça da Alegria. A Rua da Conceição, entretanto, teve história sugestiva e colorida”. (Luís da Câmara Cascudo)
Fotos Superiores: Atual Pça. André de Albuquerque, Pça. João Tibúcio e vista do Potengi;
Fotos do Meio: Rua da Conceilção e Esquina da antiga Pça. da Alegria atual Pçc. Pe. João Maria
Fotos Iinferiores: Rua da Conceição e Palacio Potengi.
Fonte:Semurb
Fonte:Semurb
21.11.09
Dos Bondes ao Hippie Drive In
Os primeiros telefones em Natal surgiram, conforme Câmara Cascudo, entre 1908 e 1911. Em 1918 a prestação do serviço era feita pela empresa paulista Tração Força e Luz (energia elétrica, bondes e telefonia). O gerente era João batista Vasquez que residia em São Paulo e por aqui aparecia periodicamente. As ligações eram feitas através de um pool de telefonistas que trabalhavam na sede da Empresa que fiava na Avenida Tavares de Lyra na Ribeira.
Luis da Câmara Cascudo em 1979, destacava que os natalenses mais ricos faziam o gesto de combinar uma ligação telefônica simulando o giro de uma manivela, típica dos primeiros telefones da cidade. Esse gesto foi posteriormente transformado na simulação da “discagem” nos anos que antecederam os aparelhos com teclas. Os serviços públicos, de uma maneira geral, eram extremamente ineficientes e se encaminhavam para um colapso total e as reclamações foram se acumulando. Natal chegou a ficar três dias sem o serviço de bondes. Em 1921 o governador Antônio José de Melo e Souza visando atender o interesse público criou a Repartição de Serviços Urbanos com a missão de gerir a prestação dos serviços de bonde, de coleta de lixo, de produção, conservação e venda de gelo, geração e distribuição de energia elétrica e telefonia. Dessa forma os serviços públicos foram estatizados em Natal. O seu primeiro diretor-gerente foi o escriturário do Tesouro João Sizenando Pinheiro. A repartição funcionava na Avenida Tavares de Lyra.
Ao longo dos anos seguintes ocorreu melhora nos serviços, mas em 1929 o governador Juvenal Lamartine de Faria, com aprovação da Assembléia Legislativa deu o passo inverso e autorizou a privatização de parte dos serviços e foi autorizado a contratar empresa privada para voltar a prestar serviços de eletricidade e telefonia.
As ligações telefônicas públicas automáticas só aconteceram em 1942, no início da II Guerra.
Em meados dos anos 50 a Radional, Radio Internacional do Brasil, americana, foi encarregada de prestar o serviço de ligações telefônicas interurbanas em Natal. O sistema funcionava com apenas um canal e operava em baixa freqüência de rádio, normalmente muito ruidoso. Efetuar ligações interurbanas era um privilégio restrito praticamente às autoridades estaduais, e como era difícil completar uma ligação! A estação ficava na “Corrente” onde hoje é o Conjunto Potilândia em Lagoa Nova, e a conexão era essencialmente para o Rio de Janeiro (capital federal) e demorava horas para se conseguir uma condição apenas razoável de comunicação. Os usuários mais freqüentes eram o Governador Dinarte Mariz e o Deputado Djalma Marinho. Quando a ligação local não era possível era necessário se deslocar para a Radional que funcionava próxima a Estação Ferroviária, para se comunicar com o rio de Janeiro. A Telern, Companhia Telefônica do Rio grande do Norte só foi criada em 1963, no Governo Aluísio Alves, e possibilitou os primeiros passos para a integração interestadual pelas telecomunicações através da repetidora de Serra de Santana com a possível execução de ligações interurbanas entre natal, Macaíba, Ceará Mirim, Mossoró, Angicos, Lajes, Caicó, Pau dos Feros e Currais Novos.Fonte:
Dos Bondes ao Hippie Drive-In de Carlos de Fred Sizenando R. Pinheiro
17.11.09
De Natal a Manhattan - holandeses e judeus
Pero Mendes de Gouveia, Capitão-mor (espanhol, segundo alguns), ferido nos combates, muito macho, não entregou a Fortaleza. A rendição (1633) se deu por obra e graça da covardia dos subalternos. Começara mal, assim, a dominação holandesa no Rio Grande. A galegada flamenga de Olinda e Recife, cinco anos depois da conquista de Pernambuco, estava de olho no gado, no açúcar e na mandioca da terra. A Fortaleza dos Reis Magos virou Castelo Keulen, a incipiente vila de poucas palhoças, na Cidade Alta (ou nos Guarapes?), foi rebatizada: Nova Amsterdã. Começou a inhanha: a exploração, a violência, os massacres - um deles, o de Uruaçu, poucos dias depois da vitória.
Jacó Rabi (rabbi em hebraico, significando "mestre"), Conselheiro da Companhia das Índias, judeu alemão, pintou e bordou em Cunhaú (1645), matando muita gente. Esse camarada arranjou amizade com os tapuias Janduís, comandando uma uma tropa de choque, violenta longa manu dos interesses batavos. Era tão ruim que os próprios judeus, portugueses e protestantes, prejudicados com suas façanhas, forçaram o seu assassinato, a mandado do coronel holandês Gartsman, casado com uma brasileira.
Significativa, intensa até, foi a presença israelita no Nordeste durante a ocupação flamenga. Tangidos de Portugal e Espanha, acusados de heresias - vivendo outros na própria Holanda mas originários da Península, - os sefardins, ricos, chegavam aos nossos portos, atraídos pelo comércio, ganhando dinheiro, prosperando.
No Recife, fundaram a primeira sinagoga das Américas. Gilberto Freire afirmava que, desde Cabral, de dez portugueses que vinham para cá, oito eram judeus marranos (cristãos-novos).
No Rio Grande, hoje, pouca gente se dá conta da sua origem hebraica. Vencidos os holandeses nos Guararapes, liberada a Capitania, sua fortaleza e sua vila primeira (Natal), a maioria dos judeus afortunados da região - marranos ou não - se escafedeu para o Caribe e para uma outra "Nova Amsterdã", um entreposto flamengo, na ilha de Manhattan - que depois, sob o guante da espada inglesa, viria a ser chamada de Nova Iorque. Esse grupo ajudaria a fundar o império capitalista americano. Os outros, os menos bafejados pela sorte, obrigados novamente a se cristianizarem, foram palmilhar os caminhos do sertão, misturando-se às populações indígenas. Ficaram, todavia, os sobrenomes reveladores: Carvalho, Moreira, Nogueira, Oliveira, Pinheiro, Lopes, Dias, Nunes, Souza, Medeiros, Costa, Cardoso, Fonseca e tantos outros. Dos costumes e manias - afirmam, por aí -, deixaram-nos a carne de sol, o comércio à prestação, de porta em porta, a pintura das casas no final do ano, a sangria dos animais para a alimentação, o sepultamento dos defuntos envolvidos em mortalhas.
Os holandeses, por sua vez, parece (ainda bem, ainda bem!), só nos deixaram os Wanderley do Assu - salvas algumas poucas exceções, gente de brio, de prumo, de engenho e de muita arte, até nossos dias...
(Laélio Ferreira, Poeta e pesquisador - Foto: Av. Circular e Rua do Motor.
Jacó Rabi (rabbi em hebraico, significando "mestre"), Conselheiro da Companhia das Índias, judeu alemão, pintou e bordou em Cunhaú (1645), matando muita gente. Esse camarada arranjou amizade com os tapuias Janduís, comandando uma uma tropa de choque, violenta longa manu dos interesses batavos. Era tão ruim que os próprios judeus, portugueses e protestantes, prejudicados com suas façanhas, forçaram o seu assassinato, a mandado do coronel holandês Gartsman, casado com uma brasileira.
Significativa, intensa até, foi a presença israelita no Nordeste durante a ocupação flamenga. Tangidos de Portugal e Espanha, acusados de heresias - vivendo outros na própria Holanda mas originários da Península, - os sefardins, ricos, chegavam aos nossos portos, atraídos pelo comércio, ganhando dinheiro, prosperando.
No Recife, fundaram a primeira sinagoga das Américas. Gilberto Freire afirmava que, desde Cabral, de dez portugueses que vinham para cá, oito eram judeus marranos (cristãos-novos).
No Rio Grande, hoje, pouca gente se dá conta da sua origem hebraica. Vencidos os holandeses nos Guararapes, liberada a Capitania, sua fortaleza e sua vila primeira (Natal), a maioria dos judeus afortunados da região - marranos ou não - se escafedeu para o Caribe e para uma outra "Nova Amsterdã", um entreposto flamengo, na ilha de Manhattan - que depois, sob o guante da espada inglesa, viria a ser chamada de Nova Iorque. Esse grupo ajudaria a fundar o império capitalista americano. Os outros, os menos bafejados pela sorte, obrigados novamente a se cristianizarem, foram palmilhar os caminhos do sertão, misturando-se às populações indígenas. Ficaram, todavia, os sobrenomes reveladores: Carvalho, Moreira, Nogueira, Oliveira, Pinheiro, Lopes, Dias, Nunes, Souza, Medeiros, Costa, Cardoso, Fonseca e tantos outros. Dos costumes e manias - afirmam, por aí -, deixaram-nos a carne de sol, o comércio à prestação, de porta em porta, a pintura das casas no final do ano, a sangria dos animais para a alimentação, o sepultamento dos defuntos envolvidos em mortalhas.
Os holandeses, por sua vez, parece (ainda bem, ainda bem!), só nos deixaram os Wanderley do Assu - salvas algumas poucas exceções, gente de brio, de prumo, de engenho e de muita arte, até nossos dias...
(Laélio Ferreira, Poeta e pesquisador - Foto: Av. Circular e Rua do Motor.
14.11.09
Os índios somos nós?
Alguns historiadores relatam que em 1497, Vasco da Gama aportou no litoral potiguar. Outros descrevem que Colombo esteve também por aqui nessa época acompanhado do navegador português Duarte Pacheco Pereira. Todavia, somente em 1501 foi fixada o primeiro Marco de Posse colonial da terra brasileira por Portugal, atualmente conhecido como o Marco de Touros.
Praticamente havia duas ramificações indígenas nas terras do RN: os índios Potiguara descendentes dos Tupis que habitavam o litoral e os Tarairiu oriundo dos Tapuias então habitantes do sertão. Atraídos pelas riquezas do Novo Mundo, chegaram ao nosso litoral os primeiros corsários franceses em busca do pau-brasil, árvore do qual se retirava corante, muito utilizado em tecidos na Europa. Os franceses tinham uma relação comercial com os potiguaras denominada escambo, os indígenas levavam a madeira para a praia na forma de tronco e em troca recebiam quinquilharias.
Preocupados com a permanência dos franceses no litoral, a Coroa portuguesa resolve dividir suas terras em 15 capitanias hereditárias, estando elas limitadas pela linha fictícia do Tratado de Tordesilhas, através do qual Portugal e Espanha haviam dividido os territórios da América. A Capitania do Rio Grande foi doada a Ayres da Cunha e seu sócio João de Barros que, em 1635 organizaram uma expedição com 10 embarcações fortemente armadas para expulsar os franceses que naquele momento tinham como aliados os índios potiguaras e juntos defenderam-se dos ataques portugueses conseguindo rechaçar a expedição. Após passarem quase 100 anos de domínio francês em nosso litoral, é que a conquista portuguesa obteve êxito, dando início à construção de um forte nas margens do Rio Grande, hoje Potengi. Em 25 de dezembro de 1599 foi fundada as margens do Rio Grande a “Povoação dos Reis” que só veio a se chamar “Cidade do Natal” em 1614.
Os Holandeses foram obrigados a fugir da Bahia em 1625, não desistiram e conquistaram Pernambuco em 1631, ocupando o Rio Grande em 1633. O forte foi denominado de Castelo de Ceulen e Natal de Nova Amsterdã. Fizeram alianças com os tapuias e conquistaram o engenho de Cunhaú, porém, em 1654 depois de 24 anos de domínio foram definitivamente banidos do Brasil.
Em meados de 1961 a população da “Cidade do Natal” chegava a 150 mil habitantes depois de 340 anos de existência, praticamente todos esses moradores, essas pessoas, tinham um vínculo familiar, um parentesco, mas a população cresceu e nos dias de hoje, alcançamos 800 mil habitantes de desconhecidos. A migração e imigração tornaram a cidade lotada de pessoas de todas as origens e credos, muito deles endinheirados comprando extensões de praias ao longo do nosso litoral a fim de construir hotéis e resort para diversão de turistas estrangeiros.
O escambo é pela moeda, os índios agora somos nós, entregamos nossas areias brancas onduladas pelo vento, as nossas dunas reluzentes banhadas por praias praticamente virgens, habitadas por pescadores e veranistas com o intuito de favorecer o desenvolvimento sustentado, aumentando a pretensa arrecadação e divisas para o nosso Estado.
A bela praia de Ponta Negra é um exemplo típico, a calvície do morro do careca expandiu a ponto de ser proibido a sua subida, ao seu arredor empreendimentos vão à justiça para edificar prédios altos, bem altos, competindo com a altura do morro, podendo modificar a paisagem, simplesmente para habitar moradores que façam escambo. A Ponta Negra de hoje jamais voltará a ser da época que conheci, com suas redes pescando cardumes de tainha e pescarias de xaréu em Alagamar. Ponta Negra não pertence mais aos moradores antigos de Natal, a vila dos pescadores não pertence mais aos antigos pescadores, a bela praia de Ponta Negra pertence aos donos de Hotéis e Pousadas que lotam de turistas estrangeiros muitos deles a fim de realizar escambo para sua própria diversão, Ponta Negra atualmente è, uma terra de ninguém.
José Eduardo Vilar Cunha - Jornalista e professor UFRN
Praticamente havia duas ramificações indígenas nas terras do RN: os índios Potiguara descendentes dos Tupis que habitavam o litoral e os Tarairiu oriundo dos Tapuias então habitantes do sertão. Atraídos pelas riquezas do Novo Mundo, chegaram ao nosso litoral os primeiros corsários franceses em busca do pau-brasil, árvore do qual se retirava corante, muito utilizado em tecidos na Europa. Os franceses tinham uma relação comercial com os potiguaras denominada escambo, os indígenas levavam a madeira para a praia na forma de tronco e em troca recebiam quinquilharias.
Preocupados com a permanência dos franceses no litoral, a Coroa portuguesa resolve dividir suas terras em 15 capitanias hereditárias, estando elas limitadas pela linha fictícia do Tratado de Tordesilhas, através do qual Portugal e Espanha haviam dividido os territórios da América. A Capitania do Rio Grande foi doada a Ayres da Cunha e seu sócio João de Barros que, em 1635 organizaram uma expedição com 10 embarcações fortemente armadas para expulsar os franceses que naquele momento tinham como aliados os índios potiguaras e juntos defenderam-se dos ataques portugueses conseguindo rechaçar a expedição. Após passarem quase 100 anos de domínio francês em nosso litoral, é que a conquista portuguesa obteve êxito, dando início à construção de um forte nas margens do Rio Grande, hoje Potengi. Em 25 de dezembro de 1599 foi fundada as margens do Rio Grande a “Povoação dos Reis” que só veio a se chamar “Cidade do Natal” em 1614.
Os Holandeses foram obrigados a fugir da Bahia em 1625, não desistiram e conquistaram Pernambuco em 1631, ocupando o Rio Grande em 1633. O forte foi denominado de Castelo de Ceulen e Natal de Nova Amsterdã. Fizeram alianças com os tapuias e conquistaram o engenho de Cunhaú, porém, em 1654 depois de 24 anos de domínio foram definitivamente banidos do Brasil.
Em meados de 1961 a população da “Cidade do Natal” chegava a 150 mil habitantes depois de 340 anos de existência, praticamente todos esses moradores, essas pessoas, tinham um vínculo familiar, um parentesco, mas a população cresceu e nos dias de hoje, alcançamos 800 mil habitantes de desconhecidos. A migração e imigração tornaram a cidade lotada de pessoas de todas as origens e credos, muito deles endinheirados comprando extensões de praias ao longo do nosso litoral a fim de construir hotéis e resort para diversão de turistas estrangeiros.
O escambo é pela moeda, os índios agora somos nós, entregamos nossas areias brancas onduladas pelo vento, as nossas dunas reluzentes banhadas por praias praticamente virgens, habitadas por pescadores e veranistas com o intuito de favorecer o desenvolvimento sustentado, aumentando a pretensa arrecadação e divisas para o nosso Estado.
A bela praia de Ponta Negra é um exemplo típico, a calvície do morro do careca expandiu a ponto de ser proibido a sua subida, ao seu arredor empreendimentos vão à justiça para edificar prédios altos, bem altos, competindo com a altura do morro, podendo modificar a paisagem, simplesmente para habitar moradores que façam escambo. A Ponta Negra de hoje jamais voltará a ser da época que conheci, com suas redes pescando cardumes de tainha e pescarias de xaréu em Alagamar. Ponta Negra não pertence mais aos moradores antigos de Natal, a vila dos pescadores não pertence mais aos antigos pescadores, a bela praia de Ponta Negra pertence aos donos de Hotéis e Pousadas que lotam de turistas estrangeiros muitos deles a fim de realizar escambo para sua própria diversão, Ponta Negra atualmente è, uma terra de ninguém.
José Eduardo Vilar Cunha - Jornalista e professor UFRN
11.11.09
Dos bondes ao Hipie Drive-in
"Dos Bondes ao Hippie Drive-in", fragmentos cotidianos da cidade do Natal, de Carlos e Fred Sizenando Rossiter Pinheiro, lançado no dia 12 de novembro de 2009, às 19 horas, no Clube de Engenharia na Av. Rodrigues Alves, nº 1004, Tirol, ao lado da Cidade da Criança. Só para despertar a curiosidade, parte da introdução do livro:
"Dentre tantas fotografias interessantes, tivemos o delicioso trabalho de selecionar as imagens mais representativas, que contribuíssem para transformar a leitura num agradável mergulho no túnel do tempo, que nos transporta de forma lúdica a uma Natal que evolui entre 26 mil e 300 mil habitantes, que dava seus primeiros passos para a modernidade. Voltamos também aos anos 60, tempo das tanajuras espetadas pelo rabo, dos “lacerdinhas” nos pés de fícus que nos atazanavam os olhos, das séries do Cinema Rex, de Elvis Presley no Rio Grande. Tempo dos “aluizistas”, dos “dinartistas”, do Programa “De pé no chão também se aprende a ler” e dos nossos maiores temores infantis: a viúva Machado e Maria “Mulamanca”.
Em relação aos inesquecíveis anos 1960`s e 1970`s, destaque especial foi dado ao surgimento e evolução do Rock em Natal, com detalhamento das primeiras Bandas surgidas sob inspiração da Beatlemania e da Jovem-Guarda, dos Festivais Musicais do Palácio dos Esportes, da contra-cultura, dos Poemas-processos.
Aqueles nossos amigos e amigas que conheceram Jerônimo o Herói do Sertão, o Cinema Poti, as tartarugas da Praça Pedro Velho, o Sebo de Cazuza, os bailes no ABC , as “Anastomoses” no América, o “Seu Talão vale um Milhão”, a loja de discos de Helisom, o Juvenal Lamartine, a Rita Loura*, o Hippie Drive In, certamente não deixarão de se emocionar. E irão relembrar não apenas os fatos aqui narrados, como também inúmeros outros momentos que de tão significantes em suas vidas, facilmente se acenderão em suas mentes como um simples duplo clique para acessar algum arquivo de computador".
* Dona Rita Barroso de Carvalho, uma doce senhora - nota do blog -
Foto: Avenida Rio Branco em 1931.
8.11.09
Século XVI - Manifestações Literárias
É preciso imaginar o que era o Brasil no século XVI.
Uma vasta extensão de terras quase totalmente desconhecidas, cujas fronteiras com os domínios espanhóis eram indefinidas, habitada por indígenas que pareciam ao conquistador seres de uma espécie diferente, talvez não inteiramente humano. Uma natureza selvática e exuberante, cheia de animais e vegetais insólitos, formando um espaço que ao mesmo tempo aterrorizava e deslumbrava o europeu. Quanto ao deslumbramento, nada mais eloquente do que um dos documentos iniciais sobre a nova terra, publicado em 1504 e atribuído a um dos seus primeiros e mais capazes conhecedores, Amerigo Vespucci, onde se lê; “se no mundo existe algum paraíso terrestre, com certeza não deve estar longe deste lugar”.
Ao pequeno Reino de Portugal cabia a tarefa sobre humana de ocupar, defender, povoar e explorar essa terra incógnita, uma das muitas que faziam parte de sua prodigiosa expansão. Essa tarefa se desdobrava em vários aspectos: administrativo, econômico, militar, religioso.
Os homens que vieram para o Brasil de maneira regular e com mente fundadora, a partir de 1530, tiveram inicialmente necessidade de descrever e compreender a terra e os seus habitantes, com um intuito pragmático necessário para melhor dominar e tirar proveito. Ao mesmo tempo, precisaram criar os veículos de comunicação e impor o seu equipamento ideológico, tendo como base a religião católica. Tais homens eram administradores e magistrados, soldados e agricultores, mercadores e sacerdotes, aos quais devemos os primeiros escritos feitos aqui. Esses escritos são descrições do país e seus naturais, relatórios administrativos ou poemas de fundo religioso, destinados ao trabalho de pregação e conversão dos índios. Dessa massa de escritos destacam-se os dos jesuítas, que vieram a partir de 1549 e, sobretudo os de um natural das Ilhas Canárias, parente de Santo Inácio de Loiola, que veio muito jovem e poderia ser considerado um dos patriarcas da nossa literatura: José de Anchieta (1534-1597). Homem de boa formação clássica, profundamente identificado com o país e os índios, deve-se a ele não apenas relatórios penetrantes sobre a atuação da sua Ordem, iluminando a vida social da Colônia, mas obras especificamente literárias, em quatro línguas, algumas vezes misturadas: português, espanhol, latim e tupi.
A sua principal obra latina é um poema épico sobre os feitos militares do Governador Geral Mem de Sá. Só recentemente verificou-se que havia sido impresso em Lisboa no ano de 1563, o que lhe dá a posição de primeiro livro produzido no Brasil. Seu tradutor para o português, o Padre Armando Cardoso (1958), assinala a influência de Virgílio e a pureza clássica do latim de Anchieta, registrando a importância de uma epopéia feita no calor dos acontecimentos narrados e baseada no testemunho de protagonistas, além da própria experiência do autor, que colaborou com Mem de Sá. Hoje, impressionam a capacidade narrativa e o estranho gosto pela descrição da crueldade. Além dessa obra de maior vulto, Anchieta escreveu poesias e atos teatrais de cunho religioso, sempre com o intuito de tornar a fé católica acessível ao povo, em geral, e aos índios catequizados, em particular.
Uma vasta extensão de terras quase totalmente desconhecidas, cujas fronteiras com os domínios espanhóis eram indefinidas, habitada por indígenas que pareciam ao conquistador seres de uma espécie diferente, talvez não inteiramente humano. Uma natureza selvática e exuberante, cheia de animais e vegetais insólitos, formando um espaço que ao mesmo tempo aterrorizava e deslumbrava o europeu. Quanto ao deslumbramento, nada mais eloquente do que um dos documentos iniciais sobre a nova terra, publicado em 1504 e atribuído a um dos seus primeiros e mais capazes conhecedores, Amerigo Vespucci, onde se lê; “se no mundo existe algum paraíso terrestre, com certeza não deve estar longe deste lugar”.
Ao pequeno Reino de Portugal cabia a tarefa sobre humana de ocupar, defender, povoar e explorar essa terra incógnita, uma das muitas que faziam parte de sua prodigiosa expansão. Essa tarefa se desdobrava em vários aspectos: administrativo, econômico, militar, religioso.
Os homens que vieram para o Brasil de maneira regular e com mente fundadora, a partir de 1530, tiveram inicialmente necessidade de descrever e compreender a terra e os seus habitantes, com um intuito pragmático necessário para melhor dominar e tirar proveito. Ao mesmo tempo, precisaram criar os veículos de comunicação e impor o seu equipamento ideológico, tendo como base a religião católica. Tais homens eram administradores e magistrados, soldados e agricultores, mercadores e sacerdotes, aos quais devemos os primeiros escritos feitos aqui. Esses escritos são descrições do país e seus naturais, relatórios administrativos ou poemas de fundo religioso, destinados ao trabalho de pregação e conversão dos índios. Dessa massa de escritos destacam-se os dos jesuítas, que vieram a partir de 1549 e, sobretudo os de um natural das Ilhas Canárias, parente de Santo Inácio de Loiola, que veio muito jovem e poderia ser considerado um dos patriarcas da nossa literatura: José de Anchieta (1534-1597). Homem de boa formação clássica, profundamente identificado com o país e os índios, deve-se a ele não apenas relatórios penetrantes sobre a atuação da sua Ordem, iluminando a vida social da Colônia, mas obras especificamente literárias, em quatro línguas, algumas vezes misturadas: português, espanhol, latim e tupi.
A sua principal obra latina é um poema épico sobre os feitos militares do Governador Geral Mem de Sá. Só recentemente verificou-se que havia sido impresso em Lisboa no ano de 1563, o que lhe dá a posição de primeiro livro produzido no Brasil. Seu tradutor para o português, o Padre Armando Cardoso (1958), assinala a influência de Virgílio e a pureza clássica do latim de Anchieta, registrando a importância de uma epopéia feita no calor dos acontecimentos narrados e baseada no testemunho de protagonistas, além da própria experiência do autor, que colaborou com Mem de Sá. Hoje, impressionam a capacidade narrativa e o estranho gosto pela descrição da crueldade. Além dessa obra de maior vulto, Anchieta escreveu poesias e atos teatrais de cunho religioso, sempre com o intuito de tornar a fé católica acessível ao povo, em geral, e aos índios catequizados, em particular.
* Antônio Cândido
5.11.09
Marco de Touros
O dia 7 de agosto foi escolhido como a data do aniversário do Rio Grande do Norte, porque nesta mesma data, no ano de 1501, aconteceu, em terras potiguares, um dos mais importantes fatos históricos do país: a fixação do primeiro Marco de Posse colonial da terra brasileira por Portugal, fato que para muitos historiadores, representa o registro de nascimento do Brasil. e para muitos o mais antigo, existente, da toda colonização portuguesa, e sua fincagem foi o primeiro acontecimento histórico no território potiguar e também o evento oficial de posse do país. Outros Marcos foram deixados no litoral brasileiro, um no litoral baiano e outro na praia da Cananéia, São Paulo, sendo o de Touros o mais antigo.
A esquadra que realizara esta travessia era formada por três caravelas e tinha no comando o capitão André Gonçalves e Américo Vespúcio como cosmógrafo, após longo percurso, saindo de Lisboa.
Quando os portugueses, na sua política expansionista, chegavam às terras descobertas, deixavam o marco, oficializando a tomada de posse de territórios que descobriam como sendo exclusivamente de Portugal. Eram colunas de pedra, de altura variável, encimadas por uma cruz com inscrições em português, latim e árabe, que os portugueses passaram a usar como prova de suas descobertas e símbolos de sua fé.
O Marco de Touros é uma pedra calcária de granulação fina, provavelmente de mármore português ou lioz, medindo 1,20m de altura; 0,20m de espessura, 0,30m de largura; 1,05m de contorno.
Na parte superior, contém a cruz da Ordem de Cristo (a famosa Cruz de Malta) em relevo e, abaixo, as armas do rei de Portugal e cinco escudetes em aspas com cinco quinas, sem as bordaduras dos castelos.
O Marco de Touros é também cultuado pela comunidade de Cauã, como se fosse santo, e o chamam até de “Santo Cruzeiro”. O culto ao Marco surgiu em decorrência da falta de conhecimento das características da pedra e das inscrições nela contidas, como, por exemplo, a cruz que representa o símbolo da Ordem de Cristo. Esses fatores levaram a comunidade a crer que o Marco era realmente divino, vindo diretamente de Deus para eles. Os habitantes dessa comunidade acreditavam que tirar algumas lascas de pedra do Marco de Touros para fazer chás não se constituía como uma agressão e sim como uma cura para suas doenças.
A comunidade, mesmo na sua ignorância e pela sua obsessão religiosa, contribuiu para que o avanço do mar não viesse a destruir o precioso acervo – que foi o primeiro monumento histórico do Brasil português – pois, a cada avanço do mar, o Marco era deslocado do alvo das ondas.
Desde 1976, encontra-se nas dependências da Fortaleza dos Reis Magos, quando ele foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural. Na praia do Marco, em Touros, existe uma réplica do Marco, que mantém a tradição, os mitos, a crença do povo e reforça a idéia de que a ação religiosa dos habitantes preservou um patrimônio que, de outra forma, teria sido destruído.
* Extraído do texto de Paulo Roberto R. Teixeira e pesquisa do blog.
A esquadra que realizara esta travessia era formada por três caravelas e tinha no comando o capitão André Gonçalves e Américo Vespúcio como cosmógrafo, após longo percurso, saindo de Lisboa.
Quando os portugueses, na sua política expansionista, chegavam às terras descobertas, deixavam o marco, oficializando a tomada de posse de territórios que descobriam como sendo exclusivamente de Portugal. Eram colunas de pedra, de altura variável, encimadas por uma cruz com inscrições em português, latim e árabe, que os portugueses passaram a usar como prova de suas descobertas e símbolos de sua fé.
O Marco de Touros é uma pedra calcária de granulação fina, provavelmente de mármore português ou lioz, medindo 1,20m de altura; 0,20m de espessura, 0,30m de largura; 1,05m de contorno.
Na parte superior, contém a cruz da Ordem de Cristo (a famosa Cruz de Malta) em relevo e, abaixo, as armas do rei de Portugal e cinco escudetes em aspas com cinco quinas, sem as bordaduras dos castelos.
O Marco de Touros é também cultuado pela comunidade de Cauã, como se fosse santo, e o chamam até de “Santo Cruzeiro”. O culto ao Marco surgiu em decorrência da falta de conhecimento das características da pedra e das inscrições nela contidas, como, por exemplo, a cruz que representa o símbolo da Ordem de Cristo. Esses fatores levaram a comunidade a crer que o Marco era realmente divino, vindo diretamente de Deus para eles. Os habitantes dessa comunidade acreditavam que tirar algumas lascas de pedra do Marco de Touros para fazer chás não se constituía como uma agressão e sim como uma cura para suas doenças.
A comunidade, mesmo na sua ignorância e pela sua obsessão religiosa, contribuiu para que o avanço do mar não viesse a destruir o precioso acervo – que foi o primeiro monumento histórico do Brasil português – pois, a cada avanço do mar, o Marco era deslocado do alvo das ondas.
Desde 1976, encontra-se nas dependências da Fortaleza dos Reis Magos, quando ele foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural. Na praia do Marco, em Touros, existe uma réplica do Marco, que mantém a tradição, os mitos, a crença do povo e reforça a idéia de que a ação religiosa dos habitantes preservou um patrimônio que, de outra forma, teria sido destruído.
* Extraído do texto de Paulo Roberto R. Teixeira e pesquisa do blog.
1.11.09
Coluna Capitolina
No dia 5 de julho de 1928 o avião Savoia-Marchetti S-64 pilotado pelos aviadores italianos Carlo Del Prete e Arturo Ferrarin alcançou a cidade de Touros, no Rio Grande do Norte, procedendo de Roma na Itália, após um vôo de 49 horas e 19 minutos, sem escalas, vencendo uma distância de 7163 quilômetros.Em reconhecimento à fidalguia, acolhimento e carinho com que o povo de Natal proporcionou aos dois famosos aviadores, Benito Mussolini, “Il Duce”, como 1º Ministro da Itália, resolveu doar à cidade uma “Coluna Romana”, mais conhecida como “Coluna Capitolina”, porque é originária do Monte Capitólio, em Roma. Evoca “na forma e na estrutura o templo de Júpiter”A instalação da referida coluna em Natal serviria ainda para eternizar a memória desse grande reide aéreo. A coluna Capitolina foi inaugurada em 8 de janeiro de 1931; foi trazida a bordo do navio”Lanzeroto Mlocello”, que participou do apoio à primeira travessia aérea do Atlântico Sul feita por um esquadrão, sob o comando do General Italo Balbo. Ás 07:30 horas do dia 8 de janeiro, foi rezada uma missa campal pelo Bispo Dom Marcolino Dantas, na esplanada do Cais do Porto, com as presenças das tripulações de todos os aviões e do navio de apoio. Depois da celebração, houve a inauguração do monumento. Dom Marcolino abençoou a coluna e o general Italo balbo pronunciou rápido discurso fazendo a doação do monumento à cidade. Ao final, o prefeito Pedro Dias Guimarães agradeceu o oferecimento de tão valioso e histórico marco. A Coluna Capitolina tem 5,80 metros de altura, apoiada numa base com cerca de 3 metros quadrados. É de mármore cinza e continha duas placas de bronze com os seguintes dizeres (traduzidos para o português): “trazida de um só lance sobre asas velozes além de toda distância tentada por Carlo Del Prete e Arturo Ferrarin, a Itália aqui chegou a 5 de julho de 1928. O Oceano não mais divide e sim une as gentes latinas de Itália e Brasil”. Na outra face do pedestal havia outra placa, também com inscrição em língua italiana, cujo significado no idioma português significa:”Italo Balbo aqui junto com o Esquadrão aéreo transatlântico na rota percorrida por Carlo Del Prete e Arturo Ferrarin a eles recordarão para sempre nesta Coluna Capitolina doada por Benito Mussolini à cidade de Natal consagrada. Em janeiro de 1931″. No dia 5 de julho de 1978, o ministério da Aeronáutica do Brasil inaugurou, em solenidade, com a presença de autoridades e de expressivo número de pessoas da colônia italiana, uma placa de bronze com as inscrições abaixo: Cinqüentenário da primeira travessia aérea Roma – Natal. Aos aviadores italianos Ferrarin e Del Prete homenagem da Força Aérea Brasileira. Observação: Primeiramente foi erguida na Esplanada do Cais do Porto, na Ribeira, no dia 8 de janeiro de 1931. Quatro anos depois, o movimento comunista de Natal derrubou a Coluna alegando que se tratava de um monumento erguido por um governo fascista. Permaneceu em lugar ignorado durante muitos anos até ser reencontrada e novamente erguida, dessa vez na praça João Tibúrcio e depois para a Praça Carlos Gomes no Baldo. Por fim foi transferida para o largo do Instituto Hitórico e Geográfico na Praça André de Albuquerque *, onde se encontra até hoje.
* Agradeço a observação do poeta e escritor Lívio Oliveira quanto ao local onde se encontra a Coluna Capitolina. Vale a visita, à Coluna e ao Instituto.
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto.
Rua da Palha e as Festas Juninas
Rua da Palha * - Vê-se na foto brincadeira do São João, com as pessoas cobrindo a roda enquanto que outros apenas olhavam. Naquele tempo, a rua era chamada Rua da Palha hoje Rua Vigário Bartolomeu, na Cidade Alta. O significado do seu nome: Rua da Palha era porque as casas eram feitas ou cobertas com palhas de coqueiros. Nesse mesmo local, bem antes, quando Natal se resumia apenas a Catedral de Nossa Senhora da Apresentação, que ainda não tinha nem essa Santa para cultuar, e as ruas próximas, como a Rua Santo Antônio, Rua da Conceição, e outras ruas como a Rua da Cruz, depois Rua Junqueira Aires e hoje Câmara Cascudo a cidade vivia em uma tranquilidade que fazia dó.
Quando se tirou essa foto, a cidade já mostrava certo progresso, tendo até o 1º Cartório de Natal, pertencente ao Sr. Miguel Leandro, o velho. Porém era uma rua de casas residenciais, algumas um pouco mais altas que as outras ou casarões chamadas "cachorro de cócoras", pois tinham o seu telhado caindo para frente. De qualquer jeito era uma rua, com as moradias, algumas com quatro janelas e uma porta do meio, separando as janelas em duas e duas. Outros casarões com apenas uma porta e três janelas, enquanto que outras tinham apenas duas janelas separadas por uma porta. Algumas casas, só tinham uma porta, não tendo janelas. Na foto vemos que a rua já era pavimentada, vendo-se muito bem as calçadas das residências, todas em um só prumo, bem diferente do que se vê agora na cidade, em desalinho e em diferentes níveis em desrespeito aos transeuntes. No alto da foto, do lado esquerdo de quem olha, do lado do sol, como se chama, vê-se a sede da Maçonaria 21 de Março. Hoje, esse prédio não existe mais. No entanto, a Maçonaria ainda está no mesmo local, em um edifício com o mesmo nome. Na foto, vemos as pessoas brincando em uma Festa Junina com a rua enfeitada com bandeirinhas. A foto foi tirada logo do seu inicio, perto da Rua Ulisses Caldas.
As Festas Juninas ou de santos populares são celebrações brasileira, portuguesa e de outros países europeus. Historicamente se relacionam com a festa pagã do solstício de verão (no hemisfério norte), que era celebrada no dia 24 de junho, segundo o Calendário Juliano e cristianizada na Idade Média como "Festa de São João". Elas festejam no Brasil em homenagem a importantes santos católicos, como Santo Antônio, São João, São Pedro e São Paulo. No Brasil, recebeu o nome de Junina (antes era Joanina, de São João), porque acontece no mês de junho. A festa foi trazida para o Brasil pelos portugueses e logo foi incorporada aos costumes das populações indígenas e afro-brasileiras. A tradição também veio de outros países europeus cristianizados através de imigrantes, chegados a partir de meados do século XIX.
As Festas Juninas são ainda celebradas em alguns países católicos, protestantes e ortodoxos. As fogueiras e a celebração de casamentos reais ou encenados são costumes ainda hoje praticados em festas européias.
As festas Juninas são típicas da Região Nordeste. Por ser uma região árida, os nordestinos agradecem anualmente a São João, Santo Antônio e São Pedro pelas chuvas caídas nas lavouras.
As comemorações eram alegres e descontraídas, com o espocar de fogos de artifício, durante todo o mês de junho, o que hoje praticamente não se vê mais, mesmo nos bairros periféricos.Em razão de coincidir com a colheita do milho, as comidas são feitas à base deste cereal integrando à tradição comidas como a canjica e a pamonha. A festa de São João se encaixou, porque o inverno já não é tão intenso nos fins de junho e são comemoradas em todas as cidades nordestinas em maior o menor grau destacando-se as danças típicas como a Quadrilha Junina e o Forró Pé de Serra.
(* Alderico Leandro - Jornalista, poeta, crítico, literário e escritor – com pequenas alterações do texto original.)
Quando se tirou essa foto, a cidade já mostrava certo progresso, tendo até o 1º Cartório de Natal, pertencente ao Sr. Miguel Leandro, o velho. Porém era uma rua de casas residenciais, algumas um pouco mais altas que as outras ou casarões chamadas "cachorro de cócoras", pois tinham o seu telhado caindo para frente. De qualquer jeito era uma rua, com as moradias, algumas com quatro janelas e uma porta do meio, separando as janelas em duas e duas. Outros casarões com apenas uma porta e três janelas, enquanto que outras tinham apenas duas janelas separadas por uma porta. Algumas casas, só tinham uma porta, não tendo janelas. Na foto vemos que a rua já era pavimentada, vendo-se muito bem as calçadas das residências, todas em um só prumo, bem diferente do que se vê agora na cidade, em desalinho e em diferentes níveis em desrespeito aos transeuntes. No alto da foto, do lado esquerdo de quem olha, do lado do sol, como se chama, vê-se a sede da Maçonaria 21 de Março. Hoje, esse prédio não existe mais. No entanto, a Maçonaria ainda está no mesmo local, em um edifício com o mesmo nome. Na foto, vemos as pessoas brincando em uma Festa Junina com a rua enfeitada com bandeirinhas. A foto foi tirada logo do seu inicio, perto da Rua Ulisses Caldas.
As Festas Juninas ou de santos populares são celebrações brasileira, portuguesa e de outros países europeus. Historicamente se relacionam com a festa pagã do solstício de verão (no hemisfério norte), que era celebrada no dia 24 de junho, segundo o Calendário Juliano e cristianizada na Idade Média como "Festa de São João". Elas festejam no Brasil em homenagem a importantes santos católicos, como Santo Antônio, São João, São Pedro e São Paulo. No Brasil, recebeu o nome de Junina (antes era Joanina, de São João), porque acontece no mês de junho. A festa foi trazida para o Brasil pelos portugueses e logo foi incorporada aos costumes das populações indígenas e afro-brasileiras. A tradição também veio de outros países europeus cristianizados através de imigrantes, chegados a partir de meados do século XIX.
As Festas Juninas são ainda celebradas em alguns países católicos, protestantes e ortodoxos. As fogueiras e a celebração de casamentos reais ou encenados são costumes ainda hoje praticados em festas européias.
As festas Juninas são típicas da Região Nordeste. Por ser uma região árida, os nordestinos agradecem anualmente a São João, Santo Antônio e São Pedro pelas chuvas caídas nas lavouras.
As comemorações eram alegres e descontraídas, com o espocar de fogos de artifício, durante todo o mês de junho, o que hoje praticamente não se vê mais, mesmo nos bairros periféricos.Em razão de coincidir com a colheita do milho, as comidas são feitas à base deste cereal integrando à tradição comidas como a canjica e a pamonha. A festa de São João se encaixou, porque o inverno já não é tão intenso nos fins de junho e são comemoradas em todas as cidades nordestinas em maior o menor grau destacando-se as danças típicas como a Quadrilha Junina e o Forró Pé de Serra.
(* Alderico Leandro - Jornalista, poeta, crítico, literário e escritor – com pequenas alterações do texto original.)
28.8.09
O desembarque holandês em Areia Preta.
8 de dezembro de 1633
(Olavo Medeiros Filho *)
Os cronistas portugueses e holandeses são unânimes em afirmar que o desembarque de parte das tropas invasoras, da Capitania do Rio Grande, foi efetivado em PONTA NEGRA, aos 8 de dezembro de 1633,
Com a finalidade de cercar o Forte dos Reis Magos, uma parte das tropas neerlandesas penetrou no rio Potengi, sob o comando de Jan Cornelissen lichthart. Outros combatentes, em número de 600 homens comandados pelo tenente-coronel Balthasar Bymae e representando seis companhias, desembarcaram de suas naus para outras embarcações menores, dirigindo-se à terra firme, ou mais precisamente à Ponta Negra, de onde procurariam se reunir àquelas outras tropas já desembarcadas no Potengi. O desembarque teve início às 7 horas da manhã, concluindo-se às 11. Os cronistas da época informam que o fato ocorreu, em “uma pequena angra ao norte da Ponta Negra”; “na enseada atrás do lado norte do Ponto Negro”.
Os holandeses depararam-se com a angra, fortificada, pois “em volta de toda a angra estava levantada uma trincheira assente no topo dum renque do colinas muito íngremes, de dois piques de altura, que a circundavam”. Outra descrição é mais minuciosa: “a praia é cercada por uma terra elevada de dois piques de altura, íngreme para escalar-se e ascendendo dali para os montes mais altos”.
Antes de ocorrer o desembarque os holandeses divisaram dois ou três portugueses a cavalo, com alguns negros, os quais fugiram do local, tão logo viram desembarcar os inimigos flamengos. Os invasores flanquearam aquelas trincheiras, debaixo das quais haviam desembarcado, e sem nenhuma resistência marcharam para o seu objetivo.
Tem-se considerado a atual praia de Ponta Negra, distante umas 3 léguas do Forte dos Reis Magos, como tendo sido o local onde desembarcaram os flamengos. Todavia, analisando-se certos mapas holandeses, contemporâneos dos episódios a que nos referimos, verificamos que a Ponta Negra considerada à época, correspondia à nossa tradicional PONTA DO PINTO. O mapa de João Teixeira também nos fornece tal indicação.
De tal modo, o local onde o desembarque flamengo ocorreu foi na angra existente ao norte da referida Ponta, no trecho sul da atual praia de Areia Preta. Nesta encontram-se as barreiras íngremes descritas pelos cronistas, por detrás das quais existe o chamado Morro de Mãe Luiza. Aquelas barreiras já receberam a proteção representada por um muro de arrimo, construído de cimento, e medem aproximadamente 6 metros de altura.
A distância de dois tiros de mosquete do ponto de desembarque, os invasores foram informados de que a dita praia por onde caminhavam (Areia Preta), “além de muito estreita, na preamar ficava alagada”, de modo que se dirigiram “para o interior por um passo, que também estava entrincheirado”.
Quando se caminha cerca de 900 metros, vindo da praia de Areia Preta em direção à fortaleza, chega-se ao início de uma ladeira, que possivelmente seria aquele mesmo passo mencionado pelo cronista, e que hoje corresponde ao trecho final da Rua Pinto Martins. Através de tal passo, os neerlandeses alcançaram o planalto, possivelmente onde hoje acha-se a avenida Getúlio Vargas.
“O dia era extremamente cálido, caminho muito penoso, devido à areia solta, e na maior parte conduzindo através dum vale fechado de altas dunas de areia, que impediam fosse ventilado pela aragem marítima, de sorte que no decurso das duas primeiras horas de marcha em parte alguma encontramos água potável”.
Pela descrição, verificamos que os flamengos estavam à procura do precioso liquido. Pelas nossas deduções, caminhavam eles em direção à atual lagoa de Manuel Filipe, talvez por um caminho correspondente às atuais avenidas Nilo Peçanha e Prudente de Morais. A referida lagoa dista cerca de 3,8km daquela praia, onde ocorrera o desembarque das tropas. Como somente atingiram a lagoa após duas horas de marcha, constatamos a lentidão do seu deslocamento.
À época, a lagoa formava um riacho chamado TIURU, correspondente ao atual riacho do Baldo. Caminharam acompanhando o curso do riacho, em direção a cidadezinha do Natal. “Chegaram até próximo à pequena povoação, onde havia uma casa sobre uma eminência, da qual nos fizeram alguns tiros, para desgraça sua, pois se não nos houvessem agredido, teríamos passado avante sem atacá-la. À vista da ofensiva, porém, foi mandada atacar por um sargento à frente de 20 ou 30 soldados, que a tomaram e fizeram boa presa, não tendo os portugueses tido tempo de retirar os seus bens”.
O mapa de Marcgrave (1643) nos dá idéia de certo caminho, ligando o riacho Tiuru à povoação, o qual passava também por detrás da matriz de Nossa Senhora da Apresentação do Rio Grande. Um trecho do caminho corresponde à nossa atual rua Santo Antônio, de percurso enladeirado. A casa atacada pelos flamengos deveria ficar localizada na dita ladeira.
“Em seguida, pelas três horas da tarde, chegamos à povoação ou aldeia de Natal” O tiroteio ocorrido, a que já nos referimos, provocou um atraso na marcha dos invasores, que teriam dispendido cerca de duas horas, para caminharem da lagoa ao local da Cidade do Natal.
Depois as tropas invasoras marcharam em direção ao Forte, provavelmente nas proximidades das atuais Junqueira Aires, Dr. Barata e Hildebrando de Góis, percurso em que levariam uma hora. “Em caminho passamos uma ponte lançada sobre um riacho, a qual o Tenente-Coronel mandou ocupar”.
Duas gravuras de procedência holandesa, intituladas VEROVINGE VAN RIO GRANDE IN BRASIL ANNO 1633 e AFBEELDINGHE VAN T´FORT OP RIO GRANDE ENDE BELEGERINGHE, nos mostram uma certa ponte, existente sobre um riacho provindo da atual Lagoa do Jacó. Tal riacho corta os trechos finais das avenidas Januário Cicco e Engº Hildebrando de Góis, no bairro das Rocas.
Pouco depois as tropas se reuniram àquelas outras, desembarcadas, no mesmo dia, no Potengi e acampadas junto às dunas próximas ao Forte, no mesmo local hoje ocupado pelo Círculo Militar de Natal.
Com a finalidade de cercar o Forte dos Reis Magos, uma parte das tropas neerlandesas penetrou no rio Potengi, sob o comando de Jan Cornelissen lichthart. Outros combatentes, em número de 600 homens comandados pelo tenente-coronel Balthasar Bymae e representando seis companhias, desembarcaram de suas naus para outras embarcações menores, dirigindo-se à terra firme, ou mais precisamente à Ponta Negra, de onde procurariam se reunir àquelas outras tropas já desembarcadas no Potengi. O desembarque teve início às 7 horas da manhã, concluindo-se às 11. Os cronistas da época informam que o fato ocorreu, em “uma pequena angra ao norte da Ponta Negra”; “na enseada atrás do lado norte do Ponto Negro”.
Os holandeses depararam-se com a angra, fortificada, pois “em volta de toda a angra estava levantada uma trincheira assente no topo dum renque do colinas muito íngremes, de dois piques de altura, que a circundavam”. Outra descrição é mais minuciosa: “a praia é cercada por uma terra elevada de dois piques de altura, íngreme para escalar-se e ascendendo dali para os montes mais altos”.
Antes de ocorrer o desembarque os holandeses divisaram dois ou três portugueses a cavalo, com alguns negros, os quais fugiram do local, tão logo viram desembarcar os inimigos flamengos. Os invasores flanquearam aquelas trincheiras, debaixo das quais haviam desembarcado, e sem nenhuma resistência marcharam para o seu objetivo.
Tem-se considerado a atual praia de Ponta Negra, distante umas 3 léguas do Forte dos Reis Magos, como tendo sido o local onde desembarcaram os flamengos. Todavia, analisando-se certos mapas holandeses, contemporâneos dos episódios a que nos referimos, verificamos que a Ponta Negra considerada à época, correspondia à nossa tradicional PONTA DO PINTO. O mapa de João Teixeira também nos fornece tal indicação.
De tal modo, o local onde o desembarque flamengo ocorreu foi na angra existente ao norte da referida Ponta, no trecho sul da atual praia de Areia Preta. Nesta encontram-se as barreiras íngremes descritas pelos cronistas, por detrás das quais existe o chamado Morro de Mãe Luiza. Aquelas barreiras já receberam a proteção representada por um muro de arrimo, construído de cimento, e medem aproximadamente 6 metros de altura.
A distância de dois tiros de mosquete do ponto de desembarque, os invasores foram informados de que a dita praia por onde caminhavam (Areia Preta), “além de muito estreita, na preamar ficava alagada”, de modo que se dirigiram “para o interior por um passo, que também estava entrincheirado”.
Quando se caminha cerca de 900 metros, vindo da praia de Areia Preta em direção à fortaleza, chega-se ao início de uma ladeira, que possivelmente seria aquele mesmo passo mencionado pelo cronista, e que hoje corresponde ao trecho final da Rua Pinto Martins. Através de tal passo, os neerlandeses alcançaram o planalto, possivelmente onde hoje acha-se a avenida Getúlio Vargas.
“O dia era extremamente cálido, caminho muito penoso, devido à areia solta, e na maior parte conduzindo através dum vale fechado de altas dunas de areia, que impediam fosse ventilado pela aragem marítima, de sorte que no decurso das duas primeiras horas de marcha em parte alguma encontramos água potável”.
Pela descrição, verificamos que os flamengos estavam à procura do precioso liquido. Pelas nossas deduções, caminhavam eles em direção à atual lagoa de Manuel Filipe, talvez por um caminho correspondente às atuais avenidas Nilo Peçanha e Prudente de Morais. A referida lagoa dista cerca de 3,8km daquela praia, onde ocorrera o desembarque das tropas. Como somente atingiram a lagoa após duas horas de marcha, constatamos a lentidão do seu deslocamento.
À época, a lagoa formava um riacho chamado TIURU, correspondente ao atual riacho do Baldo. Caminharam acompanhando o curso do riacho, em direção a cidadezinha do Natal. “Chegaram até próximo à pequena povoação, onde havia uma casa sobre uma eminência, da qual nos fizeram alguns tiros, para desgraça sua, pois se não nos houvessem agredido, teríamos passado avante sem atacá-la. À vista da ofensiva, porém, foi mandada atacar por um sargento à frente de 20 ou 30 soldados, que a tomaram e fizeram boa presa, não tendo os portugueses tido tempo de retirar os seus bens”.
O mapa de Marcgrave (1643) nos dá idéia de certo caminho, ligando o riacho Tiuru à povoação, o qual passava também por detrás da matriz de Nossa Senhora da Apresentação do Rio Grande. Um trecho do caminho corresponde à nossa atual rua Santo Antônio, de percurso enladeirado. A casa atacada pelos flamengos deveria ficar localizada na dita ladeira.
“Em seguida, pelas três horas da tarde, chegamos à povoação ou aldeia de Natal” O tiroteio ocorrido, a que já nos referimos, provocou um atraso na marcha dos invasores, que teriam dispendido cerca de duas horas, para caminharem da lagoa ao local da Cidade do Natal.
Depois as tropas invasoras marcharam em direção ao Forte, provavelmente nas proximidades das atuais Junqueira Aires, Dr. Barata e Hildebrando de Góis, percurso em que levariam uma hora. “Em caminho passamos uma ponte lançada sobre um riacho, a qual o Tenente-Coronel mandou ocupar”.
Duas gravuras de procedência holandesa, intituladas VEROVINGE VAN RIO GRANDE IN BRASIL ANNO 1633 e AFBEELDINGHE VAN T´FORT OP RIO GRANDE ENDE BELEGERINGHE, nos mostram uma certa ponte, existente sobre um riacho provindo da atual Lagoa do Jacó. Tal riacho corta os trechos finais das avenidas Januário Cicco e Engº Hildebrando de Góis, no bairro das Rocas.
Pouco depois as tropas se reuniram àquelas outras, desembarcadas, no mesmo dia, no Potengi e acampadas junto às dunas próximas ao Forte, no mesmo local hoje ocupado pelo Círculo Militar de Natal.
(* Gravuras holandesas VEROVINGE VAN RIO GRANDE IN BRAZIL ANNO 1633 e AFBEELDINGHE VAN T´FORT OP RIO GRANDE ENDE BELEGERINGHE )
22.8.09
Os americanos e os hábitos do natalense
(Minervino Wanderley*)
A vinda das forças americanas para Natal se deu ainda antes de fechados os acordos diplomáticos.
De forma disfarçada, os pousos e decolagens feitos por aeronaves americanas no aeroporto de Parnamirim começaram por volta de junho de 1941.
Sobre essa discreta chegada, Pinto relata que no "dia 26 desse mesmo mês, é assinalada, em Parnamirim, a passagem dos primeiros aviões de guerra dos Estados Unidos camuflados de transportes comerciais. Dirigiam-se à Ilha de Ascensão, de onde passavam à Bathurst, no Gâmbia, imediações de Dakar. Nada mais que um lance discreto sobre o tabuleiro atlântico, visando estancar, na hora precisa, a irresistível vocação de sucessos do III Reich".
Com o acirramento da guerra e a presença das divisões alemãs no norte da África, mais crescia a preocupação dos aliados com relação a uma possível investida das forças nazistas à América do Sul, e, por sua localização, Natal seria a "ponte" ideal para uma provável invasão. Natal, definitivamente, estava no fogo cruzado e passou, por isso, a merecer grande atenção dos Estados Unidos, maior potência das Américas.
Assim, dentro dessa forma ainda disfarçada, o Brasil, através do Decreto 3.642, de 25 de julho de 1941, permitiu que a Panair do Brasil, subsidiária da Pan American World Airways System, começasse a aparelhar o aeroporto de Parnamirim, de maneira que pudesse receber aviões de grande porte.
A partir de então, começou a chegada dos americanos a Natal. Apesar de discretamente vestidos como técnicos, os militares norte-americanos logo despertaram a atenção da população natalense. Primeiro, pela etnia, louros, altos, até então praticamente desconhecida pelos nativos. Em segundo lugar, pelo crescente contingente de forasteiros que passaram a fazer parte do cotidiano da cidade.
Como não poderia deixar de ser, a cidade do Natal modificou-se de maneira muito significativa com a presença do grande número de militares estrangeiros aqui sediados. Natal perdia aos poucos suas características de cidade pequena. Seus habitantes que até então levavam uma vida modesta e tranqüila, passaram a fazer parte de um local que passou a tomar, inclusive, um aspecto cosmopolita, com a passagem pela cidade de pessoas de outras nacionalidades, com direito a figuras importantes, como D. Francis J. Spellman (arcebispo de Nova York), Bernard (príncipe da Holanda), Higinio Morringo (presidente do Paraguai), Sra. Franklin D. Roosevelt (Primeira dama dos Estados Unidos), Sr. Noel Cherles (embaixador do Reino Unido no Brasil), madame Chiang Kai Chek (primeira-dama de Formosa), T. V. Soong, ministro das Relações Exteriores da China, os atores Humphrey Bogart, Clark Gable, o músico Glenn Miller, o cantor Al Johnson, entre outras personalidades.
Surgiram associações recreativas como, por exemplo, os 'Clubes 50'. Tanto o Aero Clube como igualmente o Clube Hípico foram alugados com o objetivo de realizar bailes. A finalidade principal, certamente, era promover uma maior integração dos militares norte-americanos com a população natalense. Houve, por causa disso, uma invasão de ritmos estrangeiros: rumba, "conga, "bolero.
A influência norte-americana se fez sentir também na linguagem, com a introdução de algumas palavras e expressões inglesas, exemplificadas por Smith Junior: "change money" (troque dinheiro), "drink beer" (beba cerveja), "give me a cigarrette" (dê-me um cigarro), "blackout" (blecaute), ente outras.
As moças passaram a agir com mais autonomia tendo incorporado modos e modismos americanos. Com a conivência das mães, que assumiram um novo comportamento, muitas começaram a fumar (Chesterfield era a marca predileta) e a beber "Cuba Libre", uma mistura de rum com coca-cola.
Interessante lembrar que do entrosamento entre americanos e jovens natalenses resultaram alguns casamentos. Dessa mistura de raças, a historiadora Flávia Pedreira, que acertadamente chamou de 'Chiclete eu Misturo com Banana', faz o seguinte relato: "Consultando-se os cartórios da cidade, pode-se ver que a quantidade de casamentos entre os estrangeiros e as brasileiras nesse período foi bastante expressiva; entre os anos de 1942 e 1946, houve um acréscimo nos registros de nomes em línguas estrangeiras e principalmente em inglês, como por exemplo: David Eugene Reynolds e Josefa Miranda Reynolds, Darci Hoffmann e Eva Baraúna Moura Hoffmann, Frank Willian Knabb e Thais Vieira Knabb, entre outros".
Mas nem tudo era um mar de rosas. Se, por um lado, o relacionamento entre os americanos e moças natalenses fluía dentro de grande harmonia, ocorria o oposto com a população masculina local. As disputas pelas damas comumente terminavam em brigas que só paravam com a chegada das polícias brasileira e americana.
Vale a pena registrar que nem só pelas "moças de família" os desentendimentos aconteciam. Na zona do baixo meretrício, localizada no bairro da Ribeira, não era diferente. Principalmente no Wonder Bar, o mais famoso ponto de encontro local, as querelas advindas pelas preferências das prostitutas levavam a brigas e confusões, com algumas, inclusive, chegando a sérias conseqüências. "Aqui foi assassinado um americano, que não era militar, mas um embarcadiço, sujeito que trabalha em navios estrangeiros", conta Pedreira.
Essas diferenças perdurariam por bem mais tempo, sendo motivo de grandes preocupações, principalmente para o governo americano, que, diante da sua necessidade, procuravam encontrar formas de um convívio entre os dois povos. Encontramos na obra Trampolim para a vitória, de Smith Júnior um depoimento do General Dwight Eisenhower, Comandante Supremo das Forças Aliadas, que sintetiza o valor de Natal: “Tive muita satisfação de pisar no solo no qual tanto pensei durante a guerra. Natal teve, como todos sabem, uma influência decisiva na guerra, possibilitando às Nações Unidas as principais condições para alcançar seus objetivos".
Em decorrência da guerra e, diante da impossibilidade, naquele momento, de se fazer translado de corpos, 146 americanos foram sepultados no Cemitério do Alecrim. Segundo Smith Júnior "no dia 10 de abril de 1947, um navio da Marinha americana chegou sob a missão denominada "Glory Operation" para remover os corpos dos soldados americanos [...] Cada tumba tinha uma inscrição onde se lia "Morto próximo a Natal em serviço ativo". Os restos mortais dos americanos foram devolvidos aos Estados Unidos". De acordo com o historiador "o corpo de um militar americano permaneceu enterrado em Natal. Era o sargento Thomas N. Browning, do "22 Army Air Force Weather Squadron". Segundo Smith Júnior "também estava enterrada no Cemitério do Alecrim a tripulação de um C-47 da Royal Air Force (Força Aérea Britânica que caiu nas proximidades de Açu, no Rio Grande do Norte. [...] dois eram ingleses e um australiano. [ ...] Por alguma razão, suas famílias concordaram que seus corpos permanecessem no Cemitério do Alecrim".
E assim, Natal passou de uma pequena cidade sem importância, localizada no nordeste do Brasil para ser conhecida por pessoas de todo o mundo, tendo desempenhado um papel preponderante no mais amplo e sangrento conflito já registrado na História.
(* Jornalista) - Foto: Propaganda dos Anos 40
A vinda das forças americanas para Natal se deu ainda antes de fechados os acordos diplomáticos.
De forma disfarçada, os pousos e decolagens feitos por aeronaves americanas no aeroporto de Parnamirim começaram por volta de junho de 1941.
Sobre essa discreta chegada, Pinto relata que no "dia 26 desse mesmo mês, é assinalada, em Parnamirim, a passagem dos primeiros aviões de guerra dos Estados Unidos camuflados de transportes comerciais. Dirigiam-se à Ilha de Ascensão, de onde passavam à Bathurst, no Gâmbia, imediações de Dakar. Nada mais que um lance discreto sobre o tabuleiro atlântico, visando estancar, na hora precisa, a irresistível vocação de sucessos do III Reich".
Com o acirramento da guerra e a presença das divisões alemãs no norte da África, mais crescia a preocupação dos aliados com relação a uma possível investida das forças nazistas à América do Sul, e, por sua localização, Natal seria a "ponte" ideal para uma provável invasão. Natal, definitivamente, estava no fogo cruzado e passou, por isso, a merecer grande atenção dos Estados Unidos, maior potência das Américas.
Assim, dentro dessa forma ainda disfarçada, o Brasil, através do Decreto 3.642, de 25 de julho de 1941, permitiu que a Panair do Brasil, subsidiária da Pan American World Airways System, começasse a aparelhar o aeroporto de Parnamirim, de maneira que pudesse receber aviões de grande porte.
A partir de então, começou a chegada dos americanos a Natal. Apesar de discretamente vestidos como técnicos, os militares norte-americanos logo despertaram a atenção da população natalense. Primeiro, pela etnia, louros, altos, até então praticamente desconhecida pelos nativos. Em segundo lugar, pelo crescente contingente de forasteiros que passaram a fazer parte do cotidiano da cidade.
Como não poderia deixar de ser, a cidade do Natal modificou-se de maneira muito significativa com a presença do grande número de militares estrangeiros aqui sediados. Natal perdia aos poucos suas características de cidade pequena. Seus habitantes que até então levavam uma vida modesta e tranqüila, passaram a fazer parte de um local que passou a tomar, inclusive, um aspecto cosmopolita, com a passagem pela cidade de pessoas de outras nacionalidades, com direito a figuras importantes, como D. Francis J. Spellman (arcebispo de Nova York), Bernard (príncipe da Holanda), Higinio Morringo (presidente do Paraguai), Sra. Franklin D. Roosevelt (Primeira dama dos Estados Unidos), Sr. Noel Cherles (embaixador do Reino Unido no Brasil), madame Chiang Kai Chek (primeira-dama de Formosa), T. V. Soong, ministro das Relações Exteriores da China, os atores Humphrey Bogart, Clark Gable, o músico Glenn Miller, o cantor Al Johnson, entre outras personalidades.
Surgiram associações recreativas como, por exemplo, os 'Clubes 50'. Tanto o Aero Clube como igualmente o Clube Hípico foram alugados com o objetivo de realizar bailes. A finalidade principal, certamente, era promover uma maior integração dos militares norte-americanos com a população natalense. Houve, por causa disso, uma invasão de ritmos estrangeiros: rumba, "conga, "bolero.
A influência norte-americana se fez sentir também na linguagem, com a introdução de algumas palavras e expressões inglesas, exemplificadas por Smith Junior: "change money" (troque dinheiro), "drink beer" (beba cerveja), "give me a cigarrette" (dê-me um cigarro), "blackout" (blecaute), ente outras.
As moças passaram a agir com mais autonomia tendo incorporado modos e modismos americanos. Com a conivência das mães, que assumiram um novo comportamento, muitas começaram a fumar (Chesterfield era a marca predileta) e a beber "Cuba Libre", uma mistura de rum com coca-cola.
Interessante lembrar que do entrosamento entre americanos e jovens natalenses resultaram alguns casamentos. Dessa mistura de raças, a historiadora Flávia Pedreira, que acertadamente chamou de 'Chiclete eu Misturo com Banana', faz o seguinte relato: "Consultando-se os cartórios da cidade, pode-se ver que a quantidade de casamentos entre os estrangeiros e as brasileiras nesse período foi bastante expressiva; entre os anos de 1942 e 1946, houve um acréscimo nos registros de nomes em línguas estrangeiras e principalmente em inglês, como por exemplo: David Eugene Reynolds e Josefa Miranda Reynolds, Darci Hoffmann e Eva Baraúna Moura Hoffmann, Frank Willian Knabb e Thais Vieira Knabb, entre outros".
Mas nem tudo era um mar de rosas. Se, por um lado, o relacionamento entre os americanos e moças natalenses fluía dentro de grande harmonia, ocorria o oposto com a população masculina local. As disputas pelas damas comumente terminavam em brigas que só paravam com a chegada das polícias brasileira e americana.
Vale a pena registrar que nem só pelas "moças de família" os desentendimentos aconteciam. Na zona do baixo meretrício, localizada no bairro da Ribeira, não era diferente. Principalmente no Wonder Bar, o mais famoso ponto de encontro local, as querelas advindas pelas preferências das prostitutas levavam a brigas e confusões, com algumas, inclusive, chegando a sérias conseqüências. "Aqui foi assassinado um americano, que não era militar, mas um embarcadiço, sujeito que trabalha em navios estrangeiros", conta Pedreira.
Essas diferenças perdurariam por bem mais tempo, sendo motivo de grandes preocupações, principalmente para o governo americano, que, diante da sua necessidade, procuravam encontrar formas de um convívio entre os dois povos. Encontramos na obra Trampolim para a vitória, de Smith Júnior um depoimento do General Dwight Eisenhower, Comandante Supremo das Forças Aliadas, que sintetiza o valor de Natal: “Tive muita satisfação de pisar no solo no qual tanto pensei durante a guerra. Natal teve, como todos sabem, uma influência decisiva na guerra, possibilitando às Nações Unidas as principais condições para alcançar seus objetivos".
Em decorrência da guerra e, diante da impossibilidade, naquele momento, de se fazer translado de corpos, 146 americanos foram sepultados no Cemitério do Alecrim. Segundo Smith Júnior "no dia 10 de abril de 1947, um navio da Marinha americana chegou sob a missão denominada "Glory Operation" para remover os corpos dos soldados americanos [...] Cada tumba tinha uma inscrição onde se lia "Morto próximo a Natal em serviço ativo". Os restos mortais dos americanos foram devolvidos aos Estados Unidos". De acordo com o historiador "o corpo de um militar americano permaneceu enterrado em Natal. Era o sargento Thomas N. Browning, do "22 Army Air Force Weather Squadron". Segundo Smith Júnior "também estava enterrada no Cemitério do Alecrim a tripulação de um C-47 da Royal Air Force (Força Aérea Britânica que caiu nas proximidades de Açu, no Rio Grande do Norte. [...] dois eram ingleses e um australiano. [ ...] Por alguma razão, suas famílias concordaram que seus corpos permanecessem no Cemitério do Alecrim".
E assim, Natal passou de uma pequena cidade sem importância, localizada no nordeste do Brasil para ser conhecida por pessoas de todo o mundo, tendo desempenhado um papel preponderante no mais amplo e sangrento conflito já registrado na História.
(* Jornalista) - Foto: Propaganda dos Anos 40
17.8.09
Sobre uma Tradição
Quanto à fundação da CidadeQuanto à fundação de Natal há uma controvérsia que envolve três aspectos: Quem é o fundador, a data da fundação e o nome da cidade.
Em relação à fundação, há três hipóteses: uma tradicional, que atribui a fundação a Jerônimo de Albuquerque; uma baseada no princípio da autoridade que atribui a fundação de Natal a Manoel Mascarenhas Homem; e uma terceira, pois o historiador Luiz Câmara Cascudo considera em seu livro “Rio Grande do Norte”, que o provável fundador da capital do nosso estado tenha sido João Rodrigues Colaço.
Em relação à fundação, há três hipóteses: uma tradicional, que atribui a fundação a Jerônimo de Albuquerque; uma baseada no princípio da autoridade que atribui a fundação de Natal a Manoel Mascarenhas Homem; e uma terceira, pois o historiador Luiz Câmara Cascudo considera em seu livro “Rio Grande do Norte”, que o provável fundador da capital do nosso estado tenha sido João Rodrigues Colaço.
Quanto à data da fundação da cidade
Grande parte dos historiadores afirma que a cidade de Natal foi fundada no dia 25 de dezembro de 1599, como é o caso do estudioso Hélio Galvão, que afirma não haver prova documental. Além desta data, a hipótese levantada por Olavo de Medeiros Filho, diz: ‘’A Cidade dos Reis pode ter sido fundada no dia 6 de janeiro de 1600 no dia de Reis...’’(Medeiros Filho, Olavo de – 1991:32).
Grande parte dos historiadores afirma que a cidade de Natal foi fundada no dia 25 de dezembro de 1599, como é o caso do estudioso Hélio Galvão, que afirma não haver prova documental. Além desta data, a hipótese levantada por Olavo de Medeiros Filho, diz: ‘’A Cidade dos Reis pode ter sido fundada no dia 6 de janeiro de 1600 no dia de Reis...’’(Medeiros Filho, Olavo de – 1991:32).
Quanto ao nome de NatalO nome cidade do Natal ou simplesmente Natal, antes teve vários locativos, nos seus primeiro anos de existência. Frei Vicente Salvador chama de ‘’Cidade dos Reis, como já foi citado acima. Em outro momento foi chamada de Nova Amsterdã, Rio Grande e Santiago, esse último para homenagear o padroeiro da Espanha. Na realidade, este vocativo não criou raízes porque, apesar de Portugal estar subordinado ao domínio espanhol de então, a nossa colonização era totalmente portuguesa.
No entanto o nome Natal, veio surgir no ano de 1614, no Auto da Repartição das Terras do Rio Grande do Norte, realizado pelo Capitão-Mor de Pernambuco, Alexandre Moura, aos 21 de fevereiro de 1614.
No entanto o nome Natal, veio surgir no ano de 1614, no Auto da Repartição das Terras do Rio Grande do Norte, realizado pelo Capitão-Mor de Pernambuco, Alexandre Moura, aos 21 de fevereiro de 1614.
Três séculos de lentidão
Século XVII
Os primeiros anos de vida da cidade de Natal, foram anos difíceis, paupérrimos.
Os holandeses governaram o Rio Grande do Norte entre 12 de dezembro de 1633 até fevereiro de 1654. Ao se retirarem em 1654, deixaram um legado de exploração, de massacre religiosos e destruição.
É importante lembrar que oito anos depois da retirada dos holandeses, Natal elegeu o primeiro senado da câmara em 16 de Abril de 1662, conforme relata Câmara Cascudo na “História da cidade do Natal”
Os primeiros anos de vida da cidade de Natal, foram anos difíceis, paupérrimos.
Os holandeses governaram o Rio Grande do Norte entre 12 de dezembro de 1633 até fevereiro de 1654. Ao se retirarem em 1654, deixaram um legado de exploração, de massacre religiosos e destruição.
É importante lembrar que oito anos depois da retirada dos holandeses, Natal elegeu o primeiro senado da câmara em 16 de Abril de 1662, conforme relata Câmara Cascudo na “História da cidade do Natal”
Século XVIII
Somente neste século foi que Natal, começou a adquirir sua fisionomia urbana tradicional. Os dois primeiros bairros foram: Cidade alta e Ribeira – se consolidaram assim as primeiras ruas.
Ao logo do século XVIII se construíram três igrejas, sendo uma na cidade alta e outra na Ribeira.
Câmara Cascudo informa que em 1759, a cidade tinha ‘’quatrocentas braças de comprimento e de largo cinqüenta, com cento e dezoito casas.
Somente neste século foi que Natal, começou a adquirir sua fisionomia urbana tradicional. Os dois primeiros bairros foram: Cidade alta e Ribeira – se consolidaram assim as primeiras ruas.
Ao logo do século XVIII se construíram três igrejas, sendo uma na cidade alta e outra na Ribeira.
Câmara Cascudo informa que em 1759, a cidade tinha ‘’quatrocentas braças de comprimento e de largo cinqüenta, com cento e dezoito casas.
Século XIX
A partir de meados do século XIX, a paisagem urbana de Natal começou a crescer, com a construção de vários prédios.
Antônio Bernardo de Passos, para socorrer as vítimas da cólera-morbos, construiu o prédio do Hospital de Caridade, imóvel ocupado pela Casa do Estudante. Construiu, também, o cemitério do Alecrim, inaugurando–o em Abril de 1856.
Três anos depois surgiu na paisagem da cidade, o edifício Atheneu Norte Riograndense.
O bairro da Ribeira ganhou no ano de 1869, o Cais 10 de Junho, chamado depois de Cais Pedro de Barros e somente no século XX, passou a ser chamado Cais Tavares de Lira.
Enfim no ano de 1896, o governador Joaquim Ferreira Chaves proporcionando um status de metrópole à cidade de Natal, iniciou a construção do Teatro Carlos Gomes, chamado atualmente de Teatro Alberto Maranhão.
(Jornal Ribeira Cultural - nº01 - Foto: Bonde na Tavares de Lyra - 1943)
13.8.09
Pedágio da Ponte de Igapó
Há alguns anos atrás, meu saudoso amigo, Daniel Victor de Hollanda, trouxe-me uma cópia de um recibo de Autorização para Passagem na Ponte de Igapó, no valor de Cr$ 5,00 (cinco cruzeiros), emitido pela Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, vinculada ao Ministério de Viação e Obra Públicas. Ele mesmo, de próprio punho, acrescentou alguns dados.
O Recibo de nº 7930, datado de 28 de Julho de 1946, autorizava a passagem do veículo de placas 427-Natal-RN de propriedade de Joaquim Victor de Hollanda, pai de Daniel.
O Recibo de nº 7930, datado de 28 de Julho de 1946, autorizava a passagem do veículo de placas 427-Natal-RN de propriedade de Joaquim Victor de Hollanda, pai de Daniel.
9.8.09
Cine Polytheama
Praça Augusto Severo e o Polytheama.
Cine Polytheama(Alderico Leandro*)
Em Natal, funcionou, nos anos 20 (1920) um cinema que levava o nome de Cine Polytheama, o primeiro cinema da cidade que exibia os filmes vindos do Rio de Janeiro que eram importados pelas Companhias norte-americanas que montaram sucursal na Capital da República. Na verdade, o cinema teve início, aqui, na cidade, pelos idos de 1915, na Rua Chile. Porém, os filmes demoravam a chegar pela falta de produção suficiente para um mercado bem pouco aberto, como era o de Natal. Mesmo assim, ocupando prédios da Rua Chile ou abrindo sessões no Teatro Carlos Gomes, o cinema resistia com as produções americanas-do-norte. Passado certo tempo, esse cinema já estava em um prédio bem maior e arejado, com sorveterias para os seus clientes, servindo taças de sorvete de deliciosos sabores para uma dileta platéia, na Praça Augusto Severo com os bondes passando logo em frente. O Cine Polytheama ficava onde mostra a foto acima, com duas portas arcadas e quatro janelas iguais às portas. Era um delírio para as senhorinhas tomar sorvete no cinema de Natal, trocar idéias, contar o que se passava e depois assistir ao filme que, para o gosto de cada um, inspirava suspiro.
Na porta do cinema, engraxates faziam o gosto do jovem rapaz ou do homem já feito, passado a graxa, a escova e a flanela, terminando com uns pingos de álcool para dar maior brilho ao eles tinham feito. Depois, um níquel era o pagamento. Quem engraxasse, e todos queriam se sobressair, entrava no cinema com um ar de pompa, sendo jovem, para as moças da cidade. Sendo adulto para mostrar as senhoras muito ricas que ele não cabia de contentamento, desfilando de braço dado com a sua senhora e levando a filha e o filho de lado, procurando uma mesa onde os quatros se sentavam. O chapéu de coco, ele tirava da sua cabeça e colocava na ponta da mesa da sorveteria. Alguém que passasse, o cumprimentava e, todo garboso, ele fazia um aceno de boa tarde ou boa noite.
As sessões eram bem mais concorridas aos finais de sábado e domingo. Porém, tinha aqueles que preferiam assistir, também, às quartas-feiras. Não raro, um filme passava uma semana inteira, mudando apenas no sábado quando tudo recomeçava. No salão, escuro com as cortinas fechadas, um piano se ouvia, tocando uma valsa e se a platéia exigia, um fox, um charleston ou um begin. Havia de tudo para cativar os que estavam presentes. As senhoras, emplumadas e com seus vestidos de tafetá, meias de seda e sapatos de salto altos e uma correia passando no peito do pé, usavam o leque para se abanar e para dar o charme da elegância as outras senhoras que também faziam o mesmo gosto. Para os homens, todas aquelas atitudes deixavam eles cheios de brios. Não se fazia fé nas plenas atitudes de cada um dos casais com os seus filhos queridos, ali, muito sóbrios até a sessão de cinema começar.
Era assim que vestia Natal. Homens de paletó, mulheres de organdi, rapazes e moças alinhados, de roupas que chegavam dos pescoços ao meio da perna, sendo moças, e calça comprida, sendo rapazes. O Polytheama era todo em festa em dia de sábado e domingos. Os barmens atendiam a todos, na sorveteria, pois ali, também eles se sentiam reconhecidamente agradecidos pela gentileza de cuidar de uma mesa. Trajando roupas a rigor, esses rapazes não cabiam em si. Afinal, aquelas ilustres personalidades, assíduas como demonstravam ser, eram os que sustentavam a fama do cinema de Natal.
As damas davam um colorido de tom macio e aveludado, encimado por cordão de ouro abotoado com um enfeite em forma de rosa que se passava em seus pescoços. As mocinhas deixavam cair em seu rosto uma pequena mecha de cabelos enquanto os rapazes untavam a cabeleira com o célebre gumex, uma pomada própria para fixar o cabelo na cabeça. Eles ainda puxavam um pouco para frente a cabeleira, de formas a fazer uma trunfa. Os homens, com ternos de duque, misturavam a tantas belezas esfuziantes das mulheres que ostentavam brincos, anéis e pulseiras. Os rapazes vestiam caças cor de chumbo ou creme claro, sapatos de duas cores e meias de seda como as senhoras, cuidadosamente estiradas por ligas. Era assim o Cine Polytheama. Ao final, os casais, se era tarde, procuravam guardar uma lembrança daquela festa, com uma foto tirada do coreto da Praça Augusto Severo.
(* Jornalista e escritor - artigo publicado no Blog Asa Morena)
Na porta do cinema, engraxates faziam o gosto do jovem rapaz ou do homem já feito, passado a graxa, a escova e a flanela, terminando com uns pingos de álcool para dar maior brilho ao eles tinham feito. Depois, um níquel era o pagamento. Quem engraxasse, e todos queriam se sobressair, entrava no cinema com um ar de pompa, sendo jovem, para as moças da cidade. Sendo adulto para mostrar as senhoras muito ricas que ele não cabia de contentamento, desfilando de braço dado com a sua senhora e levando a filha e o filho de lado, procurando uma mesa onde os quatros se sentavam. O chapéu de coco, ele tirava da sua cabeça e colocava na ponta da mesa da sorveteria. Alguém que passasse, o cumprimentava e, todo garboso, ele fazia um aceno de boa tarde ou boa noite.
As sessões eram bem mais concorridas aos finais de sábado e domingo. Porém, tinha aqueles que preferiam assistir, também, às quartas-feiras. Não raro, um filme passava uma semana inteira, mudando apenas no sábado quando tudo recomeçava. No salão, escuro com as cortinas fechadas, um piano se ouvia, tocando uma valsa e se a platéia exigia, um fox, um charleston ou um begin. Havia de tudo para cativar os que estavam presentes. As senhoras, emplumadas e com seus vestidos de tafetá, meias de seda e sapatos de salto altos e uma correia passando no peito do pé, usavam o leque para se abanar e para dar o charme da elegância as outras senhoras que também faziam o mesmo gosto. Para os homens, todas aquelas atitudes deixavam eles cheios de brios. Não se fazia fé nas plenas atitudes de cada um dos casais com os seus filhos queridos, ali, muito sóbrios até a sessão de cinema começar.
Era assim que vestia Natal. Homens de paletó, mulheres de organdi, rapazes e moças alinhados, de roupas que chegavam dos pescoços ao meio da perna, sendo moças, e calça comprida, sendo rapazes. O Polytheama era todo em festa em dia de sábado e domingos. Os barmens atendiam a todos, na sorveteria, pois ali, também eles se sentiam reconhecidamente agradecidos pela gentileza de cuidar de uma mesa. Trajando roupas a rigor, esses rapazes não cabiam em si. Afinal, aquelas ilustres personalidades, assíduas como demonstravam ser, eram os que sustentavam a fama do cinema de Natal.
As damas davam um colorido de tom macio e aveludado, encimado por cordão de ouro abotoado com um enfeite em forma de rosa que se passava em seus pescoços. As mocinhas deixavam cair em seu rosto uma pequena mecha de cabelos enquanto os rapazes untavam a cabeleira com o célebre gumex, uma pomada própria para fixar o cabelo na cabeça. Eles ainda puxavam um pouco para frente a cabeleira, de formas a fazer uma trunfa. Os homens, com ternos de duque, misturavam a tantas belezas esfuziantes das mulheres que ostentavam brincos, anéis e pulseiras. Os rapazes vestiam caças cor de chumbo ou creme claro, sapatos de duas cores e meias de seda como as senhoras, cuidadosamente estiradas por ligas. Era assim o Cine Polytheama. Ao final, os casais, se era tarde, procuravam guardar uma lembrança daquela festa, com uma foto tirada do coreto da Praça Augusto Severo.
(* Jornalista e escritor - artigo publicado no Blog Asa Morena)
5.8.09
1.8.09
38 anos sem Djalma Maranhão
38 anos sem Djalma Maranhão
(Alexandre de Albuquerque Maranhão*)
Ele foi o mais progressista dos prefeitos de Natal. Possuía um amor indescritível por essa cidade. O Grande Ponto (centro da cidade), era a sede do seu reino. Ali, ele brincava o carnaval, as festas juninas, dançava o bumba-meu-boi, pastoril e fandango. Nessa época, a periferia recebia orquestras e grupos folclóricos. A população revivia as lapinhas, cheganças, ararunas e serestas.
Esse gosto e apreço pelas coisas do povo, Djalma Maranhão adquiriu logo cedo. Seu batismo nas lutas sociais foi aos 15 anos de idade, quando participou da Revolução Liberal de 1930. Estava filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), do qual se desligou em 1946, após desentendimentos com dirigentes da sigla.
Sua rebeldia política estende-se ao ano de 1932, quando segue para São Paulo como voluntário para participar da Revolução Constitucionalista. Em 1935, ainda em São Paulo, envolveu-se com a Insurreição Comunista, quando é preso, juntamente com outros companheiros do partido. Em 1937 volta para Natal e trabalha no comércio (**) e ao mesmo tempo é nomeado redator do jornal A República, pelo senador Eloy de Souza. Em 1939 ajuda a fundar o Diário de Natal, jornal que defendia a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial para derrotar o nazi-fascismo.
Após dezesseis anos de militância política no PCB, Djalma Maranhão é convidado pelo então deputado federal Café Filho, considerado de centro-esquerda e nacionalista, para ingressar no Partido Social Progressista (PSP). Ao assumir a Presidência da República, Café Filho distancia-se de seu passado de lutas em favor do povo e alia-se à classe dominante da época. Rebelde, coerente, questionador e firme em suas decisões, Djalma Maranhão passa a lutar internamente dentro do PSP, para que este volte a ser um partido comprometido com as causas sociais.
Com o Partido Social Progressista dividido, Djalma Maranhão retomou e liderou o “cafeísmo dos pobres”. Nas eleições de outubro de 1954, aos 38 anos de idade, elegeu-se deputado estadual, na coligação Aliança Social Progressista, formada pelo PSP e o Partido Social Trabalhista (PST). Era o começo da brilhante e curta carreira política de um dos maiores e honrados homens públicos do Brasil. Em suas atividades parlamentares foi uma voz firme e um grande defensor do tungstênio, da pesca artesanal, da cultura do algodão e de idéias genuinamente nacionalistas, como a defesa do petróleo brasileiro e de outras riquezas espalhadas pelo nosso país.
Nas eleições para governador, em 1955, as esquerdas não se unificaram. Djalma Maranhão permaneceu em sua trincheira política em organizar e fortalecer o PSP. Ocorre então, a aliança partidária entre a União Democrática Nacional (UDN) de Dinarte Mariz com o PSP. Isso fez com que Djalma Maranhão fosse nomeado prefeito de Natal (1956-1959), deixando marcas significativas de sua administração: credibilidade, competência e reconhecimento da população.
Honrar e ser fiel aos compromissos políticos assumidos, jamais trair a confiança do povo que o elegeu foram características marcantes da vida de Djalma Maranhão. No episódio que ocorreu contra Juscelino Kubitschek, para este não assumir a presidência da República, quando fora eleito em outubro de 1955, Djalma Maranhão defendeu a legalidade, a posse do candidato eleito nas urnas, contrariando frontalmente a vontade de Café Filho, um dos mais fervorosos opositores de Juscelino. A amizade de Djalma Maranhão com Café Filho fragilizou-se completamente.
Concorreu às eleições de outubro de 1958, obtendo a primeira suplência de deputado federal, pelo Partido Trabalhista Nacional (PTN). Exerceu o mandato de 27 de maio de 1959 a novembro de 1960.
Mas a campanha política que o consagrou como verdadeiro líder político da esquerda nacionalista potiguar, foi a de outubro de 1960, quando se elegeu prefeito da cidade do Natal com 21.942 votos, contra 11.298 de Luiz de Barros (UDN). A inversão de prioridades começou a ser posta em prática, colocando em primeiro lugar o interesse social. O audacioso plano de obras implantado em Natal por Djalma Maranhão foi interrompido em 2 de abril de 1964, quando ele foi preso por tropas do Exército.
Em novembro do mesmo ano é libertado através de Habeas Corpus, conseguindo asilo político no Uruguai, onde veio a falecer na cidade de Montevidéu, em 30 de julho de 1971.
(* Historiador e dirigente sindical).
(** Nota do Blog: Nesta época trabalha por algum tempo no IFOCS juntamente com José Vicente de Araújo, Mário Arcoverde e José Vinício na cidade de Carnaúba dos Dantas)
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto.
Notas sobre a Cidade do Natal - I
Castelo Keulen (1638) - (Forte dos Reis Magos)
1599 – Fundação da Cidade do Natal no dia 25 de dezembro.
1600 – O Capitão-Mor João Rodrigues Colaço concede aos Jesuítas a primeira data de terra no sítio da Cidade.
1608 – O Governador do Recife D. Diogo de Menezes informa a Sua Majestade – no dia 04 de dezembro – sobre Natal: “A povoação que está feita não tem gente”
1612 – O Sargento-Mor Diogo de Campos Moreno no “Livro que dá razão do Estado do Brasil” situa a nascente povoação natalense: “Tem pobremente acomodados até vinte e cinco moradores brancos”.
1627 – “A povoação é muito limitada a respeito dos moradores estarem e morarem nas suas fazendas, onde muito deles têm suas casas mui nobres”, afirmou Domingos da Veiga, morador de Natal.
1628 – “Natal tinha uma Igreja e oito casas” conforme o depoimento de um grupo de índios em Amsterdam, redigido por Hessen Gerritsz.
1630 – “A cidade contava entre trinta e cinco e quarenta casas de barro e palha, os habitantes mais abastados vivendo nos sítios apenas vindo na cidade aos domingos”, segundo relata Adriano Verdonck – enviado das autoridades de ocupação holandesa – no documento “Descrição das Capitanias de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande”.
1634-44 – Gaspar Barléu, cronista do Conde Maurício de Nassau informa ser “A vila de Natal de aspecto triste e acabrunhada pelas ruínas e vestígios de guerra”.
1639 – Adriaen Van Der Dussen no “Relatório sobre as capitanias conquistadas no Brasil pelos holandeses” informa que a capitania “já teve uma cidadezinha chamada Cidade do Natal, situada a légua e meia do Castelo Keulen rio acima, mas totalmente arruinada”.
1673 – O Capitão-Mor Antônio Vaz Gondim e os Oficiais da Câmara pedem uma esmola a sua majestade, para a construção da matriz, visando fixar a população: “Acabando-se a igreja se povoaria a cidade”.
1722 – O Capitão-Mor José Pereira Fonseca em carta enviada a El-Rei, no dia 07 de abril, relata que Natal “Tem apenas trinta casas e os arredores eram mato fechado”.
1729 – João Maia Gama – no relatório de inspeção as capitanias – informa que “a cidade é fundada em um alto e ainda que muito areento, contudo com terreno capaz e levado dos ventos e tem cinqüenta para 60 casas e muitas mais perto da cidade porque a mais gente vive nas suas fazendas”.
1732 – Construção do Pelourinho.
1746 – O Bispo de Olinda Dom Frei Luiz de Santa Tereza em relatório apresentado a Santa Sé, diz que Natal é “tão pequena que além do título de cidade, igreja paroquial e poucas casas, nada tem que represente a forma de cidade. Da cidade de Natal não-há-tal como por brincadeira se diz”.
1600 – O Capitão-Mor João Rodrigues Colaço concede aos Jesuítas a primeira data de terra no sítio da Cidade.
1608 – O Governador do Recife D. Diogo de Menezes informa a Sua Majestade – no dia 04 de dezembro – sobre Natal: “A povoação que está feita não tem gente”
1612 – O Sargento-Mor Diogo de Campos Moreno no “Livro que dá razão do Estado do Brasil” situa a nascente povoação natalense: “Tem pobremente acomodados até vinte e cinco moradores brancos”.
1627 – “A povoação é muito limitada a respeito dos moradores estarem e morarem nas suas fazendas, onde muito deles têm suas casas mui nobres”, afirmou Domingos da Veiga, morador de Natal.
1628 – “Natal tinha uma Igreja e oito casas” conforme o depoimento de um grupo de índios em Amsterdam, redigido por Hessen Gerritsz.
1630 – “A cidade contava entre trinta e cinco e quarenta casas de barro e palha, os habitantes mais abastados vivendo nos sítios apenas vindo na cidade aos domingos”, segundo relata Adriano Verdonck – enviado das autoridades de ocupação holandesa – no documento “Descrição das Capitanias de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande”.
1634-44 – Gaspar Barléu, cronista do Conde Maurício de Nassau informa ser “A vila de Natal de aspecto triste e acabrunhada pelas ruínas e vestígios de guerra”.
1639 – Adriaen Van Der Dussen no “Relatório sobre as capitanias conquistadas no Brasil pelos holandeses” informa que a capitania “já teve uma cidadezinha chamada Cidade do Natal, situada a légua e meia do Castelo Keulen rio acima, mas totalmente arruinada”.
1673 – O Capitão-Mor Antônio Vaz Gondim e os Oficiais da Câmara pedem uma esmola a sua majestade, para a construção da matriz, visando fixar a população: “Acabando-se a igreja se povoaria a cidade”.
1722 – O Capitão-Mor José Pereira Fonseca em carta enviada a El-Rei, no dia 07 de abril, relata que Natal “Tem apenas trinta casas e os arredores eram mato fechado”.
1729 – João Maia Gama – no relatório de inspeção as capitanias – informa que “a cidade é fundada em um alto e ainda que muito areento, contudo com terreno capaz e levado dos ventos e tem cinqüenta para 60 casas e muitas mais perto da cidade porque a mais gente vive nas suas fazendas”.
1732 – Construção do Pelourinho.
1746 – O Bispo de Olinda Dom Frei Luiz de Santa Tereza em relatório apresentado a Santa Sé, diz que Natal é “tão pequena que além do título de cidade, igreja paroquial e poucas casas, nada tem que represente a forma de cidade. Da cidade de Natal não-há-tal como por brincadeira se diz”.
1777 – Domingos Monteiro da Rocha, Ouvidor da Paraíba, informa que o povoado da Cidade do Natal tinha quatrocentas braças de comprido por cinqüenta de largo com 118 casas.
27.1.09
Presidentes das ruas numeradas do Alecrim.
Gravura holandesa VEROVINGE VAN RIO GRANDE IN BRAZIL ANO 1633
O Alecrim, quarto bairro da cidade do Natal, têm como confinantes de sua área urbana os seguintes segmentos: Riacho do Baldo, Rua Olinto Meira, Rua Jaguarari, Av. Bernardo Vieira e a Via Férrea até encontrar a Riacho do baldo, neste último trecho podemos ainda destacar a Rua Pereira Pinto e a Base Naval. Antes de se chamar Alecrim, esta área teve várias denominações. Primeiro foi Refoles, partindo do pressuposto básico de que os piratas e mercadores franceses vinham freqüentemente extrair o pau-brasil e outros produtos, e sempre usaram o rio Potengi como ancoradouro para seus navios. O corsário Jacques Riffault, no Século XVI, atracou por inúmeras vezes em nosso rio, fazendo com que aquele local passasse a se chamar no ponto da Nau do Refoles ou apenas Refoles.
Depois, no Século XIX, chamou-se Alto de Santa Cruz, topônimo batizado pelo Coronel Reinaldo Lourival, filho do reconhecido poeta Lourival Açucena, com a aprovação do vigário João Maria Cavalcanti de Brito (Padre João Maria); Na primeira década do século XX, o bairro foi denominado “Cais do Sertão”, em razão dos imigrantes que vinham do interior e acampavam naquela área; E finalmente, passou a se chamar Alecrim, através do Decreto da Intendência Municipal de Natal, datado de 23 de outubro de 1911 e oficializado em 30 de setembro de 1947, na administração do Prefeito Silvio Piza Pedroza.
Um bairro não é apenas uma área delimitada por um decreto ou um conglomerado de antigas casas e ruas que labirintam seus acessos. O bairro antes de tudo, tem a missão de contar a história do crescimento da cidade e do próprio lugar. Entretanto, os topônimos de suas ruas provocam, as vezes, indagações relacionadas aos seu significado ou aos nomes das personagens ali homenageadas. Mesmo acreditando na frase de Gene Flower de que “Os homens que merecem monumentos não precisam deles”, o Alecrim, quando eternizou em suas artérias, notáveis que transitaram na política administrativa do Rio Grande do Norte, nos remiu de séculos de história potiguar.
Quando o Presidente da Intendência Municipal (Prefeito de Natal), Dr. Omar O´Grady, contratou o arquiteto Giacomo Palumbo, para fazer o Plano Geral de Sistematização da Cidade de Natal, solicitou, ao mesmo tempo, ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, a época presidido pelo Dr. Nestor dos Santos Lima, que relacionasse vultos históricos para nomear as avenidas já traçadas e numeradas de 1 a 18. Dentre as figuras arroladas, estavam incluídos, levando em conta a liturgia do cargo, cinco Presidentes da Província do Rio Grande do Norte, como eram denominados os Governadores do nosso Estado no período colonial e durante o império.
Portanto as avenidas de 1 a 5, confinadas nos limites do bairro do Alecrim, passaram a ter as seguintes denominações: Avenida 1, Presidente Quaresma, em homenagem a Basílio Quaresma Torrão, que Governou de 1833 a 1836; Avenida 2, Presidente Bandeira, em homenagem a João Capistrano Bandeira de Melo, que Governou de 1873 a 1875; Avenida 3, Presidente José Bento em homenagem a José Bento da Cunha Figueiredo Junior, que Governou de 1860 a 1861; Avenida 4, Presidente Sarmento, em homenagem a Cassimiro José de Morais Sarmento, que Governou de 1845 a 1847; E a Avenida 5, Presidente Leão Veloso, em homenagem a Pedro Leão Veloso, que Governou de 1861 a 1863.
As demais avenidas e ruas numeradas receberam o nome de tribos indígenas ou de outras pessoas ilustres, entretanto, sem negar a importância de cada denominação, os topônimos das outras ruas numeradas ficam aqui ocultados, porque buscamos registrar apenas as artérias que tiveram denominações de Presidente da província na época colonial e do império. Esperamos, deste modo, responder as indagações de uma considerável parcela da população natalense, que curiosamente se interroga com relação às avenidas numeradas, de 1 a 5, do bairro do Alecrim: Presidente de que?
Por Manoel Procópio de Moura Júnior
Depois, no Século XIX, chamou-se Alto de Santa Cruz, topônimo batizado pelo Coronel Reinaldo Lourival, filho do reconhecido poeta Lourival Açucena, com a aprovação do vigário João Maria Cavalcanti de Brito (Padre João Maria); Na primeira década do século XX, o bairro foi denominado “Cais do Sertão”, em razão dos imigrantes que vinham do interior e acampavam naquela área; E finalmente, passou a se chamar Alecrim, através do Decreto da Intendência Municipal de Natal, datado de 23 de outubro de 1911 e oficializado em 30 de setembro de 1947, na administração do Prefeito Silvio Piza Pedroza.
Um bairro não é apenas uma área delimitada por um decreto ou um conglomerado de antigas casas e ruas que labirintam seus acessos. O bairro antes de tudo, tem a missão de contar a história do crescimento da cidade e do próprio lugar. Entretanto, os topônimos de suas ruas provocam, as vezes, indagações relacionadas aos seu significado ou aos nomes das personagens ali homenageadas. Mesmo acreditando na frase de Gene Flower de que “Os homens que merecem monumentos não precisam deles”, o Alecrim, quando eternizou em suas artérias, notáveis que transitaram na política administrativa do Rio Grande do Norte, nos remiu de séculos de história potiguar.
Quando o Presidente da Intendência Municipal (Prefeito de Natal), Dr. Omar O´Grady, contratou o arquiteto Giacomo Palumbo, para fazer o Plano Geral de Sistematização da Cidade de Natal, solicitou, ao mesmo tempo, ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, a época presidido pelo Dr. Nestor dos Santos Lima, que relacionasse vultos históricos para nomear as avenidas já traçadas e numeradas de 1 a 18. Dentre as figuras arroladas, estavam incluídos, levando em conta a liturgia do cargo, cinco Presidentes da Província do Rio Grande do Norte, como eram denominados os Governadores do nosso Estado no período colonial e durante o império.
Portanto as avenidas de 1 a 5, confinadas nos limites do bairro do Alecrim, passaram a ter as seguintes denominações: Avenida 1, Presidente Quaresma, em homenagem a Basílio Quaresma Torrão, que Governou de 1833 a 1836; Avenida 2, Presidente Bandeira, em homenagem a João Capistrano Bandeira de Melo, que Governou de 1873 a 1875; Avenida 3, Presidente José Bento em homenagem a José Bento da Cunha Figueiredo Junior, que Governou de 1860 a 1861; Avenida 4, Presidente Sarmento, em homenagem a Cassimiro José de Morais Sarmento, que Governou de 1845 a 1847; E a Avenida 5, Presidente Leão Veloso, em homenagem a Pedro Leão Veloso, que Governou de 1861 a 1863.
As demais avenidas e ruas numeradas receberam o nome de tribos indígenas ou de outras pessoas ilustres, entretanto, sem negar a importância de cada denominação, os topônimos das outras ruas numeradas ficam aqui ocultados, porque buscamos registrar apenas as artérias que tiveram denominações de Presidente da província na época colonial e do império. Esperamos, deste modo, responder as indagações de uma considerável parcela da população natalense, que curiosamente se interroga com relação às avenidas numeradas, de 1 a 5, do bairro do Alecrim: Presidente de que?
Por Manoel Procópio de Moura Júnior
24.1.09
Manifestações Culturais III
Foto: João Redondo, a irreverência e a mão molenga .
TEATRO POPULAR DE BONECOS
O Teatro Popular de Bonecos, recebe várias designações em todo o Nordeste. Em Pernambuco, por exemplo, chama-se Mamulengo, enquanto no Rio Grande do Norte e Paraíba é denominado João Redondo. Essa expressão da cultura popular, originária da Ásia, trazida pelos ibéricos, encontrou no Nordeste um verdadeiro celeiro decalungueiros, como se chama o homem que manipula os bonecos em nosso estado.
Um teatro simples, apresentado por bonecos rústicos, feitos de pano, muito expressivos, acoplados nas mãos de apresentador, dando-lhes vida em pequenos atos hilariantes.
O espetáculo geralmente é composto de várias histórias, formando pequenas cenas que se completam ou não. Sobre este aspecto do “João Redondo”:
O espetáculo é fragmentado em pequenas histórias e, às vezes, nem por isto, pois há bonecos representando artistas populares (cantores, violeiros, sanfoneiros) que, sozinhos, fazem uma “parte”. Essa fragmentação do espetáculo permite que sua duração varie, ao sabor das circunstâncias.Em Natal, a arte do João Redondo permanece viva graças aos calungueiros, como Chico Daniel, segundo Ariano Suassuna o maior “bonequeiro” do Brasil. Após o falecimenteo de Chico Daniel seu filho continua mantendo acesa a chama dp Teatro de Bonecos Popular. Também encontramos no Conjunto Nova Natal o Zé Relampo. Carroceiro de profissão Zé Relampo apresenta o “João Redondo” de forma tradicional, destacando sua voz.
ARTESANATO E ARTE POPULAR
Define-se o artesanato como o tratamento que as criaturas mais simples dos agrupamentos humanos dão à matéria bruta, visando a um fim utilitário, comercial, artístico, recreativo, o que for. Munido deste conceito encontramos, em solo potiguar, diversas representações de artistas populares.
O nosso artesanato apresenta algumas singularidades, como exemplo, a escultura em madeira, geralmente figuras em pequenas proporções, feitas com instrumentos rudimentares.
Natal conheceu um grande mestre-artesão, “fazedor” de Santos, o “Chico Santeiro”. Escultor de reconhecida habilidade. O mestre Santeiro transformava a madeira em perfeitos "tipos” nordestinos. Utilizou sua arte para esculpir pequenas imagens de Santos e Cristos Crucificados. Existem peças de Chico Santeiro em diversos lugares, inclusive no Vaticano.
Com um rico artesanato, Natal desponta no Nordeste como um dos maiores centros produtores e comercializadores de peças confeccionadas por verdadeiros artistas populares. Como ponto de venda, destaca-se, o Centro de Turismo, situado em Petrópoilis, em uma belíssima construção, a antiga Casa de Detenção.
Além da arte em madeira, o artesanato potiguar é composto por peças bordadas, bijuterias em metal, bijuterias em minerais, tapeçarias, artefatos de couro, miniaturas de barcos e peixes, ferramentas indígenas, enfim um universo de cultura popular.
Fonte: Deífilo Gurgel/Anuário de Natal
TEATRO POPULAR DE BONECOS
O Teatro Popular de Bonecos, recebe várias designações em todo o Nordeste. Em Pernambuco, por exemplo, chama-se Mamulengo, enquanto no Rio Grande do Norte e Paraíba é denominado João Redondo. Essa expressão da cultura popular, originária da Ásia, trazida pelos ibéricos, encontrou no Nordeste um verdadeiro celeiro decalungueiros, como se chama o homem que manipula os bonecos em nosso estado.
Um teatro simples, apresentado por bonecos rústicos, feitos de pano, muito expressivos, acoplados nas mãos de apresentador, dando-lhes vida em pequenos atos hilariantes.
O espetáculo geralmente é composto de várias histórias, formando pequenas cenas que se completam ou não. Sobre este aspecto do “João Redondo”:
O espetáculo é fragmentado em pequenas histórias e, às vezes, nem por isto, pois há bonecos representando artistas populares (cantores, violeiros, sanfoneiros) que, sozinhos, fazem uma “parte”. Essa fragmentação do espetáculo permite que sua duração varie, ao sabor das circunstâncias.Em Natal, a arte do João Redondo permanece viva graças aos calungueiros, como Chico Daniel, segundo Ariano Suassuna o maior “bonequeiro” do Brasil. Após o falecimenteo de Chico Daniel seu filho continua mantendo acesa a chama dp Teatro de Bonecos Popular. Também encontramos no Conjunto Nova Natal o Zé Relampo. Carroceiro de profissão Zé Relampo apresenta o “João Redondo” de forma tradicional, destacando sua voz.
ARTESANATO E ARTE POPULAR
Define-se o artesanato como o tratamento que as criaturas mais simples dos agrupamentos humanos dão à matéria bruta, visando a um fim utilitário, comercial, artístico, recreativo, o que for. Munido deste conceito encontramos, em solo potiguar, diversas representações de artistas populares.
O nosso artesanato apresenta algumas singularidades, como exemplo, a escultura em madeira, geralmente figuras em pequenas proporções, feitas com instrumentos rudimentares.
Natal conheceu um grande mestre-artesão, “fazedor” de Santos, o “Chico Santeiro”. Escultor de reconhecida habilidade. O mestre Santeiro transformava a madeira em perfeitos "tipos” nordestinos. Utilizou sua arte para esculpir pequenas imagens de Santos e Cristos Crucificados. Existem peças de Chico Santeiro em diversos lugares, inclusive no Vaticano.
Com um rico artesanato, Natal desponta no Nordeste como um dos maiores centros produtores e comercializadores de peças confeccionadas por verdadeiros artistas populares. Como ponto de venda, destaca-se, o Centro de Turismo, situado em Petrópoilis, em uma belíssima construção, a antiga Casa de Detenção.
Além da arte em madeira, o artesanato potiguar é composto por peças bordadas, bijuterias em metal, bijuterias em minerais, tapeçarias, artefatos de couro, miniaturas de barcos e peixes, ferramentas indígenas, enfim um universo de cultura popular.
Fonte: Deífilo Gurgel/Anuário de Natal
21.1.09
A administração Omar O’Grady...
A administração Omar O’Grady (1924-1930) e a modernização urbana de Natal.
Os recentes estudos sobre a história urbana e urbanística de Natal têm procurado desvelar os seus processos de construção e constituição do espaço urbano, os seus agentes transformadores, os planos, o ideário de modernização, os avanços técnicos, enfim, a influência de todos estes fatores na conformação do seu território, do seu “espaço real vivido“1.
Dentro desta perspectiva, os anos compreendidos entre a Proclamação da República - que, no Rio Grande do Norte, marcou o início da ascensão da oligarquia Albuquerque e Maranhão, liderado por Pedro Velho - e o final da década de 1930 podem ser analisados à luz do processo de “desconstrução da Natal colonial”; ou seja, o período que assistiu a passagem da cidade oitocentista para uma outra, moderna, capitalista.
Obviamente, o século XIX não abarcava mais o período colonial brasileiro; contudo, é nele que estão impressas as marcas dos séculos anteriores, da época da dominação portuguesa. Se em cidades como o Rio de Janeiro este processo de transformações se iniciou no primeiro quartel do oitocentos (com a vinda da Corte Portuguesa, em 1908, e a Missão Artística Francesa, em 1816), em Natal, São Paulo e Santos, por exemplo, o que chamamos “desconstrução da cidade colonial” ocorreria de forma decisiva a partir dos últimos anos do século XIX e nas primeiras décadas do XX: as reformas nos centros urbanos, nos portos, a abertura de avenidas, a expansão horizontal e o início da vertical, entre outros fatores, concorreram para a estruturação de uma nova “imagem da cidade”, suplantando aquela herdada do período colonial.
Um dos momentos mais importantes deste processo, para compreender a atual cidade do Natal, foi empreendido na década de 1920, no período delimitado pela administração do engenheiro Omar O’Grady (junho de 1924 a outubro de 1930)2. Tão repleto de significações e complexidades que Câmara Cascudo, em seu livro “História da Cidade do Natal”, pôde afirmar que O’Grady havia tirado Natal de sua letargia setecentista e a “pousado”, finalmente, no século XX. A afirmativa, forte e emblemática, referia-se a uma das quatro grandes obras realizadas no período da administração O’Grady (1924-1928): o calçamento da Av. Junqueira Ayres, a ladeira íngrime e único acesso então entre os dois bairros originários da cidade.
“O antigo aterro colonial foi lentamente sendo substituído por pedras soltas, empedrado, trilha, calçada, paralelepípedo. Várias vezes o aclive foi rebaixado. A história termina quando o prefeito Omar O’Grady venceu o barro, tirou as pedras e vestiu a ladeira com o calçamento que resiste a tempo, água e esquecimento3.
A obra começou a pôr fim no distanciamento e isolamento entre os bairros da Cidade Alta e Ribeira, característicos da conformação colonial da cidade, que tanto tempo perdurou. “A possibilidade de comunicação imediata, fácil, barata, aproximou os dois núcleos de população”. Punha-se fim aos gritos de guerra. “Xarias e Canguleiros morreram. Ficou o Natalense...4”.
As outras três grandes obras que marcaram este período foram: a reforma do Cais Tavares de Lyra, o calçamento e o aformoseamento da Praça Augusto Severo e da Avenida Atlântica (atual Getúlio Vargas), inseridas em um modelo de modernização que tinha nas obras de pavimentação o signo palpável de progresso5. Este sentido de progresso, que tenta materializar os anseios despertados pela vaga modernista que atingira Natal e pelas possibilidades de crescimento criadas com o advento da aviação comercial, encontrou respaldo na figura do engenheiro e administrador O’Grady6.
Filho do canadense, de ascendência irlandesa, Alexander James O’Grady e da potiguar Estefânia Alzira Moreira O’Grady, o prefeito Omar O’Grady nasceu em Natal, a 18 de fevereiro de 1894. Após fazer o primário e terminar os seus preparatórios no Atheneu Norte-rio-grandense, embarcou para Chigaco, EUA, no início da década de 1910, para cursar Engenharia pelo Illinois Institute of Technology. Formou-se em 1917 e, apenas em 1920, retornou ao Brasil para trabalhar nas Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas, IFOCS. Em 1923, foi contratado pela firma inglesa Norton Griffth and Company para o cargo de superintendente na construção da barragem do Acarape, Ceará. Casado com Isabel Dantas, primogênita de Manuel Dantas - que havia sido recém-nomeado pelo presidente do Estado José Augusto (1924-1927) à Intendência Municipal de Natal, Omar O’Grady retornou a cidade para ocupar um dos cargos de intendente. Com o falecimento prematuro do seu sogro, O’Grady assumiu a presidência da Intendência em junho de 1924, cargo que ocupou até outubro de 1930.
Os primeiros quatro anos da administração foram o ensaio da sua formação americana na forma de gerir a cidade. O discurso pelas contas equilibradas do município frente à exigüidade das rendas (embora a sua administração tenha sido acusada de diversas irregularidades pelo governo de interventores que assumiu em outubro de 19307), o controle total sobre o espaço urbano, submetendo todas as atividades às restrições e regulamentações da Intendência (por exemplo , a concessão de licenças para os horários de abertura de lojas, para construção, reforma e remodelação das casas, para a compra e venda de imóveis, etc.), o controle social, cadastrando os ambulantes e reprimindo terminantemente a mendicância, a limpeza pública, o embelezamento da cidade e, principalmente, a ênfase na melhoria das condições de tráfego nas vias urbanas, com a pavimentação à macadame pixado, paralelepípedo, e a drenagem das águas pluviais (num modelo de urbanização extensivo ao automóvel como também o foi, de certa forma, o Plano de Avenidas formulado pelos engenheiros Prestes Maia e Ulhôa Cintra para São Paulo em 1930), são os aspectos que caracterizaram os primeiros quatro anos da gestão de Omar O’Grady. Preparavam, assim, as bases para a proposição de um Master Plan que pudesse configurar Natal como “Caes da Europa8.
Em janeiro de 1929, Juvenal Lamartine renomeou Omar O’Grady para a Intendência e assumiu com este a tarefa de preparar Natal para o “futuro grandioso” que adviria de sua fundamental posição geográfica para a aviação comercial. Para tanto, foi elaborado o Plano Geral de Sistematização, de autoria do arquiteto greco-italiano Giacomo Palumbo9, este seria o arremate da administração de Omar O’Grady, o fecho das iniciativas desenvolvidas durante mais de cinco anos em prol da modernização da cidade, articulando e incorporando as obras realizadas às propostas inseridas no Plano.
O plano trazia, já nos termos do seu contrato elaborado por Omar O’Grady em abril de 1929, elementos inovadores à forma de gestão do município, embasados nas experiências recentes do urbanismo moderno, abarcando a cidade como um todo: o macro-zoneamento funcional (que implicaria numa divisão sócio-espacial segregada), a proposição de uma comissão do plano da cidade, de inspiração norte-americana, para garantir a sua continuidade (independente das sucessões administrativas) e a participação da população (embora ainda de forma muito restrita), a reestruturação do sistema viário (com o aumento dos acessos entre a Ribeira e a Cidade Alta) e a preocupação em torná-lo exeqüível (com a aprovação da Taxa de Benefício em junho de 1930, através das Resoluções nºs. 318 e 319, vulgarmente conhecida como “imposto do calçamento” baseada no benefit assessment americano).10
Portanto, mesmo com todas as críticas ao processo de “descontrução da cidade colonial”, aos seus aspectos segregadores e elitistas, no Brasil e em Natal, em particular, não podemos negar a importância do engenheiro Omar O’Grady para o estudo e a compreensão da história da Cidade do Natal. Mesmo corrigindo, retificando, calçando ruas, a remodelação de Natal nos anos 20 baseava-se na estrutura existente da cidade, no aproveitamento da topografia, numa visão global da cidade. Embora não queiramos fazer uma apologia deste processo nem irrelevar seus aspectos negativos - muito ao contrário, este era um quadro muito diferente daquele que irrompeu a partir de meados da década de 1940, disperso, fragmentário.
Por George Alexandre Ferreira Dantas
Os recentes estudos sobre a história urbana e urbanística de Natal têm procurado desvelar os seus processos de construção e constituição do espaço urbano, os seus agentes transformadores, os planos, o ideário de modernização, os avanços técnicos, enfim, a influência de todos estes fatores na conformação do seu território, do seu “espaço real vivido“1.
Dentro desta perspectiva, os anos compreendidos entre a Proclamação da República - que, no Rio Grande do Norte, marcou o início da ascensão da oligarquia Albuquerque e Maranhão, liderado por Pedro Velho - e o final da década de 1930 podem ser analisados à luz do processo de “desconstrução da Natal colonial”; ou seja, o período que assistiu a passagem da cidade oitocentista para uma outra, moderna, capitalista.
Obviamente, o século XIX não abarcava mais o período colonial brasileiro; contudo, é nele que estão impressas as marcas dos séculos anteriores, da época da dominação portuguesa. Se em cidades como o Rio de Janeiro este processo de transformações se iniciou no primeiro quartel do oitocentos (com a vinda da Corte Portuguesa, em 1908, e a Missão Artística Francesa, em 1816), em Natal, São Paulo e Santos, por exemplo, o que chamamos “desconstrução da cidade colonial” ocorreria de forma decisiva a partir dos últimos anos do século XIX e nas primeiras décadas do XX: as reformas nos centros urbanos, nos portos, a abertura de avenidas, a expansão horizontal e o início da vertical, entre outros fatores, concorreram para a estruturação de uma nova “imagem da cidade”, suplantando aquela herdada do período colonial.
Um dos momentos mais importantes deste processo, para compreender a atual cidade do Natal, foi empreendido na década de 1920, no período delimitado pela administração do engenheiro Omar O’Grady (junho de 1924 a outubro de 1930)2. Tão repleto de significações e complexidades que Câmara Cascudo, em seu livro “História da Cidade do Natal”, pôde afirmar que O’Grady havia tirado Natal de sua letargia setecentista e a “pousado”, finalmente, no século XX. A afirmativa, forte e emblemática, referia-se a uma das quatro grandes obras realizadas no período da administração O’Grady (1924-1928): o calçamento da Av. Junqueira Ayres, a ladeira íngrime e único acesso então entre os dois bairros originários da cidade.
“O antigo aterro colonial foi lentamente sendo substituído por pedras soltas, empedrado, trilha, calçada, paralelepípedo. Várias vezes o aclive foi rebaixado. A história termina quando o prefeito Omar O’Grady venceu o barro, tirou as pedras e vestiu a ladeira com o calçamento que resiste a tempo, água e esquecimento3.
A obra começou a pôr fim no distanciamento e isolamento entre os bairros da Cidade Alta e Ribeira, característicos da conformação colonial da cidade, que tanto tempo perdurou. “A possibilidade de comunicação imediata, fácil, barata, aproximou os dois núcleos de população”. Punha-se fim aos gritos de guerra. “Xarias e Canguleiros morreram. Ficou o Natalense...4”.
As outras três grandes obras que marcaram este período foram: a reforma do Cais Tavares de Lyra, o calçamento e o aformoseamento da Praça Augusto Severo e da Avenida Atlântica (atual Getúlio Vargas), inseridas em um modelo de modernização que tinha nas obras de pavimentação o signo palpável de progresso5. Este sentido de progresso, que tenta materializar os anseios despertados pela vaga modernista que atingira Natal e pelas possibilidades de crescimento criadas com o advento da aviação comercial, encontrou respaldo na figura do engenheiro e administrador O’Grady6.
Filho do canadense, de ascendência irlandesa, Alexander James O’Grady e da potiguar Estefânia Alzira Moreira O’Grady, o prefeito Omar O’Grady nasceu em Natal, a 18 de fevereiro de 1894. Após fazer o primário e terminar os seus preparatórios no Atheneu Norte-rio-grandense, embarcou para Chigaco, EUA, no início da década de 1910, para cursar Engenharia pelo Illinois Institute of Technology. Formou-se em 1917 e, apenas em 1920, retornou ao Brasil para trabalhar nas Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas, IFOCS. Em 1923, foi contratado pela firma inglesa Norton Griffth and Company para o cargo de superintendente na construção da barragem do Acarape, Ceará. Casado com Isabel Dantas, primogênita de Manuel Dantas - que havia sido recém-nomeado pelo presidente do Estado José Augusto (1924-1927) à Intendência Municipal de Natal, Omar O’Grady retornou a cidade para ocupar um dos cargos de intendente. Com o falecimento prematuro do seu sogro, O’Grady assumiu a presidência da Intendência em junho de 1924, cargo que ocupou até outubro de 1930.
Os primeiros quatro anos da administração foram o ensaio da sua formação americana na forma de gerir a cidade. O discurso pelas contas equilibradas do município frente à exigüidade das rendas (embora a sua administração tenha sido acusada de diversas irregularidades pelo governo de interventores que assumiu em outubro de 19307), o controle total sobre o espaço urbano, submetendo todas as atividades às restrições e regulamentações da Intendência (por exemplo , a concessão de licenças para os horários de abertura de lojas, para construção, reforma e remodelação das casas, para a compra e venda de imóveis, etc.), o controle social, cadastrando os ambulantes e reprimindo terminantemente a mendicância, a limpeza pública, o embelezamento da cidade e, principalmente, a ênfase na melhoria das condições de tráfego nas vias urbanas, com a pavimentação à macadame pixado, paralelepípedo, e a drenagem das águas pluviais (num modelo de urbanização extensivo ao automóvel como também o foi, de certa forma, o Plano de Avenidas formulado pelos engenheiros Prestes Maia e Ulhôa Cintra para São Paulo em 1930), são os aspectos que caracterizaram os primeiros quatro anos da gestão de Omar O’Grady. Preparavam, assim, as bases para a proposição de um Master Plan que pudesse configurar Natal como “Caes da Europa8.
Em janeiro de 1929, Juvenal Lamartine renomeou Omar O’Grady para a Intendência e assumiu com este a tarefa de preparar Natal para o “futuro grandioso” que adviria de sua fundamental posição geográfica para a aviação comercial. Para tanto, foi elaborado o Plano Geral de Sistematização, de autoria do arquiteto greco-italiano Giacomo Palumbo9, este seria o arremate da administração de Omar O’Grady, o fecho das iniciativas desenvolvidas durante mais de cinco anos em prol da modernização da cidade, articulando e incorporando as obras realizadas às propostas inseridas no Plano.
O plano trazia, já nos termos do seu contrato elaborado por Omar O’Grady em abril de 1929, elementos inovadores à forma de gestão do município, embasados nas experiências recentes do urbanismo moderno, abarcando a cidade como um todo: o macro-zoneamento funcional (que implicaria numa divisão sócio-espacial segregada), a proposição de uma comissão do plano da cidade, de inspiração norte-americana, para garantir a sua continuidade (independente das sucessões administrativas) e a participação da população (embora ainda de forma muito restrita), a reestruturação do sistema viário (com o aumento dos acessos entre a Ribeira e a Cidade Alta) e a preocupação em torná-lo exeqüível (com a aprovação da Taxa de Benefício em junho de 1930, através das Resoluções nºs. 318 e 319, vulgarmente conhecida como “imposto do calçamento” baseada no benefit assessment americano).10
Portanto, mesmo com todas as críticas ao processo de “descontrução da cidade colonial”, aos seus aspectos segregadores e elitistas, no Brasil e em Natal, em particular, não podemos negar a importância do engenheiro Omar O’Grady para o estudo e a compreensão da história da Cidade do Natal. Mesmo corrigindo, retificando, calçando ruas, a remodelação de Natal nos anos 20 baseava-se na estrutura existente da cidade, no aproveitamento da topografia, numa visão global da cidade. Embora não queiramos fazer uma apologia deste processo nem irrelevar seus aspectos negativos - muito ao contrário, este era um quadro muito diferente daquele que irrompeu a partir de meados da década de 1940, disperso, fragmentário.
Por George Alexandre Ferreira Dantas
18.1.09
Manifestações Culturais II
Bambelô
BAMBELÔ
È uma dança de roda, divertimento e desafio entre repentistas, par ver quem melhor improvisa. O acompanhamento das cantigas é feito com ganzás e tambores. Caracteriza-se pela dança de solista que faz galanteios coreográficos, normalmente a umbigada ou uma vênia, em frente a uma dama, que por sua vez, reponde com gingadas de corpo, conforme a música. Os dançarinos postam-se lado a lado, num semi-círculo, onde a solista entra, canta seu ponto, dança e se retira. Seus versos são improvisados. Não deixa de ser uma forma sofisticada do coco-de-roda, que sofreu visível influência do ritmo e coreografia do samba.
Em Natal, no bairro do Alecrim, existiu um tradicional grupo desta dança. Era o “Asa Branca de Severino Guedes”. Após a morte de seu fundador, os dançarinos do Bambelô ficaram inativos.
BOI CALEMBA
O folguedo se apresenta cantando cantigas do século XIX, saudações, louvações e benditos. O Boi Calemba é composto por dezessete participantes, geralmente divididos em grupos, os Enfeitados e os Mascarados. Deífilo Gurgel informa a função de cada grupo:Compõem o primeiro grupo o Mestre da brincadeira, os Galantes e as Damas, responsáveis pelo lado sério do espetáculo. ... Os mascarados provêm a parte cômica do espetáculo. São três. Mateus, Birico e Catirina. Declamam loas, como os Galantes, entretanto, gaiatas; representam pantominas e parodiam os compenetrados Galantes, em suas antigas e atitudes.
O Boi Calemba, conforme diversos estudiosos das danças folclóricas, é a versão dos potiguares do bumba-meu-boi nordestino. Vivo na memória do natalense, este folguedo expressa riqueza da cultura norte-riograndense.
Em Natal Boi Calemba é sinônimo de Manoel Marinheiro (Manoel Lopes Galvão), que construiu ao longo de sua vida um pólo de resistência da cultura popular. Hoje sem a presença do Mestre Manoel, a comunidade de Felipe Camarão, ainda, vinvencia as lições de amor aos folguedos ensinada por Marinheiro. Na Rua Silva, 262, transversal da Rua Rainha do Mar, encontramos um lugar de folclore, a antiga residência do Mestre Bio Calemba.
Finalmente, o Boi Calemba é um dos folguedos mais tradicionais de Natal. Há relatos desta “brincadeira” como parte de várias festas populares-religiosas, tendo como ponto alto os festejos natalinos do início do século XX.
PASTORILO Auto do Pastoril é uma reminiscência dos autos portugueses. Compõe-se de poemas dialogados e musicados que tratam de motivos religiosos e profanos. Há dosi partidos ou cordões que formam o pastoril: o cordão azul e o cordão encarnado. As cantigas expressam a alegria dos cordões com o público, louvando o Messias e exaltando o Pastorial. É a maior característica do Pastoril Potiguar.
O Pastoril se destaca pela diversidade de personagens como o anjo Gabriel, Lúcifer, Libertina, Célia, Graça, Mestra e Contramestra, Flora, Centurião, Argemiro, Eva, Diana, Herodes, com sua maldade, reavivando a sentença da paixão de Cristo. Existem alguns pastoris que inovaram o folguedo religioso em profano. Na Vila de Ponta Negra existe um grupo de Pastoril, formado por idosos.
FANDANGO
Nosso Fandango é inspirado nas grandes aventuras marítimas portuguesas. Esse auto com a história da Nau Catarineta, que se perdeu no mar. O grupo é formado por uma tripulação de aproximadamente quarenta marujos, entre oficiais e marinheiros. Normalmente, o auto é repesentado num barco ou como alternativa num palanque.
Atualmente, infelizmente, não existe registro de grupos de fandangos ativos em Natal. Encontramos alguns resistentes nas cidades de Canguaretama e Georgino Avelino.
Fonte: Deífilo Gurgel/Anuário de Natal – Continuaremos com outras Danças e Manifestações Culturais
BAMBELÔ
È uma dança de roda, divertimento e desafio entre repentistas, par ver quem melhor improvisa. O acompanhamento das cantigas é feito com ganzás e tambores. Caracteriza-se pela dança de solista que faz galanteios coreográficos, normalmente a umbigada ou uma vênia, em frente a uma dama, que por sua vez, reponde com gingadas de corpo, conforme a música. Os dançarinos postam-se lado a lado, num semi-círculo, onde a solista entra, canta seu ponto, dança e se retira. Seus versos são improvisados. Não deixa de ser uma forma sofisticada do coco-de-roda, que sofreu visível influência do ritmo e coreografia do samba.
Em Natal, no bairro do Alecrim, existiu um tradicional grupo desta dança. Era o “Asa Branca de Severino Guedes”. Após a morte de seu fundador, os dançarinos do Bambelô ficaram inativos.
BOI CALEMBA
O folguedo se apresenta cantando cantigas do século XIX, saudações, louvações e benditos. O Boi Calemba é composto por dezessete participantes, geralmente divididos em grupos, os Enfeitados e os Mascarados. Deífilo Gurgel informa a função de cada grupo:Compõem o primeiro grupo o Mestre da brincadeira, os Galantes e as Damas, responsáveis pelo lado sério do espetáculo. ... Os mascarados provêm a parte cômica do espetáculo. São três. Mateus, Birico e Catirina. Declamam loas, como os Galantes, entretanto, gaiatas; representam pantominas e parodiam os compenetrados Galantes, em suas antigas e atitudes.
O Boi Calemba, conforme diversos estudiosos das danças folclóricas, é a versão dos potiguares do bumba-meu-boi nordestino. Vivo na memória do natalense, este folguedo expressa riqueza da cultura norte-riograndense.
Em Natal Boi Calemba é sinônimo de Manoel Marinheiro (Manoel Lopes Galvão), que construiu ao longo de sua vida um pólo de resistência da cultura popular. Hoje sem a presença do Mestre Manoel, a comunidade de Felipe Camarão, ainda, vinvencia as lições de amor aos folguedos ensinada por Marinheiro. Na Rua Silva, 262, transversal da Rua Rainha do Mar, encontramos um lugar de folclore, a antiga residência do Mestre Bio Calemba.
Finalmente, o Boi Calemba é um dos folguedos mais tradicionais de Natal. Há relatos desta “brincadeira” como parte de várias festas populares-religiosas, tendo como ponto alto os festejos natalinos do início do século XX.
PASTORILO Auto do Pastoril é uma reminiscência dos autos portugueses. Compõe-se de poemas dialogados e musicados que tratam de motivos religiosos e profanos. Há dosi partidos ou cordões que formam o pastoril: o cordão azul e o cordão encarnado. As cantigas expressam a alegria dos cordões com o público, louvando o Messias e exaltando o Pastorial. É a maior característica do Pastoril Potiguar.
O Pastoril se destaca pela diversidade de personagens como o anjo Gabriel, Lúcifer, Libertina, Célia, Graça, Mestra e Contramestra, Flora, Centurião, Argemiro, Eva, Diana, Herodes, com sua maldade, reavivando a sentença da paixão de Cristo. Existem alguns pastoris que inovaram o folguedo religioso em profano. Na Vila de Ponta Negra existe um grupo de Pastoril, formado por idosos.
FANDANGO
Nosso Fandango é inspirado nas grandes aventuras marítimas portuguesas. Esse auto com a história da Nau Catarineta, que se perdeu no mar. O grupo é formado por uma tripulação de aproximadamente quarenta marujos, entre oficiais e marinheiros. Normalmente, o auto é repesentado num barco ou como alternativa num palanque.
Atualmente, infelizmente, não existe registro de grupos de fandangos ativos em Natal. Encontramos alguns resistentes nas cidades de Canguaretama e Georgino Avelino.
Fonte: Deífilo Gurgel/Anuário de Natal – Continuaremos com outras Danças e Manifestações Culturais
15.1.09
Escola de Pharmácia e Odontologia de Natal
A lei nº 570, sancionada em 1º de dezembro de 1923, criou o Curso de Odontologia, anexo à Escola de Farmácia, que passou a se chamar Escola de Pharmácia e Odontologia de Natal.
No entanto, o Curso de Odontologia não chegou a ser iniciado. A primeira turma de farmacêuticos, com apenas dois alunos, concluiu o curso em 1925, e a Escola de Pharmácia e Odontologia encerrou suas atividades.
O Interventor Federal General Orestes da Rocha, através do Decreto-Lei nº 682, de 03 de dezembro de 1947, criou a Faculdade de Farmácia e Odontologia de Natal.
Em dezembro de 1948, pelo Decreto-Lei nº 25.973, a Faculdade foi autorizada a funcionar, tendo iniciado suas aulas em 1º de março de 1949, no prédio do antigo Atheneu Norte-Rio-Grandense, sendo o seu primeiro Diretor o Médico Oftalmologista Dr. Adolpho Ramires. O curso funcionava no período noturno e a primeira turma, constituída de 14 alunos, formou-se em 1951.
Posteriormente, assumiu a direção, em 1952, o Cirurgião-Dentista Professor José Cavalcanti Melo, que durante 12 anos a dirigiu com amor e dedicação. Todo esse trabalho era compartilhado com seus corpos docente e funcional.
Numa iniciativa arrojada e desafiadora, foi reformado o velho Atheneu e ali começou a funcionar a Faculdade de Farmácia e Odontologia de Natal, com melhores condições de trabalho e ensino.
Algum tempo transcorreu no cronômetro da eternidade e alguns anos se escoaram na voragem do tempo. Atualmente, o Curso de Odontologia da UFRN funciona na Avenida Salgado Filho, com os turnos matutino, vespertino e noturno.
A grade curricular do Curso de Odontologia sofreu modificações com o objetivo de ser inserida no Projeto Político Pedagógico (PPP) do MEC, visando à formação de generalistas, com a finalidade de atender o Sistema Único de Saúde (SUS).
Ao longo de sua história, o nosso Curso figura entre os melhores do país. No “Provão” do MEC, obteve o conceito “A”.
No ENADE (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), que avaliou 3.239 cursos superiores do Brasil, em novembro de 207, apenas 25 alcançaram nota máxima 5, sendo 8 de Instituições Estaduais e 17 de Universidades Federais. Dentre os aprovados, está o Curso de Odontologia da UFRN, eleito o 5º melhor curso do país e 1º lugar na área de Odontologia.
De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, além dos 3.259 cursos, de 753 instituições do país, foram convocados 145.380 ingressantes, 112.962 concluintes e 1.365 voluntários.O ENADE é uma avaliação feita anualmente pelo MEC com os alunos que são selecionados através de uma amostragem feita pelo INEP.
A avaliação faz parte do Sistema Nacional de Avaliação de Educação Superior (SINAES) e visa avaliar a qualidade dos Cursos de Graduação.
Atualmente, temos 45 professores, sendo 30 com Doutorado, 14 com Mestrado e 01 Especialista. Essa conquista deve ser creditada aos que fizeram e fazem o Curso e o Departamento de Odontologia com competência, denodo e dedicação.Lenilson Carvalho (Cirurgião-Dentista)
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No entanto, o Curso de Odontologia não chegou a ser iniciado. A primeira turma de farmacêuticos, com apenas dois alunos, concluiu o curso em 1925, e a Escola de Pharmácia e Odontologia encerrou suas atividades.
O Interventor Federal General Orestes da Rocha, através do Decreto-Lei nº 682, de 03 de dezembro de 1947, criou a Faculdade de Farmácia e Odontologia de Natal.
Em dezembro de 1948, pelo Decreto-Lei nº 25.973, a Faculdade foi autorizada a funcionar, tendo iniciado suas aulas em 1º de março de 1949, no prédio do antigo Atheneu Norte-Rio-Grandense, sendo o seu primeiro Diretor o Médico Oftalmologista Dr. Adolpho Ramires. O curso funcionava no período noturno e a primeira turma, constituída de 14 alunos, formou-se em 1951.
Posteriormente, assumiu a direção, em 1952, o Cirurgião-Dentista Professor José Cavalcanti Melo, que durante 12 anos a dirigiu com amor e dedicação. Todo esse trabalho era compartilhado com seus corpos docente e funcional.
Numa iniciativa arrojada e desafiadora, foi reformado o velho Atheneu e ali começou a funcionar a Faculdade de Farmácia e Odontologia de Natal, com melhores condições de trabalho e ensino.
Algum tempo transcorreu no cronômetro da eternidade e alguns anos se escoaram na voragem do tempo. Atualmente, o Curso de Odontologia da UFRN funciona na Avenida Salgado Filho, com os turnos matutino, vespertino e noturno.
A grade curricular do Curso de Odontologia sofreu modificações com o objetivo de ser inserida no Projeto Político Pedagógico (PPP) do MEC, visando à formação de generalistas, com a finalidade de atender o Sistema Único de Saúde (SUS).
Ao longo de sua história, o nosso Curso figura entre os melhores do país. No “Provão” do MEC, obteve o conceito “A”.
No ENADE (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), que avaliou 3.239 cursos superiores do Brasil, em novembro de 207, apenas 25 alcançaram nota máxima 5, sendo 8 de Instituições Estaduais e 17 de Universidades Federais. Dentre os aprovados, está o Curso de Odontologia da UFRN, eleito o 5º melhor curso do país e 1º lugar na área de Odontologia.
De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, além dos 3.259 cursos, de 753 instituições do país, foram convocados 145.380 ingressantes, 112.962 concluintes e 1.365 voluntários.O ENADE é uma avaliação feita anualmente pelo MEC com os alunos que são selecionados através de uma amostragem feita pelo INEP.
A avaliação faz parte do Sistema Nacional de Avaliação de Educação Superior (SINAES) e visa avaliar a qualidade dos Cursos de Graduação.
Atualmente, temos 45 professores, sendo 30 com Doutorado, 14 com Mestrado e 01 Especialista. Essa conquista deve ser creditada aos que fizeram e fazem o Curso e o Departamento de Odontologia com competência, denodo e dedicação.Lenilson Carvalho (Cirurgião-Dentista)
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12.1.09
Manifestações Culturais I
Congos de Calçola de Ponta Negra
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O Rio Grande do Norte também recebeu influências culturais de outros povos. Aqui floresceu diversas manifestações da cultura popular, fandangos, autos, mamulengos, todos de grande beleza. Um universo de beleza.
Encontramos cultura na Cidade do Natal, não há somente praia e sol na terra de Câmara Cascudo. Cultura Popular que resiste na herança de Manoel Marinheiro, Chico Daniel, Câmara Cascudo e no exemplo do administrador sintonizado com os anseios do povo natalense, prefeito dos autos populares: Djalma Maranhão.
CONGOS DE CALÇOLA
Os congos de calçola apresentam uma trajetória rítmica Africana de Angola. Os congos do estado têm como motivo comum a representação da Rainha Ginga, soberana africana. Em Natal se destaca o congo de calçolas da praia de Ponta Negra.
O Congo de Calçolas da praia de Ponta Negra, pode ser contacto através de José Pedro Correia.
CABOCLINHOS
Manifestação popular expressa nos dias de folia carnavalesca. Dança que lembra os grupos indígenas. Alguns fatores que distingue os “Caboclinhos” de outras “tribos” nas apresentações dos dias de carnaval: ... não se vestem de penas; o ritmo de seus bailados é mais alegre e vibrante, não usam arco e flecha apenas como instrumento de guerra, mas, sobretudo, como instrumento musical, que lhes dá o ritmo para suas danças, realizadas ao som de gaita ou pife, que chamam flauta.ARARUNAA Sociedade Araruna de Danças Antigas Semi-Desaparecidas nasceu como entidade, com estatuto e sede própria a partir de 1959. O grupo de danças do Araruna apresenta-se geralmente, com oito a dez pares de dançarinos. Apresentam danças aristocráticas de salão, diversos números, alguns dos quais tipicamente folclóricos, outros, folclorizados. Xote, valsa, polca, são dançados ao lado do “caranguejos”, “bode”, “besouro”, besouro, “araruna”. O acompanhamento das danças é de sanfona e instrumentos de percussão.
Fonte: Deífilo Gurgel/Anuário de Natal – Continuaremos com outras Danças e Manifestações Culturais.
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O Rio Grande do Norte também recebeu influências culturais de outros povos. Aqui floresceu diversas manifestações da cultura popular, fandangos, autos, mamulengos, todos de grande beleza. Um universo de beleza.
Encontramos cultura na Cidade do Natal, não há somente praia e sol na terra de Câmara Cascudo. Cultura Popular que resiste na herança de Manoel Marinheiro, Chico Daniel, Câmara Cascudo e no exemplo do administrador sintonizado com os anseios do povo natalense, prefeito dos autos populares: Djalma Maranhão.
CONGOS DE CALÇOLA
Os congos de calçola apresentam uma trajetória rítmica Africana de Angola. Os congos do estado têm como motivo comum a representação da Rainha Ginga, soberana africana. Em Natal se destaca o congo de calçolas da praia de Ponta Negra.
O Congo de Calçolas da praia de Ponta Negra, pode ser contacto através de José Pedro Correia.
CABOCLINHOS
Manifestação popular expressa nos dias de folia carnavalesca. Dança que lembra os grupos indígenas. Alguns fatores que distingue os “Caboclinhos” de outras “tribos” nas apresentações dos dias de carnaval: ... não se vestem de penas; o ritmo de seus bailados é mais alegre e vibrante, não usam arco e flecha apenas como instrumento de guerra, mas, sobretudo, como instrumento musical, que lhes dá o ritmo para suas danças, realizadas ao som de gaita ou pife, que chamam flauta.ARARUNAA Sociedade Araruna de Danças Antigas Semi-Desaparecidas nasceu como entidade, com estatuto e sede própria a partir de 1959. O grupo de danças do Araruna apresenta-se geralmente, com oito a dez pares de dançarinos. Apresentam danças aristocráticas de salão, diversos números, alguns dos quais tipicamente folclóricos, outros, folclorizados. Xote, valsa, polca, são dançados ao lado do “caranguejos”, “bode”, “besouro”, besouro, “araruna”. O acompanhamento das danças é de sanfona e instrumentos de percussão.
Fonte: Deífilo Gurgel/Anuário de Natal – Continuaremos com outras Danças e Manifestações Culturais.
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5.1.09
Meus tempos de criança.
Gosto muito de música e vivo a letra. Existe uma de Ataulfo Alves, cujo nome é: “Meus tempos de criança”, que me é particular.
“Eu daria tudo que eu tivesse /Pra voltar aos dias de criança/ Eu não sei porque a gente cresce/ Se não sai de mim essa lembrança”.
Penso nos dias de criança. Éramos “unidos/desunidos”, quase todo o dia uma briga, depois as pazes.
Eu, Maurício Pitota, Flávio e Haroldo Azevedo, Carlinhos Limarujo, Carlos e Gerson Dumaresq, Toinho e João Ferreira. Ivan e Douglas Leite, Paulo César Cavalcanti, Eduardo Moura, Gláucio e Bergenaldo Wanderlei, Marcilio Carrilho, Gotardo e Paulinho Emereciano, Joca, Dudu e Barbosa Rodrigues, Ricardo e Roberto Bezerra, FernandoBaleia e Paulinho Barbosa, Paulinho Sobral, Jomar Monteiro, Pedro Sérgio Ferreira, Ideval Junior, Silvio e Cláudio Procópio, Valério Marinho, Aldemir Pintinho e Aldacir (Cabo Goia) Vilar, Fernando Cocentino, José Narcélio, Francisco Elmano (Boy) e Severino Marques Sousa, Paulinho Furtado, Ronaldo Góis, os irmãos Valdenor, Valdécio, Valmachio e Valderi Félix, Roberto Teixeira, Sérgio e Andre de Melo Lima, Wilson, José e Domirio Oliveira, Félix e Ivo Fialho, Emerson Almeida (Nego Xuxa), Cleiber e Fernando Ferreira, Eduardo Demônio Gomes, José Eduardo Vilar, Olivério e Silvério Noronha e muita gente que não vai dar para citar. Era um timaço que tinha a seu território entre as ruas Trairi e Açu, Afonso Pena e Floriano Peixoto no corredor central a Rua Mossoró.
“Aos domingos missa na Matriz”.
A Matriz era de Santa Terezinha e o seu pároco era o cônego Luiz Wanderlei, vascaíno doente, tinha horror à mulher que mostrava as partes “íntimas”. Na época, os ombros e os joelhos eram considerados tais partes. Era um pecado, ele rezava a missa em latim mais ligeiro do que ejaculação precoce e ficava passando os olhos pelas vestes femininas. Se descobrisse um ombro de fora ou a ponta de um joelho a igreja virava de cabeça para baixo, e a pobre moça era julgada como no tempo da inquisição. Isto porque, ele rezava de costas para os fieis, já pensou se fosse aos dias atuais? Nem minha mulher eu deixaria ir á igreja.
“Que saudade da professorinha/ Que me ensinou o bê a bá”.
Minha professorinha era (ainda é) Dona Maria Dourado, mãe dos queridos amigos Marcos e Mário Dourado. A escolinha começou na Rua Floriano Peixoto e terminou na Rodrigues Alves, Lembro-me de Ivoncísio Medeiros, os irmãos Alberto e Roberto Lima, Helio Dourado, este ria mais de que político, quando ri da miséria alheia.
“Onde andará Mariazinha/Meu primeiro amor onde andará?”.
Ah..., Meu primeiro amor..., Onde andara? Não posso dizer, todo primeiro amor tem um marido que é uma fera.
“Eu igual a toda meninada/ Quantas travessuras eu fazia”.
Fui muito travesso, eu era moleque (não MOLEQUE), fazia muitas travessuras que não desaprendi, ainda hoje sou assim.
”Jogo de botões sobre a calçada” Aí eu era bom, bom não, eu era ótimo, a turma toda era pato, não perdia uma. Isto valeu uma das maiores alegrias Limarujo que depois que abandonei o jogo de botões a quarenta e cinco anos, ele conseguiu me vencer por 2x1, com uma arbitragem facciosa de Manoel Enéas Pereira Dias que se vendeu pela quantia de cinco latas de cervejas Skol, que na época nem descia redonda. Foi festa grande em Muriú, com direito a carreata, Limarujo passou quinze dias sem dormir de alegria.
“Eu era feliz e não sabia”.
Realmente éramos felizes. Eu era feliz, brincava de tica, bandeirinha, bola de gude, carro de cocão ou de lata de leite ninho, peladas na calçada, o famoso bossa nova, uma espécie de barra a barra de uma calçada para outra, guerra de baladeiras e muitas outras. Tínhamos brincadeiras inocentes, como chamar militares de periquito, tapioca ou de meganha, só para que eles corressem atrás da gente. Corríamos dando sonoras gargalhadas. Até os gays eram famosos, (vejam só) Velocidade, Rosinha e Cu De Ouro. Tinha figuras folclóricas, como Cambraia que vendia jornais, um cidadão que ficava emputecido quando a gente gritava – Caju cadê a castanha? Havia Alicate um pedinte, que quando chamado pelo apelido corria com um canivete atrás de gente. As peladas nos terrenos de Seu Valdir e de Dr. Paulo Sobral. A casa de Silvio Procópio era vizinha e quando ele perdia, ficava puto da vida e soltava um cão (pastor alemão) dentro do campo, o espetáculo parecia os Cristãos entre os leões de Nero. Os choros e os juramentos de mortes eram constantes, mas com o tempo a paz voltava a reinar.
Entre tapas e beijos crescemos, criamos os nossos filhos e hoje, muitos com netos. As histórias e estórias certamente ainda são contadas.
Augusto Coelho Leal, engenheiro e avô.
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“Eu daria tudo que eu tivesse /Pra voltar aos dias de criança/ Eu não sei porque a gente cresce/ Se não sai de mim essa lembrança”.
Penso nos dias de criança. Éramos “unidos/desunidos”, quase todo o dia uma briga, depois as pazes.
Eu, Maurício Pitota, Flávio e Haroldo Azevedo, Carlinhos Limarujo, Carlos e Gerson Dumaresq, Toinho e João Ferreira. Ivan e Douglas Leite, Paulo César Cavalcanti, Eduardo Moura, Gláucio e Bergenaldo Wanderlei, Marcilio Carrilho, Gotardo e Paulinho Emereciano, Joca, Dudu e Barbosa Rodrigues, Ricardo e Roberto Bezerra, FernandoBaleia e Paulinho Barbosa, Paulinho Sobral, Jomar Monteiro, Pedro Sérgio Ferreira, Ideval Junior, Silvio e Cláudio Procópio, Valério Marinho, Aldemir Pintinho e Aldacir (Cabo Goia) Vilar, Fernando Cocentino, José Narcélio, Francisco Elmano (Boy) e Severino Marques Sousa, Paulinho Furtado, Ronaldo Góis, os irmãos Valdenor, Valdécio, Valmachio e Valderi Félix, Roberto Teixeira, Sérgio e Andre de Melo Lima, Wilson, José e Domirio Oliveira, Félix e Ivo Fialho, Emerson Almeida (Nego Xuxa), Cleiber e Fernando Ferreira, Eduardo Demônio Gomes, José Eduardo Vilar, Olivério e Silvério Noronha e muita gente que não vai dar para citar. Era um timaço que tinha a seu território entre as ruas Trairi e Açu, Afonso Pena e Floriano Peixoto no corredor central a Rua Mossoró.
“Aos domingos missa na Matriz”.
A Matriz era de Santa Terezinha e o seu pároco era o cônego Luiz Wanderlei, vascaíno doente, tinha horror à mulher que mostrava as partes “íntimas”. Na época, os ombros e os joelhos eram considerados tais partes. Era um pecado, ele rezava a missa em latim mais ligeiro do que ejaculação precoce e ficava passando os olhos pelas vestes femininas. Se descobrisse um ombro de fora ou a ponta de um joelho a igreja virava de cabeça para baixo, e a pobre moça era julgada como no tempo da inquisição. Isto porque, ele rezava de costas para os fieis, já pensou se fosse aos dias atuais? Nem minha mulher eu deixaria ir á igreja.
“Que saudade da professorinha/ Que me ensinou o bê a bá”.
Minha professorinha era (ainda é) Dona Maria Dourado, mãe dos queridos amigos Marcos e Mário Dourado. A escolinha começou na Rua Floriano Peixoto e terminou na Rodrigues Alves, Lembro-me de Ivoncísio Medeiros, os irmãos Alberto e Roberto Lima, Helio Dourado, este ria mais de que político, quando ri da miséria alheia.
“Onde andará Mariazinha/Meu primeiro amor onde andará?”.
Ah..., Meu primeiro amor..., Onde andara? Não posso dizer, todo primeiro amor tem um marido que é uma fera.
“Eu igual a toda meninada/ Quantas travessuras eu fazia”.
Fui muito travesso, eu era moleque (não MOLEQUE), fazia muitas travessuras que não desaprendi, ainda hoje sou assim.
”Jogo de botões sobre a calçada” Aí eu era bom, bom não, eu era ótimo, a turma toda era pato, não perdia uma. Isto valeu uma das maiores alegrias Limarujo que depois que abandonei o jogo de botões a quarenta e cinco anos, ele conseguiu me vencer por 2x1, com uma arbitragem facciosa de Manoel Enéas Pereira Dias que se vendeu pela quantia de cinco latas de cervejas Skol, que na época nem descia redonda. Foi festa grande em Muriú, com direito a carreata, Limarujo passou quinze dias sem dormir de alegria.
“Eu era feliz e não sabia”.
Realmente éramos felizes. Eu era feliz, brincava de tica, bandeirinha, bola de gude, carro de cocão ou de lata de leite ninho, peladas na calçada, o famoso bossa nova, uma espécie de barra a barra de uma calçada para outra, guerra de baladeiras e muitas outras. Tínhamos brincadeiras inocentes, como chamar militares de periquito, tapioca ou de meganha, só para que eles corressem atrás da gente. Corríamos dando sonoras gargalhadas. Até os gays eram famosos, (vejam só) Velocidade, Rosinha e Cu De Ouro. Tinha figuras folclóricas, como Cambraia que vendia jornais, um cidadão que ficava emputecido quando a gente gritava – Caju cadê a castanha? Havia Alicate um pedinte, que quando chamado pelo apelido corria com um canivete atrás de gente. As peladas nos terrenos de Seu Valdir e de Dr. Paulo Sobral. A casa de Silvio Procópio era vizinha e quando ele perdia, ficava puto da vida e soltava um cão (pastor alemão) dentro do campo, o espetáculo parecia os Cristãos entre os leões de Nero. Os choros e os juramentos de mortes eram constantes, mas com o tempo a paz voltava a reinar.
Entre tapas e beijos crescemos, criamos os nossos filhos e hoje, muitos com netos. As histórias e estórias certamente ainda são contadas.
Augusto Coelho Leal, engenheiro e avô.
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2.1.09
Bairros de Natal IV
REGIÃO ADMINISTRATIVA SUL
CANDELÁRIA – Este nome é procedente do Conjunto Habitacional Candelária, sendo conservado quando o conjunto passou à condição de bairro.
CAPIM MACIO – Informa Itamar de Souza que o nome Capim Macio é proveniente da própria vegetação da planície onde se expandiu o casario do bairro.
LAGOA NOVA – A instalação do Campus UFRN e do Centro Administrativo do Estado, no lugar onde existia uma lagoa nova, daí a inspiração do nome.
NEÓPOLIS – O bairro recebeu o nome em razão do conjunto habitacional com este nome construído pelo Inocoop-RN, que antecedeu a oficialização do bairro.
NOVA DESCOBERTA – O bairro se chamava Coréia dos Índios para depois se chamar Nova Descoberta, por ser uma nova descoberta para os favelados da seca de 1953, que ali se alojaram. Outros pesquisadores afirmam ter sido um seresteiro conhecido por Manoel do Óleo, que batizou o bairro com este nome.
PITIMBU – Pitimbu, segundo Câmara Cascudo, significa na língua indígena, água nascente, rio manadouro de camarão. É o nome do rio que corre em seu território, vindo de Parnamirim e formador da Lagoa do Jiqui. Este nome aparece em documentos datados do século XVII. O bairro herdou o nome do rio.
PONTA NEGRA – A primeira referência a este nome é do século XVII, durante a ocupação holandesa. Na cartografia do Rio grande do Norte de 1877, refere-se a casas de oração e escola pública na povoação de Ponta Negra. Possivelmente, devia existir na época, um acidente geográfico que lembrasse esta denominação.
CAPIM MACIO – Informa Itamar de Souza que o nome Capim Macio é proveniente da própria vegetação da planície onde se expandiu o casario do bairro.
LAGOA NOVA – A instalação do Campus UFRN e do Centro Administrativo do Estado, no lugar onde existia uma lagoa nova, daí a inspiração do nome.
NEÓPOLIS – O bairro recebeu o nome em razão do conjunto habitacional com este nome construído pelo Inocoop-RN, que antecedeu a oficialização do bairro.
NOVA DESCOBERTA – O bairro se chamava Coréia dos Índios para depois se chamar Nova Descoberta, por ser uma nova descoberta para os favelados da seca de 1953, que ali se alojaram. Outros pesquisadores afirmam ter sido um seresteiro conhecido por Manoel do Óleo, que batizou o bairro com este nome.
PITIMBU – Pitimbu, segundo Câmara Cascudo, significa na língua indígena, água nascente, rio manadouro de camarão. É o nome do rio que corre em seu território, vindo de Parnamirim e formador da Lagoa do Jiqui. Este nome aparece em documentos datados do século XVII. O bairro herdou o nome do rio.
PONTA NEGRA – A primeira referência a este nome é do século XVII, durante a ocupação holandesa. Na cartografia do Rio grande do Norte de 1877, refere-se a casas de oração e escola pública na povoação de Ponta Negra. Possivelmente, devia existir na época, um acidente geográfico que lembrasse esta denominação.
Fonte: Manoel Procópio de Moura Jr (Anuário de Natal).
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto.
Natal em 1909
Quando da realização da conferência Natal Daqui a Cinqüenta Anos, em 1909, Natal ainda era uma cidade muito pequena, cuja população se distribuía pelos bairros da Ribeira e Cidade Alta. Os bairros das Rocas e do Alecrim ainda se encontravam em formação. E o Plano da Cidade Nova, que hoje compreende os bairros de Petrópolis e Tirol estava apenas iniciando a sua implementação.
Naquela época, para muitos, Natal estava agonizando e já se vislumbrava o nascimento de uma nova cidade, que seria construída pelos jovens, e que realizaria sonhos de bondade e de civilização.
Natal era uma cidade provinciana, ligada aos folguedos folclóricos e à devoção religiosa, mas estava passando por um profundo processo de transição. As transformações abrangiam tanto os aspectos sociais quanto os de comportamento. O espaço físico e as formas da cidade também se transformavam. O momento era difícil, pois Natal estava perdendo seus costumes mais arraigados, para os quais ainda não encontrava substitutos à altura. Natal não dispunha das mais elementares condições de higiene. Parecia que os nossos jardins “foram construídos para revelarem a apatia da cidade, a nossa moleza tropical, a falta de cordialidade nas relações pessoais”.
Mas este quadro, pouco a pouco, começava a se transformar. A cidade estava sendo limpa e as pessoas se conscientizavam da necessidade de se proteger os jardins e as árvores das vias públicas. “As árvores já podem crescer na santa paz do senhor, e a natureza completará certamente o esforço do homem”.
A situação existente se entusiasmava com as perspectivas de mudanças que estavam sendo criadas. Este entusiasmo se justificava pela abertura e calçamento de avenidas da Cidade Nova e pela articulação da Cidade Alta com a Ribeira, através de melhorias da Avenida Junqueira Aires, hoje Avenida Câmara Cascudo, onde também se instalava uma linha de bondes; pelo saneamento das áreas alagadiças, na Ribeira e no Baldo, onde foram construídos, respectivamente, uma praça e um balneário; e pela construção nos morros de habitações amplas e arejadas dominando o vasto oceano.
Tudo isso representava, simultaneamente, uma visão da agonia da velha Natal e o nascimento de uma nova cidade. “A cidade desperta do seu sono três vezes secular e se sente bem a alegria de ver que a estão vestindo de novo, para a alegria de uma vida nova”.
De fato, nas primeiras décadas do século XX, Natal passou por grandes transformações. Estribada no sucesso da cultura algodoeira, a economia do estado se desenvolvia. Esse dinamismo econômico proporcionava, e ao mesmo tempo exigia investimento na infra-estrutura e nos serviços da capital. Nesse período foram construídas as primeiras ferrovias no esado, com a função, principalmente, de transportar algodão do interior do Rio Grande do Norte para Guarapes e, depois, para Natal. A primeira ferrovia, operada pela empresa inglesa Imperial Brazilian Natal and Santa Cruz Railway Company Ltd., havia sido inaugurada em 1883. Em 1906, entrou em funcionamento a Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, e seis anos depois (1912), a Companhia Estrada de Ferro de Mossoró S.A.
Nesses anos, que marcaram a passagem do século XIX para o século XX, Natal foi aos poucos se aparelhando com as inovações que, então, caracterizavam a vida moderna. Já em 1895, a população conhecera o fonógrafo, exposto como uma novidade para a população. Em 1904, foi inaugurada a iluminação à gás de acetileno na Cidade Alta e, em 1906, na Ribeira. Dois anos depois, em 1908, entrou em funcionamento a primeira linha de bondes, puxados por animais, ligando a Cidade Alta à Ribeira. As linhas de bondes elétricos só foram instaladas em 1911, ano em que foi inaugurado o primeiro cinema de Natal, o Politeama. Na ocasião, foi ampliada a rede de telefones, e foi construído um balneário público na praia de Areia Preta; também se verificou, na ocasião, a construção de uma usina de eletricidade, o que permitiu a substituição da iluminação à gás pela a iluminação elétrica.
Completando esse quadro, cabe ainda registrar a criação, em Natal, da Junta Comercial (1900), do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (1902), da Sociedade Agrícola (1905), do Banco de Natal (1906) e, em 1909, do Liceu Industrial.
No plano cultural, o governador Alberto Maranhão (1901-1904 e 1908-1913) incentivava as letras e as artes, promovendo recitais, premiando autores e publicando livros.
Nas primeiras décadas do século XX, a população de Natal teve um crescimento significativo, passando de 16.059em 1900, para 30.696 em 1920. Ao longo desse período, foram implementadas diversas ações higienistas, que contribuíram de modo decisivo para melhorar as condições de vida da população de Natal, ainda muito precárias. Além da Praça Augusto Severo na Ribeira e do balneário no Baldo, já citados, também foram realizados melhoramentos, entre 1908 e 1913, nas condições de saneamento e nos serviços de abastecimento de água que, inaugurado em 1882, teve então suas tubulações substituídas; durante o período, quando já ocorria a asseio noturno das ruas, também foi reorganizada a coleta de lixo, tendo sido instalado um forno para sua incineração. Acrescente-se ainda que os fiscais da Inspetoria de Saúde Pública visitavam todos os prédios particulares antes de eles virem a ser habitados.
Estes eram os principais elementos que se conjugavam para criar um clima de transformações vivido por Natal, na primeira década deste século.
Certamente Manoel Dantas, autor de Natal Daqui a Cinqüenta Anos, tinha consciência da impossibilidade para as muitas previsões que fazia. Eram obstáculos concretos decorrentes das condições sociais e econômicas, não apenas de Natal ou do Rio Grande do Norte, mas do próprio Brasil. Por isso sua narrativa não deve ser lida e interpretada ao pé da letra. Ao contrário, deve ser entendido como uma alegoria ou como uma metáfora da aspiração de modernização e de modernidade que as elites preconizavam para o futuro de Natal.
Naquela época, para muitos, Natal estava agonizando e já se vislumbrava o nascimento de uma nova cidade, que seria construída pelos jovens, e que realizaria sonhos de bondade e de civilização.
Natal era uma cidade provinciana, ligada aos folguedos folclóricos e à devoção religiosa, mas estava passando por um profundo processo de transição. As transformações abrangiam tanto os aspectos sociais quanto os de comportamento. O espaço físico e as formas da cidade também se transformavam. O momento era difícil, pois Natal estava perdendo seus costumes mais arraigados, para os quais ainda não encontrava substitutos à altura. Natal não dispunha das mais elementares condições de higiene. Parecia que os nossos jardins “foram construídos para revelarem a apatia da cidade, a nossa moleza tropical, a falta de cordialidade nas relações pessoais”.
Mas este quadro, pouco a pouco, começava a se transformar. A cidade estava sendo limpa e as pessoas se conscientizavam da necessidade de se proteger os jardins e as árvores das vias públicas. “As árvores já podem crescer na santa paz do senhor, e a natureza completará certamente o esforço do homem”.
A situação existente se entusiasmava com as perspectivas de mudanças que estavam sendo criadas. Este entusiasmo se justificava pela abertura e calçamento de avenidas da Cidade Nova e pela articulação da Cidade Alta com a Ribeira, através de melhorias da Avenida Junqueira Aires, hoje Avenida Câmara Cascudo, onde também se instalava uma linha de bondes; pelo saneamento das áreas alagadiças, na Ribeira e no Baldo, onde foram construídos, respectivamente, uma praça e um balneário; e pela construção nos morros de habitações amplas e arejadas dominando o vasto oceano.
Tudo isso representava, simultaneamente, uma visão da agonia da velha Natal e o nascimento de uma nova cidade. “A cidade desperta do seu sono três vezes secular e se sente bem a alegria de ver que a estão vestindo de novo, para a alegria de uma vida nova”.
De fato, nas primeiras décadas do século XX, Natal passou por grandes transformações. Estribada no sucesso da cultura algodoeira, a economia do estado se desenvolvia. Esse dinamismo econômico proporcionava, e ao mesmo tempo exigia investimento na infra-estrutura e nos serviços da capital. Nesse período foram construídas as primeiras ferrovias no esado, com a função, principalmente, de transportar algodão do interior do Rio Grande do Norte para Guarapes e, depois, para Natal. A primeira ferrovia, operada pela empresa inglesa Imperial Brazilian Natal and Santa Cruz Railway Company Ltd., havia sido inaugurada em 1883. Em 1906, entrou em funcionamento a Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, e seis anos depois (1912), a Companhia Estrada de Ferro de Mossoró S.A.
Nesses anos, que marcaram a passagem do século XIX para o século XX, Natal foi aos poucos se aparelhando com as inovações que, então, caracterizavam a vida moderna. Já em 1895, a população conhecera o fonógrafo, exposto como uma novidade para a população. Em 1904, foi inaugurada a iluminação à gás de acetileno na Cidade Alta e, em 1906, na Ribeira. Dois anos depois, em 1908, entrou em funcionamento a primeira linha de bondes, puxados por animais, ligando a Cidade Alta à Ribeira. As linhas de bondes elétricos só foram instaladas em 1911, ano em que foi inaugurado o primeiro cinema de Natal, o Politeama. Na ocasião, foi ampliada a rede de telefones, e foi construído um balneário público na praia de Areia Preta; também se verificou, na ocasião, a construção de uma usina de eletricidade, o que permitiu a substituição da iluminação à gás pela a iluminação elétrica.
Completando esse quadro, cabe ainda registrar a criação, em Natal, da Junta Comercial (1900), do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (1902), da Sociedade Agrícola (1905), do Banco de Natal (1906) e, em 1909, do Liceu Industrial.
No plano cultural, o governador Alberto Maranhão (1901-1904 e 1908-1913) incentivava as letras e as artes, promovendo recitais, premiando autores e publicando livros.
Nas primeiras décadas do século XX, a população de Natal teve um crescimento significativo, passando de 16.059em 1900, para 30.696 em 1920. Ao longo desse período, foram implementadas diversas ações higienistas, que contribuíram de modo decisivo para melhorar as condições de vida da população de Natal, ainda muito precárias. Além da Praça Augusto Severo na Ribeira e do balneário no Baldo, já citados, também foram realizados melhoramentos, entre 1908 e 1913, nas condições de saneamento e nos serviços de abastecimento de água que, inaugurado em 1882, teve então suas tubulações substituídas; durante o período, quando já ocorria a asseio noturno das ruas, também foi reorganizada a coleta de lixo, tendo sido instalado um forno para sua incineração. Acrescente-se ainda que os fiscais da Inspetoria de Saúde Pública visitavam todos os prédios particulares antes de eles virem a ser habitados.
Estes eram os principais elementos que se conjugavam para criar um clima de transformações vivido por Natal, na primeira década deste século.
Certamente Manoel Dantas, autor de Natal Daqui a Cinqüenta Anos, tinha consciência da impossibilidade para as muitas previsões que fazia. Eram obstáculos concretos decorrentes das condições sociais e econômicas, não apenas de Natal ou do Rio Grande do Norte, mas do próprio Brasil. Por isso sua narrativa não deve ser lida e interpretada ao pé da letra. Ao contrário, deve ser entendido como uma alegoria ou como uma metáfora da aspiração de modernização e de modernidade que as elites preconizavam para o futuro de Natal.
Fontes: Pedro de Lima, Elói de Souza e Manoel Dantas (Natal Daqui a 50 Anos-1909).
24.2.09
O Carnaval em Natal há cinquenta anos.
Prefeito Djalma Maranhão e D. Dária.
O domingo de carnaval se deu no dia 8 de fevereiro. O Rei Momo de 59 foi o fotógrafo-folião ‘José Seabra’ – (1922/1978) e a Rainha do carnaval a jovem - ‘Joana D’arc Pinheiro Luz’. O Prefeito, ‘Djalma Maranhão’ – (1915/1971) participou de ensaios, festas, bailes e do desfile oficial: ‘O Corso’.
Prévia: Uma semana antes do carnaval acontecera a grande ‘batalha’ entre as agremiações na ‘Vila Naval’, do bairro do Alecrim.
Baile: A ‘Associação dos Cronistas Carnavalescos’ promovera o seu segundo baile, sob a presidência do jornalista ‘Celso da Silveira’. A presidência da Federação carnavalesca estava com o senhor ‘Omar Pimenta’.
Orquestra famosa: O jornal ‘A República’ de 25 de janeiro, ainda comenta outras novidades, como a vinda da famosa orquestra ‘Tabajara’, de Severino Araújo, para tocar publicamente no dia 6 de fevereiro no palanque oficial da então ‘Federação Carnavalesca’ e depois num baile fechado no ‘Clube América’.
História musical: E quem fazia enorme sucesso por essa época com suas músicas carnavalescas no Rio de Janeiro e em Natal, era o nosso compositor-cantor Dosinho.
Protesto real: O Jornal ‘A República’, de 27 de janeiro, anuncia que alguns comerciantes da Ribeira tentaram eleger o folião ‘Zé Areia’, nosso Rei Momo a revelia do oficial ‘José Seabra’, já devidamente eleito. Chabú: Ao que parece, o plano golpista dos capitalistas ribeirenses não deu certo para levar ao trono o seu candidato ‘canguleiro anarquista’.
Democracia e participação: Anunciou-se também pela imprensa que um vereador iria entrar com um projeto na Câmara em que as nossas antigas majestades momescas formariam um ‘Conselho Carnavalesco’, com o intuito de melhorarem os festejos. Deste fariam parte os ex: ‘Zé Areia’, ‘Severino Galvão’, ‘Luís Morais’, ‘Zé Seabra’ e ‘Luizinho Doblecheque’, entre outros mais antigos.
Inaugurações e surgimentos: O Clube Social do ABC, na Avenida Afonso Pena é inaugurado no dia 31 de janeiro, com a presença do então Governador ‘Dinarte Mariz’, Prefeito ‘Djalma Maranhão’ e outras autoridades. No citado Clube social esportivo aconteceram incontáveis e memoráveis bailes carnavalescos. Em 06 de janeiro, foi inaugurado o ‘Iate Clube’ de Natal. Nesse ano é fundado o Bloco de Elite - ‘Apaches’, composto só de homens e com suas vistosas fantasias inspiradas na tradição indígena norte-americana.
Desfiles: O palanque oficial fora armado na Rua João Pessoa para o Corso oficial. Santo de casa: A colunista social ‘Anna Maria Cascudo’, no dia 13 de fevereiro, no jornal ‘A República’, tece elogiosos comentários a respeito do nosso famoso cantor e compositor carnavalesco ‘Dosinho’.
As principais agremiações segundo a Imprensa de 1959 foram: ‘A Plebe’, ‘Bloco Satélite’ e ‘Karfajestes’ – este último com seu baile tradicional onde escolhia a nossa Rainha do carnaval.
Tradição: Um outro Bloco de muito sucesso popular nesse ano era o - ‘Pingüins do Amor’. A referida agremiação, segundo o escritor e memorialista do nosso carnaval, ‘Ticiano Duarte’, era comandada pelo carnavalesco - ‘Xixico’, proprietário do antigo Cinema Rex.
Lembrança: E no começo de 1960, o folião natalense começou a cantarolar o refrão do Bloco – Cão Jaraguá: “‘Ô menino, olhe o cão/ olhe o cão, olhe o cão/olhe o Cão Jaraguá... Ele é bonitinho/ Olhe o cão/ olhe o cão/ Ele quer vadiar...”. Ou então outro de seus tantos hinos criados pelo Yoyô: “Minha rolinha Sinhô/ Sinhô nunca fez mal/ sinhô, sinhô é bonitinha/ Sinhô, sinhô no carnaval...”.
1950/1959: Fim de uma era alegre e de aguerridos e saudosos carnavalescos!
Por Gutenberg Costa (Tribuna do Norte)
1950/1959: Fim de uma era alegre e de aguerridos e saudosos carnavalescos!
Por Gutenberg Costa (Tribuna do Norte)
23.2.09
Rodrigues, o seu fotográfo.
Cada cidade tem suas figuras especiais, excêntricas e quase sempre somente nos damos conta de que assim se comportavam quando elas saem do circuito, seja por habitar outro lugar ou por morte. Então, recorremos à lembrança, como se estivéssemos revendo um filme. E como é triste, sabermos que elas se foram para sempre, algumas vezes de maneira tão inexplicável.
Foi o que aconteceu com a notícia da morte de Rodrigues dia 18 deste fevereiro, quando a cidade entrava no período carnavalesco, do qual ele era folião ativo. Fotógrafo de tantas gerações, pois muito jovem iniciou na profissão com instantâneos na então Praça Pedro Velho, onde era sempre encontrado com sua máquina a tiracolo. Não dispensava opinião, quando alguém ficava em frente às suas lentes em busca da melhor pose. Agrupava de maneira toda especial, as famílias que, ao término dos desfiles estudantis e militares escolhiam os arborizados e ajardinados recantos do local para registro do momento. Ou casais de namorados, cuja foto iria para o tradicional álbum de recordações. E logo Rodrigues passaria a registrar os eventos sociais mais badalados de Natal, como os tradicionais carnavais de clubes, os blocos de elite desfilando na avenida, os arrojados casamentos e 15 anos.
Mas, o auge profissional aconteceu quando montou estúdio na Avenida Deodoro, década de sessenta, tornando-se ponto de convergência e de irreverência da juventude rock n`roll, coca-cola, cuba libre e outras “cositas” mais. A calçada do foto ficava repleta de lambretas e vespas. E em conseqüência, alunas dos colégios 7 de Setembro e Imaculada Conceição faziam questão de circular em frente, a fim de curtir umas paquerações e ouvir o que na época se chamava galanteios. E Rodrigues clicando, clicando, inovando na maneira de fotografar, sem mais aquelas poses em que as pessoas mais pareciam estátuas. E foto 3x4 tinha que ser também em Rodrigues, o seu fotógrafo, o chique da época.
Muito tempo depois, mudou-se para a Rua Ulisses Caldas, onde permaneceu até ser encontrado morto, solitário, esquecido pela sociedade que ele tanto prestigiou, deixando como marca dos tempos áureos, um acervo de muitas e muitas fotografias que merecem ter um destino digno, pois fazem parte da história de Natal.
Foi o que aconteceu com a notícia da morte de Rodrigues dia 18 deste fevereiro, quando a cidade entrava no período carnavalesco, do qual ele era folião ativo. Fotógrafo de tantas gerações, pois muito jovem iniciou na profissão com instantâneos na então Praça Pedro Velho, onde era sempre encontrado com sua máquina a tiracolo. Não dispensava opinião, quando alguém ficava em frente às suas lentes em busca da melhor pose. Agrupava de maneira toda especial, as famílias que, ao término dos desfiles estudantis e militares escolhiam os arborizados e ajardinados recantos do local para registro do momento. Ou casais de namorados, cuja foto iria para o tradicional álbum de recordações. E logo Rodrigues passaria a registrar os eventos sociais mais badalados de Natal, como os tradicionais carnavais de clubes, os blocos de elite desfilando na avenida, os arrojados casamentos e 15 anos.
Mas, o auge profissional aconteceu quando montou estúdio na Avenida Deodoro, década de sessenta, tornando-se ponto de convergência e de irreverência da juventude rock n`roll, coca-cola, cuba libre e outras “cositas” mais. A calçada do foto ficava repleta de lambretas e vespas. E em conseqüência, alunas dos colégios 7 de Setembro e Imaculada Conceição faziam questão de circular em frente, a fim de curtir umas paquerações e ouvir o que na época se chamava galanteios. E Rodrigues clicando, clicando, inovando na maneira de fotografar, sem mais aquelas poses em que as pessoas mais pareciam estátuas. E foto 3x4 tinha que ser também em Rodrigues, o seu fotógrafo, o chique da época.
Muito tempo depois, mudou-se para a Rua Ulisses Caldas, onde permaneceu até ser encontrado morto, solitário, esquecido pela sociedade que ele tanto prestigiou, deixando como marca dos tempos áureos, um acervo de muitas e muitas fotografias que merecem ter um destino digno, pois fazem parte da história de Natal.
Por Salésia Dantas
22.2.09
Jacques Riffault - Refoles
Caravela Portuguesa Vera Cruz do Século XVI - Réplica
Antes da "descoberta" de Natal pelos portugueses, havia nesta cidade caravanas de corsários fazendo contrabando, principalmente de pau-brasil e muitas outras madeiras, além de pássaros silvestres e de até mesmo de tabaco. Para tanto os corsários, na totalidade, franceses firmaram um acordo com o povo índio recebendo o que queriam em troca, presentes como espelhos, tintas além de outros objetos sem valor. Para os indígenas, aqueles "presentes" eram coisa de suma importância para eles. Para os franceses, não valia nada. Dentre os corsários que por esses lados estiveram, estava Jacques Riffault que, com o passar do tempo o local onde ele ancorava a sua nau passou a ser chamado de Refoles ou mesmo Rifoles. Esse homem negociou madeiras, como o pau brasil, que existia em abundância na margem esquerda do rio Potengi e, principalmente pelo lado direito onde havia a chamada Mata Atlântica. Os corsários levaram madeiras daqui, do Rio Grande do Norte até ao Rio de Janeiro. Jacques Riffault foi um deles.Em termos de expansão marítima, os franceses, mesmo perdendo a corrida, buscaram terras sem colonização para poder explorar. O Tratado de Tordesilhas, assinado por Portugal e Espanha, não era respeitado pela França. Os corsários recebiam apoio do governo francês, com financiamento, para explorar as riquezas das Américas. É tanto que Jacques Riffault, depois de Natal foi para São Luis, no Maranhão. Em Natal, a boa amizade que Riffault tratava com os índios, dava-se à falta de colonização efetiva do território. É tanto que a denominação Riffault perdura até hoje sendo que se chama então de Refoles, onde está, nos dias atuais, a Base Naval de Natal. E com os contatos entre europeus e potiguares surgiu, então, a miscigenação da raça potiguar bem a de outros lugares por onde os europeus passaram. Eram europeus da Normandia e da Bretanha que andavam em íntima promiscuidade com grupos indígenas, de modo especial, as mulheres índias. Um mapa francês datado de 1579 identifica a terra do Rio Grande do Norte. Nele, se identifica acidentes geográficos, das tribos e de produtos econômicos. Desse modo, fica provado que os franceses tinham maiores conhecimentos dessa terra que os próprios portugueses. Porém, só no final do século XVI os portugueses se armaram e expulsaram os franceses de Natal que nem tinha ainda esse nome. O nome de Natal só veio com a sua "descoberta", em 25 de dezembro de 1599 que, por coincidência, o território foi tomado e sendo o dia 25 de dezembro um Natal, o que estaria por a cidade também seria Natal, em homenagem ao nascimento de Jesus. Dai por diante, os portugueses iniciaram a construção do Forte que levou o nome dos Três Reis Magos. Com a retomada do Rio Grande, que já se fazia até no interior do Estado, Portugal passou a também perseguir os franceses do território do Maranhão.
Texto: Alderico Leandro
18.2.09
Xarias e Canguleiros
Em Natal, na segunda metade do século retrasado, aconteciam grandes batalhas campais, instigadas, acima de tudo, pela rixa das classes sociais e pelo bairrismo belicoso de Canguleiros (comedores de cangulo e peixe seco), moradores dos "bairros de baixo" (Rocas e Ribeira) e pelos Xarias (comedores de xaréu e peixe fresco), habitantes do bairro burguês da Cidade Alta.Durante a noite (depois das 18 hs) ecoavam as provocações e o grito de guerra dos contendores exaltados:
- "Canguleiro não sobe!"
- "Xaria não desce!".
Obviamente, as tropas de choque de cada lado desafiavam esses ultimatos e o pau cantava entre as partes. Fazendo uma releitura de tal fato histórico, apresento...
Obviamente, as tropas de choque de cada lado desafiavam esses ultimatos e o pau cantava entre as partes. Fazendo uma releitura de tal fato histórico, apresento...
"A Pinimba de Xarias e Canguleiros".
Xaria nunca se manca
Só vive fazendo festa
Quero ver a sua banca
Lá na Rua da Floresta.
Eita cangulo fuleiro
Não chega no Alecrim
Apanha de marmeleiro
Da turma da Vaz Gondim.
Sou do Alto da Castanha
Me criei no Maruim
Eu não abro pra meganha
Quanto mais pra Mauricim.
Você não sobe a ladeira
Fedorento a pituim
O povo da Salgadeira
Não gosta de cabra-ruim.
Xaria só diz besteira
Lá na praça João Maria
Trepado numa cadeira
Recitando poesia.
O cangulo da Ribeira
Acredita ser artista
Sua nega é maloqueira
Vive de roubar turista.
Mané do Beco da Lama
Pensa que é valentão
Acabo com sua fama
Lá no Poço do Dentão.
Cangulo da Jordanês
Comedor de porcaria
Troca cueca por mês
E depois joga na pia.
Xaria deixe a frescura
Conheço seu ganha-pão
Só vive de sinecura
No ofício de babão.
Cangulo cabra-de-peia
Lavou convés de navio
Era chave de cadeia
No outro lado do rio.***** Por Graco Medeiros
Xaria nunca se manca
Só vive fazendo festa
Quero ver a sua banca
Lá na Rua da Floresta.
Eita cangulo fuleiro
Não chega no Alecrim
Apanha de marmeleiro
Da turma da Vaz Gondim.
Sou do Alto da Castanha
Me criei no Maruim
Eu não abro pra meganha
Quanto mais pra Mauricim.
Você não sobe a ladeira
Fedorento a pituim
O povo da Salgadeira
Não gosta de cabra-ruim.
Xaria só diz besteira
Lá na praça João Maria
Trepado numa cadeira
Recitando poesia.
O cangulo da Ribeira
Acredita ser artista
Sua nega é maloqueira
Vive de roubar turista.
Mané do Beco da Lama
Pensa que é valentão
Acabo com sua fama
Lá no Poço do Dentão.
Cangulo da Jordanês
Comedor de porcaria
Troca cueca por mês
E depois joga na pia.
Xaria deixe a frescura
Conheço seu ganha-pão
Só vive de sinecura
No ofício de babão.
Cangulo cabra-de-peia
Lavou convés de navio
Era chave de cadeia
No outro lado do rio.***** Por Graco Medeiros
11.2.09
Ontem em Natal
Linha 01 - Rocas Quintas
Lendo Salésia Dantas no blog Natal de Ontem, do meu amigo irmão Manoel Neto, lembrei-me de imediato do seu irmão e grande amigo José Canuto. Fizemos parte do Natal dos anos 60. Canuto como assim era conhecido, sempre foi um “gentleman” e juntamente com os irmãos Lawrence e Klaus Nóbrega eram os “lambreteiros” da turma.
Na nossa época o chick eram as Lambretas e Vespas, motocicletas nem pensar, os mais pobres teriam que se contentarem com as bicicletas das marcas Monarq, Caloi e Merckswiss. Era uma gloria quando conseguimos colocar uma garota para passear no quadro destas bicicletas. Mais tarde, apareceram os Fuscas, DKW, Dauphine e Gordini.
Lembro-me bem o primeiro Dauphine que chegou a nossa cidade pertencia a Iberê Ferreira de Souza, atualmente vice-governador do RN.
Os “lambreteiros” eram os mais curtidos pelas meninas, pois tinham um status bem mais elevado do que o nosso, que vez por outra pegava nos carros dos nossos pais para passear nos dias de domingo à tarde e começo da noite. Tinha hora para ir e para voltar, e ainda correr o risco de levar uma carreira de um Jeep do DETRAN, dirigido por dois “cavalheiros” conhecidos como Repuxo e Eufrásio.
Infância e juventude feliz, curtidas sem maldades. As reuniões eram feitas embaixo dos postes. Na nossa turma em frente ao Cine Rio Grande ou no cruzamento da Rua Mossoró com a Av. Prudente de Morais. Para variar tinha que ter uma briguinha de bofetes, e neste departamento se destacava, eu, Carlos Limarujo, Antonio Ferreira, (Toinho Miniatura) sempre foi pequenininho mais uma grande figura humana, um grande amigo, Jomar Monteiro, Flávio Azevêdo, Carlos Dumaresq (Careca), Ivanildo Lins, Aldacir Vilar e Silvio Procópio. Era uma turma boa, depois dos bofetes ficávamos de mal e logo depois fazíamos as pazes, era uma comemoração. Tinha um soldado corneteiro da polícia militar que o apelido era Maribondo, então quando ele passa tocando a sua corneta na banda da Polícia, a gente acompanhava na calçada gritando, Maribondo Caboclo e de pronto ele respondia
- Sair daqui, vou pegar “tudinho” viu magote de felas da puta.
Nunca pegou ninguém, no outro dia passava rindo e brincando com a gente.
Tinha uma brincadeira, esta “mais pesada” que era tirar as calças ou calção do colega e pendurar no poste. Certa vez Silvio tirou as calças do nosso Aldacir Vilar, nosso querido Cabo Goya, que quase valeu uma missa de sétimo dia. Silvio arranjou uma maneira de sair, vestido de mulher. Senão teria que ficar em casa por várias semanas. Silvio que carinhosamente chamo de Silvinho, ao contrário do seu irmão Claudio, era “arengueiro”. Certa vez, me nomeou prefeito da Rua Mossoró, titulo ostentado até hoje, embora com “domicílio eleitoral” em outra rua. Quando nos encontramos é uma festa, sempre falamos na nossa infância, nossa juventude e no Natal do nosso tempo.
Texto de Augusto Coelho Leal (Guga) - Foto enviada por Marcos Paiva da Rocha (Arquivo de Francisco de Assis Barros).
Na nossa época o chick eram as Lambretas e Vespas, motocicletas nem pensar, os mais pobres teriam que se contentarem com as bicicletas das marcas Monarq, Caloi e Merckswiss. Era uma gloria quando conseguimos colocar uma garota para passear no quadro destas bicicletas. Mais tarde, apareceram os Fuscas, DKW, Dauphine e Gordini.
Lembro-me bem o primeiro Dauphine que chegou a nossa cidade pertencia a Iberê Ferreira de Souza, atualmente vice-governador do RN.
Os “lambreteiros” eram os mais curtidos pelas meninas, pois tinham um status bem mais elevado do que o nosso, que vez por outra pegava nos carros dos nossos pais para passear nos dias de domingo à tarde e começo da noite. Tinha hora para ir e para voltar, e ainda correr o risco de levar uma carreira de um Jeep do DETRAN, dirigido por dois “cavalheiros” conhecidos como Repuxo e Eufrásio.
Infância e juventude feliz, curtidas sem maldades. As reuniões eram feitas embaixo dos postes. Na nossa turma em frente ao Cine Rio Grande ou no cruzamento da Rua Mossoró com a Av. Prudente de Morais. Para variar tinha que ter uma briguinha de bofetes, e neste departamento se destacava, eu, Carlos Limarujo, Antonio Ferreira, (Toinho Miniatura) sempre foi pequenininho mais uma grande figura humana, um grande amigo, Jomar Monteiro, Flávio Azevêdo, Carlos Dumaresq (Careca), Ivanildo Lins, Aldacir Vilar e Silvio Procópio. Era uma turma boa, depois dos bofetes ficávamos de mal e logo depois fazíamos as pazes, era uma comemoração. Tinha um soldado corneteiro da polícia militar que o apelido era Maribondo, então quando ele passa tocando a sua corneta na banda da Polícia, a gente acompanhava na calçada gritando, Maribondo Caboclo e de pronto ele respondia
- Sair daqui, vou pegar “tudinho” viu magote de felas da puta.
Nunca pegou ninguém, no outro dia passava rindo e brincando com a gente.
Tinha uma brincadeira, esta “mais pesada” que era tirar as calças ou calção do colega e pendurar no poste. Certa vez Silvio tirou as calças do nosso Aldacir Vilar, nosso querido Cabo Goya, que quase valeu uma missa de sétimo dia. Silvio arranjou uma maneira de sair, vestido de mulher. Senão teria que ficar em casa por várias semanas. Silvio que carinhosamente chamo de Silvinho, ao contrário do seu irmão Claudio, era “arengueiro”. Certa vez, me nomeou prefeito da Rua Mossoró, titulo ostentado até hoje, embora com “domicílio eleitoral” em outra rua. Quando nos encontramos é uma festa, sempre falamos na nossa infância, nossa juventude e no Natal do nosso tempo.
Texto de Augusto Coelho Leal (Guga) - Foto enviada por Marcos Paiva da Rocha (Arquivo de Francisco de Assis Barros).
5.2.09
O desembarque holandês no rio Potengi.
Gravura flamenga do Livro de Barléu
No mesmo dia em que ocorreu o desembarque holandês na antiga praia de Ponta Negra (hoje correspondente a Areia Preta) – 8 de dezembro de 1633, um dia de 5ª feira, cuja maré cheia verificou-se às 10 e meia da manhã - , parte das tropas dirigiu-se à barra do Rio Grande (Potengi), embarcada em diversos navios sob o comando deJan Cornelissen Lichthart, conduzindo também os senhores Van Keulen, ten.cel. Balthasar Bymae e Carpentier. A esquadra veio impusionada pelos ventos leste e norte, pretendendo a conquista do Forte dos Santos Reis, situado na barra daquele rio.
Quando os navios holandeses demonstraram a intenção de penetrar a barra do rio, a artilharia do Forte dos Santos Reis Magos passou prematuramente a atirar com os seus canhões, o que não impediu a manobra dos invasores. Chegados à distância conveniente do forte, os navios flamengos passaram a responder ao fogo português, com fúria e precisão.
Os holandeses encontraram junto ao forte duas caravelas fundeadas, cujos tripulantes portugueses as abandonaram, ante a aproximação da esquadra flamenga. O comandante Lichthart, já tendo penetrado no rio, determinou então fossem cortadas as amarras que retinham as duas caravelas abandonadas, tendo-as aprisionado e incorporado à esquadra flamenga.
Era plano dos invasores desembarcar a companhia que vinha a bordo, em certo local à margem esquerda do rio, com a finalidade de cortar o abastecimento d`água dos defensores do forte. Tal manancial de água potável correspondia ao rio da Redinha, cujas águas desembocavam na praia do mesmo nome, no Potengi. Todavia, verificaram ser desnecessária tal providência, pois os próprios botes dos navios poderiam impedir a aproximação dos portugueses, que pretendessem procurar aquele manancial d`água.
Ocorreu então o desembarque das tropas, que formavam uma única companhia, na margem direita do Potengi. Vieram-se-lhes juntar cerca de 150 marinheiros armados de mosquetes e sabres. Marcharam então em direção ao forte, chegando a uma duna de areia nas proximidades da fortificação, onde existia um poço d`água, que à época, abastecia do precioso líquido as tropas aquarteladas no Santos Reis. Ali acampou o comandante, ficando no aguardo das outras tropas flamengas que haviam desembarcado naquele mesmo dia, na Ponta Negra.
Logo em seguida começaram os combates entre os invasores e as tropas da fortaleza, em que foram utilizados canhões e mosquetes. Pelas três horas da tarde, chegaram àquela duna as tropas vindas da Ponta Negra, as quais se aquartelaram por detrás do médão, devidamente protegidas do fogo proveniente do Santos Reis.
Deixaremos de lado os diversos episódios ocorridos entre os dias 8 a 12 de dezembro de 1633, período em que decorreu o assédio do forte, culminado com a rendição do lado português e a vitória dos flamengos. Tal descrição fugiria ao nosso objetivo, ou seja, identificar a parte geográfica relacionada com o desembarque flamengo no rio Potengi.
Desenhos holandeses, um deles de Commelyn e o outro apresentado no livro de Laet, descrevem a paisagem e a conquista do Rio Grande, documentos de que nos utilizaremos para completar o quadro já descrito.
Em uma das gravuras vêem-se alguns navios holandeses fundeados no oceano, ao nascente da fortaleza. À altura do rio da Redinha, então navegável (Versche Riever), aparecem duas caravelas portuguesas, aprisionadas, subindo o Potengi rebocadas por duas canoas flamengas movidas a remo. À frente das duas canoas, segue uma outra embarcação similar. O grosso da esquadra flamenga achava-se ancorada em um ponto, à margem direita do Potengi, no local onde desembocava um certo riacho provindo da antiga Lagoa do Jacó, no porto hoje denominado de Canto do Mangue.
Ao sudoeste do forte havia um renque de dunas, aquelas mesmas em que os holandeses colocaram os seus canhões. Segundo informações coevas, as dunas tinham a altura de 60 pés (19,8m), superando o nível do forte: “Este forte está sujeito às dunas que lhe ficam a tiro de arcabuz, e são tão elevadas que delas se pode ver pelas canhoneiras o terrapleno, e daí fuzilar os do castelo, que se dirigem para as muralhas”.
Na gravura intitulada Verovinge van Rio Grande in Brasil Anno 1633 (Assédio do Rio Grande no Brasil Ano 1633), divisam-se os alojamentos flamengos, por detrás e ao sudoeste das dunas.
Na gravura holandesa executada por Commelyn, intitulada Afbeeldinghe van T´Forte op Rio Grande ende Belegeringhe (Planta do Forte do rio Grande e arredores), já figura o Fort Tres Reys convertido no Fort Ceulen. Sobre as dunas três baterias, uma delas de morteiros.
Exatamente ao sudoeste do Fort Keulen, existia o Het Quartier van ous volck, o quartel do nosso pessoal, vizinho e ao poente do qual, via-se o Logement vande K. Mathias van Ceulen, o alojamento do comandante Van Keulen.
No livro de Barléu figura um mapa, intitulado Castrum Ceulanium, de alto valor informativo: ali vêem-se o Castellum e as pedras que as marés altas inundam, os arrecifes, a típica vegetação do terreno arenoso, as pedras submersas junto à entrada da barra.
Também as instalações de uma indústria de cal, Fornax conficiendae calcis, no terreno hoje ocupado pelo 17º G.A.C. Ademais, o canal de navegação do rio Potengi, as indicações exatas sobre a profundidade da barra, e alguns poços d’água doce, aquae dulces.
Na parte correspondente à atual praia da Redinha, vêem-se algumas casinhas à beira do Potengi, pertencentes a pescadores. À esquerda da gravura, havia os Montes Excelsi, abaixo dos quais corria um riacho, antigamente chamado de riacho da limpa, hoje desaparecido completamente.
Quando os navios holandeses demonstraram a intenção de penetrar a barra do rio, a artilharia do Forte dos Santos Reis Magos passou prematuramente a atirar com os seus canhões, o que não impediu a manobra dos invasores. Chegados à distância conveniente do forte, os navios flamengos passaram a responder ao fogo português, com fúria e precisão.
Os holandeses encontraram junto ao forte duas caravelas fundeadas, cujos tripulantes portugueses as abandonaram, ante a aproximação da esquadra flamenga. O comandante Lichthart, já tendo penetrado no rio, determinou então fossem cortadas as amarras que retinham as duas caravelas abandonadas, tendo-as aprisionado e incorporado à esquadra flamenga.
Era plano dos invasores desembarcar a companhia que vinha a bordo, em certo local à margem esquerda do rio, com a finalidade de cortar o abastecimento d`água dos defensores do forte. Tal manancial de água potável correspondia ao rio da Redinha, cujas águas desembocavam na praia do mesmo nome, no Potengi. Todavia, verificaram ser desnecessária tal providência, pois os próprios botes dos navios poderiam impedir a aproximação dos portugueses, que pretendessem procurar aquele manancial d`água.
Ocorreu então o desembarque das tropas, que formavam uma única companhia, na margem direita do Potengi. Vieram-se-lhes juntar cerca de 150 marinheiros armados de mosquetes e sabres. Marcharam então em direção ao forte, chegando a uma duna de areia nas proximidades da fortificação, onde existia um poço d`água, que à época, abastecia do precioso líquido as tropas aquarteladas no Santos Reis. Ali acampou o comandante, ficando no aguardo das outras tropas flamengas que haviam desembarcado naquele mesmo dia, na Ponta Negra.
Logo em seguida começaram os combates entre os invasores e as tropas da fortaleza, em que foram utilizados canhões e mosquetes. Pelas três horas da tarde, chegaram àquela duna as tropas vindas da Ponta Negra, as quais se aquartelaram por detrás do médão, devidamente protegidas do fogo proveniente do Santos Reis.
Deixaremos de lado os diversos episódios ocorridos entre os dias 8 a 12 de dezembro de 1633, período em que decorreu o assédio do forte, culminado com a rendição do lado português e a vitória dos flamengos. Tal descrição fugiria ao nosso objetivo, ou seja, identificar a parte geográfica relacionada com o desembarque flamengo no rio Potengi.
Desenhos holandeses, um deles de Commelyn e o outro apresentado no livro de Laet, descrevem a paisagem e a conquista do Rio Grande, documentos de que nos utilizaremos para completar o quadro já descrito.
Em uma das gravuras vêem-se alguns navios holandeses fundeados no oceano, ao nascente da fortaleza. À altura do rio da Redinha, então navegável (Versche Riever), aparecem duas caravelas portuguesas, aprisionadas, subindo o Potengi rebocadas por duas canoas flamengas movidas a remo. À frente das duas canoas, segue uma outra embarcação similar. O grosso da esquadra flamenga achava-se ancorada em um ponto, à margem direita do Potengi, no local onde desembocava um certo riacho provindo da antiga Lagoa do Jacó, no porto hoje denominado de Canto do Mangue.
Ao sudoeste do forte havia um renque de dunas, aquelas mesmas em que os holandeses colocaram os seus canhões. Segundo informações coevas, as dunas tinham a altura de 60 pés (19,8m), superando o nível do forte: “Este forte está sujeito às dunas que lhe ficam a tiro de arcabuz, e são tão elevadas que delas se pode ver pelas canhoneiras o terrapleno, e daí fuzilar os do castelo, que se dirigem para as muralhas”.
Na gravura intitulada Verovinge van Rio Grande in Brasil Anno 1633 (Assédio do Rio Grande no Brasil Ano 1633), divisam-se os alojamentos flamengos, por detrás e ao sudoeste das dunas.
Na gravura holandesa executada por Commelyn, intitulada Afbeeldinghe van T´Forte op Rio Grande ende Belegeringhe (Planta do Forte do rio Grande e arredores), já figura o Fort Tres Reys convertido no Fort Ceulen. Sobre as dunas três baterias, uma delas de morteiros.
Exatamente ao sudoeste do Fort Keulen, existia o Het Quartier van ous volck, o quartel do nosso pessoal, vizinho e ao poente do qual, via-se o Logement vande K. Mathias van Ceulen, o alojamento do comandante Van Keulen.
No livro de Barléu figura um mapa, intitulado Castrum Ceulanium, de alto valor informativo: ali vêem-se o Castellum e as pedras que as marés altas inundam, os arrecifes, a típica vegetação do terreno arenoso, as pedras submersas junto à entrada da barra.
Também as instalações de uma indústria de cal, Fornax conficiendae calcis, no terreno hoje ocupado pelo 17º G.A.C. Ademais, o canal de navegação do rio Potengi, as indicações exatas sobre a profundidade da barra, e alguns poços d’água doce, aquae dulces.
Na parte correspondente à atual praia da Redinha, vêem-se algumas casinhas à beira do Potengi, pertencentes a pescadores. À esquerda da gravura, havia os Montes Excelsi, abaixo dos quais corria um riacho, antigamente chamado de riacho da limpa, hoje desaparecido completamente.
Por Olavo de Medeiros Filho.
3.2.09
Notas sobre a Cidade do Natal - II
Praia da Redinha nos Anos 30.
1810 – Henry Koster, viajante inglês autor do livro “Viagem ao Nordeste do Brasil” informa que três ruas convergiam para a praça da matriz, inexistia calçamento e a população era em torno de seiscentos ou setecentos habitantes.
1813 – Inauguração do Quartel de Companhia de Linha.
1844 – A Lei Provincial nº 118, de 09/11/1844 delimitou o quadro da cidade: do Baldo à Gamboa de João da Costinha e da margem do rio até a Estrada Nova depois Rua da Aurora; O censo apresenta uma população de 6.454 habitantes.
1846 – A resolução 140 aprovou o contrato feito para o aterro do rio Salgado (Potengi).
1847– Plano Topo-Hidrográfico realizado pelo capitão-tenente F.J. Ferreira.
1852 – A Câmara Municipal proíbe a construção de casas cobertas de palhas, capim ou junco nas principais ruas da cidade.
1855 – A Resolução nº 323, de 02 de agosto de 1855 autorizava ao Presidente Passos a construir um cemitério concluído no ano seguinte.
1856 – Inauguração da feira pública criada pela Lei Provincial nº 74, de 11.11.1841.
1870 – O art. 24 da Lei 635 autorizava o Presidente contratar o abastecimento d´água da capital.
1878 – Inauguração do telégrafo elétrico no dia 04 de agosto.
1892 – Inauguração do primeiro mercado público no dia 07 de fevereiro.
1901 – Criação do bairro Cidade Nova através da Resolução Municipal nº 15, de 30.12.1901.
1902 – Inauguração da primeira fábrica de gelo no bairro da Ribeira no dia 28 de janeiro.
1903 – A Intendência Municipal inicia a colocação das placas de ágata com os nomes das ruas e praças da cidade.
1904 – Início da execução de projetos de urbanização e paisagismo de autoria do Arquiteto Herculano Ramos: Inauguração do Teatro Carlos Gomes no dia 24 de março.
1905 – Inauguração do primeiro trecho iluminado a gás acetileno no bairro da Ribeira em 27 de junho.
1906 – Inauguração do primeiro trecho iluminado a gás acetileno no bairro da Cidade Alta em 15 de novembro.
1907 – Início de perfurações de poços respondendo pelo abastecimento da cidade até 1938.
1908 – Circulam os primeiros bondes à tração animal (burros) da Companhia Ferro-Camil inaugurando o primeiro trecho da Rua Silva Jardim à Praça Padre João Maria.
1911 – Criação do quarto bairro da cidade – Alecrim: Inauguração da iluminação elétrica na cidade e residências particulares: Instalação do primeiro telefone de Natal na residência da Sra. Sinhá Galvão: Inauguração do serviço de bondes elétricos no dia 02 de outubro, circulando até 1955; Inauguração do primeiro cinema – Politeama – no dia 08 de dezembro: Demolição da antiga cadeia pública na Praça André de Albuquerque e instalação da Casa de Detenção no Monte Petrópolis.
1915 – A empresa Força e luz estende o serviço de bondes até a praia de Areia Preta.
1916 – A ponte metálica sobre o Rio Potengi é entregue ao tráfego no dia 20 de abril.
1922 – Inauguração do edifício da Prefeitura Municipal no dia 07 de setembro.
1926 – Confecção da Planta Topográfica da cidade registrando os serviços de saneamento existentes.
1928 – Inauguração do Estádio Juvenal Lamartine no dia 12 de outubro.
1929 – A Resolução nº 304, de 06.04.1929 autorizou o Prefeito Omar O Grady a contratar o Plano de Sistematização da Cidade sendo responsável pelo projeto o arquiteto Giacomo Palumbo.
1935 – O Plano Geral de Obras – contratado junto ao escritório Saturnino de Brito – abrangendo projetos e execução de serviços de águas e esgotos inaugurados em 1939.
1946 – Inauguração da Avenida Circular, atual Avenida Presidente Café Filho, na administração do Prefeito Sylvio Piza Pedroza.
1947 – O Decreto-Lei nº 251, de 30 de setembro de 1947 promoveu a divisão das áreas urbanas e suburbanas em onze bairros.
1951 – Inauguração do Farol de Mãe Luiza no dia 15 de agosto.
1963 – Construção da estação rodoviária no bairro da Ribeira em 15 de dezembro.
1964 – Construção do primeiro conjunto habitacional – Cidade da Esperança.
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto.
Henrique Castriciano
Nasceu a 15 de março de 1874, na cidade de Macaíba - RN, são seus pais: Eloy Castriciano de Souza e Henriqueta Leopoldina de Souza. Muito moço revelou seu pendor para as pugnas literárias, escrevendo artigos, crônicas e poesias de alto relevo artístico para jornais e revistas do país, notadamente de Natal. Estudou preparatórios no Atheneu Norte Riograndense, iniciando seu curso jurídico na Faculdade de Direito do Ceará, tendo concluído no Rio de Janeiro, onde bacharelou-se, em 1908.
Foi Secretário de Governo e Procurador Geral do Estado, eleito e reeleito seu Vice Governador e investido dessas funções, preside o Congresso Legislativo do Estado.
Professor emérito, tendo sido fundador, ao lado de eminentes coestadanos, da Escola Doméstica de Natal, sem dúvida uma escola renovadora no cenário brasileiro, onde o espaço feminino era de pouca participação.
Estimulou a criação dos Grupos de Escoteiros de Natal.
Em versos, publicou Iriações, Vibrações, Ruínas e Mãe, além de outros trabalhos confirmadores de seu talento e de sua cultura. Foi sócio do Instituto Histórico do Rio Grande do Norte e do Centro Polymathico.
Entre seus irmãos destacaram-se Eloy de Souza e Auta de Souza.
Foi Secretário de Governo e Procurador Geral do Estado, eleito e reeleito seu Vice Governador e investido dessas funções, preside o Congresso Legislativo do Estado.
Professor emérito, tendo sido fundador, ao lado de eminentes coestadanos, da Escola Doméstica de Natal, sem dúvida uma escola renovadora no cenário brasileiro, onde o espaço feminino era de pouca participação.
Estimulou a criação dos Grupos de Escoteiros de Natal.
Em versos, publicou Iriações, Vibrações, Ruínas e Mãe, além de outros trabalhos confirmadores de seu talento e de sua cultura. Foi sócio do Instituto Histórico do Rio Grande do Norte e do Centro Polymathico.
Entre seus irmãos destacaram-se Eloy de Souza e Auta de Souza.
25.3.09
Palmyra Wanderley
Precursora do jornalismo feminino no RN
Palmyra Wanderley nasceu em Natal aos 6 de agosto de 1894. Trilhou os caminhos da poesia quando ainda criança. De uma família de intelectuais, quiçá essa condição tenha influenciado [ainda mais] na sua escrita... Casou-se com Raimundo França, funcionário do DCT, e não tiveram filhos, morreu pobre e só, no ano de 1978.
Colaborou em jornais e revista da época, do seu Estado e de outros, participando ainda da vida associativa de sua terra-natal. Em reconhecimento ao seu talento, a sua produção literária, ao seu nome, é considerada como a "poetisa oficial" da cidade do Natal.
Foi precursora do jornalismo feminino no RN que resultou, junto com poetisas e escritoras do Estado, no lançamento da revista Via Láctea, em 1914.
Publicou seu primeiro livro, "Esmeralda", em 1918. Em 1929 foi a vez de "Roseira Brava", que lhe valeu menção honrosa no Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras.
No teatro também deixou sua contribuição com a opereta “Festa das Cores". Ocupou a cadeira nº 20 da Academia Norte-rio-grandense de Letras. Para seus admiradores, ficou a força da sua poesia traduzida nas palavras do escritor e crítico Tristão de Ataíde: "Palmyra Wanderley - o maior poeta feminino do Nordeste".
Que cheiro bom!
Que coisa deliciosa
Cheirei, agora, como por encanto!...
Fosse, talvez, um cálice de uma rosa
Não cheiraria tanto.
De onde é que vem esse perfume assim?
Perfume novo e velho para mim,
Forte, tão forte, que me entonteceu,
Se mistura comigo e não sou eu? ...
Perfume que recorda o cheiro do teu lenço,
Mas não é,
Não é também incenso,
Mas se parece com insensação
Este perfume, a perfumar sem conta...
É que hoje cheirei de manhãzinha
A flor vermelha do teu coração
E fiquei tonta,
Tontinha....
.
(Lembro-me de Palmyra Wanderley e Raimundo França, nos anos 50/60, quando morávamos na Rua Camboim. A casa dêles tinha um pequeno jardim em frente, com uma variedade de flôres e rosas brancas, do qual nunca nunca esquecí.- Manoel Neto)
21.3.09
Lucy Garcia Maia
"Era o sonho de Ícaro vestindo saias. Atendia pelo nome de Lucy Garcia Maia e aos 24 anos ela decidiu freqüentar o curso de pilotos promovido pelo Aero Clube de Natal e se tornou a PRIMEIRA AVIADORA POTIGUAR. Filha de tradicional família natalense, desportista, aviadora pioneira, Lucy Garcia Maia nasceu em Natal em 1918. Educada na Escola Doméstica, que formava gentis senhoritas da sociedade local em administração do lar, Lucy Garcia preferiu seguir sua irresistível vocação para os esportes. Jogou tênis, vôlei, basquete e praticou até mesmo um esporte exclusivo para homens: o remo. Foi uma das fundadoras do Centro Desportivo Feminino, que incentivou a prática do esporte às mulheres natalenses. Destemida e audaciosa, enfrentou tabus e discriminações e, em 1942, conseguiu o feito de se tornar a primeira mulher norte-rio-grandense brevetada no Aero Clube. Assim como o remo, a aviação civil era um esporte exclusivamente masculino. Mas isso não intimidou Lucy Garcia que, com o apoio do pai, foi adiante no seu sonho de voar. Iniciou a instrução de vôo, em julho de 1942, cercada de homens, seus colegas e instrutores. Após treze horas de instrução de vôo, ela recebeu o comando da aeronave, um Piper Cub J-3, para fazer o solo.
Pelo regulamento do curso, Lucy Garcia dispunha de quinze minutos para fazer seu primeiro vôo. Decolou da Base Aérea de Natal, atravessou a cidade no sentido norte, cruzou o rio Potengi, fez vôos rasantes sobre a praia da Redinha, as dunas, o azul-turquesa das lagoas. Mais por encantamento do que por rebeldia, a aviadora de 24 anos rompia os limites impostos e extasiava-se nas alturas. Na volta à base, os colegas e seu instrutor a esperavam muito apreensivos.
Voou por cinco anos, chegando, inclusive, a fazer viagens para Fortaleza, Recife e João Pessoa. Repetia por aqui a audácia da norte-americano Amélia Earhart, que 10 anos antes – 1932 – tornou-se a primeira mulher a atravessar o Atlântico, pilotando um avião, em vôo solo, proeza, até então, realizada por um homem: Charles Lindbergh, em 1927. Amélia desapareceu no Pacífico, em 1937, quando tentava ser também a primeira a completar uma volta em redor da Terra.
Em 25 de outubro de 1942, com um acervo de aproximadamente oitocentas horas Lucy recebeu a carta do brevê, com autorização para pilotar aviões dos tipos Piper J-3, Culver e PT-19. Em 1947, casou-se com Evaldo Lira Maia, com quem teve quatro filhos homens.
Foi a maternidade, em 1947, que a fez desistir do sonho de trabalhar em companhias aéreas. “Eu olhava aquela criancinha no berço e ficava imaginando se alguma coisa me acontecesse durante um vôo; ela ficaria sem os meus cuidados maternos”, ponderou à época.
Em agosto de 2000, em depoimento à pesquisadora Ana Amélia Fernandes, Lucy Garcia declarou: “Sentia-me maravilhosamente dona do mundo, do espaço, e segura na arte de voar. Medo? Nunca. Nunca passou por mim esse sentimento em relação à aviação. O meu interesse mesmo era continuar a carreira e transformar-me em piloto dos aviões comerciais”.
Ao contrário de Amélia Earhart, Lucy Garcia não morreu no ar, mas em terra firme, em sua própria casa no bairro do Morro Branco. Em outubro de 2001 um câncer a sepultou no cemitério do Alecrim. Contava 83 anos de idade".
Pelo regulamento do curso, Lucy Garcia dispunha de quinze minutos para fazer seu primeiro vôo. Decolou da Base Aérea de Natal, atravessou a cidade no sentido norte, cruzou o rio Potengi, fez vôos rasantes sobre a praia da Redinha, as dunas, o azul-turquesa das lagoas. Mais por encantamento do que por rebeldia, a aviadora de 24 anos rompia os limites impostos e extasiava-se nas alturas. Na volta à base, os colegas e seu instrutor a esperavam muito apreensivos.
Voou por cinco anos, chegando, inclusive, a fazer viagens para Fortaleza, Recife e João Pessoa. Repetia por aqui a audácia da norte-americano Amélia Earhart, que 10 anos antes – 1932 – tornou-se a primeira mulher a atravessar o Atlântico, pilotando um avião, em vôo solo, proeza, até então, realizada por um homem: Charles Lindbergh, em 1927. Amélia desapareceu no Pacífico, em 1937, quando tentava ser também a primeira a completar uma volta em redor da Terra.
Em 25 de outubro de 1942, com um acervo de aproximadamente oitocentas horas Lucy recebeu a carta do brevê, com autorização para pilotar aviões dos tipos Piper J-3, Culver e PT-19. Em 1947, casou-se com Evaldo Lira Maia, com quem teve quatro filhos homens.
Foi a maternidade, em 1947, que a fez desistir do sonho de trabalhar em companhias aéreas. “Eu olhava aquela criancinha no berço e ficava imaginando se alguma coisa me acontecesse durante um vôo; ela ficaria sem os meus cuidados maternos”, ponderou à época.
Em agosto de 2000, em depoimento à pesquisadora Ana Amélia Fernandes, Lucy Garcia declarou: “Sentia-me maravilhosamente dona do mundo, do espaço, e segura na arte de voar. Medo? Nunca. Nunca passou por mim esse sentimento em relação à aviação. O meu interesse mesmo era continuar a carreira e transformar-me em piloto dos aviões comerciais”.
Ao contrário de Amélia Earhart, Lucy Garcia não morreu no ar, mas em terra firme, em sua própria casa no bairro do Morro Branco. Em outubro de 2001 um câncer a sepultou no cemitério do Alecrim. Contava 83 anos de idade".
Texto e foto enviados por seu filho Marcos Maia
16.3.09
Velha Ribeira (Nilson Patriota)
Velha Ribeira boêmia como estás desfigurada!
Guardas ao menos, Ribeira, saudades do teu passado?
Foste elegante e formosa, e indiferente olhavas,
Do alto de teus sobrados, até onde a vista alcançava,
A embrionária cidade que aos poucos se estirava
Sobre planícies e dunas, elevações e charnecas,
Sem que ninguém a obstasse ou a mandasse estacar.
Quando passo em tuas ruas, ao final do expediente,
Sombria a tarde declina sobre desertas calçadas
Tornando ermos os pontos que os sonhos ainda guardam
Dos que seus ossos deixaram sob o piso da igreja,
Ou dos que se dissolveram em sete palmos de terra
Em macabros cemitérios a que foram destinados,
Já soterrados, porém, sob bairros, ruas e casas.
Então à memória me vêm janotas, almofadinhas.
Endinheirados que eram em seus Fords desfilavam,
E seus Pakards dirigindo, buzinando se mostravam.
Já na calada da noite, perambulando sozinho,
Agarro-me às lembranças das insones madrugadas
Aos amores alucinógenos e às alcoólicas fantasias
Vividas por dóceis mulheres e homens sentimentais.
Presenteados eram eles no auge de seus amores
Com trancelins de ouro e com broches de gravata.
A elas eram ofertados anéis de água-marinha,
Cremes, loções e extratos Lancaster e Royal Briard;
Outras marcas registradas, algumas até importadas,
Conforme seus interesses e suas disponibilidades,
Dependendo da paixão e do momento aprazado.
Houve tempo mais antigo, do qual ficou a história,
Quando dândis subnutridos e moças à melindrosa
Desfilavam na Tavares como se andassem em Paris,
E nos Champs Elysees daqui lançavam modas, ditados.
Em tuas ruas estreitas, trepidantes, animadas,
A Natal dos anos 40 tinha um encontro marcado.
E enfim nem chique nem mique para o povo conformado.
Ah, se não fosse o tempo, que nunca respeita nada,
Talvez tivesses fugido desse destino tão agro
De cansares a beleza antigamente louvada.
Talvez houvesses evitado os males que te consomem:
A maldição da velhice, a ingratidão do descaso,
O deplorável desprezo pelo brilho que tiveste
Como dama solidária nas festas de carnaval.
E quando a tarde declina sobre as desertas calçadas,
Eu deploro o teu presente de amante rejeitada
Que tanta riqueza teve e hoje não tem mais nada
Além do rosto encovado cobrindo faces rosadas.
Hoje me vejo rondando teus labirintos de sonhos
Onde a paixão se comprava com poesia ou pataca,
Por que sendo livre o amor e ao prazer se entregava.
Em requintados salões de senhoreais sobrados
Encantadoras mulheres suas bocas ofertavam,
Expondo os túmidos seios ao deleite se entregavam.
E então entre carícias, à meia-luz sussurravam,
Ternura e paixão fingindo na hora em que se doavam.
Ribeira velha de guerra, por que ficaste tão gasta?
Por que prolongas assim o teu impérvio caminho?
Sabemos que o teu amor provinha do coração,
Embora ao despertar com ele já não contássemos,
Pois conforme o hábito vigente tratava de evolar-se...
Velha Ribeira boêmia, agora já não és nada
Além de ruas desertas, calçadas desarrumadas,
Ruas feitas de silêncio, becos cheios de saudade.
Se não te ergues definhas, teu simbolismo se apaga.
Teus modos de cortesã, de dama sutil e devassa,
Resistiram a várias guerras feitas em terra, ar e mar.
Deste acolhida aos pracinhas da América luterana,
Que perderam sua inocência antes da morte encontrar
Na Alemanha nazista, na Itália de Mussolini,
Na Rússia dos bolcheviques, sem que jamais olvidassem
O teu doce encantamento, tua magia, tua alma.
Velha Ribeira boêmia, onde estão tuas mulheres?
Onde andam Francisquinha, Madame Chose, Odete,
Zara Pia, Maricele, Severina, China e Míria,
Ademilde, Maristela, Paulistinha e Onça Pintada,
Maria Rosa e Adelaide, Constância e Felicidade?
Já não as vejo na luz dos refratários ocasos
Que te escondem Ribeira, no sudário da saudade
(Nilson Patriota)
Guardas ao menos, Ribeira, saudades do teu passado?
Foste elegante e formosa, e indiferente olhavas,
Do alto de teus sobrados, até onde a vista alcançava,
A embrionária cidade que aos poucos se estirava
Sobre planícies e dunas, elevações e charnecas,
Sem que ninguém a obstasse ou a mandasse estacar.
Quando passo em tuas ruas, ao final do expediente,
Sombria a tarde declina sobre desertas calçadas
Tornando ermos os pontos que os sonhos ainda guardam
Dos que seus ossos deixaram sob o piso da igreja,
Ou dos que se dissolveram em sete palmos de terra
Em macabros cemitérios a que foram destinados,
Já soterrados, porém, sob bairros, ruas e casas.
Então à memória me vêm janotas, almofadinhas.
Endinheirados que eram em seus Fords desfilavam,
E seus Pakards dirigindo, buzinando se mostravam.
Já na calada da noite, perambulando sozinho,
Agarro-me às lembranças das insones madrugadas
Aos amores alucinógenos e às alcoólicas fantasias
Vividas por dóceis mulheres e homens sentimentais.
Presenteados eram eles no auge de seus amores
Com trancelins de ouro e com broches de gravata.
A elas eram ofertados anéis de água-marinha,
Cremes, loções e extratos Lancaster e Royal Briard;
Outras marcas registradas, algumas até importadas,
Conforme seus interesses e suas disponibilidades,
Dependendo da paixão e do momento aprazado.
Houve tempo mais antigo, do qual ficou a história,
Quando dândis subnutridos e moças à melindrosa
Desfilavam na Tavares como se andassem em Paris,
E nos Champs Elysees daqui lançavam modas, ditados.
Em tuas ruas estreitas, trepidantes, animadas,
A Natal dos anos 40 tinha um encontro marcado.
E enfim nem chique nem mique para o povo conformado.
Ah, se não fosse o tempo, que nunca respeita nada,
Talvez tivesses fugido desse destino tão agro
De cansares a beleza antigamente louvada.
Talvez houvesses evitado os males que te consomem:
A maldição da velhice, a ingratidão do descaso,
O deplorável desprezo pelo brilho que tiveste
Como dama solidária nas festas de carnaval.
E quando a tarde declina sobre as desertas calçadas,
Eu deploro o teu presente de amante rejeitada
Que tanta riqueza teve e hoje não tem mais nada
Além do rosto encovado cobrindo faces rosadas.
Hoje me vejo rondando teus labirintos de sonhos
Onde a paixão se comprava com poesia ou pataca,
Por que sendo livre o amor e ao prazer se entregava.
Em requintados salões de senhoreais sobrados
Encantadoras mulheres suas bocas ofertavam,
Expondo os túmidos seios ao deleite se entregavam.
E então entre carícias, à meia-luz sussurravam,
Ternura e paixão fingindo na hora em que se doavam.
Ribeira velha de guerra, por que ficaste tão gasta?
Por que prolongas assim o teu impérvio caminho?
Sabemos que o teu amor provinha do coração,
Embora ao despertar com ele já não contássemos,
Pois conforme o hábito vigente tratava de evolar-se...
Velha Ribeira boêmia, agora já não és nada
Além de ruas desertas, calçadas desarrumadas,
Ruas feitas de silêncio, becos cheios de saudade.
Se não te ergues definhas, teu simbolismo se apaga.
Teus modos de cortesã, de dama sutil e devassa,
Resistiram a várias guerras feitas em terra, ar e mar.
Deste acolhida aos pracinhas da América luterana,
Que perderam sua inocência antes da morte encontrar
Na Alemanha nazista, na Itália de Mussolini,
Na Rússia dos bolcheviques, sem que jamais olvidassem
O teu doce encantamento, tua magia, tua alma.
Velha Ribeira boêmia, onde estão tuas mulheres?
Onde andam Francisquinha, Madame Chose, Odete,
Zara Pia, Maricele, Severina, China e Míria,
Ademilde, Maristela, Paulistinha e Onça Pintada,
Maria Rosa e Adelaide, Constância e Felicidade?
Já não as vejo na luz dos refratários ocasos
Que te escondem Ribeira, no sudário da saudade
(Nilson Patriota)
12.3.09
Rede de Dormir
A rede de dormir é um tipo de leito constituído de um retângulo de tecido ou malha e suspenso pelas duas extremidades, terminadas em punhos ou argolas, que são presas a armadores ou ganchos, pregados em geral nos portais ou sob árvores frondosas e em que as pessoas se deitam para dormir ou descansar.
O uso da rede para dormir é bastante antigo, é um costume herdado dos indígenas brasileiros. Eles chamavam a rede de ini. Foi em 27 de abril de 1500 que Pero Vaz de Caminha, navegante português, escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, que sem procurar saber o nome já usado pelos indígenas, chamou pela primeira vez, este tipo de leito, de rede de dormir, pela semelhança com a rede de pescar.
As redes primitivas feitas pelas mulheres indígenas eram resistentes, de fiação simples e malhas grandes, por este motivo faziam lembrar a rede de pescar.
Meio século depois do descobrimento a rede já era usada por colono agricultor e pela maior parte dos jesuítas. No Brasil Colonial a rede foi muito usada também como meio de transporte para longas viagens. Eram colocadas nos ombros dos escravos que a sustentavam, por meio de uma vara. Este tipo de rede era chamada de serpentina.
Nas áreas mais pobres da região Nordeste, era costume o morto ser transportado em redes, então chamadas de rede de defunto.
A técnica de tecer a rede, foi aperfeiçoada pelas mulheres portuguesas. A rede foi então cada vez mais usada nas vilas, povoados e engenhos de açúcar, principalmente pela facilidade de transporte. Bastava enrolá-las e colocá-la às costas, visto que as camas de madeiras eram mais pesadas e até então não eram fabricadas no Brasil.
A vinda dos teares (aparelhos para tecer) possibilitou a confecção de tecidos mais compactos, de redes com franjas, varandas, tornando-as mais confortáveis e ornamentais.
A rede foi por mais de quatro séculos um elemento presente e indispensável na vida dos brasileiros. Usava-se a rede desde o nascimento até a morte. Gilberto Freyre em seu livro Casa Grande & Senzala diz que muitos brasileiros, quando pequenos, adormeceram ouvindo o ranger tristonho dos punhos da rede.
Hoje apenas em algumas regiões, principalmente do Norte e Nordeste, a rede é usada para dormir.
Nos grandes centros urbanos a rede é mais um objeto de decoração de residências e serve como ponto de referência aos costumes regionais. São armadas em terraços, alpendres e varandas de casas e apartamentos, casas de praia e de campo, geralmente para descansar ou sesta, mas quase nunca para dormir à noite.
A produção brasileira de redes de dormir está estimada em um milhão de unidades. Os maiores produtores são os Estados do Ceará, Pernambuco, Alagoas e Piauí.
O Brasil exporta as redes de dormir para vários países.
Há também um grande número de fábricas clandestinas, constituídas por pequenos grupos de artesanato. Todo estado nordestino tem dezenas destes núcleos fiéis ao trabalho antigo, feito em casa.
É na indústria particular que se tecem as redes de encomenda de feitura bem cuidada e lenta, bordadas em relevo, franjadas de seda. São obras primas de paciência e acabamento primoroso. O artesanato é o produtor e mantenedor destas redes, chamadas redes de presente.
Fonte: Luís da Câmara Cascudo. Rede de dormir: uma pesquisa etnográfica.
O uso da rede para dormir é bastante antigo, é um costume herdado dos indígenas brasileiros. Eles chamavam a rede de ini. Foi em 27 de abril de 1500 que Pero Vaz de Caminha, navegante português, escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, que sem procurar saber o nome já usado pelos indígenas, chamou pela primeira vez, este tipo de leito, de rede de dormir, pela semelhança com a rede de pescar.
As redes primitivas feitas pelas mulheres indígenas eram resistentes, de fiação simples e malhas grandes, por este motivo faziam lembrar a rede de pescar.
Meio século depois do descobrimento a rede já era usada por colono agricultor e pela maior parte dos jesuítas. No Brasil Colonial a rede foi muito usada também como meio de transporte para longas viagens. Eram colocadas nos ombros dos escravos que a sustentavam, por meio de uma vara. Este tipo de rede era chamada de serpentina.
Nas áreas mais pobres da região Nordeste, era costume o morto ser transportado em redes, então chamadas de rede de defunto.
A técnica de tecer a rede, foi aperfeiçoada pelas mulheres portuguesas. A rede foi então cada vez mais usada nas vilas, povoados e engenhos de açúcar, principalmente pela facilidade de transporte. Bastava enrolá-las e colocá-la às costas, visto que as camas de madeiras eram mais pesadas e até então não eram fabricadas no Brasil.
A vinda dos teares (aparelhos para tecer) possibilitou a confecção de tecidos mais compactos, de redes com franjas, varandas, tornando-as mais confortáveis e ornamentais.
A rede foi por mais de quatro séculos um elemento presente e indispensável na vida dos brasileiros. Usava-se a rede desde o nascimento até a morte. Gilberto Freyre em seu livro Casa Grande & Senzala diz que muitos brasileiros, quando pequenos, adormeceram ouvindo o ranger tristonho dos punhos da rede.
Hoje apenas em algumas regiões, principalmente do Norte e Nordeste, a rede é usada para dormir.
Nos grandes centros urbanos a rede é mais um objeto de decoração de residências e serve como ponto de referência aos costumes regionais. São armadas em terraços, alpendres e varandas de casas e apartamentos, casas de praia e de campo, geralmente para descansar ou sesta, mas quase nunca para dormir à noite.
A produção brasileira de redes de dormir está estimada em um milhão de unidades. Os maiores produtores são os Estados do Ceará, Pernambuco, Alagoas e Piauí.
O Brasil exporta as redes de dormir para vários países.
Há também um grande número de fábricas clandestinas, constituídas por pequenos grupos de artesanato. Todo estado nordestino tem dezenas destes núcleos fiéis ao trabalho antigo, feito em casa.
É na indústria particular que se tecem as redes de encomenda de feitura bem cuidada e lenta, bordadas em relevo, franjadas de seda. São obras primas de paciência e acabamento primoroso. O artesanato é o produtor e mantenedor destas redes, chamadas redes de presente.
Fonte: Luís da Câmara Cascudo. Rede de dormir: uma pesquisa etnográfica.
8.3.09
Meios de comunicação.
Canto do Mangue nos anos 30
Quanto menor a cidade e mais pobre, mais precários são os seus meios de comunicação. Por aí já se tem uma idéia de como seriam os veículos de comunicação na velha cidade do Natal, no fim do século XIX.
Das memórias de Lindolpho Câmara, que estamos comentando, destacam-se, nesse sentido, os sinais semafóricos, através do telégrafo ótico da Catedral e o movimento dos carretos à cabeça, em animais e carros de bois.
Esse telégrafo, por meio de bandeiras e cores, montado no alto da torre da Matriz, foi também um dos nossos alumbramentos na meninice. Muitas vezes, foi também um dos nossos alumbramentos na mesmice. Muitas vezes, ficávamos horas esquecidas sentados no telhado de casa, só prá ver os escoteiros mudar as bandeiras coloridas. Mesmo sem entender o significado dos sinais, estamos convencidos, hoje, de que aquele serviço foi, na verdade, a nossa primeira TV a cores.
Temos agora em mãos o folheto intitulado “CÓDIGO DO TELÉGRAFO ÓPTICO”, trazendo o Decreto Estadual n.º 156, de 18 de novembro de 1921, do Governador Antônio J. de Mello e Souza, que restabeleceu o serviço semafórico, sob a direção da Associação dos Escoteiros do Alecrim.
Segundo as “explicações”, o telégrafo começaria a funcionar a “um quarto antes do nascimento do sol, terminando um quarto de hora depois do ocaso”. São centenas as convenções, de acordo com o Código Marítimo Internacional, mas o nosso, da Catedral, só empregava três bandeiras – azuis e vermelhas, quadradas e em forma de quadriláteros, - e três galhardetes.
Entre outras informações, os sinais indicavam a saída e entrada dos navios; se eram de guerra ou transporte; nacionalidade; se estavam passando noutra direção ou vinham ancorar em Natal; se havia enfermo a bordo; se pediam o prático; nome da embarcação e da companhia de navegação, etc. Havia até um sinal que indicava se o navio batera na “baixinha”, a pedra famosa onde encalharam várias embarcações.
O telégrafo óptico prestou serviço real à população natalense desde o século passado até, talvez, a década de trinta.
Sobre os outros meios de comunicação, convém registrar a observação de Lindolpho Câmara quanto ao nosso primeiro carro de passeio.
Afirma que, há cem anos passados, Natal não dispunha de um só veículo para tráfego na cidade. Tudo era feito a pé ou em animais. E ninguém cogitava de adquirir nem mesmo “uma caleça ou um tilbury”.
Daí relata coisas incríveis como estas: o Presidente da Província, com o seu séqüito, partia a pé, do Palácio (na Rua do Comércio, na Ribeira), subia a ladeira e vinha abrir a sessão da Assembléia Legislativa na Cidade Alta. Diz ele: “... chegavam esbaforidos, suarentos, que quase nem podiam subir as escadas do edifício...” Finda a cerimônia, tornava pela mesma rota ao Palácio.
Os enterros eram penosos, acrescenta. Todos “chegavam deitando a alma pela boca, menos o defunto“. Os casamentos “eram ridículos”: todo mundo a pé, inclusive os noivos, na frente, subindo e descendo ladeira, dando topadas nas pedras pontudas...
Só nas proximidades da proclamação da República, o Dr. Celso Caldas, médico, adquiriu um carro usado, no Recife, nele atrelando dois cavalos magros. Fazia as visitas aos doentes nesse carro e também passeava, emprestando-o, muitas vezes, para cerimônias oficiais.
Em conclusão: foi esta a imagem que pudemos inferir de Natal há cem anos passados. Era, positivamente, uma cidade pobre, desprovida dos meios mais elementares ao desenvolvimento urbano. De certa forma, refletia a influência do plano nacional. Todavia, nestes cem anos de existência, Natal cresceu e desenvolveu-se muito mais do que poderia imaginar os já nascidos nas primeiras décadas deste século XX.
No futuro o que dirão de nós os nossos pósteros?
Possivelmente, ainda nos considerarão subdesenvolvidos como nós achamos hoje os nossos antepassados do século XIX. E assim é a vida...
Por Veríssimo de Melo
Das memórias de Lindolpho Câmara, que estamos comentando, destacam-se, nesse sentido, os sinais semafóricos, através do telégrafo ótico da Catedral e o movimento dos carretos à cabeça, em animais e carros de bois.
Esse telégrafo, por meio de bandeiras e cores, montado no alto da torre da Matriz, foi também um dos nossos alumbramentos na meninice. Muitas vezes, foi também um dos nossos alumbramentos na mesmice. Muitas vezes, ficávamos horas esquecidas sentados no telhado de casa, só prá ver os escoteiros mudar as bandeiras coloridas. Mesmo sem entender o significado dos sinais, estamos convencidos, hoje, de que aquele serviço foi, na verdade, a nossa primeira TV a cores.
Temos agora em mãos o folheto intitulado “CÓDIGO DO TELÉGRAFO ÓPTICO”, trazendo o Decreto Estadual n.º 156, de 18 de novembro de 1921, do Governador Antônio J. de Mello e Souza, que restabeleceu o serviço semafórico, sob a direção da Associação dos Escoteiros do Alecrim.
Segundo as “explicações”, o telégrafo começaria a funcionar a “um quarto antes do nascimento do sol, terminando um quarto de hora depois do ocaso”. São centenas as convenções, de acordo com o Código Marítimo Internacional, mas o nosso, da Catedral, só empregava três bandeiras – azuis e vermelhas, quadradas e em forma de quadriláteros, - e três galhardetes.
Entre outras informações, os sinais indicavam a saída e entrada dos navios; se eram de guerra ou transporte; nacionalidade; se estavam passando noutra direção ou vinham ancorar em Natal; se havia enfermo a bordo; se pediam o prático; nome da embarcação e da companhia de navegação, etc. Havia até um sinal que indicava se o navio batera na “baixinha”, a pedra famosa onde encalharam várias embarcações.
O telégrafo óptico prestou serviço real à população natalense desde o século passado até, talvez, a década de trinta.
Sobre os outros meios de comunicação, convém registrar a observação de Lindolpho Câmara quanto ao nosso primeiro carro de passeio.
Afirma que, há cem anos passados, Natal não dispunha de um só veículo para tráfego na cidade. Tudo era feito a pé ou em animais. E ninguém cogitava de adquirir nem mesmo “uma caleça ou um tilbury”.
Daí relata coisas incríveis como estas: o Presidente da Província, com o seu séqüito, partia a pé, do Palácio (na Rua do Comércio, na Ribeira), subia a ladeira e vinha abrir a sessão da Assembléia Legislativa na Cidade Alta. Diz ele: “... chegavam esbaforidos, suarentos, que quase nem podiam subir as escadas do edifício...” Finda a cerimônia, tornava pela mesma rota ao Palácio.
Os enterros eram penosos, acrescenta. Todos “chegavam deitando a alma pela boca, menos o defunto“. Os casamentos “eram ridículos”: todo mundo a pé, inclusive os noivos, na frente, subindo e descendo ladeira, dando topadas nas pedras pontudas...
Só nas proximidades da proclamação da República, o Dr. Celso Caldas, médico, adquiriu um carro usado, no Recife, nele atrelando dois cavalos magros. Fazia as visitas aos doentes nesse carro e também passeava, emprestando-o, muitas vezes, para cerimônias oficiais.
Em conclusão: foi esta a imagem que pudemos inferir de Natal há cem anos passados. Era, positivamente, uma cidade pobre, desprovida dos meios mais elementares ao desenvolvimento urbano. De certa forma, refletia a influência do plano nacional. Todavia, nestes cem anos de existência, Natal cresceu e desenvolveu-se muito mais do que poderia imaginar os já nascidos nas primeiras décadas deste século XX.
No futuro o que dirão de nós os nossos pósteros?
Possivelmente, ainda nos considerarão subdesenvolvidos como nós achamos hoje os nossos antepassados do século XIX. E assim é a vida...
Por Veríssimo de Melo
4.3.09
Carnaval do meu Tempo...
Rei Momo Paulo Maux e sua Rainha
“Ô Jardineira por que estás tão triste” Assim, começa a letra da música A Jardineira, autoria de Benedito Lacerda e Humberto Porto. Como a jardineira da música, passei um carnaval quieto, um pouco triste, pois logo na primeira noite no baile de máscara da Confeitaria Atheneu, tive a notícia da morte repentina do amigo Rodrigues. Com a minha tristeza e o meu recolhimento, tive tempo de pensar na época de menino, no carnaval daquela geração, que hoje é bem diferente. Não digo que é melhor nem pior, pois todo acontecimento alegre para um jovem sempre vai ser a melhor época, só porque éramos jovens, então para mim era melhor.
Havia as marchinhas que são cantadas até hoje. “Hindu minha linda hindu/ que nasceu em Calcutá/É melhor ser minha esposa/ Do que ser esposa do Rajá,” hoje, fazendo sucesso devido à novela da Globo. Haviam os blocos carnavalescos que mandavam um “convite” para os nossos pais e amigos, anunciando os “assaltos” em suas casas. Lembro-me do Sabalanço, Xamego, Peraltas, Jardim de Infância, Corsários do Amor, Deliciosos na Folia, Kafageste, Puxa Saco e muitos outros. “Lembro-me também de Dozinho, nosso querido Dozinho.” Mandei fazer uma linda fantasia/Bem diferente por ser toda de capim/ Sai com ela e me descuidei/ O jerico comeu toda/ E eu fiquei assim,” meu amigo Airton Ramalho que fez Natal toda cantar a sua música.” Pio Décimo praça que desapareceu/Praça de muitas recordações/ Foi lá que o nosso amor nasceu/Onde guardei meu coração/” As matinês, no América, Aero Clube, ABC, Atlântico, Alecrim Clube e outras, em que as moças (naquela época, quase todas eram) fantasiadas mostrando a barriguinha e agente olhando de soslaio, atirando lança perfume, procurando atingir o umbigo. Fio dental era usado exclusivamente para limpar os dentes. Haviam os confetes, as serpentinas e os salões ficam cheios. O corso, o corso lembro-me que era feito em um retângulo formado pelas ruas Deodoro, João Pessoa, Rio Branco e Ulisses Caldas, depois só na Rua Deodoro, ocupando as duas mãos. Começava no final da tarde indo até a meia noite. Era um desfile de carros fechados ou abertos e quem não tinha automóvel, ficava em pé nas calçadas para ver passar os blocos e também as tribos indígenas que eram blocos formados por pessoas que moravam nas Rocas e Alecrim e que vez por outra, estavam brigando entre si.
Vinha a quarta feira, e com ela na parte da tarde, as matinês nos cinemas Rio Grande, Nordeste, onde os namoros iniciados durante o carnaval eram tentados a dar prosseguimento. À noite, reuniões em baixo da luz dos postes que ficavam em frente ao Rio Grande, ou no cruzamento das Ruas Prudente de Morais e Mossoró. Naquele momento repassávamos todos os lances vividos durante este período.
Passou o tempo, o meu carnaval passou. Hoje apenas olho de longe e até me alegro, vendo o povo feliz pelo menos durante seis dias.
Por Augusto Coêlho Leal – Engenheiro Civil
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto
Clodoaldo Marques Leal - Cloro da Farmácia
A Farmácia Natal, nas décadas de 40 a 70, ficava na esquina das ruas Ulisses Caldas com a Vigário Bartolomeu. Nas outras esquinas as Lojas Singer, os Cafés Magestic e Nações Unidas. Era seu proprietário o Sr. Clodoaldo Marques Leal, conhecido como Cloro ou Cloro da Farmácia.
Cloro tinha um estilo de vida muito especial. Usava quase sempre camisa branca, com uma gravata de borboleta preta (daquelas que tinha que dar o laço mesmo) e um charuto na boca. Não tinha formação superior, mas conhecia tudo de farmácia. Algumas pessoas confiavam mais em sua opinião quanto ao uso de uma medicação correta para determinadas doenças do que a opinião de um médico. Mas, ele sempre dizia - “Não sou médico só entendo de remédio”. Disto ele realmente entendia.
A sua alegria, juntamente com a dos seus amigos, fazia do estabelecimento comercial em ponto de encontro diário. Senhores de várias classes sociais iam lá para prosear. Confirmavam presença: Iderval Medeiros, Paulo Brandão, Gentil Nesi, Omar Lopes Cardoso, Juvenal Faria, Rui Lucena, Lourival Pereira, Ovídio Vale, Jeno e Jairo Tinôco. Geraldo Fernandes, Miguel Dantas, Túlio, Carlos e Marcelo Fernandes, Prof. Sérgio Santiago, Professor Celestino Pimentel, Veríssimo de Melo, Luiz Cortez, Antônio Cortez, Manoel Procópio de Moura, Paulo dos Santos, Manoel Varela, José Varela, Salviano Gurgel, Osvaldo Ribeiro, Jofre e Jaime Ariston, Inamar Dantas, Seu Pacheco (Hotel Tirol), Emídio Fagundes, Prof. Coutinho, Protásio Melo, Jurandir Costa, Geraldo de Paula e outros. Juntos, transformavam aquele local em papos sérios e também em brincadeiras constantes.
Conta-se que determinado senhor, com idade avançada, solicitou a Cloro um remédio para melhorar a sua potência sexual, pois tinha encontro marcado com uma mulher bastante jovem e estava com medo de não dar conta do recado. Cloro pediu-lhe para passar pela farmácia dez minutos antes do encontro acertado. Preparou um laxativo (purgante) violento e deu ao Dom Juan para beber (que não sabia, obviamente, o que estava a ingerir). Não deu outra, o homem borrou-se na presença da mulher. Só não matou Cloro porque este se escondeu com a conivência dos amigos.
De outra feita, chegou um homem bastante embriagado conhecido de Cloro, querendo um remédio para morrer, pois estava desgostoso com a vida. Depois de muita insistência Cloro resolve dar o veneno solicitado. Foi no laboratório pegou duas cápsulas amiláceas, feitas de trigo e sem nada dentro. Mas exigiu que o cidadão assinasse um documento dizendo que gostaria de se suicidar e doar seu montepio para os amigos.
O suicida assina o papel e logo foi deitar-se no chão da farmácia para morrer, com quatro velas acesas e os amigos rezando para a alma do futuro morto. Depois de esperar mais de uma hora pela morte, o suicida levanta-se e diz: - É o negócio parece que não é pra hoje não. O riso foi geral.
Contava Veríssimo de Melo que o plantão da Farmácia era uma verdadeira festa. Depois que o último bonde passava, por volta das 22h, a Rua Ulisses Caldas era fechada na altura da Prefeitura e então os donos dos cafés colocavam as mesas nas ruas. Cloro mandava chamar um sanfoneiro na Ribeira, e convidava algumas “senhoras” que eram inquilinas das boates do mesmo bairro e aí a festa ia até o sol raiar.
Era assim Cloro, alegre, brincalhão, e gostava da sua farmácia. Onde passou quase toda sua vida ao lado de João Dias companheiro de várias décadas, que a tudo assistia com uma paciência enorme, vendo senhores alguns já bisavôs, transformarem aquele local de trabalho em um jardim de infância. Viravam meninos, muitos já se foram, mas a lembrança permanece viva para aqueles que conheceram Cloro.Foto e Texto: Augusto Coelho Leal (alegre e brincalhão mas, diferentemente de Cloro, era meio afobado na juventude, hoje um avô coruja.)
Cloro tinha um estilo de vida muito especial. Usava quase sempre camisa branca, com uma gravata de borboleta preta (daquelas que tinha que dar o laço mesmo) e um charuto na boca. Não tinha formação superior, mas conhecia tudo de farmácia. Algumas pessoas confiavam mais em sua opinião quanto ao uso de uma medicação correta para determinadas doenças do que a opinião de um médico. Mas, ele sempre dizia - “Não sou médico só entendo de remédio”. Disto ele realmente entendia.
A sua alegria, juntamente com a dos seus amigos, fazia do estabelecimento comercial em ponto de encontro diário. Senhores de várias classes sociais iam lá para prosear. Confirmavam presença: Iderval Medeiros, Paulo Brandão, Gentil Nesi, Omar Lopes Cardoso, Juvenal Faria, Rui Lucena, Lourival Pereira, Ovídio Vale, Jeno e Jairo Tinôco. Geraldo Fernandes, Miguel Dantas, Túlio, Carlos e Marcelo Fernandes, Prof. Sérgio Santiago, Professor Celestino Pimentel, Veríssimo de Melo, Luiz Cortez, Antônio Cortez, Manoel Procópio de Moura, Paulo dos Santos, Manoel Varela, José Varela, Salviano Gurgel, Osvaldo Ribeiro, Jofre e Jaime Ariston, Inamar Dantas, Seu Pacheco (Hotel Tirol), Emídio Fagundes, Prof. Coutinho, Protásio Melo, Jurandir Costa, Geraldo de Paula e outros. Juntos, transformavam aquele local em papos sérios e também em brincadeiras constantes.
Conta-se que determinado senhor, com idade avançada, solicitou a Cloro um remédio para melhorar a sua potência sexual, pois tinha encontro marcado com uma mulher bastante jovem e estava com medo de não dar conta do recado. Cloro pediu-lhe para passar pela farmácia dez minutos antes do encontro acertado. Preparou um laxativo (purgante) violento e deu ao Dom Juan para beber (que não sabia, obviamente, o que estava a ingerir). Não deu outra, o homem borrou-se na presença da mulher. Só não matou Cloro porque este se escondeu com a conivência dos amigos.
De outra feita, chegou um homem bastante embriagado conhecido de Cloro, querendo um remédio para morrer, pois estava desgostoso com a vida. Depois de muita insistência Cloro resolve dar o veneno solicitado. Foi no laboratório pegou duas cápsulas amiláceas, feitas de trigo e sem nada dentro. Mas exigiu que o cidadão assinasse um documento dizendo que gostaria de se suicidar e doar seu montepio para os amigos.
O suicida assina o papel e logo foi deitar-se no chão da farmácia para morrer, com quatro velas acesas e os amigos rezando para a alma do futuro morto. Depois de esperar mais de uma hora pela morte, o suicida levanta-se e diz: - É o negócio parece que não é pra hoje não. O riso foi geral.
Contava Veríssimo de Melo que o plantão da Farmácia era uma verdadeira festa. Depois que o último bonde passava, por volta das 22h, a Rua Ulisses Caldas era fechada na altura da Prefeitura e então os donos dos cafés colocavam as mesas nas ruas. Cloro mandava chamar um sanfoneiro na Ribeira, e convidava algumas “senhoras” que eram inquilinas das boates do mesmo bairro e aí a festa ia até o sol raiar.
Era assim Cloro, alegre, brincalhão, e gostava da sua farmácia. Onde passou quase toda sua vida ao lado de João Dias companheiro de várias décadas, que a tudo assistia com uma paciência enorme, vendo senhores alguns já bisavôs, transformarem aquele local de trabalho em um jardim de infância. Viravam meninos, muitos já se foram, mas a lembrança permanece viva para aqueles que conheceram Cloro.Foto e Texto: Augusto Coelho Leal (alegre e brincalhão mas, diferentemente de Cloro, era meio afobado na juventude, hoje um avô coruja.)
19.4.09
Graf Zeppelin em Natal
O dirigível Graf Zeppelin sobrevoando Natal (1930)
Quando da primeira viagem do Graf Zeppelin ao Brasil, em 1930, após pousar em Recife, Rio de Janeiro, novamente Recife, seguia para os Estados Unidos e sobrevoaria a cidade de Natal.
A Empresa Luftschiffban Zeppelin G.M.B.H, construtora do Zeppelin, considerando a importância histórica de Augusto Severo para o desenvolvimento dos balões dirigíveis, resolveu, por sua própria e inédita iniciativa homenageá-lo, além de que este ato teve significativa e simpática recepção junto ao governo brasileiro e, particularmente junto ao governo potiguar, numa região política e estratégicamente importante.
A importância do trabalho de Augusto Severo foi descrita por um Almanaque Garnier da época : "O mérito do sistema consistia, particularmente, em haver o inventor conseguindo que balão e barquinha formassem um só corpo." Embora precocemente falecido em Paris, em acidente com um novo balão, teve uma fundamental importância e participação no processo evolutivo da dirigibilidade aérea e a companhia alemã não ignorou o fato, apesar de nem sempre ter tido o merecido reconhecimento em seu próprio país.
A primeira homenagem ocorreu a 28 de maio de 1930, "... o balão descreveu um grande círculo e permaneceu doze minutos em evoluções; baixou sobre a estátua de Augusto Severo e deixou cair um ramalhete de flores naturais, com a seguinte inscrição : "Homenagem da Alemanha ao Brasil, na pessoa de seu filho Augusto Severo." O troféu caiu próximo à estátua, sendo levado à mesma."
Quando novamente sobrevoou Natal, em 20 de outubro de 1933, o Zeppelin realizou nova homenagem de acordo com Paulo Pinheiro de Viveiros : " dessa feita, voava à noite, numa altura aproximada de 200 metros; eram 23 horas e 30 minutos quando alcançou a cidade, deixando cair de bordo, pendente de um pára-quedas luminoso, uma coroa sobre o monumento de Augusto Severo. O vento desviou o troféu que caiu no pátio interno da Great Western. Toda a população natalense estava desperta e acompanhou, nas ruas, as evoluções do Graf Zeppelin. A coroa tinha um laço de seda com as cores da Alemanha e do Brasil e a seguinte inscrição : "A Augusto Severo, o grande brasileiro que idealizou a aviação como fator de progresso - arma de aproximação entre os povos - homenagem do Graf Zeppelin ".
Como se pôde constatar, uma simples peça filatélica encerra, em si própria, uma longa e curiosa história, com desdobramentos diversos, se profundamente pesquisada. A peça em questão, de um simples máximo postal, passa a ter a sua importância e possibilidade de inserção em coleções de História Postal, Brasiliana, História da Aviação, História do Rio Grande do Norte, etc.Por Geraldo de Andrade Ribeiro Jr. - Foto: Acervo do Mons. Jamil Nassif Abud.
16.4.09
Prof. Luiz Soares: Paladino do escotismo.
Banda dos Escoteiros do Alecrim desfilando no dia 7 de Setembro.
Av. Deodoro nos anos 50.
Homem simples e austero, mas perseverante e dinâmico, com uma notável vocação para educador. Era assim o professor Luiz Correia Soares de Araújo, um assuense que se tornou na maior referência do escotismo na terra potiguar.
Ele nasceu em 1888 na cidade de Açu, onde fez o curso primário. Deslocou-se depois para Recife, completando ali os cursos secundário e o pedagógico.
Quando se preparava para prestar exames para a Faculdade de Medicina, foi chamado pelo governo do Estado, para aqui empreender um programa de construção de grupos escolares no interior. No Cumprimento dessa tarefa, fundou vários grupos nas cidades do interior, dentre os quais, o Grupo Escolar Tenente-Coronel José Correia, em Açu.
Conta-se, na sua vida de educador e inovador dos métodos educacionais do Estado, a fundação da Associação dos Escoteiros do Alecrim, em 1919; Escola Profissional do Alecrim, em 1922; Grupo Escolar Frei Miguelinho. Contribuiu para a construção do Instituto Padre Miguelinho, doando o terreno ao governo do Estado. Foi patrono do Grêmio Lítero-Cultural Professor Luiz Soares, do Instituto Padre Miguelinho e do Grupo Escolar Professor Luiz Soares, que funcionava pela manhã nas dependências
do Instituto.
Foi um dos responsáveis pela fundação da Associação de Professores e seu presidente por muitos anos.
Fundou e dirigiu também a Policlícina do Alecrim, hoje Hospital Professor Luiz Soares.
Faleceu no dia 13 de agosto de 1967, vítima de ataque cardíaco, sendo sepultado no cemitério do Alecrim. Muitas pessoas compareceram ao seu sepultamento: amigos, admiradores, autoridades, escoteiros, bandeirantes, voluntárias, estudantes e professores de todos os colégios da cidade. O cortejo saiu do Instituto Padre Miguelinho, sob os acordes da Banda de Música dos Escoteiros do Alecrim. Ele dedicou praticamente 54 anos de sua vida à Escola Padre Miguelinho, onde permaneceu desde a inauguração da escola até a sua morte. (Diário de Natal) Foto enviada por Marcos Paiva da Rocha.
Av. Deodoro nos anos 50.
Homem simples e austero, mas perseverante e dinâmico, com uma notável vocação para educador. Era assim o professor Luiz Correia Soares de Araújo, um assuense que se tornou na maior referência do escotismo na terra potiguar.
Ele nasceu em 1888 na cidade de Açu, onde fez o curso primário. Deslocou-se depois para Recife, completando ali os cursos secundário e o pedagógico.
Quando se preparava para prestar exames para a Faculdade de Medicina, foi chamado pelo governo do Estado, para aqui empreender um programa de construção de grupos escolares no interior. No Cumprimento dessa tarefa, fundou vários grupos nas cidades do interior, dentre os quais, o Grupo Escolar Tenente-Coronel José Correia, em Açu.
Conta-se, na sua vida de educador e inovador dos métodos educacionais do Estado, a fundação da Associação dos Escoteiros do Alecrim, em 1919; Escola Profissional do Alecrim, em 1922; Grupo Escolar Frei Miguelinho. Contribuiu para a construção do Instituto Padre Miguelinho, doando o terreno ao governo do Estado. Foi patrono do Grêmio Lítero-Cultural Professor Luiz Soares, do Instituto Padre Miguelinho e do Grupo Escolar Professor Luiz Soares, que funcionava pela manhã nas dependências
do Instituto.
Foi um dos responsáveis pela fundação da Associação de Professores e seu presidente por muitos anos.
Fundou e dirigiu também a Policlícina do Alecrim, hoje Hospital Professor Luiz Soares.
Faleceu no dia 13 de agosto de 1967, vítima de ataque cardíaco, sendo sepultado no cemitério do Alecrim. Muitas pessoas compareceram ao seu sepultamento: amigos, admiradores, autoridades, escoteiros, bandeirantes, voluntárias, estudantes e professores de todos os colégios da cidade. O cortejo saiu do Instituto Padre Miguelinho, sob os acordes da Banda de Música dos Escoteiros do Alecrim. Ele dedicou praticamente 54 anos de sua vida à Escola Padre Miguelinho, onde permaneceu desde a inauguração da escola até a sua morte. (Diário de Natal) Foto enviada por Marcos Paiva da Rocha.
12.4.09
História da Aviação em Natal - Parte II
Hidroavião Taifun que fazia a linha Frankfurt/Natal/Rio/Buenos Aires (1934)
Condor tinha vôos semanais.
Em Natal os vôos da Condor eram semanais, com o fechamento da mala postal às dezoito horas da quarta-feira e a partida na quinta, sempre às cinco da manhã.
Em Natal os vôos da Condor eram semanais, com o fechamento da mala postal às dezoito horas da quarta-feira e a partida na quinta, sempre às cinco da manhã.
A empresa prometia que o passageiro estaria no Rio de Janeiro em um dia e em Buenos Aires em dois dias. Já o serviço transatlântico era uma operação conjunta Condor-Lufthansa, com saídas ás dezoito horas da quinta-feira e chegada em quatro dias a Europa, com escalas em Bathust (atual Gâmbia), Las Palmas (Ilhas Canárias), Sevilha, Barcelona (Espanha) e Frankfurt (Alemanha). Muitas vezes os horários e dias de partida mudavam, onde a propaganda nos jornais locais sempre solicitava aos interessados, entrar em contato com o agente das empresas na cidade, que em 1935, tinha esta função exercida pela firma Filgueira & Cia.
Em 1939, os alemães implantaram no serviço de transporte transatlântico o avião que provou ser o mais confortável, o mais silencioso e o mais caro do mundo na sua época, o quadrimotor Focker Wulf 200. Transportava 4 tripulantes, 28 passageiros e era considerado um fantástico salto de qualidade em termos de viagens aéreas.
Para efeito de comparação seria como Natal, nos dias de hoje, fosse rota normal para o novo super-avião Airbus 380.
Alemães se mantinham à distância
Em 2 de janeiro de 1939, o piloto Ernst Wilhelm Modrow, de 30 anos, natural de Stettin (atualmente Szczecin, na Polônia), recebia a sua autorizarão de viagem para Natal.
Alemães se mantinham à distância
Em 2 de janeiro de 1939, o piloto Ernst Wilhelm Modrow, de 30 anos, natural de Stettin (atualmente Szczecin, na Polônia), recebia a sua autorizarão de viagem para Natal.
Provavelmente este não era o primeiro pedido de ingresso de Modrow em Natal, pois desde 1930, ele já trabalhava na América do Sul, primeiramente na empresa aérea colombiana SCADTA, uma empresa de aviação com controle alemão e a partir de 1937, como responsável pelas rotas turísticas da Lufthansa. Seu trabalho na América do Sul durou até agosto de 1939.
Neste período, a aviação se profissionalizava cada vez mais. Em Natal o movimento de aviões seguindo para o sul do país, ou em direção a Europa, fazia parte do dia a dia, bem como a presença de pilotos e equipes de apoio na cidade. Muitos deles aproveitavam as benesses da cidade, principalmente às praias de águas quentes.
Lendo os jornais da época, percebe-se que os aviadores alemães, talvez pela sua própria natureza mais comedida, não interagiam tão fortemente com a população. Diferentemente dos franceses e italianos, os germânicos ficavam alojados na sua base na Praia da Limpa, mais distantes da convivência direta com a cidade.
Em relação a Modrow, poucas foram às informações sobre a estada deste piloto em Natal. Era apenas mais um, dos muitos pilotos estrangeiros de passagem pela cidade. A partir de setembro de 1939, com a eclosão da guerra, Modrow é convocado para a Força Aérea Alemã (Luftwaffe).
Segue para a Noruega, servindo em um esquadrão de transporte, o KGr. Z.B.V. 108, que utilizava o hidroavião Dornier DO 26. Primeiramente efetuou missões de reconhecimento e de abastecimento de tropas na região de Narvik. Em maio de 1940, seu avião havia amerissado para descarregar equipamentos no fiorde Rombakken, quando foi atacado por caças Spitfire, da Força Aérea Britânica (RAF), e destruído. Mesmo ferido, Modrow foi o único sobrevivente da tripulação. Após sua recuperação, passa um período como instrutor de vôo, seguindo ao encontro de sua unidade, que em 1942 se encontrava sediada na Itália. A ele é destinado o grande hidroavião de seis motores Blohm & Voss Bv 222, um dos maiores aviões de transporte da Segunda Guerra Mundial. Tinha a missão de realizar vôos para a África do Norte, no abastecimento das tropas alemãs do Afrika Korps e retirada de feridos. Modrow realiza mais de 100 missões de transporte, sendo esta quantidade de missões considerada um verdadeiro prodígio, pois devido a suas dimensões e baixa velocidade, o BV 222 era considerado um alvo fácil para os caças aliados. Devido as suas habilidades, em 1943 é transferido para um grupo de caça noturna, que tinha a função de destruir bombardeiros ingleses que atacavam diretamente o coração da Alemanha. É designado para o II Grupo do esquadrão NJG 1, baseado em bases na França ocupada. Em uma noite de março de 1944, Modrow faria sua primeira vítima sobre a localidade de Venlo, Holanda, provavelmente um caça noturno bimotor do tipo “Mosquito”. Sua segunda vitima é um bombardeiro quadrimotor britânico “Halifax”, seguido por outro bombardeiro quadrimotor do tipo “Lancaster”, também britânico.
(Carlos Rostand França de Medeiros e Fundação Rampa).
9.4.09
Tirol e Petrópolis
Foto: LAGOA MANUEL FELIPE (ANOS 30)
.
A área dos atuais bairros de Petrópolis e Tirol possui origem comum. Em 1901, foi criada a Cidade Nova (correspondente aos bairros de Tirol e Petrópolis) pelo intendente Joaquim Manoel Teixeira de Moura, em uma região ocupada por vivendas, quintas e granjas. Na época, a cidade achava-se comprimida entre a Ribeira e a Cidade Alta. O local abrangia terras do sítio pertencente ao suíço Jacob Graff, por volta de 1860, cujos limites iam até a Ribeira. Quando o governador Alberto Maranhão comprou ali uma casinha para veraneio, era tão longe da cidade que se ia a cavalo.
O plano de construção da Cidade Nova foi de autoria do agrimensor e arquiteto italiano Antônio Polidrelli, e compreendia o espaço ocupado desde a Avenida Deodoro à Rua Campos Sales, abrangendo 60 quarteirões, compreendendo ruas, avenidas e praças. A criação destes bairros, concluída em 1904, constitui-se na primeira forma de ordenamento urbano de Natal. Esperava-se, com isso, retirar da cidade o aspecto colonial e induzir o seu crescimento futuro. A história do bairro do Tirol também fazia parte da vida do escritor Câmara Cascudo. Ele relata que, na sua adolescência, seu pai comprara uma casa nas terras do bairro, nas primeiras décadas do século XX. Era a "Vila Amélia", região de chácaras e quintais. A propriedade situava-se onde atualmente estão trechos das avenidas Campos Sales, Rodrigues Alves e Apodi. O ano de 1939 marcou o final de uma vida principesca para o escritor, na mansão que se destacou pelo luxo e pela convergência das mais ilustres figuras da cidade ou que por aqui passavam. Em 1939, também, foi lançada a pedra fundamental da construção do quartel do 16º Regimento de Infantaria, na avenida Hermes da Fonseca, que começou a funcionar em fevereiro de 1942, numa área de 99,84 hectares. Ao lado do quartel, foi construída a vila dos sargentos, na esquina da avenida Alexandrino de Alencar, mais conhecida como Vila São José, inaugurada em janeiro de 1949, com 60 casas projetadas.
Na década de 1940, estrada ligando Natal ao Aeroporto de Parnamirim (atuais Hermes da Fonseca e Senador Salgado Filho) representou um dos marcos de crescimento da cidade, pois constitui-se numa das mais importantes vias de circulação interna desta Capital.
No Tirol, encontra-se a Lagoa Manuel Felipe (antes conhecida como Lagoa dos Calafanges e era considerado um lugar ótimo para pic-nics mas, que posteriormente foi proibida a realização dos mesmos pelo "governador da cidade" (sic)). Já era referida, em documentos de 1646, como um pequeno lago de onde nascia o Rio da Cruz, depois chamado de Rio do Baldo, afluente do Potengi, conforme atesta Olavo Medeiros Filho em seu livro Terra Natalense. A origem do topônimo liga-se ao proprietário das terras onde a lagoa se encontra. Atualmente, a Lagoa Manuel Felipe abriga a Cidade da Criança, espaço cultural e de lazer, destinado, preferencialmente, ao público infantil.
O nome Tirol, afirmava Pedro Velho, foi apenas uma lembrança da Áustria, como era costume na época. Oficializados como bairros pela Lei n.º 251 de 30 de setembro de 1947, na administração do Prefeito Sylvio Piza Pedroza, teve seus limites redefinidos na Lei nº 4.330, de 05 de abril de 1993.
Foto:: Acervo de Stella Calafange (1900-2000).
5.4.09
História da Aviação em Natal - Parte I
Praia da Limpa - Rampa (1943)
A história da aviação em Natal, no período anterior a II Guerra Mundial, é emocionante e inigualável. Entretanto, pouco destes fatos históricos são conhecidos do público em geral. Poucos são os livros que contam as aventuras dos aviadores durante as décadas de 1920 e 1930, cruzando os céus em suas precárias máquinas aéreas, viajando quase sem equipamentos através do Atlântico Sul e chegando a nossa provinciana capital.
Ao realizar uma pesquisa no Arquivo Público do Rio Grande do Norte, acabei me deparando com um extenso arquivo contendo fichas de pedido de vistos, para passaportes de vários pilotos estrangeiros que vinham trabalhar em Natal. Pesquisando em outros centros de informações, descobri que um destes pilotos viria a se tornar um dos principais ases da aviação de caça noturna alemã na II Guerra, superaria a derrota da Alemanha e terminaria sua carreira como general da nova Força Aérea Alemã, na então Alemanha Ocidental.
Esta história tem início com a chegada da aviação comercial alemã no Brasil, em 1926, quando foram iniciados estudos técnicos para implantação de linhas aéreas na região. Neste mesmo ano, um hidroavião Dornier Wall, chegava ao Rio de Janeiro, realizando o primeiro vôo comercial no país.
Diferentemente dos franceses, os alemães, pouco deram atenção à região Nordeste, tanto que a empresa Sindikat Condor, estabeleceu em 1927 linhas aéreas entre Porto Alegre e o Rio de Janeiro e outras linhas para o interior do estado gaúcho, com serviços de transportes de passageiros e cargas. Apenas em 1930, conduzido pelo diretor Fritz Hammer, o hidroavião “Guanabara” chegava a Natal e este alemão vinha com a missão de instalar uma base de hidroaviões na cidade. O então governador Juvenal Lamartine apoiou incondicionalmente o projeto, isentou de taxas a empresa e apoiou a instalação de uma base próxima à foz do rio Potengi, na conhecida Praia da Limpa (Montagem). Em fevereiro de 1930 é inaugurada a linha entre Natal e Porto Alegre, em Março deste mesmo ano tem início os planejamentos para uma ligação entre a América do Sul e a Europa.
Em abril de 1934, a Deutsche Lufthansa implanta o primeiro serviço aéreo transoceânico do Mundo, onde em dois dias e meio, um passageiro viajava entre Berlin e o Rio de Janeiro, um avanço espantoso para a época. O defeito deste sistema estava no fato dos aviões necessitarem amerissar no meio do Oceano Atlântico, ser o hidroavião içado por um navio-catapulta, abastecerem e serem catapultados em direção a Natal. Algum tempo depois este sistema foi desativado com a entrada de novos aviões.
A atuação dos alemães crescia fortemente na região, chegando a ponto de, em 1936, estarem transportando quase 16.000 pessoas. Sobre este dado é importante lembrar que a capacidade de transportes de muitos aviões neste período, não era superior a 20 passageiros. (Carlos Rostand França de Medeiros).
Diferentemente dos franceses, os alemães, pouco deram atenção à região Nordeste, tanto que a empresa Sindikat Condor, estabeleceu em 1927 linhas aéreas entre Porto Alegre e o Rio de Janeiro e outras linhas para o interior do estado gaúcho, com serviços de transportes de passageiros e cargas. Apenas em 1930, conduzido pelo diretor Fritz Hammer, o hidroavião “Guanabara” chegava a Natal e este alemão vinha com a missão de instalar uma base de hidroaviões na cidade. O então governador Juvenal Lamartine apoiou incondicionalmente o projeto, isentou de taxas a empresa e apoiou a instalação de uma base próxima à foz do rio Potengi, na conhecida Praia da Limpa (Montagem). Em fevereiro de 1930 é inaugurada a linha entre Natal e Porto Alegre, em Março deste mesmo ano tem início os planejamentos para uma ligação entre a América do Sul e a Europa.
Em abril de 1934, a Deutsche Lufthansa implanta o primeiro serviço aéreo transoceânico do Mundo, onde em dois dias e meio, um passageiro viajava entre Berlin e o Rio de Janeiro, um avanço espantoso para a época. O defeito deste sistema estava no fato dos aviões necessitarem amerissar no meio do Oceano Atlântico, ser o hidroavião içado por um navio-catapulta, abastecerem e serem catapultados em direção a Natal. Algum tempo depois este sistema foi desativado com a entrada de novos aviões.
A atuação dos alemães crescia fortemente na região, chegando a ponto de, em 1936, estarem transportando quase 16.000 pessoas. Sobre este dado é importante lembrar que a capacidade de transportes de muitos aviões neste período, não era superior a 20 passageiros. (Carlos Rostand França de Medeiros).
1.4.09
Meios de comunicação
Quanto menor a cidade e mais pobre, mais precários são os seus meios de comunicação. Por aí já se tem uma idéia de como seriam os veículos de comunicação na velha cidade do Natal, no fim do século XIX.
Das memórias de Lindolpho Câmara, que estamos comentando, destacam-se, nesse sentido, os sinais semafóricos, através do telégrafo ótico da Catedral e o movimento dos carretos à cabeça, em animais e carros de bois.
Esse telégrafo, por meio de bandeiras e cores, montado no alto da torre da Matriz, foi também um dos nossos alumbramentos na meninice. Muitas vezes, foi também um dos nossos alumbramentos na mesmice. Muitas vezes, ficávamos horas esquecidas sentados no telhado de casa, só prá ver os escoteiros mudar as bandeiras coloridas. Mesmo sem entender o significado dos sinais, estamos convencidos, hoje, de que aquele serviço foi, na verdade, a nossa primeira TV a cores.
Temos agora em mãos o folheto intitulado “CÓDIGO DO TELÉGRAFO ÓPTICO”, trazendo o Decreto Estadual n.º 156, de 18 de novembro de 1921, do Governador Antônio J. de Mello e Souza, que restabeleceu o serviço semafórico, sob a direção da Associação dos Escoteiros do Alecrim.
Segundo as “explicações”, o telégrafo começaria a funcionar a “um quarto antes do nascimento do sol, terminando um quarto de hora depois do ocaso”. São centenas as convenções, de acordo com o Código Marítimo Internacional, mas o nosso, da Catedral, só empregava três bandeiras – azuis e vermelhas, quadradas e em forma de quadriláteros, - e três galhardetes.
Entre outras informações, os sinais indicavam a saída e entrada dos navios; se eram de guerra ou transporte; nacionalidade; se estavam passando noutra direção ou vinham ancorar em Natal; se havia enfermo a bordo; se pediam o prático; nome da embarcação e da companhia de navegação, etc. Havia até um sinal que indicava se o navio batera na “baixinha”, a pedra famosa onde encalharam várias embarcações.
O telégrafo óptico prestou serviço real à população natalense desde o século passado até, talvez, a década de trinta.
Sobre os outros meios de comunicação, convém registrar a observação de Lindolpho Câmara quanto ao nosso primeiro carro de passeio.
Afirma que, há cem anos passados, Natal não dispunha de um só veículo para tráfego na cidade. Tudo era feito a pé ou em animais. E ninguém cogitava de adquirir nem mesmo “uma caleça ou um tilbury”.
Daí relata coisas incríveis como estas: o Presidente da Província, com o seu séqüito, partia a pé, do Palácio (na Rua do Comércio, na Ribeira), subia a ladeira e vinha abrir a sessão da Assembléia Legislativa na Cidade Alta. Diz ele: “... chegavam esbaforidos, suarentos, que quase nem podiam subir as escadas do edifício...” Finda a cerimônia, tornava pela mesma rota ao Palácio.
Os enterros eram penosos, acrescenta. Todos “chegavam deitando a alma pela boca, menos o defunto“. Os casamentos “eram ridículos”: todo mundo a pé, inclusive os noivos, na frente, subindo e descendo ladeira, dando topadas nas pedras pontudas...
Só nas proximidades da proclamação da República, o Dr. Celso Caldas, médico, adquiriu um carro usado, no Recife, nele atrelando dois cavalos magros. Fazia as visitas aos doentes nesse carro e também passeava, emprestando-o, muitas vezes, para cerimônias oficiais.
Em conclusão: foi esta a imagem que pudemos inferir de Natal há cem anos passados. Era, positivamente, uma cidade pobre, desprovida dos meios mais elementares ao desenvolvimento urbano. De certa forma, refletia a influência do plano nacional. Todavia, nestes cem anos de existência, Natal cresceu e desenvolveu-se muito mais do que poderia imaginar os já nascidos nas primeiras décadas deste século XX.
No futuro o que dirão de nós os nossos pósteros?
Possivelmente, ainda nos considerarão subdesenvolvidos como nós achamos hoje os nossos antepassados do século XIX. E assim é a vida...(Veríssimo de Melo)
Das memórias de Lindolpho Câmara, que estamos comentando, destacam-se, nesse sentido, os sinais semafóricos, através do telégrafo ótico da Catedral e o movimento dos carretos à cabeça, em animais e carros de bois.
Esse telégrafo, por meio de bandeiras e cores, montado no alto da torre da Matriz, foi também um dos nossos alumbramentos na meninice. Muitas vezes, foi também um dos nossos alumbramentos na mesmice. Muitas vezes, ficávamos horas esquecidas sentados no telhado de casa, só prá ver os escoteiros mudar as bandeiras coloridas. Mesmo sem entender o significado dos sinais, estamos convencidos, hoje, de que aquele serviço foi, na verdade, a nossa primeira TV a cores.
Temos agora em mãos o folheto intitulado “CÓDIGO DO TELÉGRAFO ÓPTICO”, trazendo o Decreto Estadual n.º 156, de 18 de novembro de 1921, do Governador Antônio J. de Mello e Souza, que restabeleceu o serviço semafórico, sob a direção da Associação dos Escoteiros do Alecrim.
Segundo as “explicações”, o telégrafo começaria a funcionar a “um quarto antes do nascimento do sol, terminando um quarto de hora depois do ocaso”. São centenas as convenções, de acordo com o Código Marítimo Internacional, mas o nosso, da Catedral, só empregava três bandeiras – azuis e vermelhas, quadradas e em forma de quadriláteros, - e três galhardetes.
Entre outras informações, os sinais indicavam a saída e entrada dos navios; se eram de guerra ou transporte; nacionalidade; se estavam passando noutra direção ou vinham ancorar em Natal; se havia enfermo a bordo; se pediam o prático; nome da embarcação e da companhia de navegação, etc. Havia até um sinal que indicava se o navio batera na “baixinha”, a pedra famosa onde encalharam várias embarcações.
O telégrafo óptico prestou serviço real à população natalense desde o século passado até, talvez, a década de trinta.
Sobre os outros meios de comunicação, convém registrar a observação de Lindolpho Câmara quanto ao nosso primeiro carro de passeio.
Afirma que, há cem anos passados, Natal não dispunha de um só veículo para tráfego na cidade. Tudo era feito a pé ou em animais. E ninguém cogitava de adquirir nem mesmo “uma caleça ou um tilbury”.
Daí relata coisas incríveis como estas: o Presidente da Província, com o seu séqüito, partia a pé, do Palácio (na Rua do Comércio, na Ribeira), subia a ladeira e vinha abrir a sessão da Assembléia Legislativa na Cidade Alta. Diz ele: “... chegavam esbaforidos, suarentos, que quase nem podiam subir as escadas do edifício...” Finda a cerimônia, tornava pela mesma rota ao Palácio.
Os enterros eram penosos, acrescenta. Todos “chegavam deitando a alma pela boca, menos o defunto“. Os casamentos “eram ridículos”: todo mundo a pé, inclusive os noivos, na frente, subindo e descendo ladeira, dando topadas nas pedras pontudas...
Só nas proximidades da proclamação da República, o Dr. Celso Caldas, médico, adquiriu um carro usado, no Recife, nele atrelando dois cavalos magros. Fazia as visitas aos doentes nesse carro e também passeava, emprestando-o, muitas vezes, para cerimônias oficiais.
Em conclusão: foi esta a imagem que pudemos inferir de Natal há cem anos passados. Era, positivamente, uma cidade pobre, desprovida dos meios mais elementares ao desenvolvimento urbano. De certa forma, refletia a influência do plano nacional. Todavia, nestes cem anos de existência, Natal cresceu e desenvolveu-se muito mais do que poderia imaginar os já nascidos nas primeiras décadas deste século XX.
No futuro o que dirão de nós os nossos pósteros?
Possivelmente, ainda nos considerarão subdesenvolvidos como nós achamos hoje os nossos antepassados do século XIX. E assim é a vida...(Veríssimo de Melo)
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto.
Natal, infelizmente, é uma cidade que não tem muito cuidado com sua história, com seu passado, com sua memória. De modo geral, nossa população sequer conhece suas ruas, bairros e prédios históricos. É como se tudo por aqui tivesse sido construído ontem ou tudo estivesse sempre ali, sem função e desprovido de tradição.
As fotos acima, são da Rua Ulisses Caldas, onde em primeiro plano se vê o prédio da Prefeitura Municipal do Natal.
Ulisses Olegário Lins Caldas, Norte Riograndense, de assu, participou da Guerra do Paraguai (1865 - 1670), tendo sido promovido a patente de Tenente e , em função de sua conduta em guerra, Condecorado por D. Pedro II, com a Ordem do Cruzeiro. Morto em combate, empresta seu nome à rua na qual está a sede da Prefeitura de Natal, desde 13 de fevereiro de 1884.
CONSULADO - O PRIMEIRO BAR MUSEU - MARCAS NAZISTAS NA CIDADE
Toda iniciativa de restauração do nosso patrimônio é sempre motivo de aplauso. Mesmo que essa restauração seja uma iniciativa isolada e que a proposta seja um bar. O belíssimo projeto que resultou no Consulado Bar é um presente para a cidade.Que os Natalenses possam fazer como o povo baiano,que foram capazes de transformar um lugar de dor e tristeza como o pelourinho,em um palco de alegria. Assim ao se olhar a bela sala com as suásticas nazistas ,que se faça um brinde com alegria pelo fato desse símbolo ser apenas um desenho que não representa mais ameaça para a humanidade.
Esse brinde com certeza eu quero fazer na minha próxima viagem a Natal.
Casarão de Guglielmo Lettieri.
Rua das Virgens, nº 184, na Ribeira. Um sobrado foi construído para ser residência do imigrante iItaliano Guglielmo Lettieri. Até aí nada de especial, se não fosse o proprietário um simpatizante de Hitler - um trecho da casa tem piso formado por ladrilhos representando a cruz suástica, o símbolo nazista.
O sobrado que abrigou durante um tempo o Consulado da Itália e após a morte do seu proprietário, a "Bolsa de Valores" passou a ser um dos poucos locais da cidade que lembra esse triste período da humanidade.
O sobrado que abrigou durante um tempo o Consulado da Itália e após a morte do seu proprietário, a "Bolsa de Valores" passou a ser um dos poucos locais da cidade que lembra esse triste período da humanidade.
Guglielmo Lettieri nasceu em 6 de maio de 1887, no villagio de Casalleto Spartano, na Itália. Em 1897 visitou o Rio de Janeiro junto com sua família. Fascinado pela terra que conheceu, voltou ao Brasil retornou ao Brasil desembarcando novamente no Rio em 3 de outubro de 1903, com 16 anos de idade. Dirigiu-se inicialmente à Recife, mas logo se mudaria para Natal, cidade que adotou para sempre.
Comerciante, foi proprietário de diversos negócios no Estado. Fundou a famosa Cantina Lettieri e possuiu a única fábrica de gelo de Natal na década de 30. Líder da comunidade italiana em Natal, recebeu nesta casa em 1928 os aviadores transatlânticos Arturo Ferrarin e Carlo Del Prette, e em 1931 o General Italo Balbo.
Em 1938 foi nomeado cônsul da Itália no Rio Grande do Norte, estabelecendo o consulado italiano em Natal em sua casa. Preso em 25 de junho de 1942, foi acusado de espionagem e condenado em 22 de dezembro a 14 anos de prisão pelo Tribunal de Segurança Nacional. Foi anistiado ao fim da 2ª Guerra. Como cônsul fez a entrega, na sala principaldo consulado, da Medalha do Rei Vittório, alta condecoração fascista do governo do 1º ministro Benito Mussolini, ao escritor Luis da Câmara Cascudo.
Após a sua morte, a família vendeu o imóvel à Bolsa de Valores do Rio Grande do Norte, que funcionou por muitos anos no local. Esta é a única casa que se conhece no País que ainda possui o piso original bem preservado com a suástica nazista em um dos seus cômodos. Todas as suas paredes e a laje são reforçadas por grandes vigas de trilhos que foram utilizados no século XIX em vias férreas para o tráfego de trens.
Consulado
Consulado
O primeiro Bar Museu da Cidade
Por décadas abandonado, o casarão quase centenário agora pode ser visto, pelo menos em parte, em toda sua beleza clássica. Foram cinco meses de trabalho entre a reforma de parte do ambiente e a adaptação cuidadosa à estrutura do bar. O bar ocupa todo o térreo da casa, entre sala, corredor e quintal. A reforma feita tratou de conservar ao máximo a estrutura. A parte de fiação elétrica foi toda feita externamente, para não esburacar as paredes. As partes em madeira entalhada – arcos, lambris, portas e janelas - foram lixadas, envernizadas e receberam cera de carnaúba. Os belos afrescos florais nas paredes foram limpos. A polêmica sala com ladrilhos de suásticas foi isolada, a fim de ser melhor vista pela clientela.
A ambientação do Consulado Bar ainda terá mais ingredientes históricos. Em breve serão postas à exposição elementos como capacetes da 2ª Guerra, e uniformes como a farda de piloto do Mig 21 (um avião soviético), entre outras preciosidades do vasto acervo de Leonardo Barata. A decoração geral da casa faz menção à época da guerra, período em que Natal recebeu uma visibilidade nunca experimentada antes. Pelas paredes há painéis com fotos da Ribeira antiga, de ruas a cenas clássicas como a visita do presidente Roosevelt a Natal, e uma vista área da base de Parnamirim; além de pôsteres de propagandas de guerra americanas, russas, inglesas e alemãs. Cabe bem o clichê “viagem no tempo”.
Atrelado ao lado histórico, o ambiente conta com os serviços de um bar caprichado. A programação musical é voltada para o jazz, samba e choro. O cardápio é uma boa mostra de petiscos diversos entre carnes, camarões, pastéis, costelinhas suínas, kibes e outros mais, com destaque para o sistema de petiscos volantes, que passam entre a clientela.
A ambientação do Consulado Bar ainda terá mais ingredientes históricos. Em breve serão postas à exposição elementos como capacetes da 2ª Guerra, e uniformes como a farda de piloto do Mig 21 (um avião soviético), entre outras preciosidades do vasto acervo de Leonardo Barata. A decoração geral da casa faz menção à época da guerra, período em que Natal recebeu uma visibilidade nunca experimentada antes. Pelas paredes há painéis com fotos da Ribeira antiga, de ruas a cenas clássicas como a visita do presidente Roosevelt a Natal, e uma vista área da base de Parnamirim; além de pôsteres de propagandas de guerra americanas, russas, inglesas e alemãs. Cabe bem o clichê “viagem no tempo”.
Atrelado ao lado histórico, o ambiente conta com os serviços de um bar caprichado. A programação musical é voltada para o jazz, samba e choro. O cardápio é uma boa mostra de petiscos diversos entre carnes, camarões, pastéis, costelinhas suínas, kibes e outros mais, com destaque para o sistema de petiscos volantes, que passam entre a clientela.
Consulado Bar na Ribeira
Aberto de quarta a sábado, a partir das 18h
Fontes:
Jornal Tribuna do Norte -Natal-RN
Pesquisas Google - Wikipédia
Fotos: Imagens Google - Jornal Tribuna
do Norte
A PRAÇA PADRE JOÃO MARIA - TESTEMUNHA DA FÉ DO POVO POTIGUAR
Sempre que estou em Natal sinto uma vontade enorme de andar à toa pela cidade em busca de coisas e lugares que são referências do meu mundo e com as quais me identifico culturalmente. O centro da cidade é um desses locais que adoro percorrer. Hoje me detive por algum tempo na Praça Padre João Maria e confesso que me deu uma certa tristeza de ver o estado de abandono e a descaracterização da mesma. O espírito religioso da praça já não é o mesmo. Uma feirinha decadente de artesanato, algumas mulheres vendendo frutas da região (cajus, mangabas, mangas, pinhas entre outras) poucos transeuntes formavam o cenário da praça. Cadê os devotos, as velas acesas, as flores, as orações? Nada! Ao redor do Busto apenas algumas flores artificiais e marcas de cera que lembravam que ali, algum devoto esteve presente. Me entristeceu de verdade - gostava de ver aquela aglomeração de fiéis em volta daquele que durante toda minha vida conheci como o Santo de Natal.
SOBRE A PRAÇA PADRE JOÃO MARIA
Praça Padre João Maria, Natal-RN, anos 1920.
O terreno onde hoje está localizada a praça Padre João Maria, por detrás da antiga Igreja Matriz, consta no mapa da Cidade de Natal, elaborado no 3º quartel do século XIX sob a denominação de Praça da Matriz. Era ponto obrigatório de passagem das antigas procissões religiosas .Posteriormente o local passou a denominar-se praça da Alegria, por servir de palco às apresentações de grupos de artistas amadores, em teatrinhos improvisados. Grupos de políticos e intelectuais também ali se reuniam, no que era chamado "Cantão da Gameleira", para prosearem alegremente. Daí que a praça passou também a ser "um ponto de animação da cidade"
Praça Padre João Maria, Natal-RN, anos 1940.
A praça da Alegria sobreviveu muitos anos até que, em 11 de Junho de 1905, pela Resolusão nº 105, o prefeito de Natal, o Intendente Joaquim Teixeira de Moura,estabeleceu que a Praça da Alegria a partir daquela data se denominaria Praça Padre João Maria, homenageando a pessoa daquele que é considerado o Santo Vigário de Natal.
O terreno onde hoje está localizada a praça Padre João Maria, por detrás da antiga Igreja Matriz, consta no mapa da Cidade de Natal, elaborado no 3º quartel do século XIX sob a denominação de Praça da Matriz. Era ponto obrigatório de passagem das antigas procissões religiosas .Posteriormente o local passou a denominar-se praça da Alegria, por servir de palco às apresentações de grupos de artistas amadores, em teatrinhos improvisados. Grupos de políticos e intelectuais também ali se reuniam, no que era chamado "Cantão da Gameleira", para prosearem alegremente. Daí que a praça passou também a ser "um ponto de animação da cidade"
Praça Padre João Maria, Natal-RN, anos 1940.
A praça da Alegria sobreviveu muitos anos até que, em 11 de Junho de 1905, pela Resolusão nº 105, o prefeito de Natal, o Intendente Joaquim Teixeira de Moura,estabeleceu que a Praça da Alegria a partir daquela data se denominaria Praça Padre João Maria, homenageando a pessoa daquele que é considerado o Santo Vigário de Natal.
Pedro Soares de Araújo Filho, funcionário do Tesouro do Estado, era um devoto do padre João Maria.Teve então a idéia de mandar construir na praça um monumento homenageando o sacerdote falecido. Juntou dinheiro e fez campanha. Vítima da gripe ou influenza, faleceu a 14 de Maio de 1918. Mas o governo do Estado e o clero completaram a obra.
Herma dem bronze do Padre João Maria - um trabalho de Hostílio Dantas
Em 7 de agosto de 1919 consolidava-se o desejo da população natalense, com a inauguração do busto do Padre João Maria, na praça do mesmo nome. O referido monumento feito em bronze pelo escultor Hostílio Dantas , foi originalmente colocado sobre um soberbo pedestal de granito, com altura de 4 metros, feito por Miguel Micussi,. Posteriormente foi colocado um gradil de ferro, confeccionado pela professora Joana Bessa, circundando o busto.
O busto mudou de local algumas vezes dentro da mesma praça. Finalmente foi colocado em meio à gameleira e os pés de "fícus-benjamins" que davam grande sombra em toda a extensão da praça, atraindo pessoas a se entarem nos bancos de madeira que existiam. tinha a frente voltada para a Catedral, onde o Padre foi Vigário por trinta e três anos.
Com a presença do busto, os fiéis transformaram o local em foco de crendice popular, acendendo velas e depositando exvotos em pagamento de promessas. Além de fitas coloridas, palmas bentas e retratos de pessoas beneficiadas com os milagres conseguidos por intercessão do padre.
A praça Padre João Maria de então, era um recanto tranqüilo e sereno, bastante arborizado e cercado por várias e belas casas residenciais. Ao longo do tempo, a praça foi se transformando até perder o belo casario do entorno e o seu frondoso jardim. 0 antigo Pedestal com o Busto do Padre João Maria foi substituído, aproximando mais o busto do Padre do povo, que até hoje procura o seu "santo", acendendo velas, pedindo graças, ou agradecendo as promessas atendidas. Porém, o espírito religioso da praça foi perdendo espaço para o profano e hoje, com a instalação de uma feira de artesanato, o local passou a ser mais freqüentado por turistas, em detrimento dos antigos e fiéis devotos do santo.
Em recente restauração empreendida, pela Prefeitura Municipal de Natal, a praça perdeu a sombra de suas frondosas árvores. Foram elas todas cortadas e substituídas por canteiros acanhados, com vegetação de pequeno porte.
CURIOSIDADES À RESPEITO DA PRAÇA
Quem vê a praça Padre João Maria hoje, nem de longe imagina importância desse logradouro, na vida cultural e religiosa da cidade tempos atrás.Um local com muitas histórias A Praça Padre João Maria, ao longo do tempo, deu origem a registros históricos e lembranças de fatos curiosos nela ocorridos, que são relembrados ou na própria tradição popular, ou em livros e pela imprensa escrita. Dentre muitos outros, mencionam aqui os seguintes:
Quando a praça era totalmente arborizada com "fícus-benjamins" foliões de alguns grupos carnavalescos, para dormirem um pouco antes de chegar à hora das batalhas de confetes e dos desfiles, armavam redes nos galhos das árvores e gozavam de uma boa sesta, sem nenhuma preocupação com roubos, ainda não existentes ali.
A 07 de setembro de 1908, foi inaugurado o serviço de bondes (puxados a burro) em Natal. Os meninos gostavam de passear neles. Não pagavam. Aproximando-se o fim da linha, que era a Praça Padre João Maria, desciam, dizendo: "não quero mais não... Mas corriam de imediato para a praça, onde começavam a imitar Tarzan, pulando de galho em galho nas árvores.
Os adolescentes estudantes "se revezavam junto ao busto do Santo Padre, desmanchando-se em promessas em vésperas de prova escolar", segundo conta Procópio Júnior em artigo no jornal "O Potiguar". Em dias da Semana Santa, jornalistas se debruçavam das janelas do prédio nº 58, onde ficava a redação do "Correio do Povo", para verem a saída dos "irmãos dos Passos", todos trajados com suas opas roxas, desfilando para comparecerem à "Procissão do Encontro", num clima de unção religiosa.
Mas a noite na praça trazia para ali personagens irreverentes. A altas horas, com o frio da madrugada, atores que haviam saído de uma jornada de ensaios no Teatro Alberto Maranhão, chegavam ao busto do padre João Maria e não resistiam: desviavam para o próprio acervo ex-votos artísticos.
FONTES:
- Jeanne Nesi - Caminhos de Natal - Praça Padre João Maria - Natal / RN
- Itamar de Sousa - In DN Educação - Projeto Ler - Diário de Natal b_ fascículo Nº2 - Natal/RN
- Pesquisas Google - Sites:
- http://tribunadonorte.com.br/notícia/saudosismo-nas-redes/213410
- http://pt.wikipedia.org/?wiki/jo%C3%A3o_Maria_Cavalcant_de_Brito
- http://blogdetetelescope.blogspot.com.br/2011/08/praca-padre-joao-maria-natal-rn.htrm
- http://www.dei.rn.gov.vbr/contentproducao/aplicacao/dei/arquivos/nosdorn/nos1105.pdf
Fotos:
- Acervo de Eduardo Alexandre Garcia
- Imagens Google
- Acervo do Vento Nordeste
- fonte: http://papjerimum.blogspot.com.br
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